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Capitulo 1 DATEORIA NAO-DIRETIVAA ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA* A TEORIA PSICOLOGICA ‘A Abordagem Centrada na Pessoa, como ¢ sugerido pelo proprio nome, tem s850a como centro das preocupagdes, como um fim basico. A pessoa € o que {o de mais importante, portanto, esta abordagem defende, fundamentalmente, 0 ito ao ser humano. A teoria rogeriana da personalidade tem como postulado jamental a tendencia atualizante. ! Para Rogers (1977), todo organismo teria uma incia para desenvolver suas potencialidades de forma positiva, uma vez que todo mano tem um potencial natural de crescimento pessoal que Ihe é inerente e que ‘envolverd a partir do momento em que Ihe sejam proporcionadas as condicoes llogicas adequadas. Seu pensamento compreende o homem como uma ide, um organismo em processo de integracao. Dessa forma, Rogers dé énfase jal ao papel dos sentimentos e da experiéncia como fator de crescimento, Por ‘foxperiéncia dos sentimentos ¢ 0 caminho para a integracao eo | desenvolvimento do ser humano. Considera o homem, portanto, no presente imediato, no ‘aqui € i’, E a experiéncia do momento e a vivencia plena dos sentimentos que \M a manifestacao ativa do potencial de desenvolvimento existente na pessoa. \ca na capacidade da pessoa de auto desenvolver-se, de auto adaptar-se e io @ ura relorulacdo do erigo: Morea, V. De tera nfo Geta & Abardagem Cenrada na Pes- bieve historico. Revista de Psicologia da Universidade Federal do Ceard, v. 4, p. 65-86, 1986. sito de tendéncia atualizante sera tratado detalhacamente no capitulo 8. 44 pram mes Vacwws Moran 45 APES prom ca SCOT, ‘auto drigi-se, sugere uma visao do homem como ser independerte, autonome e, ‘como tal, merecedor de respeito (De la Puente, 1978) Para Rogers (19832), "o individuo possui dentro de si vastos recursos para a ‘autocompreensao, para a modificacao de seus autoconceitos, de suas atitudes © dé ‘seu comportamento autonomo" (p. 38). Esse ponto de vista leva a Abordagem Cenirada na Pessoa a ter como hipstese central a concepeao da natureza humana ‘como fundamentalmente construva ¢ auto-reguladora. Rogesshipoteliza que {ve aprende a mudar, a adaptar-se, que percebe que nenhum conhecimento ¢ seguro fpque So 0 processo de buscar conhecimento oferece alguma fonte de seguranca. A tlatca centrada na pessoa enfaliza 0 professor eo aluno como pessoas esta relacdo ‘pxiste em um clima de respeito mutuo, onde cabe a0 professor, basicamente, dar 20 10 condigdes favordveis para desenvolver seu potencial intelectual eafetivo, No scorter dopprocesso educativo, oprotessor aprendera, al ,quenao somente ‘mas tambem o aluno, sao responsaveis por esse processo. A relagao professor 10 deve ser pessoal e dinamica, @ 0 aluno deve ser tratado com autenticidade,? ipatia’ e consideragao positiva incondicional," astrés condigoes basicas na relagao, co psicotrapeatica, Para Rogers (1978a),ensinaréuma funcao exageradamentevalrizadae, de ‘scordo com sou pont de vista, uma atividade elatvamente sem importncia, Pensa {quequalquer coisa que se possa ensnar ao oavotem pouca oulnsignificrteiniuencia hive seu comportamento; a unica aprendizagem que inf sigrificativamente no fomportamento¢ a que & autodescaberta. Propoe,23sim,. tlvora abolo ensino, e que as pessoas intetessadas em aprender Sspontaneamenteparatal. Fundamentado nessa visa da educacae, Rogersidentiica fomo funeao do professor feciitar a aprendizagom do aluno, Essa conceprao do como fecitadoracarreta um oto oslo deautridade e outa concepra0 de ina, Nessa perspectva a autorade deve Sex comparthiada entre os aknose professor eexercda nao apenas pelo professor. ‘aprentizagom signfcatva¢ um dos prncpos fundamentals, postlados pla .gom Centtadana Pessoa em Pedagogia. Rogers (1978a) acredta quo aluno so endo signicatvamente quarto oobjeto de estudo esta de acordo com seus objevos vidas, Oakio soaprendora aqulo que pessoaimente he rteresse. Ama que existe uma tendencia I jativa no universo que pode ser rastreada & a vida ‘evolutva para uma maior order, uma maior cor 10. Na especie humana, essa tendencia se expressa quando 0 inividuo progride de seu inicio unicelular para um funcionamento organico complexo, para um modo de conceber e de sentir abaixo do nivel de consciéncia, para um conhecimanto consciente do organisino e do mundo externa, para uma conscien sistema cosmico no qual se i Percebe no universoa mesma tendéncia construtiva que ve na homeme cit descobertas de cientistas quimicos, filosofos e fisicas que atestam a tendencia & ‘organizaao e aforca constutiva nos ciferentes componentes, seres vivos eno vivos do universo (Rogers, 19832). ‘Sua teotia psicologica tem como uma de suas concepeoes fundamentas a primazia da ordem subjetiva, Assim, Rogers (1977) afta: sind que eu me dé corta da possiidade da existenia de uma verdade objetve ‘due-me conta, gualmente, de que nao poderei jamais conhecé-aplenamente iso se conch qu 0 que se considera goralmente como "conheciment cient nao exist, Ha apenas percepcoes individuals daquilo que parece, a cada um ‘de nos ropresenter essa especie de conhecimento (p. 153) A TEORIA PEDAGOGICA Por extensao da teoria psicoldgica a pratica didatica, surge 0 Ensino Centrad ‘no Aluno. Rogers (1978a) postula que o objetivo educacional deve ser a faciitacso proceso demudanca e aprendizagem, afirmando que o homem educado ¢ aquel uma aprendizagem significatva veica-se quando o estudanie percebe que ‘a materia a estudar se rlaciona com seus prdprios abjetvos. De manera um tanto mais formal, d-se-a que urna pessoa s6 aprende signicativamente ‘aquelas coisas que percebe implicariam na manulen¢ao ou na elevacio de simesma (p. 60) 46 cca mG MEAL POY FESDA WDA FSEOTEA VecwaMerem 47 Para Rogers, ensinar ¢ aprender. O Ensino Centrado no Aluno nao € ut ‘metodo, 6 um estilo de relacao como outro, com o grupo, onde o aspecto format Ssupera 0 informativo. Resumindo, os principios em que se fundamenta o Ensin Centrado no Aluno, fixados por Carl Rogers (1978a) para uma aprendizage significaiva, sa0 0s seguints: 2). osseres humanos tem potencialidade natura para aprender; 1) aaprendizagem signticatva se efetiva quando o aluno percebe que o-conteudo esstudar se relaciona com seus propris: aluno 60 verdadet melhor manera meio deatos (atvdade: para o professor a aprendizagem processo; 1). aaprendizagem iniciada por uma motivacao pessoal ¢ mais duravel eleva a auto 'que-envolie toda a pessoa do aprondiz, tanto seus sentimentos cor rtade eintebgencia; @)_aindependenca, a ciatividade ea autoconianca sao fatores rlevartesno process dda aprendizagem, uma vez que, quando se logra deserwolver a capacidade d ‘autoctica e auto-avaliacao, a avaiagdo feita por outro passa a um segundo plano} e fh) aaprendizagem mas ui socialmente (sto é, aque eva a uma integracao social ‘uma continua abertura& experiencia, que permite ao individuo icorporar dent de sio processo de mudanga. ‘Amaior parte a lteratura critica @ Abordagem Centrada na Pessoa refere-se 4) Teoria Nao-Diretiva, conceito que foiampiamente questionado, mesmo depois que 1) proprio Rogers ja nao o usava, por entender que nao fosse adequado. Cornaton ‘exemplo, observa que a nao-diretividade designa mais especificamente ide pela qual alquem se nega a sugeriruma direcéo qualquer ao outro, que pode re pensar o que quiser sem que'se imponha nenhuma interpretacao"(p. 61). A sminagao nao-diretiva liga-se ao cardter puramente negativo do termo, que nao Joflete adequadamente os aspectos positivos dos pressuposis rogetianes. Partindo da ‘ao negativa do termo, conceito torna-se futuante e incerio. Nese sentido, Homoline e Dardetin (1977) assinalam que otermo no-diretivo cobrird sempre uma Jalidade ambiqua, Na educacao, por exempla, nenhium professor pode pretender ser jd que somente sua presenca fisica, suas atitudes e mesmo seus Siencios, por serem suscetiveis deintespretacéo, exercem sobreo grupouma iniuencia ito dretva, reqdentemente determinarte. Rogers (1974), posteriormente, passa a denominar seu enfoque de Teoria entrada no Cliente, conceio que nao satisfaz, na medida em que nao focaliza a le, sem tomar em consideragao que implica tamber um pr da quando o aluno participa responsavelmente do se lacao clente-terapeuta, Esse pensamento & ia essa denominagao, assinalando quo a expressao Centrada no Conte é um ouco mais adequada que Nao-dretiidade, marstampouco ¢ plenamentesatistatria, que nao evoca a relagao do torapevta consigo mesmo, tao importante nesta bordagem. € importante asinalar que todas essa cic Se tornam obsoletas, na ocda om que as denominacdes de Teoria Nao-dretiva e de Teoria Centrada no Jonte so também obsoetas,embora anda sejam utiizadas eventualmente, Rogers hou deutlizar a denominacae Teoria Nao-ciretvana decada de cinguentae, em 04 sua teoria como Abordagem Centradana Pessoa. De que autiizacao do termonao-diretvidade tem permaneciso ‘A EVOLUGAO DA DENOMINACAO Aorevisara historia da Abordagem Centrada na Pessoa, pode-se observar se desenvolvimento a parti da evolucao de sua propria denominagao. Segundo concepcao de Rogers, ela foi evoluindo ao longo de sua experiencia na drecao de ums melhor adequacaoda denominacao 2 real concepcao de sua teora, No desenvolvimert {de sua obra, cautor denomina a Abordagem segundo areas distntas de sua eplcacad, tals como: Aconselhamento Nao-Diretvo, Terapia Centrada no Cliente, Ens Gontrado no Aluno, Lideranca Centrada no Grupo. No entanto, para Rogers, {enominagao mais abrangente e que descreve melhor sua teoria €a de Aborday entrada na Pessoa (Rogers, 19831). E possivel apreciar um ps desde a concepeao nao-diretiva a denominacao pela qual Rogers fnaimente optou, ‘que demonstra claramente a evolucao de suasideias sobre sua teoria, ws do tempo por tanto, que Rogers nao voltou auusar essa denominacao © que sete ou oito anos 'starde denominou sua abordagem psicoterapéutica de Cenirada no Cente, que is adiante evoluira para Centrada na Pessoa. ‘Adenominagao Centrada na Pessoa expla melhor, e mais completamente, cbjetvo da proposta rogeriana, que ¢ centrar-se na pessoa para que, tendo as goes psicologicas adequadas, atraves da elacaointespessoal possa desenvolver lo seu potential de crescimento, Evidentomente, 0 proprio Rogers deu-se conta de Jur esta denominagao era mais adequada que as uiizadas anteriormente 48 cam FOGESA MERA POUT. kPESIA MURR A POTEN Vinon Moran 49 Rosenberg (1977) observa que as primeiras descricoes da pessoa ‘elaboradas por Rogers, foram realizadas em fung.o da psicotorapia em const conde se focalizava somente a pessoa enquanto individuo, Posteriormente, seus es passaram a dar maior énfase a relacao de pessoa para pessoa, dedicando especial atengao ao proceso da relacao interpessoal, o que foi demarcando, pouco a pou Co processo de se tomar pessoa social plena. Seu interesse pela dimensao social d ‘ser humanolevou- a nicaro trabalho com grupos na década de setenta. Na uitima fase da bra rogeriana, percebe-se que o foco de atenao volta-se pat preocupacées politicas, embora, como veremos mais adiante, seu posicionamer politico seja vago, tulad da reaidade conereta. E evidente a crescente evolucat ‘do pensamento rogeriano, sempre conservando o principio basico que the caracteristico: a crenga no potencial de crescimento do ser humano. Ess desenvolvimento manifesia-se claramente na evolucao da denominacao da teori ctiada por Rogers, que pode ser compreendida através de sua trajetoria pessoal cexplicita em sua obra. ‘Alem de Rousseau, pode-se tar Rabelais (1494 Jon (1651-1715) como defensores de uma rtadora da crianga, 1716) ressata que “a partir de Rousseau vt jonascer, emnossa 'scorrentes do pensamerto pedagogico que, conservando como ponto sao da iberdade da cianca, discordavam dos meios paraaleanc- redltava que "pode:se presentemente afirar, sem sombra de duvida, wwapos Rousseau todos os pensadores om materia de pedagogia tomaramsua obra mo ponto de parti. A cortente das pedagogiasIbertarias nao ¢ exceao aregra” nnoun, 1976, p.47). Os entiattortarios caracterizamse pela negacao de qualquer de Summertil, escola fundada em 1921, nos arredores de ma tetativade aplicacao dateovia aautoritia, da autodrecdo do aluno de para aprender. A preocupacao de Neil (1982), fundador desta escola, rar cianga de qualguerimposicao, nao se devendo exercernfluenciaalguma la. Ainda na linha antiautortaria, cabe lembrar a experiencia de Hamburgo, swvolvida entre 1819 e 1936 (Hannoun, 1876) e, mais recentemente, a experiencia Borlm (Kinderlader), em 1968 (Comaton, 1977) Hannoun (1976) situa nesse contexte aacaode Carl Rogers. Observa que, apos Joxpressao da liberdade como exigencia fundamental da Educagao, tal como fol vlad por Rousseau, pode-se identiicar um caminho te6rico attavés dos autores is. Ve, dessa forma, no pensamente rogeriano, uma dtegao rousseauniana’ jponto de vista ¢ corroborado por May (1982), que descreve Rogers como seauriand, lembrando suas teteradas declaragdes de convicgao da raconalidade ja ede sua potenciaidade de escola racional, se he for dada uma oportunidad ide expressdo. E interessante destacar que, apesar de os erticos de Rogers jem percebido em sua toora fortesligacoes com o pensamento de Rousseau, ele 1 na0 dé muita importancia ao fato, assegurando que nao sofrera nenhuma ‘vez que seu Unico contato pessoal com a obra de de uma parte de seu lvro Emife para um exame de que quase o reprovara no doutorado (Rogers, 1957). Deve-se essa afrmacae ponto de vista de queaelaboracao de sua teota parted sua propria experiencia ftca clinica em psicoterapia, o que the propiciou 0 acesso ao estudo da dade humana (Rogers, 1957, 1967. 3), Montaigne (1533-1582) ROUSSEAU E A CORRENTE LIBERTADORA ‘Apeser da aparenia inovadora stiasidéias basicas datam do século X\ Jacques Rousseau, para quem principios. Segundo ofidsofo mencior fogers, para muitos autor yente do pensamento de J Jeiro © o mais importante d berdacle comum 6uma conseqiénc :za do hornem, Sua primeira lei consiste em zelar pela proptia conservagal ‘seus primelros culdadlos sao aquoles que se devea simesmo..."(Rousseau, 197 41). Rousseau acreditava que.0 maior detodlos as hensnao era a autoridade & aliberdade. Sua concepcao de liberdade incluia a likerdade interior, uma autonor quetem lugar a partir do contato do homem com a natureza. Segundo seu ponto Vista, o homem ¢ naturalmente bom, ¢ a sociedade que o perverte, isto ¢, $20 forcas sociais que limtam ou alteram seu desenvolvimento. Aliberdacle em nao 6 uma negacao radical da dependencia, porque embora considere um. de escolha natural do ser humano, também acredita na necessidade de um mini de ntervencao por parte da sociedad Ao lado dessa negagao da autoridade, ele Poridade a0s lacos da crianca com a natureza erefuta a sociedade, na medida ‘queela seria @responsdvel pela fata de auteticidadee pela perversdo, Em Rousse a liberdade nao é apenas o fin e o meio da educacao, ela ¢ também o conte Ppodemos dizer, unico’ (Hannoun, 1976, p. 32). Com Rousseau, porém, exist rence de au que somente poderia ser deserwoh com aliberdade. CARL ROGERS E A ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA ‘Carl Ramson Rogers nasceu em janeiro de 1902, em Oak Park, suburbio de onde morou até 0s 12 anos, mudando-se entéo para o campo. Sua familia 51 50 1 OER A ERIE. 4 PSSOINDANA EH PSCTEIARA (eee tinha valores protestantes muitorigidos. A esse respeito, Rogers (1961) diz ter sida ‘educado em uma familia onde reinava uma atmasfera religiosa e moral estrta @ intransigente, com um grande cult pelo valor do taba. No campo, Rogers pass a se ocupar da Zoologia e da Botanica, estudando e pesquisando. Ao ingressar nd Liceude Wisconsin, dedicou-se, inicialmente, a Agricultura, Sua paricipacao ativa e roligido, como estudante, levou-0 posteriormenteatransferr-se da Agricultura para a Teologia,julgando ser esta uma melhor preparacao para sua futura vida profisional Em 1922, faz uma viagem a China a fm de pantcipar de um Congresso Miu de Estudantes Cristaos. Nessa viagem a0 Oriente, Rogers comecou a di visao religiosa de seus pais, o que causou tensoes em suas relagoes familiares ‘Segundo De Peretti (1974), aaceltagao da teotia rogeriana no Japao tem origem ne ‘seu cortato com 0 Oriente e acrescenta queo sucesso que provocou se deve "a0 oriental que se observa frequentemente neta e que Rogers encontrou sem dvi ‘durante sua temporada na China’ (p,95). Em 1924, Rogers ingressa no Seminat conde estuda durante dots anos, e logo desiste a vocacao religiosa. Devagar, a ena de seuinteresse passa da Teologia para a Psicologia e, fnalmente,iranstere-se d Seminatio para o Teacher's Callege. Em 1928, ‘doze anos trabalhando com crianas e adolescer ptimeirolivro 0 tratamento cliico da crianca-problema (Rogers, 19780), NO qui escreve suas ia e sou trabalho na pratica clinica com criancas em Rochester. EM 1940, Rogers aceita 0 cargo de professor na Universidade Estadual de Ohio. Ents 1944 ¢ 1975, instala-se em Chicago, onde ensina Psicologia emonta um Centiod ‘Aconselhamento na Universidade de Chicago. Nesse periodo esereve Psicoterapl ‘entrada no cliente (1974), uma obra relovanie no desenvolvimento de suas ids, ‘De 1957 a 1963, Rogers trabalha na Universidade de Wisconsin, onde, ae ‘de ensinar, faz pesquisas com sujetos normals e psicsticos. Nessa epoca publica jt Com outros autores, um ivro sobre esquizofténicos: The therapeutic relationship al itsimpacis:a study of psychoterapy with schizophrenics (1967), Ainda em Wiscons publica Tornar-se pessoa, obra composta de artigos escritos no pertodo de 1951 11961. Em 1964, decide abandonaro trabalho na insttuicao universtéria e muda La Jolla na California, onde se deca a psicoterapia es alvidades de g upo, fo ce pesquisa, fundando.o Center for Studies of the Person. Em 1966, faz.uma via aa Franca, onde éf ado polos franceses que sustentam que a tas que se identiicam com a pedagogia 10 desconsiderar as impFca 1977). Griticando esse aspet 1966 0 sequinte: “sua psicola jtrata todos os confitos socials como simples mal-ertendidas, nao ¢ ela finalmerte ue serve bom a0s interesses e # boa consciencia da classe 5 Esso rechago da Abordagem Centrada na juele momento, caracerizado por ido dominio da Psicanalse, aceita © praticada aismo e antintelectualismo € suas Icadas como angoicais (Snyders, 1973). Também no Le Monde de jcam-se enicasas declaracoes de Rogersna Franca: se se pensa no otmismo emeicaro, para quem o Homer ¢invariavelmente votado para‘ progressoe 2 felicidad, pode-s® imaginar que a psicologia rogeriana é um prodto do purtanismo american © uma reagao psicologia reudiana,surgida ela do puritanismo europeu que devora & iia da dor, do mal da rare (Hannoun, 1976: PY ‘Apesar do peso das ericas negativas, Rogers também foi cricado postivamerte: ‘nudaclosa o original além da Psicanaise Oe Hameine & Darden (1977) deserever, na educacao, afasedo encartamento Yacaista em voga nos anos stent. ‘domovimento institucional, onde se fa escola. Enquanto quena Europa sso payrece tr relacao com a Psicanalse nos Estitdos Unidos, a teoria de Rogers poe um modelo de homem que vai de en/contro a concepeao da psicologia ta de Skinner, amplamente uiiizadae diiwulgada naquele pas. As posicoes (es dos dots psicdlogos norte-americarnos deram arigem a inumeravels s@escttos sobre esse assunto Forsha & Mion, 1978) Nos anos setenta, Rogers untamente corn outros terapeutes, dedica-so 2 bsos trabalhos de grupos (workshops) e vvncias em comuniade,algurs dos Toalzados no Brasil Nessa mesma déceada, escreve Grupos de encontro polticas no ato de ensinar (Hamel ‘parace pubicado no Le Mande de 52 eam oes AME PO. «SIA MIO PERE viscera’: 22 (1978c). Sua obra teve também larga repercussao na drea educacional, assunto ‘qual ee deca ovo Liberiade para aprender (1978a),No nal da cécada de sete Rogers parece despertar para a preocupacao com 0 papel politico da Abort: entrada na Pessoa ¢ escreve Sobre o poder pessoal (1978b), onde analise insttuigoes famiae casamento e ensaia algumas.refiexdes sobre 0 oprimido, a da leita de Paulo Freie. Apesar da idade avancada, Rogers continuou em pl oducdo, Essa & a propia natureza ‘Arespeito da analagia (entre ohomem ea planta) em que Rogers serefere a oncial de crescimento, Hameiine & Dardeli (1977) sustentam que setrata tao ‘uma imagem horticola, onde o ser humano é comparado a uma planta cimento. A concep¢ao das lvro Freedom to leam dlesenvohidasa parti de Liberdade para aprender (1978a).* ‘Apart da historia de vida de Roget, ¢imporant realizar uma breve als ds intuenciasrelevantesnaelaboracao da Teoria Centrada na Pessoa, paras ‘uma melhor compreensao dos mites da teoia. Com esse propos, evisar Se rapidamente alguns aspectos que parecem riniencianavida e obra de Cor , porconsequinte, em sua concepean da Abordagem Centraca a Pessoa. A influencia biologica CCompreende-se ointerosse inci de Rogers pela Bicloga ¢ Agronomia d eva, aparecena elacao que ee posta entre os ouroshomens, ee propio 2 xeza" (p98), Sobxeaimportncia danatureza para.o homer, Marxafrma que €¢ potencial de crescimento humano. O proprio Rogers (19832) exempitica es tendencia mediante seu conhecido exemplo das batatas, que embora estando. ssombra, ctescemem direcao a0 sol. A Abordagem Centrada na Pessoa, ao tratat faz uma analogia desta tendéncia, que esta presente arto na pla fe nohiamem, tendo em vista suas bases bioligcas. A esse res 5 Ets los se encoran a om poragues. 55 54 pei nus A MELE PDT PSA MINOR ES ‘Vino Mewar de ter na providencia seu conceito central, por ser tao otimista @ esperar que a ‘solugbes calm do céu Hamelinee Dardelin (197) falam da transicao do ensino crista para 0 ndo-diretivonas escolas francesas. Segundo esses autores, a pratica desse “abordagem foi prontamente aceita, por causa de suas caractorsticas tao proximas| ‘adaptaveis aos principios fundamentais da educacaocrsta. O fato 6 que as afirmacoes de Rogers demonstram sua fe e seu otimismo desenvolvimento do homem, Seuiconceto de tendénciaformativa,Sem que furdtamer {oda sua teoria,raduz essa @ e esse otimismo que podem ser devidos a infuencia q tevea religiao no ranscurso de sua vida. Ainfluéncia experimentalista Um aspecto que merece ser destacado na historia de vida de Rogers ¢ sua mmagao experimentalista, que olevou a pesquisar longamente sous pressupostos ‘oricos. De Peretti (1974) destaca as contribuicoes dk 7uporna ina radcional da abordagem, comotambem chegaram todos de pe de alguma forma, se relacionam com 05 m ram Rogers em sta jwvertude. Poeydomenge (1984) ogi otrabalo ci izado por Rogers, assinalando que este nunca temew elver-se pessoalmente,revisando para pesquisas as gravacoes de fitas © de cd seu proprio trabalho com clientes indvivase experencias de grupo dados mais mensuraveis. Cor iamente a De Peretti (1974) e (1984), Hannoun (1976) ¢ Snyders (1973) nao veem cientiekdade na esque ogeriana quo, segundo eles, mistura rigor centfico com attude experiencia Jnr essos autores, "Rogers instaa-se numa attude antcentifica, na medida em que, idade © apesar de suas alegacoes, ele recusa 0 recurso aos fatos da ia cbjetva" (Hanncun, 1976, p. 124), ‘Agosar das opinioes controvertias em relacao a conbuicao cientica de Rogers Psicologia e& Educacao,¢ inegave sua importncia sobretucloro campo jn pesquisa om Psicoterapia, toma que fol uma constante preocupacao em sua obra lagers 19782). C fato de sua pesquisa tr so desenvolvida sob 0 dominio da luencia experimentaista poskivsta foi um fator amas para que ee no possa ser siderado um fenomendiogo, ainda que tenha caminhado nesta dire¢a0, como fms adit nese vo. Mas sua contbuicao como pesquisador em psicterapa, ures, sem dtivida, onda. Ainfluéncia do contexto sociocultural Embora possa parecer eviente, 6 importante lembr: ‘entre 0 contexto socio-cultural onde viveu Rogers @ a sui Centrada na Pessoa. Fonseca (1983) define esse cont desenvolveu e tomou corpo a Teoria Centrada na ddominantes nos paises desenvolvidos. Assinala a importancia da questa do conte) destacando que nao se trata apenas de que o trabalho de Rogers tenha surgido di classe média, mas da classe media estadunidense, diferente da classe medial ‘medida em que inserida em um sistema social de um pais desenvoh ‘com suas caracteristicas proprias, mantendo uma relagao de dominacao com o: paises subdeserwolvidos. Comparando as origens da Abordagem Centrada na Pess {as da Pediagogia do Oprimido, de Paulo Freire, Fonseca (1983) observa a relacao confitoexistente entre esses dois contextos: "A Abordagem Centrada na Pessoa surg @ cresceu no seio daqueles para cujas mesas, carros e casas vai muito do que ‘expropriado do corpo e do ser, da casa e dos pratos daqueles em cujo selo nasceu Pedagogia do Oprimido” (9.46). Para efeitos desse vo ¢ importante ter presente 0 contexto socio-cultural o nasceu e viveu Rogers, pata entender os limites de sua proposta tedrica na utiliza ‘da Abordagem Cenirada na Pessoa om variados contextos socio-culturas. Nao se rat de desmerecer a contribuicao de Rogers, mas de utliz-la repensando sua aplica nos dversos contextosculturaislatino-americanos, tao diferentes do contexto de importancia da relaga icao da Abordager REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS JRNATON, M. Anafsis Crico de fa UA PUENTE, M. 0 ensino centrado PERETTI, A. Pensée et veits de Ci s, Pars: Piva, 1974 INSECA, A. 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