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Desenvolvimento de Farmacos I. FONTES DE FARMACOS A. Introducao A satide, “estado de completo bem-estar fi- sico, mental e social —e nao apenas aauséncia de desconforto ou de enfermidade”, é uma das ne- cessidades basicas do homeme tem sido sua cons- tante preocupacao. Para conserva-la ou restaura- la vem o homem, desde priscas eras, langando mio dos mais variados recursos, mormente aque- les destinados a evitar e combater as doencas, sobretudo por meio de drogas e medicamentos. O enorme progresso no setor de farmacos de origem sintética, que se verificou nos ultimos trinta anos, tende a fazer olvidar o extraordinario papel que as drogas de origem natural desempe- nharam, desempenham e desempenharao na tera- péutica. Séculos antes que se cogitasse de prepa- rar por via quimica compostos titeis no tratamento € profilaxia das mais variadas doencas, ja se usa- vam extensivamente intimeros produtos biolégi- cos. Outros foram introduzidos no século passado € neste, contemporaneamente com o notavel de- senvolvimento das ciéncias biolégicas — como a Medicina — e principalmente da Quimica, em especial no campo de sintese de substancias orga- nicas. E de se presumir que, com o prossegui- mento das pesquisas, dezenas ou centenas de principios ativos extraidos de microrganismos, plantas e animais irao enriquecer o arsenal tera- péutico e, por sua vez, estimular os quimicos a sintetizar produtos iguais ou andlogos, sobretudo considerando-se que até agora apenas menos de 10% das plantas terrestres foram estudadas sob o onto de vista fitoquimico e que a flora e fauna marinhas s6 recentemente estao recebendo, sob o aspecto quimico, a atengéo que merecem. B. Fontes antigas de medicamentos Analogamente ao que ocorre hoje em dia, ‘em que, ao lado de uma elite esclarecida coexis- tem massas profundamente ignorantes, as cama~ das incultas de alguns dos povos antigos tinham opinides extravagantes e absurdas sobre a etiolo- gia das moléstias. Acreditavam, por exemplo, que a doenga fosse causada por espiritos maus, ou deménios, e que 0 tinico meio de eliminé-la era submeter a habitacdo do deménio — o corpo do paciente — a toda sorte de desconforto e sofri- mento; 0 deménio, no suportando os maus tra- tos, abandonaria 0 corpo do doente e este ficari so. Para isto untavam-no com substincias de odor ¢ aparéncia repugnantes, tais como urina, fezes, plantas malcheirosas; ou entéo usavam fumigacoes nauseativas. ‘Apesar dessa e de outras terapéuticas arrai- gadas no misticismo, em que entravam amuletos € encantamentos, exorcismo e dancas cerimoniais, a base do tratamento das doengas consistia em drogas de origem vegetal e animal. Desconhe- cendo, porém, tanto a causa da doenca como a maneira pela qual essas drogas faziam desapare- cer os seus sintomas e procurando estabelecer uma relagao entre ambas, alguns estudiosos — entre eles 0 famoso Paracelso, que viveu de 1493 a 1541 e foi o pai da farmacoquimica ou iatroqui- mica e fundador da medicina moderna — acaba- ram adotando a “‘doutrina da assinatura””, se- gundo a qual Deus indicara qual o agente medici- nal adequado para o tratamento do orgao afetado ou dos sintomas de uma certa doenga conferindo- The um “sinal"*, na forma de uma semethanga, ainda que superficial, daquele agente com este 6rgao ou sintomas. Em conformidade com essa doutrina, os talos da hepatica, cuja forma é seme- Ihante & do figado, seriam titeis no tratamento de doengas hepaticas; 0 acafrao e a celidénia, por terem cor amarela, curariam a ictericia; as raizes vermiformes seriam eficientes medicamentos contra vermes intestinais; a flor de verdnica, que se assemelha a um olho, debelaria as doencas oculares: a sanguinéria, devido A sua cor verme- Desenvolvimento de Farmacos I. FONTES DE FARMACOS A. Introducao A satide, “estado de completo bem-estar fi- sico, mental e social —e nao apenas aauséncia de desconforto ou de enfermidade”, é uma das ne- cessidades basicas do homeme tem sido sua cons- tante preocupacao. Para conserva-la ou restaura- la vem o homem, desde priscas eras, langando mio dos mais variados recursos, mormente aque- les destinados a evitar e combater as doencas, sobretudo por meio de drogas e medicamentos. O enorme progresso no setor de farmacos de origem sintética, que se verificou nos ultimos trinta anos, tende a fazer olvidar o extraordinario papel que as drogas de origem natural desempe- nharam, desempenham e desempenharao na tera- péutica. Séculos antes que se cogitasse de prepa- rar por via quimica compostos titeis no tratamento € profilaxia das mais variadas doencas, ja se usa- vam extensivamente intimeros produtos biolégi- cos. Outros foram introduzidos no século passado € neste, contemporaneamente com o notavel de- senvolvimento das ciéncias biolégicas — como a Medicina — e principalmente da Quimica, em especial no campo de sintese de substancias orga- nicas. E de se presumir que, com o prossegui- mento das pesquisas, dezenas ou centenas de principios ativos extraidos de microrganismos, plantas e animais irao enriquecer o arsenal tera- péutico e, por sua vez, estimular os quimicos a sintetizar produtos iguais ou andlogos, sobretudo considerando-se que até agora apenas menos de 10% das plantas terrestres foram estudadas sob o onto de vista fitoquimico e que a flora e fauna marinhas s6 recentemente estao recebendo, sob o aspecto quimico, a atengéo que merecem. B. Fontes antigas de medicamentos Analogamente ao que ocorre hoje em dia, ‘em que, ao lado de uma elite esclarecida coexis- tem massas profundamente ignorantes, as cama~ das incultas de alguns dos povos antigos tinham opinides extravagantes e absurdas sobre a etiolo- gia das moléstias. Acreditavam, por exemplo, que a doenga fosse causada por espiritos maus, ou deménios, e que 0 tinico meio de eliminé-la era submeter a habitacdo do deménio — o corpo do paciente — a toda sorte de desconforto e sofri- mento; 0 deménio, no suportando os maus tra- tos, abandonaria 0 corpo do doente e este ficari so. Para isto untavam-no com substincias de odor ¢ aparéncia repugnantes, tais como urina, fezes, plantas malcheirosas; ou entéo usavam fumigacoes nauseativas. ‘Apesar dessa e de outras terapéuticas arrai- gadas no misticismo, em que entravam amuletos € encantamentos, exorcismo e dancas cerimoniais, a base do tratamento das doengas consistia em drogas de origem vegetal e animal. Desconhe- cendo, porém, tanto a causa da doenca como a maneira pela qual essas drogas faziam desapare- cer os seus sintomas e procurando estabelecer uma relagao entre ambas, alguns estudiosos — entre eles 0 famoso Paracelso, que viveu de 1493 a 1541 e foi o pai da farmacoquimica ou iatroqui- mica e fundador da medicina moderna — acaba- ram adotando a “‘doutrina da assinatura””, se- gundo a qual Deus indicara qual o agente medici- nal adequado para o tratamento do orgao afetado ou dos sintomas de uma certa doenga conferindo- The um “sinal"*, na forma de uma semethanga, ainda que superficial, daquele agente com este 6rgao ou sintomas. Em conformidade com essa doutrina, os talos da hepatica, cuja forma é seme- Ihante & do figado, seriam titeis no tratamento de doengas hepaticas; 0 acafrao e a celidénia, por terem cor amarela, curariam a ictericia; as raizes vermiformes seriam eficientes medicamentos contra vermes intestinais; a flor de verdnica, que se assemelha a um olho, debelaria as doencas oculares: a sanguinéria, devido A sua cor verme- 0 QuiMica FARMACEUTICA Iha, estancaria as hemorragias: a sagitaria, mereé de seu formato caracteristico, medicaria os feri- mentos causados por flecha; as folhas de erva- cidreira, cordiformes. ajudariam nas moléstias cardiacas; a mucosa do estomago de carneiro eli- minaria as perturbagoes gastricas. ‘A“‘doutrina da assinatura””, embora fundada em crengas populares ¢ na superstigao, contri- buiu, de certa forma, para o progresso das cién- cias médicas. Observando casualmente os efeitos curativos produzidos por partes de determinadas plantas ou certos érgios animais, o homem com- provou que as raizes do ruibarbo tinham agdo purgativa; que a mandragora possuia proprieda- des analgésicas: que o figado de peixe fazia desa- parecer a cegueira noturna; que as glindulas adrenais preveniam as hemorragias; que se- mentes de determinadas plantas — café, cha, mate, noz, cola, guaran, cacau — eram estimu- antes psiquicos. Selecionando racionalmente os remédios para seus males, foi ampliando paula- tina, mas constantemente, 0 ntimero de medica- mentos naturais & sua disposi¢ao. Nao obstante, foi so com a descoberta de alcaléides, entre 1803 e 1920, que 0 estudo das drogas recebeu grande impulso, passando os far- macéuticos — pioneiros no progresso da Quimica Farmacéutica — a preocupar-se menos com as plantas e as drogas brutas e mais com os seus constituintes quimicos. Concomitantemente, a adogio de métodos cada vez mais racionais de selecio de medicamentos bioldgicos enriqueceu € continua a enriquecer o arsenal terapéutico. De fato, até 1930 as drogas usadas na Medicina eram, em sua maioria, de origem natural: vegetal, ani- mal e mineral. C. Fontes modernas de medicamentos A descoberta acidental de que determinados fungos e outros microrganismos produzem subs- tancias — ditas antibidticos — que podem inibir processos vitais de outros organismos, mesmo em, concentragées diminutas, Ievou os pesquisado- res, sobretudo depois de 1940, auuma busca inten- siva de novos antibidticos. Ora se procuram anti- bidticos nao s6 entre microrganismos, mas tam- bém entre vegetais e animais superiores. Essa investigacao resultou na descoberta, isolamento ¢ identificagdo de mais de 3.100 antibisticos, dos quais, entretanto, menos de cem sao empregados na terapéutica, pois os outros sao demasiada- mente t6xicos. Por outro lado, gracas ao enorme progresso da Quimica Organica a partir do fim do século passado, no arsenal terapéutico predominam atualmente os farmacos de origem sintética, A sintese quimica vem contribuindo cada vez mais com novos férmacos, mormente depois que pas- sou a aplicar os conhecimentos dos mecanismos de reacdes quimicas € bioquimicas e dispor de eficientes ¢ rapidos métodos analiticos, princi- palmente cromatografia, espectrofotomettia, es- pectroscopia e difracdo de raios X. Ao lado dos produtos de origem microbiana (antibidticos e vitaminas principalmente), de novos alcaldides @ daqueles. obtidos totalmente por sintese quimica, 0 arsenal terapéutico foi iambém enriquecido por muitos farmacos semi- sintéticos, introduzidos mediante modificacao quimica de produtos vegetais, animais ou micro- bianos, como alcaldides, horménios e antibioti- cos, respectivamente. Outrossim, 0 progresso da Microbiologia e da Imunologia possibilitou, ja desde o fim do sé- culo passado, a fabricagao de soros e vacinas. Esses imunoterapicos sao armas eficientissimas ¢ nao raro tinicas ou na profilaxia ou no tratamento de determinadas doencas, sobretudo aquelas de etiologia viral. D. Contribuicdo das diversas fontes Calcula-se que atualmente se conhecem aproximadamente 5.000.000 de substancias qui micas, perfeitamente identificadas e caracteriza- SINTETICA 50¥% Fig, 2.1 Percentagens das fontes dos medicamentos ‘mais usados atualmente. DESENVOLVIMENTO DE FARMACOS das, A este mimero se acrescentam anualmente cerca de 100.000 compostos novos. Sao de uso comum aproximadamente 63.000 substancias quimicas, das quais 4.000 sao férmacos e 2.000 sao aditivos de medicamentos; outras 2.500 a 5.000 sao aditivos alimentares e mais 1.500 se em- pregam como ingredientes em agrotéxicos (tam- bém denominados, embora erroneamente, pesti- cidas, praguicidas ¢ defensivos agricolas). A percentagem de mei natural (vegetal + animal + mineral + micro- biana) vem declinando paulatinamente, ao passo que a daqueles de origem sintética aumenta cons- tantemente. A situagao hoje em dia, grosso modo, €a representada na Fig. 2.1, isto é, dos medica- mentos mais usados na terapéutica 50% so de origem sintética, 18% de origem vegetal, 10% de origem animal, 9% de origem mineral, 5,5% de origem microbiana, 3,5% de origem semi-sinté- tica, 3% sao vacinas e 1% soros. Il. CUSTO E LOCAL DE DESENVOLVIMENTO DE FARMACOS Nos dltimos anos, 0 arsenal terapéutico foi muito enriquecido, De 1940 a 1975, no mercado norte-americano, foram introduzidos 971 farma- cos novos (Tabela 2.1), sendo estes os mais utili- zados hoje em dia na terapéutica. Os paises que mais concorreram para isso foram: Estados Uni- dos, com 622 (64,0% do total); Suica, com 68 (7,0% do total); Inglaterra, com S1,5 (5.4% do total); Alemanha, com 48 (4,9% do total); e Franca, com 27 (2,9% do total) (Tabela 2.2). O Brasil, infelizmente, nao contribuiu, neste pe- a riodo, com nenhum ffrmaco novo. A introdugao de novos farmacos é atual- ‘mente muito onerosa. Na década passada custava 6.000.000 de délares na Franga e 8.000.000 na Inglaterra. Os Estados Unidos, por sua vez, vém despendendo cada vez mais em suas pesquisas. Com base nos dados da Fig. 2.2, poder-se-ia afir- mar que, em 1975, a introdugao de cada farmaco novo, desde a sua concepcao até a comercializa- co, custou cerca de 60.000.000 de délares, pois naquele ano a industria farmacéutica norte- americana s6 introduziu 15 farmacos novos, em- bora tivesse investido cerca de 1.000,000.000 de délares em pesquisas € desenvolvimento, Toda- via, nesse total estéo incluidos os gastos com todas as pesquisas da industria. Conseqiiente- mente, é mais prudente considerar que o desen- volvimento de um farmaco novo custa, nos Esta- dos Unidos, cerca de 12 milhdes de dolares. E facil entender 0 motivo desse alto custo quando se consideram as varias ¢ dispendiosas fases compreendidas na génese de um medica- mento (Fig. 2.3), génese esta que leva em média 7 a 10 anos. Hé ainda outras razes para a introducao de um novo farmaco na clinica médica ser tao cara. Uma delas € 0 fato de ser cada vez mais dificil desenvolver novos farmacos. Em 1958, das 14.600 substancias sintetizadas e ensaiadas como farmacos potenciais, 47 encontraram emprego clinico. Hoje em dia, calcula-se que é necessério sintetizar ou extrair de fontes naturais e ensaiar de 3.000 a 5.000 compostos quimicos para que, desta triagem longa e onerosa, resulte um farmaco de uso terapéutico. 100 : oo} @ P& DPARA PRODUTOS ETICOS HUMANOS [BH CO P& DADICIONAIS PARA PRODUTOS A fico eters is q oof g a 3 & 0. 2 x s go sob a 8 of 3 am. mL z as 2 Te = or Baia Fig. 2.2. Despesas com pesquisa e desenvolvimento (P& D) para produtos éticos no periodo de 1951 a 1975 nos Estados Unidos (Pharmaceutical Manufac- turers Association, Factbook 76, Washington, C., 197), 1951 1953 1955 1957 1959 1561 1960 196s © Orgados 1961 199 1971 1 IS ANO 2 QUIMICA FARMACEUTICA, Tabela 2.1 Novos farmacos introduzidos no mercado norte-americano 1940-1975 « Numero de Aisa eee OSE ee SOs 0 oe 1940 uit 4 1947 THATIUIEIENNAEATIAIIT a 1942 THIN B 1943 TTT 10 144 TTT 8 95 WILT B 1946 TTATTTTATTT » 1947 {NNT 6 1938 TCT 29 1949. TTT % 1930 TITIAN 2 1951 UHTHTTHTTTATATTTTTTTTTT 28 19s TAHT TTT 0 19s TTT TUTTO TTT 3 194 TTT 405 TUTTE 36 1956 FMT TTT 8 voy TET HTATTGTATTTTTTT 32 195 HUTT 4” 1939 THVT TTT TTT TT 63 2960 Mm TET TTTTTTT 50 191 HN 4s 1962 TTT "4 1963 iNT 16 ‘1964 LILNUUINVENTNNUIULI a 1965 im 25 1966 TTT B 1967 TTT TTT 25 1968 (HTT 2 4969 {TT 9 1970 (NLT ae TOTTENHAM 4 x97 juin 0 1973 NIT 0 1974 HTT 8 1975 {HTT 1s Toul 9 Fonte: Pharmacy Times, abril de 1976 (com base nos dados de Pasl de Hean, Inc). DESENVOLVIMENTO DE FARMACOS “% Tabela 2.2 Novos farmacos introduzidos no mercado dos Estados Unidos no periodo de 1940 a 1975, segundo o pafs de origem Pais de origem partilhado Origem Unicamente Produtos Numero Percentagem. nacional partilhados equivalente Crédito do total de 971 Pais de origem (A) (By" ic (Col. A+C) farmacos novos Estados Unidos 618 ® 40 a0 0% Suiga Gia 2 10 68.0 70 Inglaterra 50 3 us 315 34 Alemanha 46 4 0 480 a Franga a 270 29 Dinamarca ik 1 os rs Belgica 2 12 Suecia 2 12 Holanda 10 Xo Japio 10 10 Mexico 3 2 10 Xo wala 5 os Austria 3 03 Canad 3 03 ‘Aostralia Z 02 Hungria 2 02 Teheco-Eslovquia i 1 os 01 Argentina i o1 india 1 o1 Europa (desconhecido 0 pais especiico) 0 1 os < Fonte indeterminada o 7A Total 960 2 no on9 100,0% A coluna B arola nimero de farmacos pelos quais um pals parihou o crédito com um ou mais palses na gerapio de um composto quinico. ‘ara fig de "reo cluna C representa crélie a serarao do composto quimico (sto €, a couna B dividida po Sews de 08 is te umn produto Unico atibuido um pais pelo papel que desempenhou ma Fonte: Pharmacy Times, margo de 1976 (com base nos dados de Paul de Hen, Inc.) Nos tltimos vinte anos, 90% dos novos far- macos foram desenvolvidos em firmas indus- triais, 9% nas universidades e outras instituicdes académicas e 19% nos laboratérios de pesquisas oficiais. Estes dados contrastam com os das dé- cadas anteriores, quando as universidades contri- buiam com cerca de 50%. II. BUSCA DE NOVOS FARMACOS Com 0 objetivo de descobrir novos agentes terapéuticos titeis, muitas substincias estio sendo sintetizadas € ensaiadas todos os anos Calcula-se que até hoje foram ensaiadas mais de 15.000 sulfas. 40.000 tuberculostiticos poten- ciais, 220.000 antimaléricos potenciais, 50.000 compostos organofosforados como inseticidas potenciais, 250.000 esquistossomicidas poten- ciais e, 36 nos Estados Unidos, mais de 300.000 antineopldsicos potenciais arsenal terapéutico esta agora relat mente bem suprido com diversos tipos de medi- camentos. tais como anti-histaminicos, anties- pasmidicos, ganglioplégicos, miorrelaxantes e barbituricos. Por esta razo, novos farmacos per- tencentes a um destes tipos atraem pouco inte- esse. Por outro lado, devido & situagao atual da terapéutica, grande esforco esta sendo efetuado para introduzir novos agentes antiinfecciosos, agentes antineoplisicos, agentes cardiovascula- res, farmacos para sistemas endécrinos e férma- cos que atuem no sistema nervoso central. IV. GENESE DE FARMACOS Os farmacos sao introduzidos na terapéutica principalmente por um dos seguintes processo: acaso, triagem empirica, extracao de principios ativos de fontes naturais, modificagaio molecular de medicamentos conhecidos e planejamento ra- cional “ QUIMICA FARMACEUTICA Recognicao do Problema Programacao da Pesquisa |AMENTO ‘QUIMICO PLANEJAMENTO OGIco PESQUISA BIBLIOGRAFICA PROGRAMA CONIUNTO DA PESQUISA SSS ee Desenvolvimento de métodos de ‘intese avallagdo de séerieas de enstios Sintese de andlogos <—~ PATENTE, > Triagem preliminar Enssios pormenorizados ‘Selegia de compostos mais promissores Desenvalvimento Pesquisas Eaaeer, jo proceso joquimicas San com aos Cincluindo toxicoogia) sekigduio pee ease cuicis ~Farmacolopia inca Controle anaitico e desenvolvimento armacoséenico Produgéo industria Esnudosfarmacocinéticos Ensaioselnicos sera Mercadologia e promocio Informagio médica Fig. 2.3 Génese planejada de medicamentos (adapta- (0 de R. Slack & A, W. Nineham, Medical and Vete- rinary Chemicals, Pergamon, Oxford, 1968). A. Acaso Alguns férmacos ou empregos novos de far- macos conhecidos foram descobertos em labora- t6rio ou clinica por farmacéuticos, quimicos, mé- dicos e outros pesquisadores por mero acidente Foi a observacao alerta que resultou, por exem- plo, na introducdo, na pratica médica, da acetani- jae fenilbutazona como antipiréticos, da penici- Jina como agente antibacteriano, do dissulfiram para o tratamento de alcoolismo crénico, da pipe- razina como anti-helmintico, da imipramina e bidores da amino oxidase (tais como ipronia- zida) como antidepressivos, da clorotiazida como diurético, da mecamilamina como 0 primeiro agente anti-hipertensivo de um novo grupo, das sulfoniluréias como hipoglicemiantes por via oral. das benzodiazepinas (ais como clordiazep6xido) como ansioliticos. ‘As propriedades antipiréticas da acetanilida foram descobertas por dois médicos de Stras- bourg, Cahn e Hepp. em 1886, quando se cometeu um erro numa farmécia que aviou sua receita: em vez do receitado naftaleno, o paciente tratado de parasitose intestinal recebeu acetanilida e este medicamento causou abaixamento na sua tempe- ratura elevada. As atividades antiinflamatoria, analgésica e antipirética da fenilbutazona foram encontradas enquanto ela estava sendo utilizada unicamente como agente solubilizante da amino- fenazona. A acao antibacteriana da penicilina foi primeiramente notada por Fleming, em 1929, numa cultura de bactérias que estava contami- nada por um fungo. A atividade hipoglicemiante de uma sulfa foi observada primeiro por Janbon € DESENVOLVIMENTO DE FARMACOS 45 colegas, em 1942, € a utilidade da carbutamida no tratamento de diabetes mellitus conduziu 20 de- senvolvimento das sulfoniluréias, nova classe de agentes hipoglicemiantes por via oral. A eficdcia do dissulfiram no tratamento do alcoolismo foi vislumbrada por Hald e Jacobsen, em 1948, durante uma pesquisa de novos anti- helmjnticos. A acdo anti-helmintica da piperazina foi descoberta pela primeira vez por Boismaré, farmacéutico de Rouen, que a usou para o trata- mento da gota, antes de 1949. As propriedades antidepressivas da iproniazida foram observadas por Fox, em 1952, durante seus ensaios deste composto como agente tuberculostitico: esta descoberta resultou no desenvolvimento dos ini bidores da MAO. A mecamilamina foi planejada para ser medi- camento hipertensor, mas verificou-se que, em vez disso, apresentava atividade hipotensora, primeiramente observada por Stone e colabora- dores, em 1955. O benéfico efeito antidepressivo da imipramina foi notado casualmente por Kuhn, em 1958, durante uma investigacao clinica de novos hipnoticos potenciais da classe de andlogos da fenotiazina, A clorotiazida foi produto inesperado da sin- tese organica planejada por Sprague e Beyer. em 1958, para obter novos compostos relacionados com a diclorfenamida (1). potente inibidor da ani- drase carbénica usado como diurético. Tentativas para formilar um derivado aminado da diclorfe- namida, a saber, 5-cloro-2,4-dissulfamoilanilina (ID, nao lograram éxito, mas conduziram direta- mente & clorotiazida (II), 0 primeiro membro das iazidas e hidrotiazidas, duas novas classes de diuréticos administrados por via oral (Fig. 2.4) O clordiazepéxido, primeiro membro dos agentes ansioliticos benzodiazepinicos. foi o! o al H,NO.S. o CL Si oe HCOOH H.NO.S SO.NH; ap por Sternbach e colaboradores, os quais estavam empenhados num programa de pesquisa cujo pro- pésito era preparar um composto quimico dife- rente, tendo tipo diverso de ago. Eles estavam realmente tentando sintetizar 3,1,4-benzo- xadiazepinas, tais como a representada pela formula IT, como anticonvulsivantes potenciais. Na sintese planejada desta nova classe de subs- tancias surgiram dois resultados inesperados: (a) a desidratacao de o-acilaminoaldoximas ou ceto- ximas (I) nao forneceu 3,1,4-benzoxadiazepinas (TD, conforme eles queriam e esperavam que for- necesse, mas sim quinazolina-N-6xidos (111), que eles confirmaram; (b) a aminacao por metilamina de_6-cloro-2-clorometil-4-fenilquinazolina-N- 6xido (IV) nao ocorreu como eles desejavam, mas resultou na expansio do anel, dando um benzodiazepina-N-6xido (V), que foi chamado clordiazepéxido e cujas propriedades sedativas, miorrelaxantes ¢ anticonvulsivantes semelhantes as dos barbitiricos séo agora utilizadas para 0 alivio da tensdo, apreensao, ansiedade, angtistiae outros sintomas das neuroses (Fig. 2.5). B. Triagem empirica Neste processo de descobrir novos farmacos todas as substéncias quimicas disponiveis sio submetidas a uma variedade de ensaios bioldgicos na esperanga de que algumas manifestem ativi- dade itil. Sendo essencialmente método empi- rico, ndo é de se surpreender que esta maneira de descobrir novos farmacos nao seja muito recom- pensadora. Calculou-se que um farmaco novo re- sulta, em média, de 200.000 compostos novos. Estimou-se também que, para introduzir na tera- péutica um novo anticonvulsivante mediante este processo, seria preciso submeter a triagem Fig. 2.4 Sintese da clorotiazida. 6 ‘ QUIMICA FARMACEUTICA R N NH O = ( ) ct ct NOH RCOOH o ead oe O Fig. 2.5 Sintese do clordiazepsxido. 500.000 compostos quimicos. A introducao de um antineoplasico, por sua vez, exige, segundo Spinks, 400.000.000 de compostos, isto ¢, cerca de 80 vezes 0 mimero de substancias conhecidas. A primeira vista isto parece absurdo, jé que na clinica se usam cerca de 40 compostos como ant neoplasicos; entretanto, nenhum deles é téo efi- ciente como o sao os antibidticos nas infecces bacterianas. Portanto, a estimativa de Spinks nao deixa de ter a sua l6gica. ‘Uma variante deste método é a triagem empi- rica racionalmente dirigida. Ela foi usada durante a Segunda Guerra Mundial para descobrir novos, antimaliricos: de mais de 14.000 compostos produtos quimicos preparados e ensaiados por diversas instituigGes em onze paises, apenas pou- cos — todos eles jé conhecidos — foram sele nados para ensaios clinicos. Outro exemplo € a procura de novos antibidticos oriundos de diver- sos microrganismos e plantas superiores. Desde 1940, 120 logo.a comunidade cientifica ficou ciente an Nye R cr : ~o (mp (ees coc! CH NH ee cr fo ay) da agao antibacteriana da penicilina, esta ampla triagem empirica em grande escala resultou na descoberta de muitas centenas de antibidticos, mas somente menos de cem sao usados em medi- cina humana ou veterinaria. Um terceiro exemplo de triagem empirica racionalmente dirigida € o isolamento e identifica- gio de produtos do metabolismo de medicamen- tos. Verificou-se que diversos farmacos sao em si mesmos inativos, mas devem a sua agao aos me- = tI 2-9 “lf = vH actanida parscstamol femaetina Fig. 2.6 Paracetamol e seus precursores. DESENVOLVIMENTO DE FARMACOS a tabélitos. Tal é 0 caso, por exemplo, da acetani- lidae fenacetina: estes dois farmacos sto metabo- izados a paracetamol, que exerce a principal aco analgésica. Por esta razao 0 paracetamol foi in- troduzido na terapéutica, ao lado da acetanilida e fenacetina, hd muito conhecidas, mas hoje pouco usadas (Fig. 2.6). Produtos de metabolismo de medicamentos so também diversos outros férmacos, tais como: oxofenarsina, da arsfenamina: oxifembutazona, da fenilbutazona; desipramina, da imipramina: antona, da lucantona; cicloguanila, da progua- nila, C. Extracao de fontes naturais Durante séculos a humanidade usou extratos de partes vegetais ou de Grgaos animais para 0 tratamento de varias doengas. Devido aos bons efeitos produzidos por estes e semelhantes remé- dios, a medicina folclorica em todo o mundo tem sido extensivamente explorada. Diversos med camentos usados hoje em dia — especialmente alcaldides, antibidticos, vitaminas e horménios — resultaram da purificagao destes extratos e do isolamento e identificacao de seus principios ati- vos. Cento e setenta drogas que sio (ou eram) oficializadas na United States Pharmacopoeia ou no National Formulary eram empregadas pelos indios norte-americanos. Em 1960, 47% dos farmacos receitados pelos médicos nos Estados Unidos provinham de fontes naturais, sendo, em sua maioria, antibiéticos. Em 1973, 25,2% dos produtos medicamentosos que apareceram, quer por nome genérico, quer por nome comercial, nas i 000.000 de receitas aviadas nos Estados Unidos continham um ou mais principios ativos extraidos de plantas superiores, isto é, plantas que produzem sementes. Alguns destes férmacos estao arrolados na Tabela 2.3. Todavia, quio fidedigna é a medicina folcl6- rica no que diz respeito a ser fonte de novas dro- gas? O seguinte fato ilustrara a questao. Os nati- vos de determinadas ilhas do Pacifico afirmam que cerca de 200 plantas locais diferentes apresen- tam propriedades anticoncepcionais. Pesquisa cientificamente orientada de extratos de 80dessas plantas, contudo, deu resultado completamente negativo. Entretanto, considerando que na Terra exis- tem aproximadamente 600.000 espécies vegetais (das quais 250,000 a 500.000 sao plantas superio- res) e que somente cerca de 5% foram investiga- das especificamente sob os aspectos quimico e farmacoldgico, € de se esperar que o arsenal tera- péutico iré paulatinamente enriquecendo-se com novas drogas de origem vegetal. Ressalte-se que. segundo Gottlieb e Mors, das 120.000 espécies vegetais brasileiras até hoje foram estudados somente alguns dos constituin- tes quimicos de cerca de 470 (0,4%) dessas plan- tas, nada se sabendo sobre a constituicao quimica dos 99,6% restantes da flora nacional. Tabela 2.3 Exemplos de farmacos extraidos de fontes naturais Farmaco Isolado por Sintetizado por ‘Ano morfina Sertimner Gates e Tschudi 1956 meta Pelletier e Magendie Evstigneeva er al 1950, aquinina Pelletier ¢ Caventou Woodward e Doering 1944 atropina Mein Ladenburg 1883 papayerina Merck Pictet e Gams 1908 covaina Wohler Willsttter e Tglauer 1901 fisostigmina Jobst e Hesse Julian e Pikl 1935 pilocarpina Gerrard Preobrashenski ef al 1933 escopolamina Ladenburg Fodor eral 1956 cfedrina Nagai Schmidt 1908, tubocurarina Boehm Veronin eal 1958, epineftina Takamine Stolz 1903 ergotamina Stoll Hofmann et at 1961 insulina ‘Abel Wang eal 1963 penicilina Fleming Sheehan 1957 ergometrina Stoll e Burckhardt Kornfeld etal 1954 sicumarol Link eral Link 1983 esireptomicina Waksman eral Umezawa et al. 1974 Clorantenicol Burkholder Controutise¢ ai 1949 reserpina Maller eral. Woodward et al. 1956 prostaglandinas Bergstrom et a. Corey 1969 fosfomicina Hendiin e a Christensen etal 1969 encefalinas Hughes eral Voelter etal 1976 48 QUIMICA FARMACEUTICA Outrossim, os animais marinhos foram, até D. Modificagao molecular agora, pouco explorados como fontes potenciais de novas drogas. E proviivel que deles também se Este método de obter novos férmacos, tam- possam extrair principios ativos de interesse tera-__ bém chamado manipulagao molecular, método peutico. da variagdo, método mecanistico eprocesso sele- t i s ee noe nee ; iv (Cae an NH P NH, NH N " “ uvON Si ene S eh aa 3 i j \H ee “gabon i fe Oo on NH: en % OH HO OH ae see ae xe a cal eg | 0 apt sok 7 a OH = HN: arstinol HN NSSONa ‘sD. HO OH ‘wiparsamida 919) ears | — % As—=As wick HW OH scetarsol Na0,8~N ips S0,-Nat ‘isa HO OH HO—As—0-Bi oO sulfarsfenamina it — i AH ae 1H Soe a NUN Sou I NH: ° aelersen slcobiarot Fig. 2.7. Modificagao molecular de arsenicais com vis- (94) (1928) tas a obter novos e melhores agentes quimioteraipicos. DESENVOLVIMENTO DE FARMACOS cr) tivo, € 0 mais usado e, até agora, o mais recom- pensador. Constitui um desenvolvimento natural da quimica orginica. Basicamente consiste em tomar uma substéncia quimica bem determinadae de ago bioldgica conhecida, como modelo ou protétipo e dai sintetizar e ensaiar novos compos- tos que sejam congéneres, homélogos ou andlo- gos estruturais do ffarmaco matriz. Exemplos dos resultados da aplicaeao deste método esto ex- postos nas Figs. 2.7 a 2.10. Schueler indicou as diversas vantagens deste método: 1, Maior probabilidade de os congéneres, homélogos ¢ andlogos apresentarem proprieda- des farmacolégicas semelhantes as do prototipo do que aqueles compostos selecionados ou sinte- tizados a esmo: 2. Possibilidade de obter produtos farmaco- logicamente superiores; 3. Probabilidade de a producao dos novos farmacos ser mais econdmica; 4. Sintese semelhante & do protétipo, com Zit oN derivado do benzodioxano (1937) een ter do tipo etanolaminico (1937) ou oe Aienidramine (1947) 6 C ea ] ' SS © ns Li ame \ 2825 RP.(194) ©) { nat o_ triptenamina (1946) oro — nO. \ ENS prometazina (1947) Fig. 2.8 Génese de anti-histaminicos e frmacos feno- winicos, através do método da modificacao molecu- lar. s Gee elorpromazina (1952) 50 economia de tempo e dinheiro: 5. Os dados obtidos poderao elucidar a rela- cdo entre estrutura e atividade; 6. Emprego dos mesmos métodos de ensaios biolégicos utilizados para o prototipo Sao dois os objetivos deste método: (a) des- cobrit o grupamentofarmacoforico essencial, isto é, a caracteristica da molécula que confere acao farmacolégica ao medicamento (Tabela 2.4); (b) “POR Fig. 2.9 Variacdo estrutural feita na molécula da fisos- tigmina. Isolada de uma planta como alcaldide puro.em 1864, por Jobst e Hesse. a estrutura quimica da fisos- tigmina foi elucidada somente em 1925, por Stedman QUIMICA FARMACEUTICA obter fairmacos que apresentem propriedades mais desejaveis que 0 protétipo em poténcia, es- pecificidade, duragdo de agao, facilidade de apli- cagdo ou administracéio ou manejo, estabilidade e custo de producao. 1. PROCESSOS GERAIS Dois processos gerais podem ser utilizados no método da modificacao: (a) disjungao, dissec- fisostigmina (1929) eostigmina (1928) edrofBnio (1950) demecatio (1957) ambendnio (1958) Barger. A dissociagio ¢ a associagio de seu grupo farmacoforico resultaram em diversos novos € melho- res agentes anticolinesterasicos, alguns dos quais so mostrados acima, DESENVOLVIMENTO DE FARMACOS st Ogee, “Coot ce ‘6 5 WO smepacrina (1932) derivado guaitnic (1946) cloroquin (1936) pamaquina (1927 wy quinn 1820) ‘ ' ©. eek 24. Oe te \~N a NH, oH smodiaguina (1946) Qh. oO | — piimetamins (194) dalgulaminoo-cesis seta iclopsaila (1962) NH uinacida (1956 lctoguina (195) Fig. 2.10 Génese dos firmacos antimaliricos através da modificacdo molecular do cloreto de metiltioninio da incorporacio de grupamentos da quinina e de aedialquilamino-o-cresois. Tabela 2.4 Grupo farmacoférico ou formula geral de algumas classes de férmacos Zar a , s os f eat aN Hipnoanalgésicos ie ONS Ar iN n=23 R as Anesté: Jocais HECED ise Anti-histaminicos Hy Q RK R’ rn R HoH R oe a ae x h NH Barbittiricos x R Q R 4 : x. ‘OH Ar- N RK rica Oo X=C,N Acti recor unanalco Antiiattamatérios pirszolidinodiSnices R Peas Q | | 2 aN Ainaatcios Antinlamatcos Re | pirzalomcon SSemocordcides Paes | Pt Enounor | f | R \ - : © FE F - butiofenbnicos : CH; R" Antidepressivos Ansioiticos triilicos benzodiazepiicos \g, k ew, my N ox =e ee —— I ‘anfetaminicos Colinéricos DESENVOLVIMENTO DE FARMACOS ‘Tabela 2.4 (cont.) Grupo farmacoférico ou férmula geral de algumas classes de férmacos OY “Acrenomiméticos Diuréticos sulfamnidices Diuréticos organomereuriais 2 t Ne oe PK a H 1 Wy N 3S Gee Si Aipgceniantes teatime tc R ° : [ SOLO" oth tries re Penicilnas ‘Tevraciclinas| ‘lisicas fal RY Tricomonividas ritroimidazsticos Mostardasnitrogenadas Noe NAR wo A Diuréticos benzotadiainicos Sulfas antbacterianas es Tuberculostiticos tiossemearbandicas Cefalosporias clisicas OR’ R— P—»0 OR’ Inseticidas organofostoratos 54 QUIMICA FARMACEUTICA, 5 : a oe .20 fenacaina (1895) j PA ‘Nirvanina (1900) di Hidocaina (1983) procaina (1906) \ J teracaina (1881) Apotesna 1916) H i | .O Cua H.N—{ ¢ Lae O~“ oo, ae butetamina (1937) plperocaina (1930) fee dsp Pe er meprileaina (1956) prilocain (1960) uinisccaina (1949) Fig. 2.11 Génese dos anestésicos locais através da simplificagao da molécula da cocaina. siste na sintese ¢ ensaio sistematicos de andlogos cada vez mais simples do composto modelo. Estes andlogos so réplicas parciais ou virtuais do go ou simplificagdo ou dissociac%io molecular; —_farmaco prot6tipo. Este prototipo € geralmente (b) conjungao ou associagao molecular. um produto natural de estrutura quimica muito O processo de dissociacgao molecular con- _ complexa. Como exemplos deste processo de dis- DESENVOLVIMENTO DE FARMACOS H 9 smorfina (1925) codeina (1829) nalorfina (1941) NT levorfanol (1946) aes HO, alfaprodina (1946) NG levalorfano (1951) ff fentanila (1964) rnaloxona (1963) Fig, 2.12 Génese de novos hipnoanalgésicos e antago- nistas mediante modificagio molecular da morfina. Jungao citam-se as variagdes estruturais indicadas nas Figs. 2.11 a 2.14. O proceso de associagao molecular consta da sintese e ensaio de anilogos cada vez mais complexos do protétipo. Esses andlogos incorpo- ram determinadas caracteristicas do composto modelo ou todas elas. Distinguem-se trés tipos principais de associagao: 1. Adigdo molecular — associacao de gru- HO, fenazocina (1959) pamentos diferentes mediante foreas fracas (tais como atracao eletrostatica e ponte de hidrogénio); 2. Replicacdo molecular — associacao de grupamentos idénticos através de formacio de ligagao covalente: se a associagao for de dois gru- pos. teremos duplicacdo molecular; se for de rés, triplicacio molecular; e, de maneira andloga, te- remos tetraplicacdo, pentaplicagao e hexaplica- cdo moleculares: 3. Hibridagdo molecular — associagio de grupamentos diferentes ou mistos através de for- magio de ligagao covalente. 56 QUIMICA FARMACEUTICA os Fig. 2.13 A simplificagio gradativa da molécula da tu- bocurarina resultou em novos bloqueadores neuromus- culares (adaptada de Schueler). Alguns dos muitos compostos de adigao mo- lecular usados na terapéutica aparecem na Fig. 2.15. Outros exemplos podem ser citados: acetil- triptofanato de cafeina (N-acetiltriptofano + ca- sgalamina (1946) ° \ Sry suxametdnio (1940) feina), dibunato de dextropropoxifeno (dibunato s6dico + dextropropoxifeno), fembutamidol (oxi- fembutazona + feniramidol), fitato de colina (fos- fato de inositol + colina), guaitilina (guaiacolato de glicerila + teofilina), naftoclizina (dibunato s6- dico + clorciclizina), orotato de carnitina (4cido orético + carnitina), piprinidrinato (cloroteofilina DESENVOLVIMENTO DE FARMACOS 7 on ee) HO: a OOo” OV HO’ HO a. oe ines, eee imeso-bexestel (1938) © Fig. 2.14 0 processo de disjuncio no método da varia- ¢40 aplicado 4 molécula do estradiol resultou no rrans- ietilestilbestrol, que apresenta a mesma poténcia es- trogénica que o seu protstipo estradiol e pode ser admi- nistrado por via oral (adaptada de Schueler) + difenilpiratina), piridofitina (piridoxina + sul- fato de etofilina), prednazato (succinato de pred: nisolona + perfenazina), quinalbital (hidroquini dina + amobarbital). Exemplos de duplicago molecular podem ser encontrados entre varios princfpios ativos na- turais: actinorodina, cactinomicina, B-caroteno, carpaina, cinarina, coumetarol, dicumarol, espar- teina, hipericina, indigo, isocondodendrina, lobe- lanina, pantetina, xantocilina, xantofila. A Fig. 2.16 mostra exemplos de produtos de replicacao molecular obtidos por sintese. Outros exemplos ja foram vistos: (a) arsfenamina, constitu‘da pela condensacao de duas moléculas de oxofenarsina — OO OH OH OH oY ieilesibestrol (1938) com a retirada de um dtomo de oxigénio de cada qual (Fig. 2.7); (b) demecério, produto de asso- ciagdo de duas moléculas de neostigmina através de ponte decametilénica (Fig. 2.9); (c) suxamet6- nio, formado por conjungao de duas moléculas de acetilcolina (Fig. 2.13). A dapsona é também exemplo deste processo porque pode ser conside- rada como produto de condensacao de duas molé- culas de sulfanilamida com a perda da sulfamida (Fig. 2.17). Entre muitos outros exemplos de re- plicagdo molecular contam-se os seguintes: (a) duplicacao: adipiodona, alverina, bialamicol, bi clotimol, bisbentiamina, bisobrina, bitionol, ci- clarbamato, clofibrato de magnésio, cloreto de bisdequalinio, diclorofeno, dilazep, dimorfola- mina, dipiridamol, dissulfiram, distigmina, esti- bocaptato, estilbamidina, fenticloro, forbiseno, hexaclorofeno, hexadistigmina, hexaflurénio, hexobendina, hexoprenalina, hidrargafeno, iosu- 8 QUIMICA FARMACEUTICA. @ HO. Fig. 2.15 Exemplos de férmacos obtidos por adi¢ao ‘molecular: (a) mandelato de metenamina (metenamina + cido mandélico); (b) xantifibrato (xantinol + acido clofibrico); (c) prednazolina (prednisolona + fenoxazo- lina); (d) aminoclotenoxiciclina (tetraciclina + amino- clortenoxazina). lamida, metazida, nafiverina, obidoxima, oxeta- caina, pentamidina, salsalato, sinfibrato, teclo- zan, terizidona, tiofanato; (b) triplicagao: hepro- nicato, tribenésido; (c) tetraplicagao: manossul- fano, niceritrol, nicofuranose, nicofurato, nico- mol; (d) hexaplicagao: polimelfalano: (e) n-plicagao: policarbofila calcica, resina de coles- tiramina. Ha, também, diversos exemplos de hibrida- Go molecular, alguns dos quais aparecem na Fig. 2.18. Entre muitos outros citam-se os seguintes: acetaminossalol (acido salicilico com paraceta- mol), cloracetadol (cloralio com paracetamol), co- a ° 0. a NH-SO, ® limeciclina (colistina com trés moléculas de tetra- ciclina), diniprofilina (etofilina com duas molécu- las de dcido nicotinico), estramustina (estradiol com agente alquilante), febarbamato (fenobarbi- tal com meprobamato), fenetilina (cafeina com metanfetamina), nicodicodina (acido nicotinic com codeina), nicotinato de etofilina (4cido nico- tinico com etofilina), nifenazona (dcido nicotinico com aminofenazona), penimociclina (ampicilina com tetraciclina), tecofenoxato (écido clofibrico com vitamina E). 2, PROCESSOS ESPECIAIS Além dos dois processos gerais, o método da modificagao molecular utiliza diversos processos especiais, que Schucler agrupou em duas classes: (a) alteragdes que aumentam ou diminuem as di- mensdes € a flexibilidade de uma molécula; (b) alteragdes de propriedades fisicas e quimicas DESENVOLVIMENTO DE FARMACOS 2 Fig. 2.16 Exemplos de firmacos obtidos por replicacio molecular: (a) fenticloro (duplicaco da molécula do paraclorofenol): (b) tripirafeno (triplicacao das mesmas caracteristicas estruturais da fenilbutazona): (c) tetrani- trato de pentaeritritila (tetraplicagao do nitrato): (d) dimeticona (dimetilpolissiloxana, em que = 200 a 350): (e) sorbinicato (hexaplicaco da molécula do acido nicotinico), através da introdugao de novos grupos ou substi- tuigdo de determinados grupamentos por grupos diferentes. ‘A primeira classe compreende processos como: fechamento ou abertura de anel; formacao de homélogos mais baixos ou mais altos; introdu- a0 de ligacdes duplas; introdugao de centros op- © ticamente ativos; introdugao, retirada ou substi- tuicfio de grupos volumosos. ‘A segunda classe inclui substituicio isosté- rica, mudanga de posigao ou orientagao de deter- minados grupos. introdugao de grupos alquilantes e modifice ;des visandoa inibigao ou promogao de estados eletrénicos diversos. Fechamento ou abertura de anel Encontram-se varios exemplos de novos farmacos planejados, quer por fechamento, quer por abertura de anel. Alguns séo vistos nas Figs. 2.9 (fisostigmina e neostigmina), 2.10 (cloroquina © amodiaquina, amodiaquina e amopiroquina, proguanila e cicloguanila), 2.11 (cocaina e a maio- 0 QUIMICA FARMACEUTICA, Fig. 2.17 Dapsona como produto de duplicacio da mo- lécula da sulfanilamida. ria dos anestésicos locais sintéticos), 2.14 (estra- diol e dietilestilbestrol). Outros exemplos so in- dicados na Fig. 2.19. Formagao de homdlogos mais baixos ou mais altos Podem ser facilmente formadas séries alcé- nicas, polimetilénicas e ciclopolimetilénicas de homélogos. Infelizmente, nao é possivel estabe- lecer regras rigidas para as propriedades farmaco- 9 Zz ZZ. oe Fig. 2.18 Exemplos de firmacos planejados por asso- ciagio molecular de grupos mistos: (a) benorilato ( bridagao do acido acetilsalicilico com paracetamol) ;(b) etofibrato (hibridagao da etofilina com acido clofibri- sulfamida légicas de compostos homélogos. Contudo, nas séries alcanicas e polimetilénicas Ing encontrou 08 seguintes tipos gerais de alteracdes: 1. A atividade aumenta regularmente, até atingir um maximo, sendo os membros mais altos quase ou totalmente inativos. Isso se observa es- pecialmente nos farmacos estruturalmente ines- pecificos, tais como alguns hipnéticos, anestési- cos gerais, inseticidas voléteis e desinfetantes. O mesmo fenémeno também ocorre, ainda que ra- ramente, em compostos estruturalmente especifi- cos. como € 0 caso dos anestésicos locais e dos espasmoliticos; © 0); (¢) salicilamidofenazona (hibridaco da salicilami- da com fenazona); (d) nicomorfina (hibridagao de duas moléculas de dcido nicotinico com morfina). DESENVOLVIMENTO DE FARMACOS a AOR oxeladina OH NH, cfedrina ax widexetila Fig. 2.19 Exemplos de novos firmacos obtidos por aberlura ou fechamento de anéis. 2. A atividade aumenta irregularmente, atinge um valor maximo e, em seguida, diminui, também irregularmente. Exemplo tipico é forne- cido pelos ésteres benzilicos com propriedades atropinicas; 3. A atividade aumenta (ou diminui), atinge um valor relativamente alto (ou baixo) e, entdo, permanece mais ou menos constante para alguns ou muitos dos membros superiores. Um exemplo € fornecido pelos homélogos muscarinicos de formula geral RNMe,, cujas propriedades farma- coldgicas sdo maiores quando o ntimero de ato- mos na cadeia R ¢ igual a 5. Em compostos gan- glioplégicos de formula geral R5N(CH,),NRs, @ atividade é maior naqueles em que n € 4, 5 ou 6. Na série polimetilénica correspondente 2 formula R,NCsH,(CH,),NR,, @ atividade é maxima nos compostos em que n = 2; 4. A atividade alterna, sendo os membros que tém mtimero par de atomos de carbono consis- tentemente mais ativos que os membros vizinhos gue tém ntimero impar de atomos de carbono, ou ice-versa. E 0 que se observa com os anti maléricos derivados da 6-metoxi-8-aminogui nolina e nos esquistossomicidas da série dos 4,4°-dimetilaminodifenoxialcanos; eas pentoxivering 0+) feamerrazina ODS 5. Aatividade se modifica, tendo os membros mais baixos um tipo € os mais altos outro tipo de ago predominante. Nao raro, os membros mais altos so antagonistas do efeito farmacolégico dos membros mais baixos, e vice-versa. Isso ocorre na série dos derivados N-alquilados do levartere- nol, em que a alquilacdo reduz a atividade hiper- tensora da molécula na ordem—NH;,—NH Me, —NHEt, NHPr-n, aparecendo os efeitos hipo- tensores quando o grupo terminal é —NHPr ou —NHBu. Essa anomalia se deve & complexagao desses compostos com receptores diferentes: no primeiro caso, tanto com os a quanto com os 8; no segundo, principalmente com os 8 Introdugao de ligagdes duplas Pode causar dois efeitos principais: 1. Modificando a estereoquimica do férmaco, poderd dar origem a composto de ativi- dade diferente daquela apresentada pelo com- posto saturado. Isso sucede no dcido cis- cindmico; a0 contrério do que ocorre com seu diidroderivado, Acido B-fenilpropiénico, exerce dade reguladora no crescimento de plantas; 2. Alterando as propriedades fisico- quimicas, pode modificar a atividade biol6giea. Observa-se isso nos hipndticos: os hidrocarbone- tos etilénicos sao ligeiramente mais ativos que os saturados. a (QUIMICA FARMACEUTICA, Quanto ao grupo vinila e sistemas polivinii- cos, eles esto presentes em varios farmacos que, no raro, foram introduzidos a fim de obter novos férmacos pela aplicagao do principio da vinilogia. Por exemplo, alguns derivados da procaina com atividade anestésica local semelhante foram pre- parados pela aplicago daquele principio (Fig. 2.20). A vinilogia tem sido aplicada também no sen- tido inverso. Assim, a retirada do anel benzénico da dulcina, que € edulcorante, resultou na etoxiu- réia, substincia igualmente doce. H H Bato x enya \_NH, DON 6 dutcion ctoxiréa Introducao de centros opticamente ativos Modificando-se a estereoquimica da mol cula do farmaco, esta mudanga pode alterar, as vezes drasticamente, sua atividade farmacolé- gica. Por exemplo, dos quatro isémeros do clo- ranfenicol, somente a forma D-(— D-(—)-isoprenalina é 50 a 800 vezes mais ativa como broncodilatadora que a L-(+)-isoprenalina; © (—Hevarterenol é 70 vezes mais ativo como broncodilatador do que o (++)-levarterenol; a L-(+)-acetil-B-metilcolina € cerca de 200 vezes mais afiva no intestino do que a L-(—)-acetil-- metilcolina; a (—)-hiosciamina € 15 a 20 vezes mais ativa como midridtico que a (+)- hiosciamina; a (+)-muscarina tem 700 vezes a atividade muscarinica da (—)-muscarina; 0 dcido L-(—)-ascérbico apresenta propriedades anties- corbiiticas, ao passo que o Acido (+)-ascorbico nao; 0s (~)-aminoacidos séo ou insipidos ou amargos, mas 0s (+)-aminodcidos sio doces; a (4)-cortisona ¢ ativa, mas a (—)-cortisona ¢ ina- tiva. Introdugao, retirada ou substituicdo de grupos volumosos apolares Este processo especial é usado principal- mente para converter agonistas em antagonistas, € vice-versa. Observando-se a Fig. 2.21 pode-se notar que a diferenca entre agonistas e antagonis- tas é a presenca de grupos volumosos apolares nos antagonistas. Outro exemplo interessante encontra-se nas penicilinas resistentes B-lactamase. Sabe-se que as penicilinas perdem atividade quando se rompe © ane] B-lactimico. Esta ruptura do anel pode ocorrer pela aco catalitica da B-lactamase, anti- gamente chamada penicilinase. Grupos volumo- sos introduzidos na proximidade daquele anel im- pedem por obstrugao estérica a aproximagao da enzima, tornando as penicilinas assim formadas resistentes a ela (Fig. 2.22). Substituigdo isostérica Grupos isostéricos € bioisostéricos s tensivamente aplicados no planejamento de firmacos, nfo apenas na modificagao molecular de medicamentos conhecidos. mas também no planejamento racional de antimetabdlitos. Em 1919, Langmuir definiu isdsteros como sendo compostos out grupos de atomos que tém 9 mesmo niimero e disposigo de elétrotis. Pot exemplo, Nz € CO, N:O € CO», Ns € NCO~. Os isdsteros caracterizam-se por propriedades fisi- as semelhantes. Ao introduzir a sua lei relativa ao desloca- mento de hidreto, em 1925, Grimm ampliou 0 conceito de isosterismo. A adigdo de um atomo de hidrogénio com o seu elétron solitario a outro tomo resulta no que se convencionou chamar pseudo-dtomo”. Algumas das propriedades fi- sicas deste pseudo-dtomo sao anélogas as do tomo que apresenta um elétron mais do que aquele do qual 0 pscudo-atomo proveio. Mais tarde, Erlenmeyer redefiniu isdsteros como sendo ““étomos, fons ou moléculas em que as camadas periféricas de elétrons podem ser con- sideradas idénticas” (Tabela 2.5). Atualmente, consideram-se como isésteros também os grupos que possuem configuracées estéricas ¢ eletronicas semelhantes, a despeito do ntimero de elétrons compreendidos. E 0 caso dos seguintes grupos: carboxilato, COO—, sulfamido, —SO,NR—; ceténico, —CO—, e sulfénico, —SO.—; cloro, —Cl, e trifluormetila, —CF;. Por exemplo, a estrutura geral dos anti- histaminicos é a seguinte: (0 ex- eee R—X—CH,— CH, Een em que X pode ser qualquer dos grupos isésteros, a saber, O, —NH ou —CHs. Outro exemplo é 0 dos agentes anticolinérgicos, cuja formula geral é amesma acima, mas X pode ser um dos seguintes grupos: —COO—, —CONH—, —COs—. Devido A grande aplicagéo do conceito de isosterismo em planejar firmacos, Friedman in- DESENVOLVIMENTO DE FARMACOS 6 Tabela 2.5 Tabela expandida de isdsteros Deslocamento de hidreto de Grimm. Touldeelé 6 7 8 9 1 It trons G@INE \OmgR Ne —Nat CH NH OH FH CH, NH, OH. FH* CH, NH, OH CH. NH Atomos e grupos de étomos com o mesmo nimero de elétrons periféricos Elstronspenfé- 4 «5 67]. ricos: NeoP S$ a CH Po As) Se) Br Br Speeesh) = Te Te TEE As = PH SH ‘SH, see PH, (iPr) troduziu o termo bioisésteros para significar “‘compostos que preenchem a mais ampla defini cdo de isdsteros e tm o mesmo tipo de atividade biolégica’*, mesmo que antagonica. No sentido mais amplo, portanto. 0 termo. isdsteros pode set aplicado a grupos que apresen- tam meramente semethanca nas camadas eletr nicas externas ou, mais restritamente, a grupos com localizacao semelhante de regides de densi- dade eletronica alta ou baixa em moléculas de tamanho ¢ formato semelhantes, De acordo com este critério ha, no minimo, dois tipos de iséste- ros: Fig. 2.20 Derivados da procaina obtidos pela aplicacio do prineipio da vinilogia L)-» ee 1. [sdsteros cléssicos — aqueles abrangidos pela definicdo de Erlenmeyer, vale dizer, os re- presentados na lei de deslocamento de hidreto, os elementos de cada um dos grupos da classificagao periddica e equivalentes anelares como —S— e —CH=CH— (Tabela 2.6); . [sdsteros n&o-classicos — os que, substi- tufdos numa determinada molécula, dao origem a um composto com disposi¢ao estérica e configu- ragio eletrénica semelhantes as do composto ma- triz; exemplos de pares desses is6steros so: He F, —CO— e —SO;-, —SO,NH, e —PO(OH)NH, (Tabela 2.7) Ainda que nao seja possivel o isosterismo puro, os principios do isosterismo e bioisoste- rismo so muito empregados para modificar a es- trutura de compostos biologicamente ativos. Me- diante essa substituigdo obtém-se nao s6 produtos de acao idéntica a dos compostos que serviram de modelo, mas também antagonistas. Podem ser citados varios exemplos de equivalentes de pro- dutos naturais, parametabélitos. paravitaminas, para-horménios e miméticos, bem como seus an- tagonistas especificos, antimetabdlitos, antivita- minas, anti-horménios e liticos, obtidos aplicando-se © conceito de isosterismo (Fig. 2.23). Ultimamente, esta sendo estudada a possibi lidade de substituir o C por Siem alguns farma- cos. Os resultados foram promissores em muitos casos, como nos derivados de colina, barbitiri- H.-Y X= NH; AGONISTAS ae Ores | a ter HO x NH HoxXC))< 0 ‘OH Lori OH ‘ fe ‘< Dopaminérgicos Ss Q Ho. NH a I— HO da ca ee clorpromazina © By ya ° G © bistamina Alien wring e 4-metiistamina cimetidina Rey Serotoninérsicas He Histaminérgicos NH, Ho. SY H Fig. 2.21 A introducao de grupos volumosos pode serotonina converter agonistas em an- einer tagonistas DESENVOLVIMENTO DE FARMACOS 6 Tabela 2.6 Isdsteros clissicos Atomos Equivalentes Monovalentes Bivalentes Trivalentes tetrassubstituidos. anelares F, OH, NH, CH == Cl, SH, PH: —s- Br aa I Te Tabela 2.7 Isdsteros nao. —co— —COOH —SO,NH; H Estruturas ° oH anclares 1 ot: —so— SO,H —PO(OH)NHs F Estruturas ° NH, ‘abertas I —C0- cos, penicilina, cloranfenicol, meprobamato ¢ in- seticidas (Fig. 2.24). Mudanca de posicao ou orientacdo de certos grupos A posigao de certos grupos é s vezes essen- cial para uma dada atividade biolégica. Por exem- plo, dos trés ismeros do Acido hidroxibenzdico somente 0 o-hidroxi € ativo, porque pode formar ponte de hidrogénio intramolecular e, deste modo, agir como quelante (Fig. 2.25). Outro exemplo ocorre nos monoclorofendis. Eles tém propriedades anti-sépticas diferentes: 0 p-clorofenol é o mais ativo, em conseqiiéncia da posi¢do do tomo de cloro que, por estar adequa- damente situado, pode exercer seu efeito indutivo H RAY S\ CHs 4 deel 2G, E H oO CH; O-CHs CH, cH, CH, gue ie ° ° R N, N. Wa O ‘O—CH; os ° © eicina exacting cloxsitina Aiciosaiina safciina Fig. 2.22 Penicilinas resistentes & beta-lactamase obt das pela anexagao de grupo volumoso nas proximid: des do local de acao da enzima. ~ Ne mo = Oo H is O)- $ eo 4 a oO ccartutamida ricotinamida Fig. 2.23 Exemplos de isosteros. negativo no sentido de realgar a acidez do fenol (Fig, 2.26). Introdugao de grupamentos alquilantes Quando adequadamente situados, estes gru- pos podem conferir ago prolongada aos férmacos io SZ a slatbarbitiicos| (hipnica) {i} or aN isdstero trimetisilico 1 colina (ipotenson) Fig. 2.24 Exemplos de férmacos em que 0 carbono foi substituldo pelo isdstero silicio. devido 8 formagio de ligacdo covalente com um grupamento apropriado no local de agio (DNA ou enzima, por exemplo). Eles saio empregados Fig. 2.25 Aco quelante do icido salicil réncia da posi¢ao adequada dos seus grupos funcionais. QUIMICA FARMACEUTICA Of AT proceinamida tolbutamide ais © © { SY NM pirainanida especialmente em alguns agentes antineoplasicos Recentemente, foram introduzidos em determi nados agentes farmacodindmicos. Estes grupos sio indicados na Tabela 2.8. Formam um fon car- bénio, que pode sofrer ataque nucleofilico por parte de tidis, aminas, fosfatos e écidos carboxili- cos (Fig. 2.27). Modificacdes no sentido de inibir ou promover estados eletrénicos diversos Determinados grupos quimicos produzem dois efeitos eletrénicos importantes: indutivos e conjugativos. Estes efeitos podem alterar profun- damenteas propriedades fisicas e quimicas e. ipso facto. a atividade biol6gica. Os efeitos indutivos (ou eletrostaticos) resul- tam de migrag6es eletrénicas ao longo de ligacbes simples, em virtude da atragao exercida por de- terminados grupos, em razao de sua eletronegati- idade. Assim, os grupos que atracm elétrons mais fortemente que o hidrogénio exercem efeitos indutivos negativos (—I), ao passo que aqueles ofHe ok Sci cl a omuisativo menos avo o menosatvo Fig. 2.26 Monoclorofendis. DESENVOLVIMENTO DE FARMACOS oa Tabela 2.8 Grupos alquilantes usados em farmacos, principalmente antineoplasicos 9 re ll i H,C—CH—cl s Slee RS—F R—C—CH:—Cl meg aR eg | ‘ H.C—CH.—cI ° HEH Nee ‘cH CH.—cl e a — § —cu.—CH, ———+ 0 —so.—cH, ——eR—CH, + CH,SO,0 es —— > ace én, es SR’ — > recuse + ¥ Tl HANK’ ——e» — RLCH,NHR'+ HX Arion R—CH.—x + OPO,HR' ——e ° R—CH.OPO,HR’ + X Fosfato e OocR’) —> RXCH,OOCR’ +X Acido que os atraem menos intensamente que o hidro- génio manifestam efeitos indutivos positivos (+D. Os grupos que exercem efeito —I so cha- mados aceptores de elétrons; os que manifestam efeito +1, doadores de elétrons. Os seguintes grupos ou dtomos apresentam efeito —I: —NH,. —NH.R. —NHR:, —NR;. —NO2, —CN, —COOH, —COOR, —CHO, —COR, —F, —Cl, —Br, —OH, —OR. —SH. grupos que exercem efeito +1 so: —CHs. —CH2R, —CHR,, —CR; e—COO—. De acordo com a intensidade dos efeitos in- dutivos, € possivel dispor certos grupos ou dto- ‘mos em ordem decrescente de efeito -I ou em ordem crescente do efeito +1 F>CI>Br>1>OCH.>C,Hs efeito -1 Me ©} ikea ono 4 onpeo ot ‘S-cloro-2.4-dissalfamolialanina a N. A 7 Ne NH HENZ ORF O80 0) o L lorotazida (1957) af zm propiliuracl (1985) H cl N. a JOK,. hn HN" S0™ 0” * us oe eS) wee tlamazol (1549) H N. a °. H Sa sc’ H.N7 *0 0%” So clclopentaids (196) Fig. 2.29 A exploracio dos efeitos co- laterais das sulfas resultou em antibac- tetianos, antilepréticos, antimalaricos, diuréticos, antitiredideos, hipoglice- ‘miantes © medicamentos para o trata- ‘mento da gota. 70 QUIMICA FARMACEUTICA A observagao de que o anti-histaminico pro- metazina produz efeitos sedativos centrais suge- riu a modificagao molecular deste farmaco vi- sando a realgar aquela propriedade. Isto deu ori- gem clorpromazina e a outros agentes antipsie- ticos fenotiazinicos (Fig, 2.8). Em conseqiiéncia da variacao estrutural dos esterdides com o objetivo de explorar os seus efeitos colaterais, foram introduzidos novos far- macos dotados de atividades antiinflamatérias, anticoncepcionais, anabélicas, estrogénicas ¢ progestagénicas. O exemplo clissico, todavia, é 0 caso das sulfas. Modificando a estrutura das sulfas que manifestaram outra atividade além da antibacte- riana da primeira sulfa, nasceram muitos novos farmacos: antibacterianos (sulfas), hansenostiti- cos (sulfonas), diuréticos (tiazidas), antidiabéti- cos (sulfoniluréias), antimalaricos (proguanila), antitiredideos (tiamazol) e agentes para o trata mento da gota (probenecida) (Fig. 2.29), 4. ENSAIO DE PRODUTOS INTERMEDIARIOS Devido a sua semelhanga estrutural com os produtos finais de uma sintese planejada de novos farmacos potenciais, € aconselhavel ensaiar os Produtos intermediditios. Seguindo-se este mé- todo, foram descobertos varios farmacos. Por exemplo, verificou-se que, dos compos- tos usados ou obtidos na sintese de tiossemicar~ bazonas potencialmente tuberculostiticas, um in- termediairio era mais ativo que o produto final. Isto resultou na sua introdugao na clinica sob 0 nome de isoniazida, agora extensivamente util zada como tuberculostitico (Fig. 2.30). ‘5. ANALOGOS, PRO-FARMACOS F LATENCIAGAO DE FARMACOS Aniilogos e pré-férmacos sio compostos es- truturalmente semelhantes a um frmaco prot tipo. As propriedades biol6gicas destes compos- tos sao, porém, diferentes das do farmaco prot tipo no que diz respeito a certos aspectos, tais como poténcia, espectro de acao, indice terapéu- tico e biodisponibilidade. O Farmaco andlogo nao raro diverge estrutu- ralmente do férmaco prototipo apenas por um tomo ou grupo de dtomos, geralmente isdsteros daqueles presentes no farmaco matriz. Con- quanto seja quimicamente aparentado ao farmaco Protétipo, o andlogo deve a sua atividade farma- col6gica a caracteristicas proprias, que Ihe sao intrinsecas, e nao ao farmaco de que deriva. As- sim, por exemplo, a ampicilina é andloga da ben- zilpenicilina; 0 sulindaco é anilogo da indometa- cina; a triflupromazina é andloga da clorproma- zina. O pré-farmaco, por sua vez, € derivado de férmaco conhecido e provado, derivado este que, em razio de suas propriedades fisico-quimicas methoradas, aumenta a Biodisponibilidade do re- ferido férmaco e que, mediante processo enzima- tico ou quimico, € transformado no farmaco pri- mitivo, antes de atingir 0 seu local de acao ou no local de agao. Exemplos de pré-farmacos: (a) triacetina, obtida por tratamento do dcido acético com glicerol; (b) metenamina, sintetizada a partir do formol e da aménia. Ambos estes compostos liberam os farmacos, dcido acético e formol, res- pectivamente, no local de agao, em conseqiiéncia de ataque enzimatico, no primeiro caso, e de pro- cesso quimico, no segundo. Os pré-farmacos sao também chamados de- rivados reversiveis ou bio-reversiveis de farma- cos. Ao processo de obtengao de pré-farmacos — hoje muito usado — dé-se 0 nome de tatenciaeaa ‘(Gefarmacas. Consiste essencialmente em conver- ter, mediante modificagao quimica, um composto biologicamente ativo em forma de transporte ina- tiva que, apos ataque enzimatico ou quimico, bertard 0 férmaco ative. — Entre diversos outros meios de preparar pr6-farmacos, usam-se os seguintes: (a) formacao de ésteres, hemi-ésteres, ésteres carbonato, és- teres nitrato, ésteres alifitico-aromaticos, ami- das, acidos hidroxamicos, carbamatos (uretanas), iminas (bases de Schiff), bases de Mannich e enaminas do firmaco matriz; (b) introducao das func6es azcica, glicosidica, peptidica e etérica no férmaco matriz; (c) preparacdo de polimeros, sais, complexos, fosfamidas, acetais, hen acetais e cetais do farmaco matriz. Exemplos da aplicagao de alguns destes meios esto expostos na Tabela 2.9. Varios férmacos apresentam grupos modifi- cdveis por reagGes quimicas, produzindo grupos reversiveis. Estes tiltimos grupos, por processos Ss O— 0 isonicotinaldeido viossemicarbazona {sonicotii-hdrazina (isoniazid) ‘de meta Fig. 2.30 Obtencao da isoniazida, produto inter- medidrio de sintese. DESENVOLVIMENTO DE FARMACOS n enzimaticos ou ndo-enzimédticos, regeneram os grupos presentes nos farmacos matrizes. Farma- cos com tais grupos podem, pois, ser facilmente convertidos em pré-farmacos. Uma lista destes grupos reversiveis encontra-se na Tabela 2.10. O emprego de pré-farmacos ou latenciacao de férmacos visa a modificar varias propriedades farmacéuticas € biolégicas dos farmacos matri- zes. Entre 0s seus objetivos, sobressaem os se- guintes: 1. Alteragdo da farmacocinética do fétmaco in vivo a fim de melhorar a sua absorgao, distri- buigéo, metabolismo e excrecio; 2. Melhoria da biodisponibilidade; 3. Aumento da estabilidade do produto final; 4. Auxilio A formulagao farmacéutica; 5. Diminuigao da toxicidade e dos efeitos colaterais. Asvezes, com 0 pr6-farmaco se obtém varios dos objetivos citados. Por exemplo, a dipiveftina (ig. 2.31), pré-farmaco da epinefrina usado no glaucoma, apresentaas seguintes vantagens sobre ofarmaco matriz: maior duragao de acdo, melhor disponibilidade, poténcia mais alta, menores efei- tos adversos e maior estabilidade. a. Alteracao da farmacocinética Varios farmacos foram transformados em pré-farmacos com o fim de alterar a sua farmaco- cinética. Entre cles sobressaem os antibidticos, como penicilinas, cefalosporinas, tetraciclinas, lincomicina e eritromicina, que foram modifica- dos para melhorar a absorcao oral. Nao raro 0 objetivo de alterar a farmacociné- tica visa a prolongar a agao dos férmacos: outras vezes, deseja-se abreviar a sua acdo. Prolongamento de agao Os meios-utilizados para prolongar a acdo dos farmacos sao, entre outros. os seguintes: 1. Esterificagao ou amidificagao: exemplo: por acetilacdo da dapsona obteve-se a acedap- sona, farmaco de agao prolongada. Outros exem- plos so os varios ésteres (estearato, laurato, palmitato, propionato, valerato etc.) de horm6- nios esterdides (estradiol, testosterona) e seus de- rivados (nandrolona, prednisolona). Para aumen- tar 0 tempo de aco da flufenazina foram prepara- dos os seus ésteres decanoato e enantato, usados na forma de injecao e dotados de agao prolongada, podendo ser aplicados uma vez cada quinze dias e no diariamente, como no caso do férmaco ma- trig: 2. Formacéo de complexos, tal como o} Fig. 2.31 Estrutura da dipivefrina. insulina-zinco-protamina, que pode liberar a insu- lina paulatinamente. Exemplo recente é 0 Dapo- lar, complexo de dois antimaléricos conhecido: acedapsona e embonato de cicloguanila (Fig. 2.32); 3. Formacio de sal; exemplo: a injecdo de embonato de cicloguanila manifestou atividade profilatica de até seis meses; outros embonatos de aco prolongada sao os de diidroestreptomicina, fendimetrazina ¢ imipramina. 4, Formacdo de polimero; exemplos: (a) ami: nossalicilato polivinilico, tuberculostatico que é mais lentamente eliminado do que 0 monémero Acido aminossalicilico; (b) polinoxilina, polimero deuréia com formaldefdo, eficaz no tratamento de dermatite urindria e infecgdes nasais, gragas & liberagao lenta do formaldeido (Fig. 2.33). £0104, scedapsona 220 HN JEN. oO cooH Oa CH, Oe COOH embonato de ccloguanila Fig. 2.32 Formula do Dapolar, complexo de dois anti- mal Tabela 2.9 Exemplos de pré-férmacos Fungo quimica Formula gera Exemplo Ester decanoato de nandrolona ou’ Hemi-éster R-0-EicH),cooH hemi-sucinito de predaisolona Ester carbonato R-O-—C=0 carbonato de timol Ester nitrato R—O—NO: tetranitrato de pentaeritritla Eter R—O-R’ fMuobenzoquina ciclofosfamida Fosfamida Accal acetofenida de algestona Hemi-acetal ciclocumarot etal Acido hidroximico ibuproxam Amida salcilamida Carbamato carbamato de mefenesina Imina R-N=C_R’ verazida H H Base de Mannich R-N—CH-R’ roltetracictna Enamina R—CH=CH—NH—R’ Azo fenazopirgina Giicésido lanatésido aon! Peptideo NS i en » RNY Nc SR DESENVOLVIMENTO DE FARMACOS B Tabela 2.10 Grupos reversiveis usados para obtencao de pré-férmacos Grupo modificével no Grupo Grupo modificdvel no Grupo reversivel farmaco matriz reversivel —CX(OR), —on a em que X= =cx(o-c-, (0n-cz, t emqueX=R, ArH (-0)—CX!X? em que X Ar, H =—C=C—OR —OR emque X=R, Ar, H —C=C—NR.R emqueX=R, AnH —O-C=C— em que X —cHOO-C—2) = 0-6 exe I 8 —0-Cc—0-c-z em que X 4 i CO emaque X= ~¢—0x —0-Si-R, 01-c=0 COM emqueX—R, Ar —C-Sx (-01-P=o $ Co. em que X R —C—NX'X? (—O),—S0, f ee —C—NHNH; o i NHK emae =n Nx Eon —C-NHOH ° é em que X—=R —

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