Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
História Da Música, 1,2,3,4
História Da Música, 1,2,3,4
A música nasceu com a natureza, ao considerarmos que seus elementos formais, o som e
ritmo, fazem parte do universo e, particularmente da estrutura humana. O homem pré-
histórico descobriu os sons que o cercavam no ambiente e aprendeu a distinguir os timbres
característicos da canção das ondas se quebrando na praia, da tempestade se aproximando
e das vozes dos vários animais selvagens e encantou-se com seu próprio instrumento
musical - a voz. Mas a música pré-histórica não se configurou como arte: teria sido uma
expansão impulsiva e institiva do movimento sonoro ou apenas um expressivo meio de
comunicação, sempre ligada às palavras, aos ritos e a dança.
Uma característica acompanhou a música, por longo tempo: não era praticada em
separado, mas sempre aliada a alguma cerimônia religiosa ou mágica. Os instrumentos, os
gritos, os gestos, os cantos serviam para a comunicação tribal, para a guerra, para avisar
sobre perigos ou espantar os animais, para evocar o auxílio das divindades ou afastar os
espíritos nefastos.
Na antiguidade, pelo que se tem notícia, a música manteve em geral uma característica
monódica (do grego monos, um; e ode, canto - peça musical para uma só voz). As citações
sobre música nas civilizações antigas nunca fazem menção a várias vozes - os conjuntos
cantavam em uníssono. Cantando a uma só voz, as civilizações antigas fizeram suas
músicas. Egípcios, sumerianos e assírios utilizaram boa variedade de instrumentos
musicais: harpas, liras, flautas, saltérios, tambores, trombetas, altos, etc. Reuniram-se em
conjuntos, em orquestras e a música continuou a ser tocada em manifestações religiosas. A
mística acompanhou a música por largo tempo, e achados arqueológicos nos mostram
divindades e animais tocando instrumentos musicais.
A palavra música vem do grego: mousikê, que significa arte das musas e englobava a
poesia, a dança, o canto, a declamação e a matemática. Do que foi possível reconstruir da
cultura grega, apurou-se que sua música era essencialmente cantada, cabendo aos
instrumentos a função de acompanhar. A finalidade continuava religiosa.
O sistema musical apoiava-se numa escala elementar de quatro sons - o tetracorde. Da
união de dois tetracordes formaram-se escalas de oito notas, cuja riqueza sonora permitia
traçar linhas melódicas. Essas escalas - os modos - tornaram o sistema musical grego
conhecido como modal.
A múscia grega, também monódica, com os instrumentos acompanhando em uníssono ou
uma oitava acima, deu origem a melodias padronizadas, de fácil assimilação - os nomoi,
que eram acompanhados de cítara e aulo. Apesar do repertório grego ser bem vasto, pouca
coisa pode ser recolhida: um coro para Orestes, de Eurípedes; dois hinos do século II a.C.,
dedicados a Apolo; o Hino ao Sol, composto por Mesomedes, de Creta; e, dos primeiros
anos da Era Cristã, conhece-se um hino cristão de Oxirrinco.
Na múscia grega, os instrumentos tocavam partes mais agudas do que a das vozes que
acompanhavam, ao contrário do que acontece hoje, em que o acompanhante é grave
(baixo). As escalas eram cantadas em movimentos descencdentes, do agudo para o grave,
ao contrário do que também fazemos hoje.
Dos diversos sistemas utilizados até hoje para escrever música, um deles - o da escrita
sobre pauta ou pentagrama - monopolizou quase inteiramente a música ocidental, desde o
seu aparecimento, cerca de mil anos atrás.
A notação sobre pauta recebe esse nome porque emprega um sistema de cinco linhas - a
pauta ou pentagrama - onde as notas são distribuídas de acordo com sua altura. Antes que
ele fosse inventado, foram tentados outros sistemas, que depois caíram em desuso.
Continuação
Ao final do século XVI, a música ainda buscava os caminhos que as artes plásticas, a
arquitetura e a literatura do Renascimento já trilhavam: a volta aos padrões clássicos
greco-romanos. O teatro grego utilizara os recursos da palavra e do canto para dar maior
expressão aos sentimentos. Os padrões rígidos da música renascentista não permitiam
esta ênfase. Em suas duas formas - música sacra e madrigal (profana) - só admitia a
polifonia e a capela: polifonia, porque diversas vozes cantavam temas diferentes ao
mesmo tempo; a capela, porque as peças não tinham acompanhamento instrumental.
Mas, exatamente em Florença, entre músicos e artistas que se reuniam no Palácio de Pitti,
ou na residência do mecenas Giovanni Bardi, preparava-se a renovação musical. E os
primeiros passos foram dados pelo poeta Ottavio Rinuccini (1562-1621) e pelo maestro
Jacopo Peri (1561-1633). O poeta escreveu os libretos (a letra) e o maestro a música de
duas obras: "Dafne"(1597) e "Eurídice" (1600). Para que o texto pudesse ser entendido,
substituíram a polifonia pelo canto homófono ou monódico, no qual sobressaía um solista.
Nascia o gênero ópera, mas completamente diverso do modelo clássico que pretendia
imitar.
Na representação de uma ópera no século XVII, a platéia não tinha móveis: horas antes do
espetáculo chegavam os criados, trazendo cadeiras, poltronas, sofás e até mesas. Aos
poucos, o salão ficava repleto de gente que passeava para um lado para outro,
cumprimentando os conhecidos, comentando as novidades ou discutindo os
acontecimentos políticos. Em dado instante, um toque de clarim se sobrepunha ao
borburinho reinante e anunciava o início da representação. Com o tempo, o toque de
clarim foi substituído por uma abertura instrumental, a qual, em regra, objetivava pedir
silêncio à assistência.
Encravada em um golfo do Mediterrâneo, sempre azul, está Nápoles, cidade de povo alegre
e brincalhão. Os napolitanos davam mais importância ao "bel-canto" que ao texto ou ao
próprio desenvolvimento dramático do espetáculo. Assim, a ópera derivou para o gênero
que ficou conhecido por lírico, com árias preparadas para o virtuosismo dos intérpretes e
deleite dos espectadores.
O pai da nova modalidade foi Alessandro Scarlatti (1656-1725), que criou também a
abertura italiana. Esta, ao contrário da francesa, é formada por um trecho lento entre dois
rápidos, e foi de grande importância no posterior desenvolvimento da sinfonia.
Tais foram os caminhos da ópera até cerca de 1750. Foi quando Christoph Willibald Gluck
(1714-1787), em Viena, no apogeu de sua carreira de operista do molde italiano, tomou
consciência de que sua arte, pomposa e ornamentada, era cada vez mais vazia. Decidiu
então iniciar uma reforma do gênero, para torná-lo mais sério. Para tanto, contou com o
incentivo e a colaboração do poeta e crítico Ranieri Calzabigi (1714-1795).
Desconhecido
Século XX
A partir do princípio do século XX, torna-se difícil considerar a evolução da música de forma
linear. Aos poucos, a história da música será feita através de muitos caminhos diferentes,
sob a vontade e o impulso de alguns homens que imprimirão determinada direção, a partir
de conceitos próprios.
O russo Sergei Prokofiev (1891-1953) enriquece a música moderna com elementos ainda
não abordados, como a ironia sarcástica, a veemência selvagem, o ritmo brutal; o húngaro
Béla Bartók )1881-1945); o russo Igor Stravinsky (1882-1971), que surpreende com sua
extravagante invenção rítmico-harmônica.
Mas surgirá a geração de músicos "da inquietação", como os franceses Olivier Messiaen
(1908) e André Jolivet (1905-1974), ambos com idêntica inclinação para o sentimento
sacro. Na Alemanha, a atividade musical readquire vigoroso impulso, levada por músicos
de vanguarda, como Karlheinz Stockhausen (1928), ou clássicos, como Carl Orff (1895-
1982) ou Hans Werner Henze (1926).
O surgimento das músicas concreta e eletrônica trouxe um elemento novo, com o qual
muitos compositores sonharam, tornando possível um fantástico efeito sonoro que nenhum
meio tradicional havia proporcionado. E mais recentemente, iniciaram-se as pesquisas
sobre música aleatória, isto é, a música "do acaso": sua execução é mais ou menos livre
dos constrangimentos de toda a música escrita. Vários instrumentos tocam a velocidades
diferentes, de forma a obter um conjunto diferente em cada execução; ou então escolhem
uma ordem de desenvolvimento diverso para várias sequências de execução e assim por
diante. É chamada por alguns de "antimúsica".
Desconhecido