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A AmBev é a quinta maior cervejaria do mundo, e a maior empresa de bebidas na América Latina, com uma
participação dominante de 70,0% no mercado de cerveja no Brasil. A empresa tem operações em toda a região,
onde o Brasil representa 63% da receita consolidada, e no Canadá, que responde por 20%. As marcas de
cerveja Skol e Brahma estão entre as dez mais importantes do mundo. A InBev possui uma participação
controladora de 61,6% na empresa e detêm 74% das ações com direito a voto da AmBev.
O QUE MUDOU?
A AmBev registrou ganhos de participação no mercado brasileiro de cerveja M/M desde março, atingindo
70,0% em setembro. Esta é apenas a quarta vez que esse nível foi atingido em dez anos. Isso corresponde
a um ganho líquido de 300 pontos-base de participação no acumulado do ano, e 220 pontos-base maior no 3T09
em termos A/A. Parte do crescimento é associada a inovações de produtos, incluindo o lançamento da Antarctica
Sub-Zero (uma versão mais leve da Antarctica). Porém, o principal motivador do ganho, em nossa opinião, foi o
lançamento da embalagem em garrafa de um litro no 4T08, principalmente nos canais de venda onde não há
consumo, como supermercados e mercearias, que atendem os segmentos socioeconômicos de classe média a
baixa da população. Nesses pontos de venda, a AmBev está substituindo o formato de garrafa de 600ml pela de
um litro, em parte porque ele oferece uma melhor proposição de valor para o consumidor.
Estimamos que a embalagem de um litro atingiu agora aproximadamente 15% do volume doméstico de
cerveja no Brasil. Embora tenha ocorrido um pequeno impacto no preço médio de venda nesses canais,
acreditamos que o impacto líquido sobre a carteira de cerveja da AmBev foi marginal. E a recente redução no
preço médio de cerveja no 2T09 (contra o 1T09), tem mais a ver com o novo regime tributário implementado pelo
setor este ano, em nossa opinião. Entretanto, o lançamento da garrafa de um litro foi um sucesso nacional no
3T09, sugerindo que comparações A/A “mais justas” em termos de volumes não devem ocorrer antes do 3T10.
Schincariol
13.1% 13.4%
12.9% 13.2% 12.7%
12.3% AmBev 70.0%
12.1% 11.6%
11.3% 68.9%
Petropolis
9.9% 9.8% 68.4%
9.4% 9.9% 67.7% 67.8%
9.2% 9.4% 67.4%
8.9% 67.0%
8.3% 67.2%
FEMSA
8.2% 8.2% 8.0%
7.6% 7.8% 7.4% 7.4%
7.2% 6.9%
J-08 M-08 M-08 J-08 S-08 N-08 J-09 M-09 M-09 J-09 S-09 J-08 M-08 M-08 J-08 S-08 N-08 J-09 M-09 M-09 J-09 S-09
A fonte dos ganhos de participação da AmBev no mercado de cerveja tem sido principalmente a
Schincariol e a Femsa, de acordo com dados da Neilsen. A perda recente de participação da Femsa foi
precipitada por um aumento de preços excessivamente agressivo no 1S09. Embora ela tenha ajustado suas
práticas de preço mais em linha com o valor patrimonial de sua marca, esperamos que seus volumes no Brasil
fiquem abaixo de nossa estimativa de crescimento de 12% no volume de cerveja da AmBev durante o 3T09.
Além disso, esperamos que a Femsa, assim como outros principais concorrentes da AmBev, acompanhem a
inovação da garrafa de um litro, o que provavelmente vai ajudar a verificar a ampliação relativa da diferença de
participação de mercado.
Outra preocupação operacional importante é com o aumento das despesas operacionais de cerveja no
Brasil (ajustando para os pagamentos de remuneração variável), que provavelmente ajudaram, em parte,
a ampliar a participação de mercado. No 2T09, houve um aumento de 14% nas despesas caixa com vendas,
gerais e administrativas em bebidas no Brasil. A administração afirmou recentemente, na teleconferência de
resultados do 2T09 realizada em agosto, que a taxa de crescimento deve encerrar o ano bem acima da inflação,
mas provavelmente abaixo de dois dígitos. Embora isso implique um importante recuo em relação aos números
registrados no 1S09, vamos acompanhar de perto este item. Parte de nossa preocupação com o aumento nas
despesas operacionais de cerveja no Brasil relaciona-se ao recente lançamento da Antarctica Sub-Zero, que
está sendo feito em todo o território nacional, da mesma forma que a garrafa de um litro.
Daqui para frente, a possível pressão incremental sobre as despesas com vendas, gerais e
administrativas, em nossa opinião, está associada à diminuição do espaço da categoria de cervejas nos
supermercados brasileiros, juntamente com a crescente importância desee canal de vendas de baixa
margem (versus lugares públicos com consumo, como bares e restaurantes), que estimamos que
represente quase 30% das vendas de cerveja da AmBev no Brasil. Especificamente, 2009 tem registrado um
crescimento mais rápido do volume de cerveja nos supermercados frente ao canal de vendas em bares e
restaurantes, que apresentam margens mais elevadas. Segundo os dados da Neilsen, o volume da categoria
cresceu 1% nesses locais e 8,1% nos supermercados. Essa mudança recente no mix (de bares e restaurantes
para supermercados) reflete em parte a tendência global observada desde o início da crise de crédito global. No
Brasil, porém, a lei contra o álcool na direção, em vigor desde 2008 e a proibição recente do fumo (em vigor em
São Paulo e provavelmente no Rio de Janeiro no final do ano) podem ser dois fatores adicionais que
impulsionaram ainda mais a mudança no mix do canal de vendas.
Essa mudança recentemente atraiu a atenção dos principais executivos da AmBev, e a empresa parece
disposta a realizar uma campanha para tornar o canal de vendas de supermercados mais lucrativo. Duas
iniciativas que podem levar a um aumento nas despesas operacionais de cerveja da AmBev no Brasil são o foco
crescente na geração de tráfego, incluindo marketing de segunda linha em determinados pontos dentro das lojas,
e mais atenção aos supermercados regionais. Os "gastos condicionais" nos supermercados (vinculados a certos
formatos de displays, níveis de volume ou promoções etc.) nos pontos de vendas também podem aumentar.
Quanto aos pagamentos de remuneração variável nas operações de cerveja da AmBev no Brasil, que são
contabilizados como despesas operacionais, esperamos que continuem a registrar um aumento relevante
A/A no 3T09 e no 4T09 (como vimos no 2T09). A maior parte do aumento decorre de uma base fácil de
comparação, já que esses pagamentos não foram feitos em 2008, refletindo o fraco desempenho operacional no
ano passado. Assim, a alta A/A esperada nos pagamentos de remuneração variável durante o 2S09 deve reduzir
parcialmente o impacto favorável do forte crescimento do volume na margem LAJIDA de cerveja Brasil no trimestre,
em nossa opinião.
Os hedges dos custos de vendas no Brasil podem causar pressão incremental sobre a margem bruta no
4T09 e no 1T10. Isso não significa que os hedges forma executados de maneira errônea por parte da AmBev. Na
verdade, a comparação cambial é difícil A/A. Com uma política de hedging de 12 meses à frente, a AmBev comprou
os contratos cambiais do 4T09 no 4T08, quando a taxa de câmbio real/dólar começou a enfraquecer de forma
significativa. Os hedges de preços de commodities da empresa, principalmente de alumínio podem aliviar parte
dessa pressão, considerando que esses preços já começaram a enfraquecer no 4T08. Porém, o montante absoluto
com hedge é significativamente maior no câmbio do que em commodities. E os preços do açúcar, que não possuem
hegding, permanecem em um nível recorde em 28 anos. Os maiores preços do açúcar, entretanto, provavelmente
vão impactar as margens brutas de refrigerantes no Brasil e na Argentina (esses ativos representam uma estimativa
de 25% da receita consolidada).
O balanço patrimonial mais forte foi resultante do pagamento recente de R$3,2 bilhões da dívida bruta
(nos primeiros sete meses do ano), trazendo o índice dívida líquida/LAJIDA da empresa a 0,45x. A
consequência são menores despesas financeiras, liberando o fluxo de caixa. Estimamos que o fluxo de caixa
livre em 2010 aumente quase três vezes em comparação a 2009, despertando expectativas de alto nível de
dividendos daqui para frente. Embora a AmBev ainda tenha que renovar seu programa de recompra de ações,
suspenso no ano passado após o anúncio da compensação da oferta da Anheuser-Busch pela InBev,
acreditamos que a administração está avaliando retomá-lo novamente no 4T09. Para 2010, elevamos nossas
estimativas de pagamentos de dividendos e do programa de recompra de ações para R$6,1 bilhões, 53% acima
de nossa projeção anterior e representando um aumento de 93% sobre nossa estimativa para 2009. Isso se
traduz em um retorno total de 5,8% no preço atual das ações, incluindo juros sobre capital próprio.
Reiteramos nossa opinião apresentada no relatório de 8 de abril de 2009, de que, no médio prazo, o
crescimento não orgânico com a aquisição de uma participação acionária na Modelo representa um risco
de alta para os acionistas da AmBev, resultante da aquisição da Anheuser-Busch pela InBev no 4T08.
Contudo, dependendo da disciplina de preço, o financiamento dessa aquisição pode gerar diluição suficiente em
termos de LPADR para despertar preocupações entre os acionistas. Segundo a ABI (Anheuser-Busch InBev), o
resultado da arbitragem que está em andamento em Nova York provavelmente deve ocorrer antes do final do ano.
Embora muitos cenários possam acontecer, é interessante analisar como a AmBev pode abordar a possível
aquisição de uma participação não controladora da ABI na Modelo. Lembramos as duas possíveis estratégias
descritas em nosso relatório anterior. Primeiro, mencionamos a forma “Quilmes”, em que o controle dessa cervejaria
foi adquirido no decorrer de vários anos, e cujo preço final baseou-se em diversos parâmetros, incluindo a expansão
da margem LAJIDA no período de aquisição. Segundo, a forma “Labatt”, em que foram emitidas novas ações para
financiar a operação. A operação Labatt despertou controvérsias, dado o preço pago para a InBev (12,9 vezes o
acompanhamento do VF/LAJIDA pelo controle). Um fator subestimado por alguns foram os benefícios da
amortização de ágio, que agregaram valor para os acionistas de acordo com o GAAP brasileiro.
Rebaixando para Manutenção em Função da Avaliação – Apresentando Preço-Alvo para Final de 2010
Figura 3. AmBev Compra a Participação da ABI na Modelo com 100% em Emissão de Ações (2010E)
Em reais, elevamos marginalmente nossas estimativas de LAJIDA consolidado para 2009 e 2010 (4% em ambos
os anos), refletindo principalmente ganhos de participação acima das expectativas em cerveja no Brasil
(crescimento mais rápido que o esperado do volume de cerveja). Porém, em dólares, devido ao efeito de
tradução da taxa de câmbio real/dólar mais forte, nossa estimativa de LAJIDA aumenta 20% e 51%,
respectivamente.
RISCOS
Campanhas agressivas de marketing em supermercados e/ou descontos de preço adotados por concorrentes no
Brasil que podem impedir a AmBev de recuperar a participação de mercado perdida recentemente, podendo
levar a um aumento acima do esperado nas despesas de vendas e marketing.
Uma possível provisão para a multa de R$352 milhões pela acusação de concorrência desleal no mercado de
cervejas no Brasil, decorrente do programa de fidelização de clientes da AmBev. O recurso da empresa contra
essa acusação está em andamento.
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