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© 0 munpo bos aEns tal sorte. Sua riqueza era ignorada nas distribuigdes de Presentes patrocinadas por anfitrides da velha guard, que, com desprezo, os identificavam com sua situagio anterior de anénimos. E quando os arrivistas pretensiosamente faziam um pote, seus superiores, a elite que fazia dife. renga, no comparecia, Um patlatch desses era um fiasco, A cetiqueta do potlach tornava quase impossivel que pre. tendentes no testados a uma posigio alta se introme- tessem na sociedade dos skagit de sangue azul. A menos que uma aldeia nova tivesse crescido firmemente em mi - eros e prosperidide por uma ou duas geragdes, tempo durante o qual seus lideres deveriam manter um arremedlo de servilidade em ocasibes piblicas, nunca viria a ser aceite pelas aldeias mais antigas ¢ influentes como rival digna desse nome. Uma maneira pela qual os skagit exprimiam, publicamente, respeito por outras familias ou comunidades era permitindo que competissem em pé de igualdade, Segundo as racionalizagées skagit sobre 0 comportamento das classes sociais, a confianga em pessoas de linhagemn estabelecida e provada, e 0 desprezo e temor dos recéim- chegados tinham uma sblida base social Os nowoeaso richer interessados no potltch nfo tinham treinamento para a ma. nipulagio da riqueza e eram capazes de provocat, intench social ou econdmica para ninguém, Nio se devia confiar niles como principio geral. A maioria tinha reputacio de impiedade filial, Porque sua lideranga era de origem re- cente ¢ se devia 4 deslealdade de um ancestral (ba varias geragdes) e & sua propria ruptura.com a aldeia paterna para fundar a nova aldeia.® Seguramente podemos ver um paralelo com a maneira em que és mesmos fixamos ou contrariamos 0s significados piblicos. © 18 6 EXCLUSAO, INTRUSAO Os bens como cultura material Para manter-se mentalmente equilibrado, hd um objetivo minimo que, por definigio, o individuo racional deve buscar durante toda a vida. O conceito de racionalidade econdmica ‘io diz nada em lugar nenhum sobre qualquer objetivo geral do individuo, Hicks, que tanto fez para expurgar a teoria da demanda de infundada psicologia, chama a atencio para esse hiato: Devemos conceber o consumidor como escolhendo se- gundo suas preferéncias entre certos objetivos; decidindo mais ou metios como o empresirio decide entre meios al- ternativos de alcangar esses objetivos. As mereadorias que cle compra sio em sua maior parte meios de alcangar os fins e nfo os fins em si mesmos! A necessidade de ser capaz de escolher racionalmente ‘num mundo inteligivel é simplesmente uma extensio do con- ceito de racionalidade econdmica, Sem ela, todas as outras “2 die cag sna Se peue come cxqenns tates TALE eVO EZCTRevO’ ene eH © 0 munpo pos wens suposigdes do conceito sio muito pouco. Todos os demais seres vivos submetem sua experiéncia a um referencial orga: nizador especifico da espécie, referencial esse que restringe 0 Ambito das mensagens e respostas possiveis: Mas a raciona- lidade humana nfo se submete, Ela negocia as estrutatas orga- nizadoras. A experiéncia humana pode correr para uma gran- de variedade de possiveis quadros de referbncias, pois 0 ser hhumano racional é responsivel por recriar continuamente um universo em que a escolha possa acontecer. Dar sentido 20 mundo envolve interpretar o mundo como sensivel. Uma vez concedido isso, a pergunta de por que as pessoas querem os bens pode transformar-se em algo como uma abordagem da informagio. Mas é um exercicio bem diferente do da andlise econdmica que conta o custo da informacio como parte do custo da produio. Nesse caso, as mensagens sobre pregos e salitios sio vistas como movendo-se dentro de um sistema fixo de informagées. Mas os bens de consumo def \ te nfo sio meras mensagens; eles constituem o préprio siste- | ma, Tires da interacio humatia, € vocd desmantela tudo, |! Ao serem oferecidos, acitos ou rejeitados, eles reforcam ou solapam as fronteiras existentes. Os bens sio tanto 0 hardware quanto 0 softbare, por assim dizer, de um sistema de informa- so cuja principal preocupagio € monitorar seu proprio de- sempenho. Esse movimento dissolve a dicotomia cartesiana entre experincia fisica e psiquica. Os bens que servem as necessi- dades fisicas - comida ou bebida ~ nfo sio menos portadores de significado do que a danga ou a poesia. Demos um fim & | conhecida e equivocada distingo entre bens que mantém a | vida ea saiide e outros que servem & mente e a0 coragio - os © 120 © PxCLUSAO, ITRUSKO bens espirituais. Essa falsadistingéo deixa uma grande quan- tidade de bens de luxo, desnecessérios, para serem explica- + dos por uma mistura de credulidade do consumidor e propa- ganda sinistra.? O contraargumento proposto aqui éo de q todos os bens sio portadores de significado; masnenhum 0 | por si mesmo. Assim como um gesto de poupanca niio pode ser interpretado por si mesmo, mas apenas como parte de todo o fluxo percebido de renda durante a vida toda, e assim, como uma palavra de um poema usada em outro contexto|) no tem poesia, assim também um objeto fisico nfo tem sig- nificado em si mesmo, e tampouco tem sentido a pergunta de por que ele é valorizado. O significado esta nas relagées e1 tre todos os bens, assim como a miisica estd nas relagdes ma cadas pelos sons e nfo em qualquer nota. Brillat-Savarin considerava o champanhe como um esti- ‘mulante em seus primeiros efeitos e um estupefaciente em estigios posteriores, Roland Barthes sente que isso se aplica melhor ao ufsque do que2o champanhe? Assim como o cham- panhe ¢ 0 uisque tém seus primeiros e segundos efeitos, hd falas que desenvolvem significados depois que o som das palavras se extinguiu. Segundo Brillat-Savarin, os principios ue governam o gosto gastrondmico reconhecem miitiplas e sucessivas experiéncias. A degustacdo constréi um padrio a partir das experiéncias do paladar com entradas, voltas e des- vios; ela tem um contraponto inteiro de sensagSes, s6 termi- nando com o julgamento final. Onde entio esté o aspecto fi- sico e onde o aspecto intelectual do comer? E, podese per- guntar, onde esté 0 aspecto metaflsico? Aparentemente Bau- delaire acusava Brillat-Savarin de nao ter dito as coisas cer- tas sobre o vinho. Para Baudelaire, o vinho era meméria e © 121 6 © tl o un 9 vossad epecs0-opurezorje no soBinur soamstreSn{ opusy reur ‘soauana zeompssey> ezed wrounar as safg{“sexopramstios sozmo sop wrouppzoouon vjad s0}eA ap sopeiop ovs stiaq SE) ‘ooyjgnd osn um e sounrayar sou mbe sew epearrd opSeoreur Paty apog ‘odn opo: ap sagStpour a sors} ‘sezuTD WOD oBSeo eur ¥ 9 {s09I9 s0 woo oyun ¥ ‘sembored ap soxury] SOOKE sooreur ap opSexy vad opSeoreur & fear’ ‘e10q “eype owo> SOpeoyISse Ops soyttadurasap so apuo “ene ap eyes ett OFSED “eur e Sexqo ep opseonuine & ‘sogSuoum sens ap ‘seiogeyfeue seossed 10d ‘eameuysse & foyteaso op 9 esead ep ‘oro op or5 “tort ep sopiads so ouinsse erg “inbe exoo exavjed v 9 209 “RN “OpSeossep ap seproBare9 ap opnuas ow ‘reoreur ered Sopesn ogs stiaq $0 “opoa win oMto9 [eID0s ossa00xd 0 9 anb Siegen op [pasta vauod & ‘soxopeorew ouioo suaq $0 ‘onmeas0d ‘rexeyy, ‘sosod ops oStasas oft & ouoreorssepa oroford o ‘os “SIP 22a wio ‘sez03 9 syesodoo sopeprssabou e wHaA.9s su9q $0 anb ap oquaumperu0> ossom zwanbo|q sourepog Su 9p 9p s99s]0q wreHD 9 oupnoo ouaunsoqUOD o wretonborg SeISHUDID §O) ‘SUDq SOP SOOES sosn so ‘eURSsaDaUSOP oPSE; “Ip outoo ‘ouaurepesoqryep ‘eunjoxo eyjooso vp oaupiio1 “qs odures assap o8fe zeadeus op zedeo onounpooord 0 opSvouvu ap sodtasag ‘ompydun crmaunsoyuoo op qoqIp sreur opSexojdxa eu 9 voruIQUODS e001 ¥ epprodsoour sepy ‘sonsodozd sopesnumy snas exd ezofdxo & 9 ‘onmouraua.oyns ryfnoo voxy wsso wHo904u0D Op ~voraur op sozopesmbsad 8G gonssonb ep apoyradns ep oxreqe 80] oxiso anb sooryyerou anua 9 eueumny opSipuoo ¥p SoMUeIO}P saQsIA senp anita EYTOos EU oBMHD 2 J20UL 2 28208 ant ryjooss y “suaBeroqaq sesoxapod sens 2 erutn © ovsnuunt ‘oysaroxa © GI oo. 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Pela presenca de seus pares em seus funerais ou casamentos familiares, pela lembranga deles de seus ani- versirios, pelas visitas deles a seu leito de enfermo, prestam- Ihe o servigo de marcasio de sua presenga. A espécie de mun- do que criam em conjunto é construfda a partir de mercado- tis, escolhidas por sua adequagio, para marcar os eventos numa escala de graduacZo apropriada. Os bens perecem ou sto consumidos, mas essa é uma pequena parte do processo inteiro de consumo. A luz de uma abordagem da. informagio, pareceria arbitrétio definir os bens pelas transagSes pontuais de mercado que os péem dentro de casa. Cada item pode ser percebido igualmente como mera prestagio, simplesmente parte do fluxo da fita demarcadora ou da tinta que entra na construgio de um sistema de classificago, O fluxo dos bens consumiveis deixa um sedimento que constr6i a estrutura da cultura como ilhas de coral. O sedimento é o aprendido con- junto de nomes e nomes de conjuntos, operagSes a serem feitas sobre os nomes, um meio de pensar. O desfrute do consumo fisico é s6 uma parte do servigo prestado pelos bens: a outra parte é o desfrute do comparti- Ihamento de nomes. ‘Tomemos qualquer esporte, o ténis, por exemplo: algumas pessoas o jogam, outras vio a Wimbledon, ‘outras assistem pela televisio. Tomemis o futebol ow o cri. quete: o fi internaliza uma lista de nomes dentro da cabeca. Conhece as vitdrias famosas, as derrotas infamantes ¢ os em- pates; adora falar sobre partidas histéricas, bons juizes, gran- des multidées, capities inspirados, bons e maus anos, os dias de hoje e os de outrora, Dentro dele ha niveis de julgamento apaixonado, Um outro entusiasta s6 precisa dizer duas pala- © 124 9 EXCLUSAO, INTRUSAO vvras para anunciar a grande quantidade de experiéncias com- partilhadas que & possivel entre os dois. Essas alegrias de compartilhar nomes sio as recompensas de um longo investi mento de tempo e de atengio, e também de dinheiro. A situa- io fisica real que faz. com que novos nomes entrem para a colegio pode ser chamada de “prova”, A prova de um pudim é comélo, Se ninguém nunca comesse a comida ou fosse & partida de futebol, nfo haveria maneira de julgar uma opi- nifio como mais verdadeira do que outra. O consumo fisico permite a prova, o teste oua demonstragio de que a experitn- cia em questio é vigvel. Mas 0 argumento antropoldgico in- siste em que, de longe, a maior utilidade nio esti na prova, ‘mas no ‘compartilhamento dos nomes que foram aprendidos classificados. Isso é cultura. ‘Temos utilizado a nomeagio como um truque til para deslocar a visio do consumo dos bens para a cultura e para insistir em que qualquer escolha entre bens 6 resultado da cultu- ra, e contribui para ela, No final, seremos obrigados a voltar a0 estudo dos presos e da renda quase como se os nomes nunca tivessem sido apresentados. Os nomes so win asp do consumo, intelectual e muito abstrato, para ceder As cas ferramentas da investigacio socioldgica. Mas as questBes que examinaremos como reagdes a mudangas nas rendas e nos rio questées novas. Pelo tratamento ade- fe racional, a teoria da demanda terd sido idéia do compromisso do individuo com um universo inteligivel. Problemas de sintese ima andlise, 0 julgamento sobre a cultura se fun- ios. Um depende da escala, se 0 conheci- © 195 6 nengece poe qe sem 2 poms jee Ryo tary un bons nostira maKaopetica ra : siya epedim 8 exbicpa me yg lange oc pow Tener: cre Hoan 0 1 cacomibenaee ge nia youtla Bane dan. ¢ Bearsey ounce 02 qoar pease eystgse ys faci § Buosge Soom yp si

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