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Cris REVISTA DA ASSOCIACAO NACIONAL DOS Jeconte paseo feign eae Ve iota Re eT Pee Tay aU8 CU a i" A =. ER id ‘ Resultados para o od € Ree Ne Dee et ee Le Lone Lo SS ee ee oe My centro USB para conectar seu MP3 player * Skydome": 70% da drea do toto + Arcondicionado digital © CD player com MP3 @ comandos no volante, ABS, AIR BAGS UM SISTEMA DE COMUNICACAO: IDE ULTIMA GERACAO. NAO FOSSE 0 SALARION WAS FESTAS E AS MULHERES, VOCE SERIA PRA UM PiLOTO DE CORRIDA. Bititorial Tempo, mudanga e evolucao sta edigdo da Revista Prisma sai exatamente no momento de transigao no comando do Departamento de Policia Fe- deral, Nao deixamos de registrar a troca de comando entre Paulo Lacerda e no novo diretor-geral, Luiz Feando Corréa, que recebeu um legado de operagdes bem-sucedidas, com grande lastro no servigo de inteligéncia policial contra o crime organizado, nosso tema de capa. A chamada Era da Informagao nem bem comegou — diz 0 papa do marketing modemo e futurdlogo Peter Drucker, que ainda ndo chegamos ld —e vemos que, a despeito da evolugdo técnica, as mudangas na sociedade ocorrem lenta ¢ ar- duamente. O intenso desenvolvimento da tecnologia a cada dia tora a vida um campo de novas experiéncias. E a especializagao das atividades abre novos cam- Pos para o trabalho ¢ também para o crime, uma coisa que nao muda: sempre tem alguém querendo se dar bem, desprezando os limites da moral e da Lei. Nesse contexto falamos um pouco sobre esses novos tempos e esse nem to “admirével mundo novo”. A matéria principal trata da evolugdo da atuagiio do Departamento de Policia Federal nos ultimos anos e mostra como 0 trabalho de inteligéncia tem contribuido para o aperfeigoamento das operagdes ¢ para a obtengao de melhores resultados das ages policiais. Outra boa leitura incluida neste nimero da Prisma é a matéria sobre a falsifi- cago de dinheiro, um crime que, desde a conquista da estabilidade econdmica ha poucos anos, vem crescendo no pais. Nao poderiamos deixar de falar sobre o Encontro Nacional de Delegadas de Policia Federal, que trouxe a baila a discussdo de outro tema que reflete a face atual da realidade —a convivéncia entre homens e mulheres no ambiente de tra- balho, Sabemos que, embora nossas companheiras de corporagdo tenham con- seguido grandes conquistas, muito ainda tem de ser feito para o ajuste perfeito das condigdes ¢ situagdes de trabalho entre os generos, Esperamos que a leitura seja satisfatéria! Um abrago, Sandro Torres Avelar Presidente da ADPF Revista Prisma + edigdo 57 + 9 Seus comentarios, criticas e sugestdes so importantes para nés. Envie e-mail para adpf@adpf.org.br ou carta para 0 enderego SHIS QL 14, conjunto 5, casa 2 ~ Brasilia/DF -C.E 71640-055, Contamos com sua participacao. Agradeco o envio da Revista Prisma, perié- ico editado sob a responsabilidade da ADPF. Parabenizo o trabalho que esta sendo realiza- do em prol da valorizagao das instituigdes e de ‘questdes relacionadas & Seguranga Piblica. Atenciosamente, Marina Maggessi Deputada federal — PPS/RI Em sintonia com os fatos Ja diziamos na tltima edigo, que 2007 é um ano de mudangas, Na esteira dos acontecimentos, veio a alteragio na diregao-ge- ral do Departamento de Policia Federal, com a saida do delegado Paulo Lacerda e a entrada do delegado Luiz Fernando Corréa, que herda um legado de transformagdes extremamente benéficas ao trabalho e 4 imagem da PF. Esta edigdo da Prisma mostra um pouco desse tra- balho centrado no tépico da Inteligéncia Poli- cial. A Lacerda, & frente da Abin, e a Corréa, no comando da PF, desejamos sucesso. A vocé, leitor, desejamos uma boa leitura. ‘Agradego a gentileza do envio da 56° edi- ¢40 Revista Prisma e parabenizo a entidade pela excelente iniciativa de difundir, através da referida revista, quest0es relacionadas a se- guranga piblica. Atenciosamente, Hélio Costa Diogo Alves do Abreu Ministro das Comunicagées ‘Sécio Honorério Diretor da Revista Prisma Diversas autoridades acusaram recebimento da Revista Prisma, entre elas: presidente Luiz Inacio Lula da Silva, vice-presidente José Alencar, ministra do Meio Ambiente, Marina Sil- va, ministro das Comunicagdes, Hélio Costa, ministro do Esporte, Orlando Silva de Jesus Ju- nior, ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio, ministro do Superior Tribunal de Justiga, José Delgado, ministra do Superior Tribunal de Justiga, Eliana Calmon, governador de Minas Gerais, Aécio Neves, governadora do Para, Ana Jilia de Vasconcelos, governador de Pernambuco, Eduardo Campos, governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, governador de Tocantins, Marcelo de Carvalho Miranda, Secretaria de Estado de Coordenagao e Articulacdo de Santa Catarina, os senadores Epitacio Cafeteira, Fernando Collor, Gerson Camata, Inacio Arruda, Neuto De Conto, Romeu Tuma, juiz Tourinho Neto, os deputados federais Alexandre Silveira, Fatima Pelaes, Leonardo Vilela, José Otavio Germano, José Linhares, Marcelo Itagiba, Paulo Hen- rique Lustosa, Vital do Rego Filho, William Woo, ¢ os deputados distritais Cabo Patricio e Rogério Ulysses. 4 + Revista Prisma + edicdo 57 “Nao conheco nenhuma formula infalivel de administrar... Mas conheco a formula infalivel de fracassa : tentar agradar a todos”. John F. Kennedy “A Policia Federal tem uma funcéo nobre no Pais ¢ vai continuar combatendo a corrupedo, doa a quem doer. Se as pessoas ndo quiserem ser molestadas, nao pratiquem nenhum erro que nao serdo molestadas’. Presidente Lula, maio de 2007 “A Policia Federal esté dando esperancas de dias melhores ao povo do pais” Deputado federal Jair Bolsonaro (PP-R3J). “A Frente Parlamentar em Defesa do Servico Piiblico ird lutar pela correcao das distorcdes salariais, pela reestruturacao do plano de carreira, por melhores condicdes de trabalho € por qualificacao permanente Enfim, uma agenda para melhorar a vida do servidor piiblico” Rodrigo Rollemberg, deputado federal (PSB-DF)e presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Servigo Publico EXPEDIENTE eer eed Eo Presidente Sandro Tores Avelar dente Marco Auto Pereira de Moura een ees noe eter tay 2" Secretirio Telma Cavalcante Lino ee Sec rere ory reer? Roc er ee tert Pore am Pen et Nad Cosa ee ee eter td ete Deere ce ety rene on ag poe Parca ana Diogo Alves de Abreu (ORTIOF 0370) Creme) Rory eee ee ed Cer ae) eboney rey Co od De oa ey eee ora Envelope Grtica, Elitorae Publicidad Sees BrP ea eg esa ee Prarie peer or srasteated Psa) Fieaieer en) Scere) Dao con a ee pa Daa Revista Prisma + edigao 57 + 5 8 Falsificagao 26 Matéria de capa Para combater o crime organizado, oservigo de inteligéncia é a melhor e maior arma da Policia Desde a criagdo do Real, 4,5 milhoes de cédulas falsas foram tiradas de circulacao 44 Sucessao Novo diretor-geral do DPF recebe legado de operacdes bem-sucedidas 50 Entrevista 0 presidente do Instituto Mosap fala sobre a batalha judicial dos aposentados contra 0 Estado Brasileiro 6 + Revista Prisma + edicdo 57 Opiniao Jorge Barbosa Pontes fala sobre as reformas, legais necessérias ao pais Pag. 16 Profissao Delegadas apresentam sugesties € recomendagdes a administragao do Departamento Pag.is Satide Como anda sua auto-estima? Pelo Brasil Reunidos no Rio de Janeiro, delegados langaram manifesto Pag. 22 Pag. 34 Encontro nacional Bonito (MS) serd paloo de debates no final de setembro Pag. 58 A CAIXA TRANSFORMA SONHO EM REALIDADE 5 CREDITOS DA CAIXA. . UMA CAIXA DE SOLUCOES. www.caixa.gov.br Dinheiro faso Coma estabilidade monetaria, aumentou 0 nimero de ocorréncias E)-| de crime | contra a .| moeda 4 brasileira. Trabalho i) Conjunto Sq) da PF com | o Banco Central dificulta vida dos falsarios 8 + Revista Prisma + edigo S7 estabilidade da economia, meta de dez entre dez paises que convivem com niimeros astrondmicos de in- flagdo, trouxe claros beneficios ao Brasil. No entanto, provocou um sério efeito colateral ento substancial no mimero de cé- dulas e moedas nacionais falsas apreendidas no pais. Normalmente, quanto mais estavel a moeda, maior a falsificagiio, a exemplo do Délar americano e do Euro, lideres em todos os rankings mundiais de dinheiro falso. Anti- gamente, com a moeda sendo trocada cons- tantemente devido & perda de valor, a pratica no Brasil era pouco difundida, Mas hoje, com indices crescentes, é um importante foco de atengdo do Governo Federal, que jé realiza estudos com o objetivo de criar uma nova fa- milia de cédulas e moedas de Real. A Policia Federal (PF) e 0 Banco Central (Bacen) sio os principais responsaveis pelo combate a falsificagdo da moeda nacional. As duas instituigdes tém um acordo de longa data — recentemente oficializado em um con- vénio — para 0 intercdmbio de informagdes =o crest ass Cartaz de campanha educativa do Bacen que auxiliem na tarefa. “Essa parceria é mui- to importante, pois da subsidios para 0 nos- so trabalho”, destaca o coordenador-geral de Policia Fazendaria da PF, delegado Joaquim Mesquita. “Nos tiltimos anos, temos obtido excelentes resultados em relagdo a apreensio de dinheiro falso, ¢ 0 objetivo ¢ nos aperfei- oar cada vez mais”, acrescenta. Além de realizar constantemente operagdes para desmantelar quadrilhas e apreender cé- dulas e moedas falsas, como, por exemplo, a Operagtio Banco Imobilidrio (ver pag. 13), a Policia Federal também tem como prioridade preparar seus integrantes para um complicado cenério que pode vir a surgir no futuro. Hoje, a quase totalidade da moeda nacional falsa é im- pressa por brasileiros, mas a PF acredita que, nos préximos anos, o Brasil possa ser alvo de quadrilhas intemacionais de falsérios. “E im- portantissimo que estejamos preparados para essa situagao”, avalia Mesquita. Uma agdo conereta com esse objetivo sera a realizacao, com o apoio do Bacen, de um seminario com a participacao de policiais europeus © norte-america- nos. “A idéia & trocar in- formagdes com quem mais conhece © trabalho desses falsarios ¢ qualificar ainda mais nossos especialistas”, afirma o delegado. Na Policia Federal, o combate ao dinheiro falso € realizado pela Coordena- do-Geral de Policia Fazen- daria, em parceria com 27 Delegacias de Repressio a Crimes Fazendarios, pre- sentes em todos os estados brasileiros e no Distrito Valier Campanata/ Revista Prisma + edigio 57 + 9 Dinheiro falso Federal, ¢ com o Instituto Nacional de Cri- minalistica (INC), localizado em Brasilia. A lentificagdo das cédulas falsas é feita com 0 uso da mais avangada tecnologia disponivel no mercado. “Realizamos um trabalho extrema- mente minucioso e detalhista, Todo 0 conjunto de itens de seguranga ¢ levado em considera- 80, e 0 uso de equipamento de ponta ajuda consideravelmente”, afirma Carlos Mauricio de Abreu, chefe do Servigo de Pericias Docu- mentoscépicas do INC. Seguro morreu de velho Além do trabalho de especialistas, 0 com- bate ao dinheiro falso depende fundamental- mente de que a populagao saiba identificar as cédulas ilegais. O Banco Central vem realizan- do, hé.alguns meses, uma campanha de ambito nacional com o objetivo de divulgar os prin pais itens de seguranga (veja quadro) presentes nas notas de Real. “Queremos mostrar as pessoas que no é preciso ter vergonha de conferir a cédula antes de recebé-la. Isso € comum no mundo inteiro, no tem porque ser diferente por aqui”, afirma Kades Cérte, chefe de departamento do Meio Cireulante (Mecir) do Bacen em Brasilia. “Nao Vator Companato/ABr Cartaz de campanta educativa do Bacen 410 + Revista Prisma + ediglo 57 € questo de duvidar do outro, mas de se preca- ver”, acrescenta. A campanha do Banco Central também pretende incentivar a populagao a co- locar moedas em circulagdo, Das 12 bilhdes de moedas de Real cunhadas pela Casa da Moeda, 50% ~ ou 6 milhdes ~ estio fora das ruas, Outra estratégia para informar a populagio €a realizagao de treinamento com funcionarios de empresas, como, por exemplo, 0s Correios € a rede de hipermercados Carrefour, “Nesses dois locais, ensinamos os caixas como verifi car 0s itens de seguranga das cédulas”, conta Cérte. “Temos recebido e atendido a varios pedidos de treinamento, que esto sendo rea- lizados em varias cidades do pais”. Também esttio no foco do Banco Central associagdes de classe e sindicatos. Para todos os tamanhos de bolso Uma nova familia de cédulas © moedas de Real sera outra ferramenta no combate ao di nheiro falso. “A atual familia do Real foi criada em 1994. Os falsarios ja a reproduziram inime- Tas vezes, conhecem bem seus itens de seguran- ¢a. Ou seja, cada dia eles tém mais facilidade de imprimir cédulas bastante parecidas com as verdadeiras”, afirma Corte. Entre as principais novidades da nova familia do Real estardo inéditos itens de seguranea, muito mais avanca- dos do que os atuais, ¢ cédulas de tama- nhos diferentes para cada valor. “Hoje, € comum o falsdrio usar uma nota ver- dadeira de um real para fazer uma de cingiienta ou de cem. E exatamente isso . Segundo jo para que as novas notas € moedas entrem em circu- lagdo. “O Conselho Monetario Nacional ainda precisa aprovar a nova familia, Além disso, alguns itens de seguranga siio tio avangados que precisaremos pri- meiro equipar ¢ treinar a Casa da Moeda para produzi-los”, destaca estabilidade da ‘economia, meta de dez entre dez paises que convivem com niimeros astronémicos de in- flagdo, trouxe claros beneficios ao Brasil. No entanto, provocou um sério efeito colateral —o crescimento substancial no niimero de cé- dulas e moedas nacionais falsas apreendidas no pais. Normalmente, quanto mais estével a moeda, maior a falsificagdo, a exemplo do Délar americano ¢ do Euro, lideres em todos ‘0s rankings mundiais de dinheiro falso, Anti- gamente, com a moeda sendo trocada cons- tantemente devido a perda de valor, a pritica no Brasil era pouco difundida. Mas hoje, com indices crescentes, é um importante foco de ateng’io do Governo Federal, que jé realiza estudos com 0 objetivo de criar uma nova fa- milia de cédulas e moedas de Real. A Policia Federal (PF) ¢ 0 Banco Central (Bacen) so os principais responsaveis pelo combate a falsificag’o da moeda nacional. As duas instituigées tém um acordo de longa data — recentemente oficializado em um con- vénio — para 0 intercmbio de informagdes | ss Cartaz de campanha educativa do Bacen que auxiliem na tarefa, “Essa parceria é mi to importante, pois da subsidios para 0 nos- so trabalho”, destaca 0 coordenador-geral de Policia Fazendéria da PF, delegado Joaquim Mesquita. “Nos iltimos anos, temos obtido excelentes resultados em relacio a apreenséio de dinheiro falso, e 0 objetivo é nos aperfei- oar cada vez mais”, acrescenta. Além de realizar constantemente operagdes para desmantelar quadrilhas e apreender cé- dulas e moedas falsas, como, por exemplo, a Operacao Banco Imobilirio (ver pag. 13), a Policia Federal também tem como prioridade preparar seus integrantes para um complicado cenirio que pode vir a surgir no futuro. Hoje, a quase totalidade da moeda nacional falsa ¢ im- pressa por brasileiros, mas a PF acredita que, ‘nos préximos anos, o Brasil possa ser alvo de quadrilhas internacionais de falsarios. “E im- Portantissimo que estejamos preparados para essa situago”, avalia Mesquita, Uma agao concreta com esse objetivo sera ago, com 0 apoio do Bacen, de um semindrio com a participagao de policiais europeus € norte-america- nos. “A idéia € trocar in- formagées com quem mais conhece 0 trabalho desses falsérios e qualificar ainda mais nossos especialis afirma delegado, Na Policia Federal, o combate ao dinheiro falso é realizado pela Coordena- ¢do-Geral de Policia Fazen- daria, em parceria com 27 Delegacias de Repressio a Crimes Fazendérios, pre- sentes em todos os estados brasileiros ¢ no ‘aller Campanato/ABr tas Distrito Revista Prisma + edigdo 57 + 9 Biheiro falso Federal, ¢ com 0 Instituto Nacional de Cri- minalistica (INC), localizado em Brasilia. A identificagdo das cédulas falsas é feita com 0 uso da mais avangada tecnologia disponivel no mercado. “Realizamos um trabalho extrema- mente minucioso e detalhista. Todo conjunto de itens de seguranga ¢ levado em considera- gio, € 0 uso de equipamento de ponta ajuda consideravelmente”, afirma Carlos Mauricio dle Abreu, chefe do Servigo de Pericias Docu- mentoscépicas do INC. Seguro morreu de velho Além do trabalho de especialistas, 0 com- bate ao dinheiro falso depende fundamental- ‘mente de que a populagao saiba identificar as cédulas ilegais. O Banco Central vem realizan- do, héalguns meses, uma campanha de ambito nacional com 0 objetivo de divulgar os princi- pais itens de seguranca (veja quadro) presentes nas notas de Real. “Queremos mostrar as pessoas que nfo & preciso ter vergonha de conferir a cédula antes de recebé-la. Isso é comum no mundo inteiro, iio tem porque ser diferente por aqui”, afirma Kades Cérte, chefe de departamento do Meio Circulante (Mecir) do Bacen em Brasilia, “Nao Valor Campanato/ABr hr Cartaz de campanha educativa do Bacen 10 + Revista Prisma + edigio 57 € questo de duvidar do outro, mas de se preca- ver", acrescenta. A campanha do Banco Central também pretende incentivar a populago a co- locar moedas em cireulagdo. Das 12 bilhdes de maoedas de Real cunhadas pela Casa da Moeda, 50% — ou 6 milhdes ~ esto fora das ruas, Outra estratégia para informar a populagdo €arealizagao de treinamento com funcionarios de empresas, como, por exemplo, os Correios € a rede de hipermercados Carrefour. “Nesses dois locais, ensinamos os caixas como verifi- car os itens de seguranga das eédulas”, conta Corte. “Temos recebido ¢ atendido a varios pedidos de treinamento, que esto sendo rea- lizados em varias cidades do pais”. Também esto no foco do Banco Central associagdes de classe e sindicatos. Para todos os tamanhos de bolso Uma nova familia de cédulas ¢ moedas de Real serd outra ferramenta no combate ao di- nheiro falso. “A atual familia do Real foi criada em 1994. Os falsdrios ja a reproduziram iniime- ras vezes, conhecem bem seus itens de seguran- a. Ou seja, cada dia eles tém mais facilidade de imprimir cédulas bastante parecidas com as verdadeiras”, afirma Corte. Entre as principais novidades da nova familia do Real estardo inéditos itens de seguranga, muito mais avanga- dos do que os atuais, e cédulas de tama- nhos diferentes para cada valor. “Hoje, €comum o falsario usar uma nota ver- dadeira de um real para fazer uma de cingiienta ou de cem. E exatamente isso que se quer evitar”, explica. Segundo Corte, ainda nao ha previsdo para que as novas notas e moedas entrem em ci lagdo. “O Conselho Monetirio Nacional ainda precisa aprovar a nova familia Além disso, alguns itens de seguranga sao tdo avangados que precisaremos pri- meiro equipar ¢ treinar a Casa da Moeda para produzi-los”, destaca Ouro dos tolos Em 1994, primeiro ano do Real, a falsificagao da moeda era timida. Foram apreendidas ape- 3 notas falsas, que juntas somavam pouco mais de RS 27 mil, O crime, no entanto, vem crescendo ano a ano, como mostram os néi- meros do Banco Central oram 35 mil em 1996, 142 mil; em 1997, 222 mil; em 1998, em 199 382 mil; em 2000, 328 mil; em 2001, 380 mil; em 2002, 412 mil; em 2003, 2004, 487 mil; em 2005, 425 mil. No ano passado, os ntimeros foram recorde: 603 mil cédulas falsas recolhidas, num total de RS 23,3 milhio, Em 2007, até o final de junho, Brasal. A sui foram tiradas de circulagao 237 mil cédulas. Des- dea criagao do Real, o Banco cerca de 4,5 milhdes de nota dentes a RS 148,2 milhox das, representando 54,76% do total recolhido entre 2000 e 2007. Em segundo lugar est a de RS 10, com 30,2%. Na seqiiéncia, vém a nota com 6,26%, ea de R: om 5,81%. A cédula de RS 100, com apenas 0,16%, é a menos falsificada No ranking por estado, Siio Paulo, maior po- pulagdo do pais, lidera, com 1,2 milhdo de notas s recolhidas de 2000 a |, ou 36% do to- tal. Em segundo lugar vem o Rio de Janeiro, com 414 mil, seguido por Minas Gerais (381 mil), Rio Grande do Sul (230 mil), Parand (194 mil) Bahia (141 mil), 7) ja marca Volkswagen em Brasilia. Brasal say Nicer Sed Dinheiro falso urreal A falsificagaio de moedas — que chegou a ser preocupante no auge das ocorréncias registradas, em 2003, quando 171.988 uni- dades foram apreendidas ~ chegou em 2006 ao menor mimero de ocorréncias na década, com 2.025 unidades apreendidas. Diferentemente do que ocorre com as cédulas falsas, a Regio Sul é a que registrada a maioria dos casos: 69.98% deles. O total de 375.354 moedas falsas recolhidas equivale ao montante de RS 372.109,46. Sim, 46 centavos: em 2001, houve quem se deu o trabalho de falsificar uma moeda de um centayo. Falsificador por diletantismo? Cédulas em suspeigao 2002 405° 722,=« 30.658» «187.496 1.072 10.116 (ROOST ANS (s8458)) 132.144 2844 50.938 2004 168) 1.061 29.135 104,212 8.369 © 70.712 EOSIN INFGI20GN| 77.483 20.065 36.207 2008 «314 1.474 21.618 121.983 14.323 18.230 DODO NNNAO4 S227 | 33602 14.602 11.952 * Doismadelos em crulago Fonte: Bacen (levantamento de 31/7/2007, atuallzado em 2/8/2007 Apreensao anual - valores correspondentes em moeda verdadeira 2006 2003 sie 23.343.362,00 17241.840,00 yo 2005 15628477,00 2001 2000, 9:570,361.00 8.894.834,00 Fonte: Bacen. 42 + Revista Prisma + edigao ST Ouro dos tolos Em 1994, primeiro ano do Real, a falsificagao da moeda era timida. Foram ipreendidas ape: 73 notas falsas, que juntas somavam pouco mais de RS 27 mil, O crime, no endo ano a ano, como mostram os ni- nas entanto, vem cre meros do Banco Central n 2005, foram 35 mil notas; em 1996, 142 mil; em 1997, 222 mil; em 1998, 287 mil; em 1999, 382 mil; em 2000, 328 mil; em 2001, 380 mil; em 2002, 412 mil; em 2003, 2004, 487 mil; em 2005, 425 mil No ano passado, os nimeros foram recorde: 603 mil cédulas falsas recolhidas, num total de RS 23,3 milhdo. Em 2007, até o final de junho, Brasal. A sua m Des- ntral ja recolheu pon- mil eédulas cerca de 4,5 milhdes de notas falsas, cor dentes a R$ 148,2 milhdes. As cédulas de RS 50 so as mais falsifica~ das, representando 54,76% do total recolhido entre 2000 e 2007. Em segundo lugar esta a de RS 10, com 30,2%. Na seqiléncia, vém a nota de RS 5, com 6,26%, ea de RS 20, com A cédula de RS 100, com apenas 0,16%, € a menos falsificada Yo ranking por estado, Sao Paulo, maior po- pulagdo do pais, lidera, com 1,2 milhaio de notas falsas recolhidas de 2000 a 2007, ou 36% do to- tal. Em segundo lugar vem o Rio de Janeiro, com 414 mil, seguido por Minas Gerais (381 mil), Rio Grande do Sul (230 mil), Parana (194 mil) e Bahia (141 mil) ® iarca Volkswagen em Br. cori iton eiegados Brasal ated eee ee Totais anuais de cédulas falsificadas, por Regiao REGIAO 2000 ©2001 +«= 2002S 2003») 2004 += 2005» 2006» 2007 (EDI NGOS S34 Mesises! 67.626 | 81.073 62.694 79.614 32.706 Sudeste 229.301 238.107 244.558 325.654 287.673 255.583 374.316 121.624 (SS SIS NSAZSON) NGSIS39)) (411305) /"49529 34.784 58.363 26.527 Nordeste 41.283 48.272 58.394 © 69.802 58.088 59.222 78.894 50.422 EN SAN NGS A100) 191.373, 13.188 12.090 5.817 total / ano 328.392 380.246 412.864 534.478 5.471 60 237.096 Fonte: Bacen (levantamento de 31/7/2007, atualizado em 2/8/2007) POEL UO ey italry Umeficiente trabalho de investigacio, realizado durante 14 meses pela Policia Federal, conseguiu desbaratar, este ano, uma quadrilha especializada em falsificagdo de dinheiro, que atuava em nove ‘stados brasileiros, além clo Distrito Federal, A operagio, batizada de Banco Imobilirio, em alistio ao famoso jogo de tabuleiro, ini- ciou-se em abril de 2006, em Fortaleza (CE), com a prisao em flagrante de Edmar da Silva Assungaio, que passava notas falsas de RS 50 para comerciantes locais. A partir de ent, a PF iniciow uma longa investigagao, que cul- minou com a descoberta, na capital cearense, de um escritério totalmente equipado para a impresstio de cédulas e também de documen- tos falsos, que eram usados para abrir contas ¢ fazer financiamentos em lojas e instituigbes bancérias. Foram presos 10 integrantes da qua- dritha e apreendidos cerca de RS 130 mil reais em notas falsas. Segundo 0 chefe da Delegacia de Repres- sio.a Crimes Fazendarios (Delefaz) do Ceara, Francisco de Assis Bonfim, o principal foco do dinheiro falso dessa quadrilha eram co- merciantes do interior, que trocavam uma nota verdadeira por trés falsas. "Nossa meta agora € ‘encontrar esses comerciantes, os quais incenti- vam a indistria da falsificagaio”, destaca, ET RPA) SEMoe-cKitne loc! SCES, trecho 2,lore 32 Fone: (61)3223.2100 - Fax: (61) 3223.7215 Pe eater ees Revista Prisma + etigao 57 + 23 Dinheiro falso Mecanismos de seguranca Os elementos de seguranea do Real podem variar de acordo com a denominagao (valor) da cédu- Jae o substrato utilizado (papel ou polimero). Veja as caracteristicas de seguranca da cédula de RS 0,00, a mais visada pelos falsificadores. RS 50,00 Dimensdes: 140 x 65 mm, Cor predominante: marrom 1. Marea d”’igua: é 0 primeiro item a ser verificado. Deve ser feito observando a eédula contra a luz. 2. Fibras coloridas: pequenos fios, nas cores verde, vermelho ¢ azul, que ficam espalhados pelo papel e podem ser vistos em ambos os lados da cédula. 3. Impressio em alto-relevo (calcografica ou talho doce): a cédula auténtica tem uma textura mais dspera. Por meio do tato, pode-se verificar o relevo em algumas reas da nota. 4.Pundos especiais: linhas curvas que colorem a cédula, formando mosaicos ¢ retas paralelas extremamente finas ¢ bastante préximas entre 5. MicroimpressGes: microletras representadas pela sigla BC impressas em partes da cédula, 6. Registro coincidente: desenho das Armas Nacionais que aparecerd por inteiro quando a eédula for colocada contra a luz. A parte impressa de-um lado deve se ajustar exatamente ao mesmo desenho que a completa do outro lado 7. Fio de seguranca: fio magnético vertical, de cor escura, embutido no papel. Também pode ser observado olhando a cédula contra a luz. 8 - Numeracdo: Sao as letras ¢ os mimeros que identificam a cédula. Nao podem existir duas cédulas de mesma numeragao. Entenda a numeracdo das cédulas do real: Série: E um conjunto de 100.000 cédulas de mesmo valor, com as mesmas caracteristicas grafi- ‘cas e 6 indicada pelos cinco primeiros caracteres da numeragiio. A numeragiio das séries & sucessiva, isto é, a série “A 9999” sera sucedida pela série “B 0001”, esta pela “B 0002”, e assim por diante. Ordem — é a numeragdo seqdencial da cédula dentro da série, © mimero de ordem varia de 000001 a 100000. Estampa - identifica as séries com iguais caracte liltima letra da numerago, A cédula de RS 50,00 possui as seguintes estampas: Estampa A - impressa no Brasil (a partir de 1994). Estampa B - impressa na Franga (1994). 9. Imagem latente: consiste nas letras B e C, que aparecertio em ambiente bem iluminado e com a cédula colocada na posigdo horizontal na altura dos olhos 10. Marea tatil: elemento grifico representado por uma ou mais elipses nas cédulas de RS 1, RS 5, RS 10, RS 50 € RS 100, ¢ por barras nas de RS 2 e R$20. Tem por fungdo auxiliar os deficientes visuais na identificagdo das cédulas. 11. Fibras luminescentes: pequenos fios, espalhados pelo papel da cédula, que se tornam visiveis quando expostos luz ultravioleta. 12. Microchancelas: sdo as duas assinaturas ~ uma do Ministro da Fazenda, outra do Presidente do Banco Central do Brasil — que conferem & cédula o seu valor legal. + As cédulas de R$ 20 ¢ a tnica da familia atual do Real, que traz uma Faixa hologritica. Fonte: Bacen © surgimento de novas téenicas de im- presso — como maquinas grificas modemas, sofisticadas copiadoras coloridas, scanners ¢ microcomputadores acoplados a impressoras com tecnologia jato de tinta, laser e cera — pos- sibilitou a redugdo dos custos para os falsdrios €, assim, o nlimero de cédulas falsas cresceu consideravelmente, Falsificagoes artesanais: + Decalque: transferéneia da imagem de uma cédula legitima para papel comum com a uti- lizagao de produtos quimicos. * Serigrafia: consiste em um processo foto- grifico para obtengdo de um fotolito de uma cédula legitima para produzir finas telas con- feccionadas’em seda, nylon, Dacron ou ma- ha metéllica. + Reprografia: o falsificador reproduz uma cé- dula legitima em maquina copiadora preto branco e faz a posterior coloragdo manual. Falsificagoes industriais: + Off-set reticulado: impresstio semelhante ao utilizado por revistas, jomais e impressos em geral. As imagens sto compostas por pontos coloridos com o uso de reticulas, Em alguns exemplares, apresenta a simulagiio de marca #agua, Off-set a trago: impressiio continua que apre- senta bordas definidas, mas as cores mudam bruscamente, ou seja, no existe passage gradativa de uma cor para ou + Reprografia em cores: so as falsificagdes obtidas por meio do uso de copiadoras colo- ridas. Esse tipo de falsificacao apresenta um brilho excessivo em toda a area da cédula, causada pelo toner, Computacao grifica: teprodugao feita em impressora colorida, a partir da captura da imagem de uma cédula verdadeira com 0 uso de scanner. Utiliza impresoras com tecnolo- gias jato de tinta, cera ou laser. m CAFE DO SITIO INDUSTRIA E COMERCIO LTDA. (QS 09 Rua 100 - Lote 04 - Aguas Ciaras- Brasila- OF ‘CNPJ -00.452 102/000 48 = Industria Breslow worn afedosiio.com br - emai stiobsbéBcafedosito.com br Fone: (61) 2108-0103 -Fax: (61) 2108-0102 ale Torado # moido Nagrell SHIS CL.03 - BLOCO F - Lago Sul CEP: 71620-115 - Brasilia - DF Tel (61) 3365-1150 - Fax 3364-4175 www.magrella.com.br E bem verdade que a Policia i ‘ederal brasileira vivencia hoje um momento de inegaveis autonomia e profissionalismo Ja dizia uando 0 saudoso Paulo Francis dis- se, durante a co- berturt de uma campanha presidencial nos Estados Unidos, que no importaria em nada para os destinos daquela nagdo se ganhasse Bush, Clinton ou um “cabo cometeiro”, ele sabia do que estava falando. A verdade é que os EUA tiveram sorte de ter tido, no momento de sua criagio, um grupo de grandes homens que ficaram conhecidos como os Pais Fundadores da Pétria, © que ao langarem a pedra fundamental daquele pais, pensaram suas instituigdes para muito além do seu tempo, A grande contribuigo dos Pais Fundadores, e 0 que efetivamente tomou-se um plus em rela- Go a Montesquieu e a construgao do esta do democritico modemo, foram os freios € contrapesos, estabelecidos para refrear e imitar 0 poder daqueles que detinham os controles politicos, que no caso dos EUA ram 0s proprios Pais Fundadores. Na verdade, os freios e contrapesos, mais conhecidos como checks and balan- ces, foram idealizados em razio do conhe- cimento que aqueles vultos tinham sobre a propria natureza humana, que busca sem- pre ea todo custo a manutengdo do poder pelo poder. Mas além de tudo houve des- prendimento, devogdo e grandeza, de criar todo um regramento que limitaria os pode- res dos seus proprios criadores e detentores. Por aqui, desde Rui Barbosa e Joaquim Na- buco, nunca houve alguém com 0 altruismo ¢ a visto dos Pais Fundadores. Por isso é tao dificil observar grandes mudaneas no Brasil, onde difi- cilmente uma lei seré criada de forma a limitar os poderes daqueles que o exercem. O que Paulo Francis queria dizer é que as instituigdes estadunidenses ndo seriam abaladas pela entrada desse ou daquele presidente, Entre 16 + Revista Prisma + edigéo 57 Paulo Francis.. tais instituigdes encontra-se o FBI— Federal Bu- reau of Investigation, que é a poderosa e aut6no- ma policia federal dos EUA, cujo diretor-geral permanece no posto por dez anos, podendo, por conseguinte, o seu tempo no Bureau atravessar 0 mandato de até trés diferentes presidentes. Ebem verdade que a Policia Federal brasileira vivencia hoje um momento de inegaveis autono- mia e profissionalismo, Mas a boa fase de certa forma conjuntural, pois ocorre devido a coragem © 8 abnegacio de uma grande parte de seus po- liciais, bem como em razao de contar com uma administragao central extremamente técnica e, sobretudo, apolitica. Mas falta uma norma que salvaguarde e garanta a continuidade dos atuais patamares de independéncia funcional. © Brasil precisa, entio, ultimar 0 inacabado trabalho de “construgao do Estado”, e, principal- mente, necessita manter a continua existéncia de uma policia judicidria, tanto no nivel federal como no estadual, a servigo de sua sociedade, que seja © aparente ser, como organismo do Estado, acima de qualquer suspeita de ages politico-partidarias. Para tal, é urgente que os homens que pensam a seguranga piblica neste pais tenham a grande- za de dar inicio as reformas legais que culminem ‘com a concessdo de um mandato de quatro anos ao chefe da policia judicidria, que no poderd coincidir com o mandato do respectivo chefe do Executivo. E sem possibilidade de recondugao. O homem piblico que romper com 0 velho sistema e primeiro realizar esta mudanca estar entrando para histéria como o pai da policia mo- dema no Brasil. A partir de entao, simples atuagdes como mostrar (ou nd) fotos de dinheiro apreendido, realizar grandes operagdes repressivas que pren- dam poderosos, nunca mais serdo mal interpre- tadas pelos politicos da oposigdo, da situagdo e pela propria imprensa. Jorge Barbosa Pontes Delegado de Policia Federal Pere ley cela] conta o futuro. ENDPF ores eens: as elegadas de todo o Brasil estiveram reunidas em Brasilia nos dias 17 ¢ 18 de maio. Na pauta de discussio esta- vam temas como a corrupgiio, o assédio mo- ral ¢ a discriminagio do género. Organizado pela ADPF, 0 evento contou com presengas marcantes de convidados como 0, a época, ex-diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, Em seu discurso, Lacerda fez questo de ressaltar que a mulher soube superar a discriminacao, mudando o perfil da Policia Federal. “A pre- senga da mulher traz um toque de moderagao © uma postura mais humanistica. A Policia Federal € 0 resultado do trabalho de ambos os géneros”, destacou o ex-diretor, O presidente Sandro Torres Avelar falou do orgulho de realizar um evento como o ENDPF. Tea iat agen anwrr ese © tipo de evento que sabemos que acres- ‘oonconto das delegadaa “As mes séo 0 transferem valores Por isso, ha uma in da mulher na foi Delegada Valquit Teixeira de Andr 418 » Revista Prisma + edicio 87 enta valor & atuagdo da ADPF na defesa dos interesses nao s6 de nossos associados, mas de toda a categoria”, disse. Para organizadora do encontro, de- legada Mirinjela Maria Batista Leite, a oportunidade de reunir as delegadas com © objetivo de discutir temas de interesse, especialmente a forma de participagao das mulheres na administragdo da Instituigao foi um marco."E importante mostrar que as delegadas esto participando da administra- go do DPF e que pretendem ter reconhecidas suas competéncias de administrar e tomar de- cisdes, mesmo numa Instituigdio que até bem pouco tempo era eminentemente masculina. As mulheres/delegadas chegaram para ficar e trabalhar junto com os delegados, atuando em operagdes policiais ¢ outras missdes importan- tes da Policia Federal, sempre em defesa da sociedade”, afirmou. No final do evento, as participantes elabo- raram a Carta de Brasilia (veja fac-simile na pagina xx), que traga recomendagdes € pro- postas & diresaio-geral e as entidades de classe representativas de delegados e delegadas de policia federal, visando ao aprimoramento da atuagdo feminina no DPF. = As Delegadas de Policia Federal reunidas em Brasilia, nos dias 17 e 18 de maio de 2007, resol- veram, por consenso: ‘Apresentar propostas e/ou recomendagdes para conhecimento e andlise da Alta Administracao do Departamento de Policia Federal, conforme segue: * Primeira: Que sejam adotadas politicas de valorizagao do trabalho da Delegada de Policia Fede- : Capacitagaa para elevar o indice feminino em cargos de direcao em proporcao ao indice ral. da participagao masculina, ‘Segunda: Adogao de perfis objetivos e técnicos para escolhas clos ocupantes de fungdes de Hderanga. * Terceira: Mudanca dos critérios de provas fisicas para ingresso das mulheres nas carreiras policials. © Quarta: Desenvolvimento de ages educacionais para prevenir situagdes de assédio moral. * Quinta: Programa de preparacao para aposentadoria das policiais. + Sexta: Criagdo de niicleo de suporte e orientagao psicolégica a mulher poicial. “on RECOMENDACOES ESUGESTOES ssédio moral é, almente, sutil. dificilmente Teconhece 0 ato. iva ¢, muitas » que foi uma brincadeira” Reis de Araiijo, dora do Trabalho “Hoje so 207 delegadt Delegada Maria Tinoco Revista Prisma + edica0 57 + 4 “Esse encontro demonstrou, especialmente para as mais novas, a importancia da mulher na policia efetivamente.” Delegada Maria da Graca Malheiros, coordenadora-geral de Cor reigdes ¢ corregedora substituta “O encontro teve como proposta melhorar a atuacdo da mulher e veio fortalecer a unido das mulheres.” Delegada Elisa Barbosa de Almeida “O encontro trouxe reflexdo sobre a forma mais consciente da mulher ver suas responsabilidades € seus direitos. Participei do I Encontro e naquele tempo foi um evento timido. Agora a participacdo foi ativa, sem medo.” Delegada Maria Nelci N. Oliveira Passos, diretora regional da ADPF/SE representante sindical do SINDPF ~ Nordeste, em Sergipe “O encontro foi uma oportunidade de conhecer pessoas que asfaltaram nosso caminho. Hoje hé mais igualdade. Tudo que falaram serve como conselho. Que venham mais encontros.” Delegada Tatiane da Costa Almeida “As mulheres podem ver as mudancas que estao ocorrendo com a ocupacdo de cargos de gestao por delegadas. O evento foi oportuno e interessante.” Delegada Evangelista Caring 20 + Revista Prisma + edicio 57 l Hilal, delegado Como vocé vé a repercussao, na midia, do trabalho da Policia Federal? ‘om alguns cuidados, das megaoperacées da PR, acarreta um saldo muito positivo perante a sociedade, na medida em que traz a ptiblico uma gama considerdvel de crimes envolvendo pessoas de destaque, denunciando a corrupcao até mesmo em altos escaldes. Ao cumprir sua missdo constitucional, a Policia Federal vem incomodando e desagradando as elites envolvidas em crimes, mas a repercussio desse trabatho na imprensa auxilia o servico da policia, dando transparéncia e também denunciando os delitos noticiados” Maria Nelci Nogueira Diretora regional ADPF/SE C&G: Policia Federal esta lesenvolvendo um excelente trabalho no combate @ corrupcao e a ‘outros crimes que afligem o pais, sendo que a midia possui um papel relevante nessa tarefa, pois cumpre seu dever ao expor a toda sociedade brasileira a bandalhice recorrente combatida pela PF. Os meios de comunicagdo servem como um canal de informacdo entre a atividade publica e a sociedade, realizando um trabalho preventivo ao demonstrar que as irregularidades cometidas serdo combatidas com rigor.” > >) Geraldo André Scarpellini Vieira Diretor regional ADPF/AM repercussdo, na midia, do batho da Policia Federal no ‘stado de Roraima € excelente, haja vista a quase didria mencao de suas diligéncias, apreensdes e prisdes nos didrios locais, gerando, assim, enorme credibilidade perante d sociedade e apoio das instituigdes estaduais federais aqui presentes”. Cléudio Lima de Souza Diretor regional ADPF/RR lecorrentes da divulgagao de Provas sob segredo de justia e técnicas operacionais sigilosas, a repercussdo na midia é importante na medida em que, entre outras coisas, submete nosso trabalho a um salutar tipo de controle social que colabora para o aprimoramento de nossa Instituiga Romulo Berredo, Diretor regional ADPF/RN CGB com satisfacao as percussoes das operacdes da Policia Federal na midia. Em nosso pais, infelizmente, cultiva-se a idéia de que somente pessoas comuns vdo para a cadeia. Apenas a noticia de que os crimes do colarinho branco, cometidos por empresdrias, politicos e funciondrios piiblicos graduados, estdo sendo presos ¢ indiciados, jd é uma contribuigdo para que nossa Justica possa ser vista com outros olhos”, Flavio Leite Ribeiro > >) Diretor regional ADPF/AP Revista Prisma + edig3057 + 21 ENTREVISTA uto-estima baixa ou em excesso pode se tornar um problema sério. Afeta os individuos em suas re- lagdes pessoais, no trabalho e em outras si- tuagdes. Pesquisa realizada no Brasil sobre 0 nivel de auto-estima revela que o brasileiro no gosta de si mesmo tanto quanto deveria — 67% dos entrevistados demonstraram estar de mal com a vida. Especializada em Ges- talt, ramo da psicologia que prope a andlise do individuo como uma estrutura tinica que deve ser avaliada pelo conjunto, a sobre 0 mal que assola 0 povo brasileiro. Prisma ~ O que é, de fato, auto-estima? Lucinda Toledo — Auto-estimia ¢ a capa cidade de confiar em si préprio, tomar deci- 22 » Revista Prisma + edicio 57 Lucinda, Toledo Ribas, s6es, enfrentar desafios, lidar com situagdes € se expressar diante das adversidades, fa- zendo-se entender. Prisma — £ comum encontrar pessoas com problemas de auto-estima nos con- sultérios? Lucinda Toledo — Sim. E muito mais comum do que se imagina, Devemos ter em mente que um cliente quando chega ao con- sultério tem de ser avaliado por inteiro. Nem sempre a queixa principal trazida pelo clien- te €a mesma ou razio do sofrimento que ele possa estar pasando. Prisma — Como se verifica que uma pes- soa padece por baixa auto-estima? Lucinda Toledo — Geralmente os indi- viduos perfeccionistas, que sentem neces- sidade de controlar tudo ¢ todos, tendem a possuir uma baixa auto-estima. Diante de situagdes frustrantes, ou de qualquer adver- sidade que bata de frente com seu desejo ou anseio, estresse pessoas se sentem fracassa- das ¢ acabam por desenvolver certo nivel de estresse em relagio aos outros. E também muito provavel a baixa auto-estima tam- bém se desenvolver durante uma depressio, quando a falta de amor préprio, auséncia de interesse, o medo ea ansiedade tomam conta da vida da pessoa. Prisma — Existem profissionais que de- fendem que a auto-estima em excesso tam- hém é um problema. E verdade? Lucinda Toledo ~ Podemos dizer que em demasia pode lévar a um problema - como todo excesso na vida de qualquer pessoa se torna problematico. Mas o individuo que apresenta um elevado nivel de auto-estima nao € necessariamente problematico. A par- tirdo momento que esse indice elevado 0 torna arrogante, egoista ¢ intolerdvel, atrapalhando sua convivéncia com as demais pessoas, ai sim esse individuo, como 0 outro com a baixa es- tima, tem que procurar ajuda para trabalhar 0 excesso de auto-suficiéncia. Podemos ilustrar isso com uma frase muito popular: “Agua de- mais mata a planta.” Prisma — Como saber, entdo, qual éo pon- to de equilibrio? Lucinda Toledo - O individuo que tem uma auto-estima “bem equilibrada” é aquele que consegue lidar com as diversas situages de sua vida sem medos profundos, ansieda- de ou outros sentimentos negativos, Ele tam- bém pode ser visto como uma pessoa egoista € arrogante, mas nao pode ser considerado nenhum dos dois. Pelo contririo, aquele ser humano que possui amor proprio, com cer teza tera esse mesmo tipo de sentimento em rela¢do aos outros. Nosso comportamento é 0 reflex do que somos. Prisma — Quais as atitudes mais comuns a quem tem problemas com baixa auto-estima? Lucinda Toledo — A auto-estima depen- de muito da personalidade do individuo, do momento que esti vivenido nas dreas afetiva, financeira, espiritual e profissional. Geralmen- teas pessoas com baixa Individuos SS ec eo St perfeccionistas, tomam-se retraidas, até gue sentem mesmo porque isso é uma defesa para nio se confrontarem com as idéias que divergem das suas. Preferem lo- cais ou atividades in- dividuais, no gostam de se arrumar, Para es- sas pessoas, a estética pessoal torna-se um softimento, até porque a beleza fisica é apregoada pela sociedade e pela midia como marca de pessoas bem-sucedidas, que tém como padrao a elegancia, a magreza, a roupa da moda... necessidade de controlar tudo e todos, tendem @ possuir uma baixa auto- estima Prisma — Trabalhar a auto-estima ja é ‘meio caminho andado para quem quer ter reconhecimento, sucesso e bem-estar? Lucinda Toledo — Sim. E as empresas sabem disso, Est4 mais que comprovado que 0 individuo com uma boa auto-estima sera um bom profissional, capaz. de ter atitudes criativas e de ter um bom desempenho em suas atividades. As empresas ja sabem que esse tipo de individuo vai contribuir mui- Revista Prisma + edico 57 + 23, Aquele ser humano to nos resultados positivos em sua atuacao corporativa. Academias, gindsticas laborais, locais para repouso € relaxamento na hora do almogo, workshops com atividades vol- tadas para o desenvolvimento. interpesso- al so comuns nessa empr esas. Uma boa aufo-estima significa maior produtividade e lucratividade. Prisma — Uma pesquisa com 760 bra- sileiros, entre 23 e 60 anos, concluida no ano passado pela filial no pais da International Stress Management As- sociation constatou que 67% dos entrevistados sdoacometidos de auto- estima baixa, contra 22% dos americanos e 27% dos franceses. A que vocé atribui essa baixa auto-estima? _ Lucinda Toledo — Acredito que esse alto indice de baixa estima que possui amor proprio com certeza tera esse mesmo tipo de sentimento em relacdo aos outros. Nosso comportamento é 0 reflexo do que somos 24 + Revista Prisma + edicdo 57 revelado entre a populagao brasileira deve se ao fato da situago que o pais vivencia nos tiltimos anos. A grande falta de em- prego, que leva ao alto nivel de violéncia, a instabilidade financeira, desestruturando as familias, as estatisticas elevadas sobre cortupgdo. Enfim, uma série de problemas sociais que gera inseguranga, instabilidade € descrenga. Tudo isso sempre se reflete no emocional de cada um. Prisma ~ Existem formulas para comba- fer a baixa auto-estima? Lucinda Toledo ~ Existem varias ma- neiras de se trabalhar a baixa auto-estima. Nao devemos dar férmulas ou padronizar ‘0s conceitos. generalizadamente quando nos referimos a pessoas. Cada ser tem sua importincia, mesmo com suas limitagdes e problemas. Cada um ¢ diferente e tinico. De- ‘vemos, como em tudo que diz respeito ao ser humano, analisar de uma forma global, Iembrando sempre que 0 individuo nfo é fragmentado em fases da vida ou problemas emergenciais. A terapia é um bom comeco para trabalhar esse tipo de problema. Ela consiste em um processo de descoberta de si proprio, de re-significagao de conceitos ¢ ajuda o individuo a se aceitar como é sempre respeitando 0 outro, que por sua vez também tem limitagdes. De forma genérica, também € possivel indicar atividades fisicas, a leitura de um bom livro (diga-se de auto-ajuda), ati- vidades voltadas para 0 lazer, didlogos cons- tantes com pessoas que nos so queridas... Prisma — Para quem quer comecar ago- ra, qual a dic a? Lucinda Toledo ~ A leitura sempre ¢ uma boa companheira e ajuda muito a pessoa a descobrir algumas caracteristicas pessoais. Eu recomendo leituras como Nao faga tem- pestade num copo d’igua, de Richard Carl- son, Nao apresse 0 rio, de Barry Stevens, eA arte da felicidade, do Dalai Lama. = ifort) read 3 ss Rencatoa 5 Se an (Fret aleore reat nic ee —— ————— PCH Vicésa) Unsieseicuiner ro Crescer com sustentabilidade a ne cd Oe eed Suet ea se aur Sustentablidede Empresorial (IS) da Bovespa. grupo Ca ee ed eed desempenho a ce Ce Co as obi bcbeiceomeoeal CR Gite energias do brasil MERCADO ‘www.energiasdobrasil.com.br Fotos: Wison Dias, blo Pazzobom, Marcelo Casal JR, Valor ‘Campanato, José Cruz @ Arquivo-AB? rime: transgressdo grave de preceitos le- gais e morais. Ao longo das iiltimas dé- cadas a populagao brasileira tem feito 0 movimento de migragao do campo para a cidade a criminalidade tem adquirido cardter de associagaio e organizagao jamais visto no pais. Se de um lado a auséncia do Estado ¢ a falta da aplicagdo das leis em areas urbanas desprivile- giadas permitem a apropriagao dos espacos pelo crime organizado, a propria formulagao das leis despreza a possibilidade de integrantes das el cometerem crimes, As pesquisadoras Ignez Costa Barbosa Fer- 26 + Revista Prisma + edigdo 57 reira e Nelba Azevedo Penna, da Universidade de Brasilia (UnB), apontam essa omissdo do Es- tado © um processo de urbanizago excludente como motivo da criminalidade entre a popula- gio pobre. A socidloga e cientista politica Laura Frade, em tese apresentada na UnB, constatou que o Congresso Nacional “acredita que a elite ndlo comete crimes e tende a endurecer a pu- nig&o aos pobres”. Um levantamento feito pela cientista social revela que, entre 2003 e 0 inicio de 2007, de 646 propostas legislativas sobre cri- minalidade, apenas duas abordavam crimes do colarinho branco, oi Pet, E nesse contexto de quase profissionalizagao do crime — trifico de drogas e armas, contraban- do e formagio de quadrilha, fraudes e crimes contra 0 eririo e o patrimdnio piblicos ~, que atinge individuos desde as camadas mais pobres da Sociedade 4s mais abastadas, e da expectativa de impunidade — seja por poder econdmico ou por privilégios as vezes garantidos pelo proprio Estado —, que 0 trabalho de inteligéncia no De- partamento de Policia Federal ganha importan- cia cada vez maior. ex- diretor da Diretoria de Inteligéncia'Po- licial (DIP) da PF, Renato Porciiincula, explica que a Policia Federal passou por uma sensivel reestruturacdo, que resultou no fortalecimento da Area de Inteligéncia Policial, para acompanhar as transformagdes sociais ocorridas ao longo de décadas. “Essa nova condigdo se deve em boa parte a forma de atuagao do ex-diretor-geral da Policia Federal, Dr. Paulo Lacerda, que desde © inicio de sua gestio vem incentivando, valo- rizando, priorizando a logistica e definindo no- ‘vos contornos a Area de Inteligéncia Policial no combate & criminalidade”, afirma. Para methorar seu desempenho, estrate mente a Diretoria de Inteligéncia Policial vem Revista Prisma + edicdo 57 + 27 ma, é pritica corrente, A informética ¢ a propria internet, ao mesmo tempo em que sevem de fer- ramentas de trabalho de potencial benéfico tre- mendo, so também utilizadas em novas e mais celaboradas priticas criminosas. Cobertor pequeno A despeito da atuagdo determinada e incansi- vel de magistrados, juristas, legisladores e outros profissionais ligados ao campo legal, e dos avan- {G08 alcangados, a legislagaio brasileira continua sendo um cobertor pequeno em noite fria. No estudo O que o Congreso Nacional brasi leiro pensa sobre a criminalidade, realizado pela sociéloga Laura Frade e apresentado na UnB, ela constatou que em 9.244 proposigdes legislative de 2003 ao inicio deste ano, apenas 7% tratavam sobre crimes..“Esse percentual é muito baixo € prova que o combate a criminalidade nao é uma prioridade no Congresso”, afirma. Mais que a pouca importincia dada ao tema, Laura Frade detectou entre 46 parlamentares, que representam mais de 50% dos agentes decisérios nas matérias sobre criminalidade (lideres de par- tido e de govemno, ¢ legisladores que sto refe- réncias nas votagdes), uma clara associagdo entre crime e baixo nivel de instrugdo. “Se para eles © bandido tem pouca educagao e age por conta da desigualdade social, fica dificil conceber que, por exemplo, um juiz cometa crimes”, diz A socidloga analisa que, ao passo que propos- tas como o aumento do carter investigatorio das ComissGes Parlamentares de Inguérito (CPIs) dariam ao Legislativo poderes tio amplos quan- to 0s do Judiciério, subvertendo a separagio dos poderes da Republica, 98 iniciativas evidencia- ram a tendéncia de tratamento mais rigoroso a crimes. Exemplos sto 0 projeto de tipificagao de da atividade de flanelinha como crime de extor- sfo e da criago de novas categorias criminosas como a pichagdo — ages cometidas supostamen- te pelos individuos socioeconomicamente menos favorecidos, contra os mais ricos. No mesmo caldeirdo dessas propostas, a pes- | Mutipicam-se | oscasos de quisadora detectou projetos de tentativa de libe | eee ai ragaio dos jogos de azar, cassinos e brigas de ani- | sujoufalsiicad mais. “Grande parte dos projetos apresentados teve ainda como t6nica a defeesa da comprovagaio da origem licita dos honorérios advocaticios pa- {205 por réus e 0 cuidado em garantir a classe dos advogados acesso ¢ liberdade para suas ativida- des”, conta a pesquisadora. Regulamentagao No que se refere & ago investigatéria dos agentes legais, 0 desenvolvimento da legislagao varia de acordo com a maré dos fatos. A partir da década de 1990 leis entraram em vigor, introdu- zindo e regulamentando meios operacionais de investigagao, como escuta ambiental, ago con- trolada ¢ infiltragdo, além de disciplinar temas relacionados a interceptago telefonica, delagio premiada, lavagem de dinheiro, protegdo de tes- temunhas e regime disciplinar diferenciado. O ex-diretor Renato Porciincula enfatiza que oatual arcabougo juridico criminal, embora ainda Recém-adquirc tum ato facta deslocamento¢ sande contiger nas operacoes Nias capitals, no terior e em reas emotas,a Policia Federal tem sido esenea constant carente de complementagao, elevou o Brasil em mesmo nivel de paises que tém conseguido re- lativo sucesso no combate criminalidade. Para 0 delegado, esta legislagao ainda nao é a ideal, alguns pontos carecem de melhora, “Ha neces- sidade, por exemplo, de definigo dos limit no caso da infiltragdo. Tem de ser definido até que ponto pode atuar o agente infiltrado para que sua conduta nao seja configurada delituosa”, diz. Algumas técnicas operacionais regulamen- tadas nos tiltimos dez anos somente agora vém sendo aplicadas. “Comegamos aplicar algumas delas em 2003, na Operagdo Anaconda, ¢ as apli- ‘camos em totalidade nas operages mais recentes Furacdo e Navalha”, informa Porciiincula. técnicas operacionais ‘conferiram mais agilidade a policia, apesar de que, as ve- Essa 30 + Revista Prisma + edigho S7 zes, dependendo da complexidade das investi- gagdes, 0 processo de instrugdo pode deman- dar mais de um ano, até a deflagragaio de uma operacdo. “As experiéncias obtidas nas ope- rag6es policiais so utilizadas para 0 aprimo- Tamento das operagdes subseqiientes, por isso cada operagaio que fazemos & sempre melhor que a anterior”, a rma o ex-diretor. A luz de operagses que expuseram a opi pliblica personalidades de destaque no cenaiio po- litico e da elite brasileiros, por indicios ou envol- vimento comprovado em atos ilicitos, existe um movimento para limitar e diluir o poder investiga- trio do Departamento de Policia Federal 0 Trabalho coordenado Em todas as operagdes de inteligéncia po- licial, a Policia Federal, 0 Poder Judiciitio © Ministério Pablico trabalham em sintonia, Quando a PF solicita uma autorizag&o judicial para 0 uso de técnicas invasivas, so forneci- das todas as informagdes sobre quem esti sen- do investigado, o motivo da investigagao ¢ as técnicas que sero aplicadas. ndo atua sozinha, Quando ela ini- tigagdio e desta decorrem medidas 0 presidente mediato do procedimen- to€ 0 Juiz, que exerce o controle sobre os direitos e garantias dos investigados”, explica Porcitincu- la, “Também existe a participago do Ministério Piiblico, que exerce agdo de fiscalizagdo quanto a observaincia da lei e dos prazos, bem como 0 acompanhamento de tudo que esta sendo produ- Zido, uma vez que serviri de subsidio no caso de ‘eventual agdo penal..Os trés Orgdos sempre traba- Tham de forma harménica. Se nossos resultados so bons é gragas a essa harmonia”, completa Porcitincula salienta que nao hd por parte do governo nenhum tipo de pressio, ou para apres- sar uma investi das agdes. “As coisas acontecem naturalmente cia uma inv cautelares 30 ou para diminuir o ritmo © questionamento de eventual investigado ¢ per- feitamente normal”, diz. O mecanismo de pres io aumenta na medida em que o nivel de poder econdmico ¢ ou politico das pessoas investigadas também aumenta, ““O sucesso das agdes da PF ¢ 0 elevado indice de desempenho operacional, principalmente na firea de inteligéncia, & resultado do alinhamento de forgas com os demais érgios do tripé da per- secugdo criminal, Poder Judiciario e Ministério Publico”, afirma Renato Poreitincula. A agilida- de das investigagdes, no entanto, nao encontra ressondineia na fase processual. “Infelizmente, 0 poder judicidrio ndo conta com uma legislagao moderna e eficiente que possibilite maior celeri- dade ao processo”, lamenta. A celeridade dos processos, sem prejuizo da ampla defesa, € uma necessidade que encontra defensores do calibre da Ordem dos Advogados do Brasil (AB), Associagio dos Magistrados Brasileiros (AMB), entre tantas outras. “Nossa legislagao & muito protecionista. O proceso nao pode ser tio ripido que implique em cerceamen- tode defesa, nem to lento, face miltiplos recur- 0s, para que a sociedade tenha pronta resposta € 0s culpados 0 efetivo cumprimento da pena, desafogando os tribunais” pondera Porciiincula, Autonomia na atuagao “A propria legislago que permite & Policia trabalhar, confere autonomia ao Orgio. E inves- tigando crimes que chegamos aos cr diz o diretor, O ex-diretor da DIP deixa claro Resultados De 2008 a julho de 2007, o Departa- mento de Policia Federal realizou nada menos que 356 operagSes, que resulta- fam na prisdo de 6.256 criminosos. Prisdes 2003/2004 58 926 2005 2006 167 2673 Eee a 1.250. “Ab omés do jaho. Fonts: DPE que, a0 contririo de e: peculagdes ¢ até, muitas vezes, insinuagdes de indiciados e seus defen sores, a Policia Federal naio seleciona seus alvos, mas trabalha arduamente para combater crimes, independentemente de quem sejam os autores. “A conduta da area de inteligéncia policial & mareada por um pro- fissionalismo exemplar. Os policiais so prepa- rados para receber criti- cas € ouvir reclamagdes, e, por forga das cir- cunstancias, so treinados para nao se deixar abater. Nosso trabalho é realizado de maneira isenta e profissionalismo ¢ nossa marca regis trada”, garante. A corregdo e a honestidade do trabalho da Inteligéncia tomam-se patentes no acatamento pelo Poder Judicirio das deman- das da Instituigao. Para Porcitincula, 0 alinhamento de forgas com os demais éraios do tripé da persecugio criminal é o grande responsavel para o eleva- do indice de desempenho operacional do DPF. “Isso aliado ao elevado nivel de qualificagio, coragem, abnegacdo, espirito de equipe e profissionalismo dos policiais federais, que —em defesa da sociedade brasileira — nao se curvam 4 impunidade ¢ as forgas Sa ary cr Peo momenta Nes Cogan rir Tree mtr eee Paral antagénicas,desmantelan- do, dia apés dia, organiza- ges criminosas cujos integrantes e lideres, em tempos passados, mostra- vam-se temiveis, inatin- giveis”, declara Renato Porcitincula, m= PEM Uo ier mete Son ecm nine cena ROMS Tee ei cso Pree mesrsc min Cine aceon cae Sa Se eon enon eet eee co Men? Revista Prisma + edicio 57 + 3 Luz para a Energia elétrica 6 um fator decisivo na segurang¢a publica, com ruas mais iluminadas e casas protegidas com cercas e portées elétricos Cerca de 20 mil pontos de iluminagao publica tiveram suas lampadas trocadas pela tecnologia eficiente de vapor de sodio em alta pressao nos ultimos anos em Goids. A iniciativa da Celg faz parte do Projeto de Eficiéncia Energética em lluminacao Publica. Mas 0 que representa isso em termos de seguranga? Segundo dados da Secretaria de Seguranca Publica de Goias, a iluminagdo dos espacos publicos é um dos fortes elementos para garantir a tranqiilidade da populagdo, j que facilita na identificagdo dos criminosos, inibindo a pratica ilicita. O projeto da Celg beneficiou as cidades de Pirendpolis, Palmeiras de Goids, Cristalina, Itapuranga e Cidade de Goids, As antigas lampadas de meroiirio, que gastavam mais energia ¢ tinham menor rendimento luminoso, foram substituidas sem qualquer 6nus aos cofres municipais. Energia Apesar de um aumento de 10% da conta de energia depois da instalagao de cerca e portao elétricos, o comerciario Wilmar Vicente de Lima, 39, diz acreditar que valeu a pena o investimento. O medo de ter novamente sua casa roubada fez com que 0 comerciario recorresse a tecnologia. Ele agora planeja instalar um circuito interno de TV em sua casa no Jardim Mariliza, Regiao Sudoeste de Goiania. “Realmente, oconsumo de energia aumentou, mas 0 conforto e a seguranga significam muito mais do que pagar uma conta de energia mais cara”, comenta Wilmar. Segundo os especialistas em seguranca, a postura de Wilmar é a indicada. “Apesar do trabalho ostensivo da policia, nao é possivel dizer que estamos em todos os lugares, por isso & importante a populagao se valer de certos instrumentos pessoais de protecao ao seu patrimonioe a » sua pessoa”, explica. Informe publicitario segurancga Campo iluminado A preocupagao da Celg nao é sé com as cidades. A zona rural em Goids também recebeu atengo especial. Nos tltimos sete anos, a energia chegou a cerca de 50 mil propriedades rurais, um crescimento de quase 50%. A Celg tinha 98 mil clientes rurais em junho de 2000, saltando para quase 146 mil em junho deste ano. Os programas Luz no Campo e Luz para Todos foram decisivos na expanso da distribuigao de energia. A familia do agricultor Francisco de Assis Cordeiro, 37, sente-se mais segura com a chegada , _ deenergia elétrica a pequena propriedade na zona rural de Hidrolandia, a Chacara Anjo da Guarda. Com dois filhos e a esposa, Francisco vivia acuado pela noite e comemorou o beneficio. “Agora podemos investirna fazenda e em equipamentos e nao termedo de sermos roubados”, conta. Aeletrificagao rural no Estado de Goids tem representado um fator de desenvolvimento das potencialidades agroindustriais, bem como de fixagao do homem no campo. Com a chegada da energia elétrica nas fazendas, chega também 0 conforto dos eletrodomésticos, da gua aquecida e das possibilidades de instalagéo de equipamentos que agilizam o processo produtivo, como a ordenha, 0s trituradores e até mesmo da informatizacao das atividades no meio rural. Energia nazonarural Evolucao das Propriedades Atendidas pela Celg Clientes rurais O 98.069 102.369 110,290 0118.457 124.606, 130.031 137.846 0145.541 BXPF pelo Brasil Manifesto do Rio ADPFISP. Aleftura do manifesto foi feito durante o ‘almogo em que compareceram quase 300 elegados Mais de 280 delegados de policia federal reuniram-se no dia 1, para o langamento do Manifesto pela Independéncia da InvestigagZo Policial, em almogo realizado no Rio de Janeiro, para onde um grande contingente da Policia Fe- deral foi deslocado durante o trabalho integrado de seguranga durante os Jogos Pan-americanos. * Foi uma oportunidade impar de langar nosso Manifesto em um evento que reuniu delegados de diferentes estados, na ativa e aposentados”, declarou o presidente da ADPF, Sandro Avelar, Tanto quanto Avelar, 0 presidente da Fede- tagdo Nacional dos Delegados de Policia Fede- ral (Fenadepol), Antonio Elias Ordacgy Junior, manifestou satisfacao com o niimero de pesso- as presentes, representando as diversas regides do pais. “O nimero de delegados presentes nao fustrou nossas expectativas”, disse. O Manifesto, assinado pela ADPF e pela Fenadepol, apresenta seis medidas essenciais e urgentes para garantir a defesa da seguranca piiblica e o combate a corrupgaio por meio da in- vestigacao policial. Segundo Ordacgy, ele sin- tetiza os anseios dos. delegados para o efetivo exercicio de suas atividades profissionais e para 0 Departamento de Policia Federal. Também 34 + Revista Prisma + edicdo 57 presente no evento, o secretirio-geral da ADPF, Bolivar Steinmetz, ressaltou a importancia da presenga de um ntimero tao expressivo de dele- gados nesse langamento, “Eles levardo as nos- sas intengdes para os seus estados”, disse. Ponto por ponto Respeitados limites, normas e procedimen- tos legais, 0 Manifesto propde a escolha do di- retor geral entre delegados da Policia Federal, Sujeito a sabatina no Senado Federal, para man- dato fixo de dois anos; autonomia administra- tiva, financeira e orgamentiria; livre distribui- E> cio eletrénica dos inquéritos policias; independéncia da autoridade policial na condugao de inquérito até sua conclusio; concessiio de acesso rapido ¢ direto aos dados cadastrais constantes de institui- ges privadas e puiblicas; a criagao do Conselho Nacional de Policia Judicisria, composto de integrantes da sociedade civil, com responsabilidade do controle extemo. (Leia o documento completo ogo abaixo.) “Nosso objetivo é garantir a inde- pendéncia administrativa ¢ financeira do DPF, o que institucionalizaré nossa liber- dade de investigagio. Hoje, mesmo que tenhamos liberdade para trabalhar, ficamos ex- ‘Postos a questionamentos como os que tém sido feitos por representantes de partidos politicos ‘que se opdem ao govemno atual”, explicou o pre- ssidente da ADPF, Sandro Avelar. “A autonomia ndio deixari que paire diividas sobre a seriedade ¢ independéncia da Policia Federal, que ¢ uma Policia de Estado”, completou. Encontro memordvel © evento onde ocorreu o langamento do Manifesto foi organizado em parceria entre a Associagao Nacional dos Delegados de Policia Federal (ADPF) € suas diretorias regionais do Rio de Janeiro ¢ Distrito Federal, da e do Sin- dicato dos Delegados de Policia Federal no Rio de Janeiro (SINDPERJ). Entre os presentes estiveram o recém-empos- sado diretor-geral do DPF, Luiz Femando Cor- ra; 0 secretirio de Seguranga do Estado do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame; 0 coordena- dor do trabalho da Policia Federal no Pan 2007, Daniel Sampaio; os diretores regionais da ADPF no Rio de Janeiro e Distrito Federal, Fabio Scliar ¢ Valmir Lemos de Oliveira; ¢ 0 diretor de Finan- gas da Fenadepol Waldir Silveira Zacarias. = De cab id Sims esemiv a dicra regina ADDF © CADEGA CFZUIDA crvomiinia odeezado de police eden Ro. dolpho André Picone Soares teve que encarar urn imbréglio com o govemo do Estado. O govemador Ivo Cassol concede uma entrevista na qual alegou tersido vtima de uma “investigagdo montada” acusou o delegad de “itresponsivel leviano”, Soares enviou nota imprensae respondeu as citicas. Nanoia, aADPF/RO repudiou as inferéncias desrespitosas ao DPF ¢ incentivou a deninca de even: tuaisabusos, dede que feito de forma fundamentada. “No que se refere& investigngio, 0 oferecimento da denincia pelo Procurador-Geral da Repiblica, em desfavor do povemador do Estado ¢ outros envol- vidos, orroboraalisura do trabalho desenvolvido pela Superintendéncia Regional do Departamento de Policia Federal em Rondénia’, argumentou, na nota, 0 delegado. Revista Prisma + edicdo 57 + 35 Beesponsabilidade social Confraternizagao e solidariedade A Diretoria de Assuntos Sociais, Esporte e La- zer da ADPF promoveu dois eventos dignos de nota nos tltimos meses: um bazar beneficente ¢ um sarau que reuniram associados moradores de Brasilia em tomo de causas sociais. Idealizado pela diretora Telma Cavalcante Lino, o bazar ocorreu com a cooperagaio das de- legadas Eni Franca Borges, Marta Ponde de Leon e Rejanete Mendes Pedrosa. “O emprenho delas a colaboragdo de todos foram essenciais para 0 sucesso do evento”, diz a diretora. Roupas, brinquedos, calcados e outros itens foram vendidos a precos médicos em uma esco- la piblica na comunidade do Varjao, no Distrito Federal. Os recursos arrecadados foram aplica- dos na compra de material de construgdo para Instituto Maria de Nazaré, que atende filhos de familias pobres do Nucleo Rural Ponte Alta de Baixo, também no DF.“Tivemos uma resposta muito positiva, que demonstrou o espirito de so- lidariedade dos nossos associados”, diz Telma, Mesa farta e compartilhada Sob a batuta da diretora, também foi realizado oSarau da ADPF, que reuniu cerca de uma centena de associados e familiares na sede da Associagao, em Brasilia. No cardapio, musica, descontragao ¢ um puchero — prato gaticho tipico preparado pelo secretirio-geral Bolivar Steinmetz e pelas fincio- narias Maristela Borges de Freitas ¢ Francineide Alvez Pereira. ‘A mesa farta do sarau ensejou uma nova ago de cunho social. Boa parte da comida foi levada para ser distribuida entre os sem-teto que se re- tinem toda noite sob as paredes da rodoviéria da Capital Federal. “Esse tipo de atitude demonstra nossa atengao com a responsabilidade social na ADPF”, afirma a diretora, + Revista Prisma + edigao 57 Descubra o fim dessa historia nas proximas edi¢des. , Bhitigo Técnico ; Processo Administrativo Disciplinar Ainstrugao do processo, a indiciagao ea defesa do acusado DEES ET Ry “O processo administrativo aberto, visivel, participativo, é instrumento seguro de prevencdo a arbitrariedade” (Sérgio Ferraz e Adilson de Abrev Dallari, Proceso Administrativo, Malheiros, SP, pig. 24). 1, CONSIDERAGOES INICIAIS Buscando a perfeita coneregio do due process of law, garantia de dignidade constitucional plas- ‘mada no art. 5°, inc. LIV, e a seguranga juridica na apuragao da conduta do servidor, 0 processo admi- nistrativo disciplinar, na dice do art. 152, da Lei 1°, 8.112/90, se desenvolve nas seguintes fases I~ instauragao, com a publicagio do ato que ‘constituir a comiss’o; I — inquérito administrativo, que compreende instrugio, defesa e relatério; II —julgamento. De tal modo, o relatério final da comisstio de inquérito é elaborado apés a apresentagdo da defesa escrita Diante disso, temos sustentado que 0 modelo atual do processo administrativo disciplinar, com a manifestagaio final da comissio de inguérito através do relatério (art. 165, Lei 8.12/90) ¢ que antecede 6 julgamento (art. 167, Lei 8.12/90), em verdade, propicia freqiiente desrespeito as garantias funda- mentais do contraditério ¢ da ampla defesa, assegu- radas pela Carla Politica no at. $* ines. LIV e LV. do servidor (rt. 161, caput, Lei 8112/90) eapresentada a defesa escrita (art. 161 e §§, Lei 8.112/90), onde se rebate a imputagdo, nao raro & constatado na fase do relatério ou do julgamento, a inovago da anterior acusagao contida na indiciagao, o que caracteriza, a mais no poder, a figura da mutatio libelli, E aqui abre-se pequeno espago para dizer que Revista Prisma + edigdo S7 + 37 Briigo Técnico — mesmo diante da urgéncia da situago — que au- toriza a imediata ago da autoridade, a exequibi- lidade do ato, todavia, fica condicionada a prévia manifestacZo do interessado. Em tomo da regra da anterioridade da defesa, Gordilho argumenta “que 0 principio de ouvir 0 interessado antes de decidir algo que o afeta, nao somente um principio de justiga, mas também de cficdcia. Assegura melhor conhecimento dos fatos ¢, portanto, auxilia 0 aperfeigoamento da adminis- tragdo ¢ da justiga da decisio” (Romeu Felipe Ba- cellar Filho, Processo Administrativo Disciplinar, Ed, Max Limonad, 2* ed., 2003, SP, pag. 309; STJ, REsp 617.103 PR, DJ 22.05.06). Idéntica circunstincia legitima o denomina- do contraditério diferido ou adia- do, que ocorre, por exemplo, nas interceptagdes telefonicas disci plinadas na Lei n®. 9.296/96, maté- ria tratada por Luiz Flavio Gomes in Interceptagio Telefonica, RT, 1997, pig. 229; e Damdsio E. de Jesus, Interceptagao de Comuni- cagdes Telefonicas, RT 735/451. Em tal contexto, e para minimizar tais efeitos deletérios, é juridicamente sustentivel a apresentacdo de memo- riais, com respaldo no art. 5°, ine. LV, da CF, ¢ arts, 1°, caput, ¢ 3°, II, da Lei n® 9.784/99, que a par de buscar ‘ao melhor cumprimento dos fins da Administragao, protege igualmente 08 direitos dos administrados, o hipo- suficiente na relagao juridica. De fato, 0 modelo que privilegia o hipersufi- ciente, ou que de resto estabelece regalia em favor de uma das partes, ofende 0 contraditério (ago versus reaciio), a isonomia (paridade de armas), 0 devido processo legal (a defesa fala por titimo), ea ampla defesa (direito do acusado de ser informado também por tiltimo), tudo como se vé da doutrina ‘de Rémulo de Andrade Moreira, apoiado no magis- tério de Frederico Marques e Tourinho Filho (Cf: Repertorio de Jurisprudéncia 1OB, agosto/2006, n°, 15, pig. 479; STI, HC 41.667/SP, rel. Min. Gilson Dipp, DJ 19.12.05). A proposito do citado writ, que discutiu a regr’ 38 + Revista Prisma + edigio 57 dos arts. 610, § tinico e 618, do CPP (desigualdade de armas entre acusago e defesa), ¢ malgrado ter sido denegado, o Ministro relator destacou, entre- tanto, que “a impetragao se limitou a argilir a nuli= dade, sem destacar efetivo prejuizo”. Assim, na linha do pas de nulitté sans grief, ti- vesse sido demonstrado o conereto prejuizo ao di- reito de defesa, certamente que outro teria sido 0 destecho do recurso, De resto, 0 entendimento aqui esposado nao colide, a nosso ver, com a decisto do Egrégio Su- perior Tribunal de Justia no MS 11.221 DE, DJ 28.08.06, dado que no citado julgado no restou demonstrado o prejuizo a defesa, Il, 0 DESPACHO DE INSTRUGAO E INDICIACAO (Art. 161, Lein.° 8.112/90) Com o consistente propésito de assegurar em. toda sua plenitude a ampla defesa ¢ 0 contraditério, diz o art. 161, da Lei 8.12/90, que “Tipificada a infragao disciplinar, seri formulada a indiciagao do servidor, com a especificago dos fatos a ele impu- tados e das respectivas provas”. (grifei) Dessarte, vale acrescentar que o despacho de ins- trugaio e indiciaglo, que antecedera a citagdo para 0 ‘oferecimento da defesa escrita, tudo disciplinado nos arts. 161 a 164 da Lei n.°8.112/90, conters a exposi- ‘¢40 circunstanciada do fato reprovavel imputado a0 acusado ¢ 0s dispositivos legais e regulamentares in- fringidos, com indicagao das folhas do procedimen- to onde poderto ser encontrados os fundamentos das imputagdes, na linha do que decidiu o TRE, I* R. AMS 1999.42.00.001249-8/RR, rel. Des, Federal José Amilcar Machado, DJ 26.09.02. Na formatagaio da indiciagio, a bem dizer, iden- tifica-se a base factual, ou seja, comportamento (previsto em lei) levado a efeito pelo transgressor,e base hipotética que ¢ a descrigio legal do modelo de conduta censurivel. E a exposigdo do fato, repita-se, deve ser circunstanciada, ow seja, particularizada, sob pena de nulidade. Tanto que nesse sentido decidiu © Colendo Superior Tribunal de Justica: “Administrativo. Recurso ordinério em mandado de seguranga. Pro- cesso administrativo disciptinar. Infragdo admi- nistrativa tipificada no art. 303, inciso LVI da Lei n° 10,460/88. Auséncia da elementar do tipo “em servigo”. Nulidade do decreto demiss6rio. Direito liquido e certo”. (grifei) (STJ, ROMS 16264 GO, rela. Min, Laurita Vaz, DJ 02.05.06 in Revista Fé- rum Administrativo, Ano 6 - n° 63 - Maio de 2006, pigs. 7340/1), Nunca ¢ demais lembrar que 0 despacho de instrugdo e indiciagao, quando elaborado de ma- neira inadequada, ou seja, impreciso e vago, acar- retard, certamente, a invalidagdo do processo por vicio de cerceamento do contraditério e da ampla defesa, hipétese albergada no art. 169, da Lei n2 8.112/90, inclusive, no rumo do que decidiu 0 Co- lendo Superior Tribunal de Justia, no MS 6875- DF, rel. Min, Hamilton Carvathido, DJ 18.02.02. Precedente: STJ, RMS 1074-ES, rel. Min, Pega nha Martins, DJ de 30.3.92. E 0 cerceamento do direito ao contraditério e a ampla defesa (art. 5°, LV, CF), como & curial, cons- titui-se em nulidade insanavel, desde que provado © prejuizo para 0 acusado, ja merecendo do entio DASP - Departamento Administrativo do Servigo Pablico, na atual estrutura do Ministério do Plane- jamento Orgamento e Gestio, a Formulagao n.° 57, assim ementada: “O inquérito administrativo s6 é nulo em razio de iregularidades que impliquem cerveamento de defesa”. ~Importante também as Formulagdes € 47, verbis: “O inquérito administrativo no visa apenas a 15 O despacho de instrucdo ¢ indiciacao, apurar infragdes, mas também a oferecer oportunidade de defesa quando elaborado ”. (grit) de maneira ‘om base em proceso admi- F nistraivo-disciplinar, ndo se pode @dequada, ow Punir infrag’o, mesmo leve, de Seja, tmpreciso e que 0 acusado nao se tenha deffen- vago, acarretard, dido”. (grifei) cenamiente @ Tais Formulagdes, advirta-se, tio obrigatérias no seio do Servi- 0 ~Piblico, ex vi dos arts. 115 © 116, III, do Decreto-lei n° 200/67, com as alteragdes do Decreto-lei n° 900/69. Ila. FUNGOES FUNDAMENTAIS DA INDICIAGAO (Art. 161, caput, Lei ne 8.112/90) Merece destaque de igual modo as fungdes fundamentais da ~instrugdo e indiciagaio disci- plinar, ou seja: a delimita o raio acusatério; b— define 0 esforgo defensério; ¢ — estabelece 0 aleance da condenagiio, se for 0 caso. Acerca do despacho de instrugao e indiciago, leciona José Armando da Costa que “no poderi a autoridade hierirquica, mais tarde, na fase do jul- gamento, levar em conta fttos que nio tenham sido articulados em seu contexto” E que, segundo doutrina de Tourinho Filho, BRA a sus “iain ox CD (61)3363-2590 www.brasimpex.com 5, Resaate - Canvonismo - Espeleoloaia - latismo - Salvamento Revista Prisma + edicao 57 + 39 invalidagdo do processo Btigo Técnico (Processo Penal, Ed. Javoli, 1979, v. 4, p. 155) ade~ quada a0 nosso tema, no podera ocorrer surpresa para a defesa. A relagio miitua ha de verificar-se entre a decisio ¢ 0 fato contestado (Damasio E. de Jesus, obra citada, p. 204), I.b. A MUTATIO LIBELLI ea EMENDATIO LIBELLI Neste ponto, o- tema sugere as questdes rela- cionadas com a emendatio libelli e mutatio libelli, definidas nos arts. 383 e 384, do CPP, ¢ aqui por analogia (STF, RE 78.917, rel. Min. Luiz Gallott, RTI 71/284), Alids, as regras da emendatio libelli e mutatio libelli, diga-se de passagem, sio aplicadas de igual modo na seara do processo administrative disciplinar como ja reconheceu 0 Colendo Su- perior Tribunal de Justiga no REsp n°, 617.103 PR, DJ 22.05.06. Il.b.1. EMENDATIO LIBELLI E sabido que “o indiciado em processo disciplinar defende-se con- tra a imputagao de fatos ilicitos, po- dendo a autoridade administrativa adotar capitulagao legal diversa da que Thes deu a comissao de inqué- rito, sem que implique cerceamento de defesa”. (STF, MS n° 20.355-2 DF, rel. Min. Rafael Mayer, DJ 23.3.83; STF, RDA 152/77; STJ, MS 8106 DF, rel. Min. Vicente Leal, DJ 28.10.02; José Cretella Jinior, Pratica do Pro- cesso Administrativo, RT, 1988, pag. 137). O mesmo entendimento ¢ aplicado na esfe- ra penal (STF, HC n° 56.874, DJ 08.06.79; Da- misio E. de Jesus, CPP Anotado, Saraiva, 1990, pig. 222), Advirta-se, porém que, na aplicacao correta da emendatio libelli, ¢ necessério, na hipétese de mudanga de capitulag’io, que seja observada absoluta correspondéncia entre 0 fato imputado ¢ contraditado ¢ a punigdo aplicada, Na mesma linha, os julgados: STF, MS 40 + Revista Prisma + edigéo 57 21.231, rel. Min. Carlos Velloso, DJ 18.09.92; STF, MS 23.299-2, rel. Min. Sepiilveda Perten- ee, DJ 12.04.02. Dessarte, a regra da emendatio libelli (art. 383, CPP), em verdade, possibilita a autoridade julgadora — sem ferir o direito de defesa — dar a0 fato definigao juridica diversa da que constar do despacho de instrugao e indiciagRo (art. 161, caput, Lei 8.12/90), E que, como ja frisado, 0 indiciado em processo administrativo disciplinar defende-se contra a im- putagao de fatos. IL.b.2. MUTATIO LIBELLI Com efeito, se durante a fase de julgamento, surgirem elementos ou circunstancias elementares capazes de provocar nova classificag’io dos fatos, € que nao foram regularmente incluidos no despa- cho de indiciagao (art. 161, caput, Lei 8.12/90), deverd a Autoridade julgadora, na hipétese de pre- tender mudar a classificagdo (mucatio libelli — art. 384, CPP) reabrir 0 prazo para a defesa, sob pena de nulidade por cereeamento de defesa consubs- tanciada na supressto do contraditério (art. 5°, LV, CF; arts. 143 e 153, Lei 8.12/90). A propésito, circunstincias elementares ou elementos essenciais sto partes (de um todo) que compdem 0 ilicito ow esto ao seu redor: (Mirabete, Processo Penal, Atlas, 6a ed., p. 446). No julgamento do REsp 617.103 PR, STJ, DJ 22.03.06, da relatoria do Ministro Paulo Medina, ficou assentado na ementa do aresto: “.. Adita- ‘mento da indiciago pela autoridade piblica na fase de julgamento ~ Inexisténcia de abertura de novo prazo para especificagdo de provas e de apresenta- ‘glo de defesa ~ Violagao do art. 419 do Decreto n* 59.310/66 e dos arts. 161, “caput” e § 1°, ¢ 168, da Lei n® 8.112/90—Recurso provido”. Colhe-se mais do voto condutor: “Em outras palavras, a jurisprudéncia desta Corte autoriza & autoridade julgadora dar ao fato itulagao juridica diversa da que constar na por- taria inaugural, pois 0 acusado defende-se dos fatos a ele imputados, aplicando-se analogica- mente 0 art. 383 do Cédigo de Processo Penal: “Em sede de processo administrativo, pode a autoridade administrativa, na aplicagaio da condenagio, conferir a0 fato descrito na Porta- ria de Enquadramento definigo juridica diversa, nfo se vinculando, ainda, ao parecer da comissio processante, mesmo que tenha que aplicar pena mais severa, desde fundamentadamente”, (RMS 10316/SP, 6* Turma, rel. Min. Vicente Leal, J 11.04.2000, DJ 22.05.2000, p. 142). Por decorréncia da aplicagao do proprio prin- cipio da legalidade, se a lei autorizou a autoridade julgadora, apenas, a“emendatio libelli”, no proces- so disciplinar, nao poderia ela proceder i indiciagao diversa da jé realizada pela comissdo processante ¢, de sobressallto, punir os Recorrentes. O principio da legalidade, segundo o qual o ad- ministrador nao pode agir nem contra legem, nem praeter legem, apresenta-se, hodiemamente, com- preendido em sua feigao mais ampla, como o prin- cipio da juridicidade das decisdes administrativas, que devem estar Subordinadas nao apenas a lei, no sentido formal, mas a todo o Direito. ROMEU FELIPE BACELLAR, ob. cit, p. 180, pontifica que: “Nao basta a regulamentagdo legal do proce- dimento edo processo administrativo disciplinar: devem funcionar como garantia de meios ¢ de re- sultados. O instrumento processual deve ser inter- pretado de modo a realcar a sua potencialidade para enquadrar a discricionariedade nos devidos termos. Qualquer escolha deixada ao administra- dor deve ser passivel de verificagdo, Constatados os elementos para a aplicago da pena, por meio do. processo administrativo disciplinar, nao ha es- colha entre aplicé-ta ou nao. A imposigo constitucional de atuago pro cessualizada para o exercicio da competéncia dis- ciplinar pOe em cheque a concepsaio de aplicagao da lei como instrumento auténomo e mecnico, A dimensio do prinefpio da legalidade, em sede de exercicio de competéncia disciplinar, ndo pode ser mensurada sem a consideragao do procedimento € do proceso administrativo disciplinar. Ora, a legalidade processual auxilia no fomnecimento de limites e de medida a discricionariedade”. Ademais, impende ressaltar que a discricionari- dade, em fase de julgamento de processo discipli- nat, existe para a autoridade administrativa, apenas no tocante a dosimetria da pena, ‘consoante © principio da proporcio- nalidade, mas no quanto aos fatos imputados aos Recorrentes. Deturpado, portanto, 0 entendi- mento exposto no v, acérdiio recor- “Todavia, a imputagao a tal con-

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