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O frio era intenso e aquela madrugada parecia ser ainda mais fria na minha cidade.

Eu vivera ali por muitos anos. Passei ali minha adolescncia e minha mocidade mas depois de estar longe por alguns anos, parecia que jamais estivera naquele lugar. Apesar de o frio me congelar as entranhas, a paisagem pouco iluminada do lago a minha frente me trazia lindas lembranas. urante muitas horas aquela grama, que, de longe parecia acinzentada pela pouca luz da madrugada gelada, foi meu descanso nas infind!veis buscas por clientes enquanto e"erci a dura e penosa profiss#o de vendedor pracista. $a minha direita, um longo muro de pedras que j! estava ali fazia muitos anos e parecia t#o novo quanto quando fora colocada em meados dos anos %&. Aquela bela casa, reformada, pretendera a uma professora cujo sorriso jamais dei"ou minha mente. se chamava 'eila, era loira e linda, tinha um sorriso angelical e formas desconcertantes para garotos de () ou quatorze anos. Era o nosso sonho, at* que se casou com um m*dico sisudo e ciumento que se chamava +agner. Eu mergulhava nas recorda,es. -isualizei bem pr."imo dali a casa de um amigo que sempre dei"ar! saudade. $aquela casa morou o inestim!vel /arlos 0arraf, escritor, ator, cronista e poeta. 1m e"emplo que sempre procurei seguir, seus livros me faziam sonhar e decidi por diversas vezes que ainda escreveria um livro sobre 2uarapuava. 1m projeto que ainda n#o realizei ate o momento. 3as /arlos, 4 que n#o era guarapuavano como eu 4 fez muitos livros nos quais retratou a bela 2uarapuava que aprendeu a amar. 0eu olhar penetrava na cidade e nas pessoas. 0ua capacidade de en"ergar al*m do .bvio era admir!vel. Em 2uarapuava conheci muitos desses talentos. O $i5on 6embil, o 0ilveira 0ilva, o Alvadir 0cramossim, o sertanejo araponga, o 7van 6aborda, o 7saias 8oberto, a Araci Otto e seus poemas, a querida 9olita :in memoriam; que quando falava causava inveja aos can!rios com sua voz fina e gentil.

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