Sob flego

POR: CORUJA FELIXBERTO

2014
SEM COMENTARIOS

CARVALHO

TERA-FEIRA,

NOVEMBRO

04,

Dessa vez eu no vou conter o meu mpeto de escrever sob flego, uma
crnica de flego curto. Essa coisa ainda me mata, o cigarro. De certo no o
ofcio que me traz essa prosa asmtica. Mas como quem pensa demais no
casa, fao assim: primeiro coloco minha bunda na cadeira e escrevo, penso
nas vrgulas s depois da frase pronta. Tenho poucos revisores para essas
horas, poucos e impecveis, diga-se de passagem; talvez o Pssaro ande
ocupado demais com essa coisa de querer ser Pacheco, e no esteja
percebendo que eu j dei tchau ao Plunct Plact Zum faz tempo.
Cavuco, cavuco e cavuco, e no consigo achar coerncia nesse jogo de gato e
rato, mas da, quando quero findar o processo, surgem-me as coisas das quais
eu no consigo me livrar: Canetas, lpis, cacos de telha, pedao de gente
morta, pincis, dedos, dedos e mais dedos. Quero parar de pensar pelo dedo!
Quero querer que me guiem a parcimnia e a sobriedade das mos, mas me
vejo de novo envolto em jogos e peripcias que adiam a chegada daquilo que
nem mesmo chegou chegando direito.
Pronto, dei uma pausa. Passaram-se cinco minutos de relgio de ponteiro largo
at esse momento. Coloquei o cigarro no cinzeiro, cinzeiro que a expresso
fsica do que estou querendo lhes transmitir. Reli tudo o que havia escrito at
aqui, sem pausa, e s quando comeo a desenhar o desfecho dessa coisa
estranha que percebo, do nada, comearem a brotar ps nos meus dedos
indicadores. Diante dessa lombra pesada, recuei 50 centavos. Alm do mais,
amanh dia de tromba, e eu no posso me deixar levar por questes
ocenicas, que no possuo prancha para surfar. O que a mim no compete
agora fingir que, na verdade, toda essa epstola asmtica foi feita s para
dizer que entre os arrudeios h sempre o cruzamento de pontos equidistantes,
que jamais se viram na vida. Procurem a, por favor, os tais pontos, se
quiserem, que eu j estou com preguia de ler tudo isso de novo. Avisei no
comeo, estou sob flego.