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[ACTA COMPORTAMENTALIA 1995, Vol. 3 Monogtéfica, pp. 53-65 O Manifesto de John B. Watson: da reaccéo estereotipada 4 tentativa de compreenséo Armando Machado’ e Nuno M. da Silva” 1 Indiana University, U.S.A. 2 Faculdade de Psicologia e das Ciéncias da Educagao, Lisboa, Portugal Existem na nossa cultura antinomias com as quais ainda no aprendemos a li- dar a no ser pela rejeigo conflituosa ¢ disjuntiva. No entanto, j4 € tempo de nos apercebermos, como diz o filésofo P. Ricoeur (1993, p. 71), que deixamos de viver num consenso global de valores que seriam como estrelas fixas ¢ que evaluimos numa sociedade pluralista, tanto religiosamente, como politica, morale filosoficamente. Dai que a tarefa prioritéria da educagéo moderna de- vesse Ser 0 preparar as pessoas para entrar nesse universo problematico. Ana- lizar 0 pensamento controverso de John Broadus Watson (1878-1958) assim como as resisténcias que o mesmo originou (¢ origina!) pode ser um bom exer- cicio nesse sentido até porque, segundo a f6rmula de Nils Bohr, “o contrério de uma verdade profunda ¢ outra verdade profunda”. Hé4 80 anos atr4s, Watson publicava o seu famoso manifesto “A Psicolo- gia tal com a vé 0 behaviorista”* (Watson, 1913). Este artigo apresenta de forma clara varias das teses de Watson, como sejam a redefinigdo do objecto de estudo da Psicologia - da consciéncia ao comportamento, a critica e rejei- gio da introspecgao enquanto método privilegiado de estudo dos fendmenos psicolgicos, ¢ a proposta de uma esquems unitério, metadolégico e concep- tual, para o estudo do comportamento animal e humano. Algumas das teses de Watson mantém ainda toda a sua actualidade, afirmagao que pode pare- cer surpreendente, ou mesmo chocante, sobretudo aos olhos dos muitos in- vestigadores que nunca leram os seus escritos originais. Somos de opiniao que esta reaccao de surpresa se alimenta no modo pouco rigoroso, estereoti- pado, ©, por vezes, caricatural, com que os manuais de Psicologia apresen- tam o pensamento de Watson (veja-se, por exemplo, Todd & Morris, 1992, ¢ 1 Indiana University, Department of Psychology, Bloomington, Indiana 47405, U.S.A. Os pedidos de separatas devero ser enviados para esta morada. Os autores agradecem os comentétive de Orlando Louren- 0, Rodrigo Saraiva e José Bentes as verses iniciais deste artigo. 2. Faculdade de Psicologia e de Ciencias da Educagao, Alameda de Universidade, P-1600 Lisboa, Por- tugal. ‘3. Salvo algumas excepgdes devidamente sssinaladas, todas ns citagbes de Watson provém doseu mani- Testo. 1995, 0 MANIFESTO DE JOHN B. WATSON 4 as referéncias adicionais contidas nesse artigo). Pretendemos contribuir pa- ra corrigir esta situagao deplorivel e abordar com rigor as ideias de um ho- mem que foi um investigador de qualidade, um pensador s€ric , sobretudo, um arauto de uma forma nova de fazer e conceber a psicologia. Concreta- mente, dividimos este artigo em trés partes: na primeira, exp6mos as teses principais do manifesto e a sua raison d’étre; na segunda, abordamos a actua- lidade e as limitagGes destas teses; na terceira, tecemos algumas considera- ges sobre as causas mais genéricas (alguns diriam mais profundas) da resisténcia 4 mensagem de Watson. 1, 0 MANIFESTO DE WATSON Duas teses de Watson dominam o seu manifesto: a primeira, a critica 4 in- trospecgao, é de ordem metodoldgica; a segunda, a redefinigao do objecto da psicologia, é de cardcter teérico. Tanto na critica de Watson a Psicologia do seu tempo como na sua nova proposta, estas duas teses interligam-se porque a tese metodolégica é um derivativo da tese tedrica. Concretamente, se a cons- ciéncia é 0 objecto da Psicalogia ento a introspecao é o método natural para es- tudar tal objecto; por outro lado, se 0 objecto da Psicologia passa a ser 0 comportamento, ou seja, o conjunto de acgGes e reacgGes de um organismo, di- recta ou indirectamente observaveis, entao impde-se 0 uso de métodos alter- nativos, em tudo idénticos ao métodos utilizados nas outras ciéncias natutais. Por que fazao estava Watson descontente com a psicologia do seu tem- po? Em 1913 Watson constatava que “durante 08 cerca de 50 anos da sua existéncia enquanto disciptina experimental, {a Psicologia} nao conseguiu estabelecer-se como uma ciéncia natural mquestio- navel” (p.163). O método introspectivo era o grande responsdvel deste resultado por- que nao s6 originava dados impossiveis de reproduzir como, de seguida, apontava o dedo acusador na direcgéo do observador e nao, como nas de- mais ciéncias naturais, na direcg4o do procedimento experimental. Watson conclufa que o método introspectivo ¢, por consequéncia, a Psicologia tin- ham atingido um beco sem saida - dados sem garantia, conceitos sem valida- de, problemas estéreis impossiveis de resolver ... Em alternativa, Watson propde maior objectividade - os dados prima- rios da Psicologia tém que ser observaveis, piblicos, de modo a que se gerem consensos sociais sobre a sua definigao. Numa palavra, para Watson sem acordo inter-observadores nao pode haver ciéncia. Os criticos de Watson argumentam, por vezes, que conceitos como 4tomo ou campo magnético, por exemplo, mostram que a ciéncia apela fre- CS ARMANDO MACHADO E NUMO M. DA SILVA Vol. 3, Menagritfico quentemente ao inobservavel e hipotético a fim de explicar os dados da ob- servagio. Senda assim, reduzir a linguagem da Psicologia a estimulos € res- postas observaveis limita gravemente o desenvolvimento da teoria. Parece-nos que esta critica falha 0 alvo por duas razGes, sendo a primeira es- pecifica, e a segunda de ordem geral. Primeiro, o apelo a construtos tedricos hipotéticos nao € incompativel com a exigéncia de Watson de que os dados de base da Psicologia sejam piblicos. Mesmo em 1913, altura em que a lin- guagem da teoria era ainda bastante incipiente, a explicagao dos comporta- mentos observaveis e suas alteragdes j4 apelava a constructos hipatéticos (e.g., integragdo de habitos). Segundo, em qualquer ciéncia experimental os dados primArios sao sempre pablicos e os constructos hipotéticos estéo sem- pre ligados, de modo compreensivel ¢ mais ou menos directo, aos dados ob- setvaveis. Electrées sio entidades hipotétivas, certamente, mas os seus efeitos em instrumentos de medida s4o piblicos, o mesmo se passa com pat- ticulas radioactivas e contadores Geiger. Mais, como os préprios instrumen- tos de medida provém de teorias ¢ praticas cientificas, de tal modo que 0 seu funcionamento & geralmente bem compreendido, as regras para passar do hipotético ao observavel ¢ do observavel ao hipotético sao clas prdprias con- hecidas. Na Psicologia da inicio do século, estas regtas eram tantas quantas os investigadores! Passemos agora para a tese tedrica, a tese fundamental de Watson, ou seja, a rejeigao da consciéncia como objecto central da Psicologia e a sua substituigéo pelo comportamento. Antes de apresentarmos as razGes para esta mudanga radical é necessdrio sublinhar, desde ja, que embora Watson rejeitasse a consciéncia como refetente central da Psicologia, ele nao negava a existéncia dos fenémenos comportamentais que nos levam a utilizar tal conceito. Dois exemplos apoiam esta afirmagao. Primeiro, Watson advogou © uso do ‘método da linguagem’ (the language methad) no estudo dos fend- menos perceptivos. Nao negando de forma simplista a importancia da auto- descrigéo (self-report), Watson tentou, isso sim, chamar a atengao dos investigadores para a natureza da auto-descrigdo, para as suas limitagées, € para o modo de as superar. Segundo, a identificagéo do pensamento com a linguagem subvocal, hipétese tantas vezes utilizada para ilustrar o simplismo de Watson, mostra bem que o autor nao negava ingenuamente os fenémenos mentais, mas antes questionava a sua natureza propunha formulagées ino- vadoras. O valor desta hipdtese sd pode ser apseciado no contexto das hipé- teses alternativas vigentes na altura. Quanto mais nao seja, a hipstese de Watson era interessante ¢ testavel. Por isso morreu! ... Muitas hipdteses ri- vais sobrevivem ainda hoje porque nao € possivel testa-las o que significa que, neste caso, sobrevivéncia indicia apenas ambiguidade ... Uma das razGes que levaram Watson a rejeitar os fendmenos mentais co- mo definidores do objecto da Psicologia relaciona-se com © efeito nefasto que 1995, © MANIFESTO DE JOHN B. WATSON 56 tais definigdes acarretavam (e acarretam!). Muitos fendmenos comportamen- tais, nao directa e/ou imediatamente relevantes para o estudo da mente, eram simplesmente ignorados pelos psicdlogos. Como consequéncia, a base de da- dos da Psicologia empobrecia-se pela accao de um filtro que era tao selectivo quanto arbitrario e mal definido. Watson identificava uma situagdo semelhan- te no estudo da evolugio no tempo de Darwin. A base de dades sobre os fend- menos evolutivos restringia-se aos dados que elucidavam de forma directa o problema da origem ¢ diferenciagao do género Homo. Posteriormente, quan- do os bidlogos iniciaram o estudo experimental da evolugao, esta situacao alte- rou-se e o homem deixou de ser o centro de referéncia da biologia evolutiva. Esta mudanga de perspectiva permitiu o desenvolvimento de uma concepgio mais tica ¢ adequada da evolucao natural, Watson conclufa: {0 bidlogo evolutivo] nao tem que rejeitar certos factos sobre a hereditariedade da cor do pélo do murganho s6 porque tais factos pouco dizem sobre a diferen- ciagao do genéro Homo em racas diferentes, ou sobre a origem do género Homa a partir de uma espécie mais primitiva. (p. 162) Watson propunha para a Psiologia uma mudanga de perspectiva semel- hante, ou seja, o alargamento do dominio da Psicologia de forma a incluir mais amostras do que chamamos comportamento e dos processos subjacentes a sua modificagéo. Com efeito, Watson almejava o que designou por “esquema uni: tério de resposta animal” (p. 158), ou seja, uma integragao total das psicologias animal ¢ humana. Para efectuar esta integracio era necessério (a) obter maior “uniformidade no procedimento experimental e no método de apresentar re- sultados, tanto nas investigages com animais como nas investigagdes com 0 homem” (p. 170), (b) que os resultados experimentais fossem reprodutiveis, (c) que se usassem em Psicologia critérios diferentes dos até entao vigentes pa- raavaliar a importancia dos dados. Por estas razdes, Watson defendia que 08 factos sobre 0 comportamento da amiba tm valor em e por si proprios, sem para isso necessitarem de referéncia ao comportamento humano ... Se quisermos controlar cientificamente 08 fenémenos do comportamento, entdo as eis do com- portamento na amiba, a identificagao do seu leque de respostas ¢ estimulos efec- tivos, ¢ a determinagéo da formagao, persisténcia, € reforgo dos seus habitos, devem ser efectuadas em ¢ por si prdprias, independentemente da sua generali- dade ou das suas implicagbes. (p. 177) Esta mudanga de perspectiva, impossivel de efectivar enquanto a cons- ciéncia permanecesse o objecto central da Psicologia, teria também reper- cuss6es praticas. Watson e muitos psic6logos actuais deixariam de se sentir embaragados pela pergunta tantas vezes colocada ao estudante do compor- tamento animal “Que impacte tém os estudos com animais sobre a psicologia humana?” 7 ARMANDO MACHADO E NUMO M. DA SILVA Vol. 3, Monogriifico Fu estava interessado no meu trabalho ¢ sentia que ele cra importante. No en- tanto, ndo conseguia estabelecer qualquer ligagdo entre os meus estudos [sobre o comportamento animal] e a psicologia tal como esta era entendida pelo meu in- terlocutor. (p. 159) 2. O MANIFESTO E A PSICOLOGIA ACTUAL As duas teses de Watson tiveram sortes diferentes. A tese metodologica triunfou j4 que, do ponto de vista metodolégico, todos os psicdlogos sao hoje behavioristas. Ou seja, os métodos, procedimentos, e técnicas do psicdlogo tém sempre que originar dadas que satisfagam critérios minimos de garantia evalidade. Por este facto, Watson permanecerd sempre na histéria da Psico- logia como um dos mais ardentes proponentes da cientificidade no estudo da conduta animal e humana. A tese tedrica € os argumentos avangados por Watson para a apoiarem tiveram sortes diversas; caracterizé-las exigiria assim que consideréssemos cada argumento individuatmente, tarefa que ultrapassa largemente o espago reservado a este pequeno artigo. Por isso, nos paragrafos que se seguem \i- mitamo-nos a tecer breves consideragGes sobre os argumentos que nos pare- cem, hoje em dia, mais relevantes. Com referimos anteriormente, a tedefinigao do objecto ¢ o alargamento do dominio da Psicologia propostos por Watson fundamentavam-se na neces- sidade de enriquecer o préprio conceito de comportament, visto como uma das formas de adaptagao dos organismas ao seu contexto ambiental. A diversi- dade das formas de adaptagao comportamental exige, para seu conhecimento, estudas que vao do comportamento da amiba ao comportamento do homem. Assim, nao deixa de nos surpreender constatar que os mais directos seguidores de Watson nao tenham encarado a investigagao animal com o mesmo espirito do manifesto watsoniano. Com efeito, nas mos dos investigadores que se av- todenominaram Analistas do Comportamento (Behavior Analysts), a investi- gacao animal cedo se restringiu a duas ou trés espécies animais, e a um nimero semethante de pracessos comportamentais. Tendo encontrado no condiciona- mento operante um filao de ouro aparentemente inesgot4vel, os Analistas do Comportamento tém ignorado sistematicamante as formas de interacgaéo com- portamental que naose encaixam no conceito de conduta operante (e.g., 0s pa- dres fixos de acgio, a aprendizagem do canto das aves, a memGria espacial das animais), c muitas espécies animais para as quais a aprendizagem desempenha um papel menor na sua adaptagao ao meio (¢.g., a maioria dos invertebrados). No espirito do seu manifesto, Watson certamente comentaria que a concep- tualizagéo do comportamento pelos Analistas Comportamentais € tio magra quanto o seu campo de investigagao (Machado, 1992, 1993). 1995 © MANIFESTO DE JOHN B. WATSON 58 Mais, nas maos dos Analistas Comportamentais a investigacao anima} deixou de ter valor em e por si propria, € passou a assemelhar-se a investiga- gio biomédica, ou seja, 3 investigagao que sé € interessante quando possibili ta a generalizagao imediata para a conduta humana. Exemplos tipicos desta forma de investigar incluem o estudo da superstigao em pombos € a sua ge- neralizagdo para a superstigao humana (cf. Skinner, 1948; Staddon, 1993, ca- pitulo 3) e 0 estudo da preferéncia entre escolha livre e escolha forgada em pombos ¢ a sua generalizacio para o problema da liberdade de escolha no homem (Catania, 1980). Aactualidade do pensamento de Watson também se evidencia nas suas criticas 4s formas de teorizar tipicas das psicologias estrutural e Funcional* entao vigentes. Tal como em 1913, nado é raro hoje em dia vermos psicdélogos cairem na tentacio facil de atribuir aos conceitos propriedades ad hoc para “explicarem” com maior facilidade os dados que fesistem &s teorias corren- tes. Para ilustrar esta afirmac4o, comparemos, por um lado, o modo como a psicologias estrutural © funcional utilizavam o conceito de sensagao e, por outro, o modo como a psicologia cognitiva contemporanea utiliza 0 conceito de ateng4o. Diz Watson em tom de critica: Tomemos o caso da sensagao. Uma sensagdo € definida [pelos psicdlogos estrutu- ralista ¢ funcionalista] através dos seus atributos. Um psic6logo dir4 prontamente que 0s atributos de uma sensagao visual sic a qualidade, a extensdo, a duragao, © a intensidade. Um outro acrescentard a clareza. Ainda um outro, a ordem. (p. 164; italico no original.) De igual modo, uma anilise recente da literatura cientifica sobre a cognicdo animal revela a seguinte amostra de atributos da atengéo, um con- ceito muito propenso a rituais com falso valor explicativo: focada, dividida, partilhada, transferida, aumentada, diminulda; a atengao tem propriedades terporais ¢ espaciais, um centro e uma periferia. Nao admira que a fluidez do conceito se correlacione bem com a plasticidade do comportamento’. Oiten- ta anos depois, a concluso de Watson mantém ainda toda a sua pertinéncia: 4 “Tenho tentado compreender 2 diferenga entre a psicologia estrutural e a psicotogia funcional, Bm verde ficat mais esclarecido 36 fiquei mais confiso" (p, 165) 5 Esta prética nfo caracteriza somente a Psicologia. Em 1909 Thomas Morgan, um dos génios da biolo- gia genética, dizia: “Na interpretagso moderna do Mendelismo, o$ factos esto a ser transformados em fac- ores [hereditérios] com grande rapidez. Se um factor no chega invocamos dois; se dois sfo insuticientes, ‘trés talvez resultem. Este malabarismo impressionante, utilizado por vezes para interpretar 03 dados, pode ‘cegar-nos a panto de atingirmos a trivialidade - os resultados sic muito bem “explicados” porque a explica- 40 foi inventada para os explicar. Trabalhamos para trés, dos lactos para os factores, ¢, de seguida, pronto! explicamos 0s [actos recorrendo aqueles factores que inventémos precisamente para os explicar... Receio bem que estejamos a desenvolver rapidamente um tipo de ritual Mendeliano para explicar os extraordiné- rios factos da hereditariedade alternativa.” (Citado por Moore, 1993, p. 336) 5 ARMANDO MACHADO E NUMO M. DA SILVA Vol. 8, Monogréifico Duvido que qualquer psicslogo consiga descrever as propriedades da sensago {atengio| de tal modo que outros psicélogos, de formag6es diferentes, concor- dem consigo. (p. 164) Eacrescentava em tom mais irénico mas nao menos incisivo: Embora seja aceitével que uma ciéncia em desenvolvimento nao tenba respasta para muitas queatdes, € dbvie que s6 aqueles que Se casaram com o sistema vi- gente, que Iutaram e sofreram por ele, tém confianga que no futuro as respostas a tais quest0es sero mais uniformes do que agora.(p. 164) A perspectiva de Watson e seus seguidores mais directos encontra um paralelismo inesperado nos tabalhos recentes da Nova Inteligéncia Artifi- cial (Nouvelle Artificial Intelligence). Por exemplo, Rodney Brooks (1990, 1991a, 1991b), um dos expoentes desta abordagem, pretende substituir os Pressupostos da Inteligéncia Artificial tradicional pela hipdtese dos Physi- cally Grounded Systems. Trata-se de tentar modelar directamente nao as complexas capacidades simbdlicas de tratamento de informagéo mas as inte- racgoes fisicas entre os organismos e o seu ambiente. Os conceitos da Inteli- géncia Artificial tradicional e da Psicologia Cognitiva (e.g., representagio) 40 Substituidos por conceitos mais simples ligados & accao directa no meio (e.g, maquinas de estado finito - Finite State Machines), ¢ de cuja interacgéa emergem condutas mais complexas que, aos alhos de um observador huma- no, definem a inteligéncia e o pensamento. Neste breve artigo nao é possivel aprofundar este paralelismo, mas a ideia geral est4 bem expressa nas seguintes palavras de Brooks (veja-se tam- bém Braitenberg, 1984): A idéia central é usar o mundo como 0 seu préprio modelo .., S60 ab- servador da Criatura {robot} ihe imputa uma representagaéo ou um controlo centrais. A Criatura, em si, néo possui nenhum deles; é tao s6 uma colecgéo de comportamentos simples. Do caos local das suas interacgdes [com o meio} emerge, nos olhos do observador, um padrao coerente de comportamentos. Nao existe na Criatura qualquer locus de controlo central e intencionat ... [Herbert} Simon observou que a comptexidade do comportamento de um sis- tema nado depende necessariamente da complexidade da criatura, mas talvez da complexidade do seu ambiente" (Brooks, 1991a, pp. 148-149). Resta-nos apontar aquilo que no nosso entender é necess4rio acrescen- tar a8 teses do manifesto watsoniano a fim de o actualizar. Referimo-nos a natureza e proveniéncia dos conceitos tedéricos ou, mais genericamente, & linguagem da teoria. A fim de ultrapassarmos o nivel de teorizagao muito elementar proposto no manifesto ¢, simultaneamente, tentarmos unificar abordagens aparentemente divergentes, € necess4ria acrescentarmos a nos- sa caixa de ferramentas canceptuais conceitos mais poderosos, ou seja, con- 1995 ‘O MANIFESTO DE JOHN B. WATSON 60 ceitos que vao para além de estimulos e respostas, integragao e reforgo de hAbitos simples; conceitos que comecem a capturar esse poderoso mas ador- mecido gigante psicolégico, a histria de interacgéo organismo/meio. Em se- guida, estes novos conccitos tém que ser operacionalizados, integrados em teorias e finalmente testados. Novamente, sé o esbogo do argumento pode aqui ser apresentado mas, para 0 efeito, nada melhor do que um exemplo concreto. Permitimos a um rato com fome explorar livremente um labirinto radial (radial arm maze) cujos bragos, divergindo de uma plataforma central, con- tém comida. Apds algum treino, diz o psicélogo cognitivista, o rato tem uma tepresentagao interna do labirinto, representagéo essa com varias propric- dades das quais o comportamento manifesto é fungao. Se aceitarmos essa representagao hipotética poderemos entéo efectuar previses, realizar expe- riéncias que testem essas previses, ¢ utilizar os resultades experimentais pa- ta modificar a representagéo que assumimos inicialmente. Apesar da razoabilidade desta estratégia de pesquisa, pouco ou nada ficamos a saber sobre as etapas iniciais de exploragao activa do labirinto: como é que diffe- rentes padrées de exploragéo se correlacionam com diferentes repre- sentagdes? Como é que a representagdo guia o comportamento de momento a momento? A resposta a estas questes permitird, por um lado, relacionar Progressivamente os estados internos com a histéria do sujeito e, por outro, telacionar 0 estado interno com o comportamento manifesto do sujeito®. Em Ultima andlise, estes estados internos referir-se-a0 exclusivamente a histéria do sujeito, caracterizarao as mudangas comportamentais que essa histéria originou, € serao os ingredientes de uma andlise dinamica que prevé o com- portamento ¢m tempo real (para exemplos, veja-se Davis, Staddon, Macha- do, & Palmer, 1993). O estado interno passa assim a designar um conjunto de histdrias equivalentes no sentido em que nao € possivel distinguir 0 compor- tamento futuro dos diferentes elementos desse conjunto (Machado, 1993; Minsky, 1967; Staddon, 1983, 1993). Parece-nos, com efeito, que 0 estado in- terno assim interpretado € 0 Gnico conceito capaz de dar vida a nogio de his- t6ria de aprendizagem (habito no tempo de Watson, reforgo, na concepgao de Skinner). 6 _Johnson-Laird (1988) deu duas respostasao dilema do te6rico aqui em jogo; ambas respostas sf0 vis- tas como criticas A abordagem behaviorista: (a) Muito do comportamento humano é espont4neo, ou s¢ja, no depende de causas externas, ¢ (b) se aceitarmos que 08 estados mentais existem, ento teremos que 08 estudar mesmo que eles nfo scjam indispenséveis para formular as leis do comportamento. O ponto (a) € uestiondvel porque a espontaneidade nao implica falta de sensibilidade ao contexto, dnica condigdo neces- séria para a abordagem behaviorista. © ponto (b), no entanto, ¢ bem visto, mas, seguindo a mesma l6gica, também se conclui que s¢ os estados mentais tém uma origem na hist6ria do sujeito, entio essa origem deve ser investigada mesmo que ela nfo seja indispensdvel para formular as leis da cognig&o. 6 ARMANDO MACHADO E NUMO M. DA SILVA Vol. 3, Monogrifico 3. POR QUE E TAO DIFICIL ACEITAR O MANIFESTO DE WATSON? “Behaviorism is new wine and it will not go into old bottles” (Watson, 1924, . 10) , "s mensagem de Watson, resumida nos pardgrafos anteriores, soou co- mo um grito de guerra e veio reanimar antiquissimas querelas metafisicas-co- mo as que op6em materialistas a espiritualistas, empiristas a racionalistas, ou inatistas a ambientalistas. A pandplia de criticas forjadas nos séculos XVIII e XIX contra La Mettrie e 0 seu hedonista “homem-m4quina”, contra os empi- tistas ingleses e os sensualistas franceses, contra o positivismo de Comte ea teoria da evolugdo de Darwin, foram deslocadas para a nova fronteira da psi- cologia nascente. Ai permaneceram até hoje ... Para muitos autores, Watson € 0 protétipo de tudo o que a pés-moderni- dade rejeita: eficiéncia tecnolégica, mecanicismo, positivismo, determinismo ... Duas razGes estao na base desta identificagao. Primeiro, ao estabelecer a previsio ¢ o controlo do comportamento como abjectivos primordiais da psi- cologia cientifica, Watson criou um escAndalo que ainda perdura e atinge nao 86 0s behavioristas mas todos quantos se atrevem a olhar as pessoas a partir da perspectiva das ciéncias naturais. De acordo com os s¢us criticos, ao anulat 0 papel causal do eu, ou da pessoa como agente, Watson cometeu um atentado contra a integridade do ser humano pois deixou-o nas maas de prepotentes ins- tituigdes e de prepotentes ¢ esclarecidos controladores. Segundo, ao colocar a consciéncia entre paréntesis Watson defendeu um reducionismo intoleravel que exclui do objecto de investigagdo da Psico- logia a propriedade que melhor define a especificidade do Homem (Sperry, 1993). Com efeito, a consciéncia sempre foi apresentada pelos grandes pen- sadores, escritores ¢ artistas como a matriz da liberdade e da originalidade e, portanto, da complexidade e imprevisibilidade de cada destino individual. Para os politicos, na consciénvia reside a capacidade de resistir e contra-ata- car toda e qualquer forma de contralo extesno sobre a pessoa; pata os cren- tes, a consciéncia é a janela que comunica com o transcendente. Em defesa de Watson, no entanto, queremos dizer que a primeira razao acima invocada se alimenta em receios infundados, modas passageiras, e Gb- vias contradicgGes, enquanto a segunda provém de alguns equivocos - que urge esclarecer - referentes 4 nogdo de comportamento. Vejamos cada uma das razGes em mais pormenor. Receios infundados. A previso e 0 controlo baseiam-se em leis que esta- belecem relagdes plausiveis entre acontecimentos. Estas leis permitem-nos dizet que, se tudo se mantiver constante, um dos acontecimentos é bom pre- ditor do outro; em certos casos, a lei também nas permite controlar os acon- 1995, O MANIFESTO DE JOHN B. WATSON 62 tecimentos no sentido de os deixarmos, ou nao, realizar. No entanto, a partir das relagdes expressas pelas Jeis ninguém pode adivinhar, nem muito menos fabricar, o futuro de pessoas concretas. Na melhor das hipoteses estipulam- se regras para viver. Ou seja, tal como as regras do contraponto e da harmo- nia nao faziam prever nem gerar por cdlculo as composigdes do Cravo Bem Temperado de Bach, também os principios elaborados por uma psicologia cientifica no podem prever nem controlar uma trajectéria existencial. Mas que seria de Bach sem a ciéncia musical ¢ instrumental que lhe foi transmiti- da e que ele enriqueceu de modo genial? Parafraseando Hegel, a liberdade alimenta-se no conhecimento da necessidade. Modas passageiras. Os seres humanos comegaram por antropomorfizar os acontecimentos do mundo fisico atribuindo-lhes caracteristicas pessoais, intengées, etc, Na antiguidade era corrente comparar 0 mundo a um ser vivo dotado de sabedoria, que engendrava outros seres, vivos ¢ inteligentes. Co- megou-se, depois, a olhar para o mundo como se este fosse um objecto inani- mado, uma maquina, um artefacto material; também era visto como um cenario para os seres humanos ¢ décil ao homem que tivesse ciéncia para 0 manipular, explorar, prever ¢ explicar; de um lado estava 0 mundo e do outro o homem, um era objecto € 0 outro sujeito. Estamos na era de Francis Bacon (1561-1626), o filésofo do método experimental. Desenvolvem-se as técni- cas e a palavra de ordem é eficacia, exploraga4o e dominagéo da natureza. A temeridade de Watson e depois a de Skinner, terd sido a de trazer esta atitu- de para os assuntos humanos, com intengao de reforma social. Assistimos actualmente a um descrédito desta mentalidade tecnolégica edo ideal cientifico de previsio ¢ controlo, tanto em relagdo ao mundo fisico quanto, ¢ sobretudo, em relagao ao mundo individual e social (Smith, 1992). Mas também aqui nos deviamos abster de reacgdes simplistas. No fundo, o que Watson ¢ seus seguidores pretendiam é que abordéssemos os problemas humanos com atitude experimental, em vez de permitirmos que as mudangas nas nossas vidas ocorram acidentalmente ou sem possibilidade de nos aper- cebermos, por falta de controlo, dos efeitos reais das alteragdes que efectua- mos. Somos por vezes mais severos com os fracassos daquilo que foi planificado do que com os fracassos devidos a falta de planificagao... Obvias contradicgées. Notemos, enfim, que muitas das criticas feitas a Watson e scus discipulos contém uma dbvia contradicgao. O juiz que senten- cia, o padre que sobe ao pilipito, o politico, o professor, o terapeuta, 0 ho- mem de negécios, os pais ¢ as mies, toda a gente nas suas relacgdes inter-pessoais, explicita ou implicitamente, parte do pricipio de que as pes- soas sio educiveis, passiveis de boa ou ma formagao, influencidveis, mold4- veis, e capazes de mudar de vida em fungio de intervengées vindas de fora. Entao, por que nao fazer uma ciéncia dessas formas de controlo, em vez de ea ARMANDO MACHADO E NUMO M. DA SILVA Vol. 3, Monogriifico nos ficarmos por solugées tradicionais que j4 tiveram tempo de mostrar a que valem? A nogdo de comportamento. Para uma cultura como a nossa, habituada adistinguir entre pensamento, vontade e acgaa, 0 termo comportamento re- fere-se quase exclusivamente aos actos motores externos de um sujeito. As- sim, em psicologia é comum falar-se nos aspectos cognitivos, emotivos, motivacionais ¢ comportamentais. Quando se restringe deste modo o concei- to de comportamento, é facil ¢ tentador concluir que o behaviorismo, watso- niano ou pés-watsoniano, nao passa de mera fisiologia muscular. Contudo, para o behaviorista o comportamento tem um estatuto mais amplo. E comportamento toda a acgao ou reacgéo de um organisme, interna ou externa, desde que relacionada com acontecimentos ambientais. Por uma questo de estratégia, tém-se estudado preferencialmente acontecimentos ambientais ¢ respostas observaveis. Mas, pensar, imaginar, falar, arrepen- der-se de determinado acto ou sentir satisfagdo pelo cumprimenta do dever, fazer planos para 0 futuro, emocionar-se ..., tudo isto s4o formas comporta- mentais. A primeira geragao de behavioristas, por método, por estratégia de investigagéo ¢ por ética da linguagem cientifica, impés-se severos limites conceptuais e verbais; escolheu organismos simples € respostas evidentes; tefreou a tendéncia do senso comum em inventar entidades explicativas fic- ticias para o compartamento, ¢ soube suspender 0 juizo marcando bem aqui- lo que observamos ¢ aquilo que inferimos, aquilo que sabemos ¢ aquilo que ignoramos, mas nunca p6s como meta que a psicologia ficasse eternamente a contar as gotas de saliva dos cies, as bicadas dos pombos ou as pedaladas dos Tatos em ambientes laboratotiais. 0 préprio Watson que, como ja foi dito, tinka um interesse tedrico e experimental abrangente ¢ nao limitado ao ha- mem, visava aspectos mais complexos, misteriosos e intrigantes do ser huma- no como, por exemplo, o pensamento e a linguagem. E préprio de uma atitude experimental ir modificando as hipdteses em fungéo das experién- cias. Por isso é injusto fixar um autor ou um sistema te6rico aos seus primei- ros enunciados. A epistemologia pos-moderna. Eis uma afirmagio chocante para um epistemdlogo pés-moderno: “digam-me qual € o estimulo que eu digo-vos qual é a resposta e digam-me qual é a resposta que eu digo-vos qual é 0 esti- mulo”. Com efeita, o determinismo laplaciano e a previsao segundo o mode- Jo da mecdnica cléssica foram, h4 muito, abandonados pela fisica. O estilo directo, claro e facilmente refutével de Watson ndo se casa com os prineipios da incesteza, o indeterminismo, a teoria do caos, efeitos borboleta, depen- déncias nao-lineares, restrigdes no horizonte preditivo, etc, Se em alguns aspectos, a filosofia de Watson esta em dissonaucia com 0s novos paradigmas, outros h4 em que a sua actualidade esté bem patente. 1995, 0 MANIFESTO DE JOHN B. WATSON a Também é tipico dos nossos tempos considerar que o ser humano €éum fruto do mundo em ligagao fraterna com as estrelas, as aves e os animais. Como di- zia o poeta Neruda, “Da Terra sou ¢ com Palavras canto”. Dissipou-se a opo- sigdo material-espiritual. As esséncias aristotélicas deram lugar ao tecido de relagdes. A complexidade dos seres vives ¢ dos seres humanos comega a ser mais bem compreendida sem recurso a forgas extra-terrestres, precisamente dentro do contexto das ciéacias naturais. A medida que subimos de nivel de complexidade, ao longo da hierarquia do 4t0- mo, molécula, gene, cétula, tecido, organismo, populagdo, surgem novas proprie- dades resultantes das interacg6es, interconextes que emerge em cada novo afvel, Um nfvel superior no pode ser completamente explicado decompondo-o ‘nos seus elementos bésicas e estudando as suas propriedades na auséncia dessas interacgdes. Por conseguinte, necessitamos de prinefpios novos ou ’emergentes’, capazes de abarcar a complexidade da vida. Estes princfpios sao adicionais ¢ coa- sistentes com 2 fisica € quimica dos étomos ¢ das moléculas. (Gould, 1985, p. 398). Apesar da sua propensao para a andlise, Watson facilmente subscreve- ria esta afirmag4o. REFERENCIAS Brooks, R. (1990). Elephants don’t play chess. Robotics and Autonomous Systems, 6, 3-15. Brooks, R. (199ta). Intelligence without representation. Artificial Intelligence, 47, 139-159. Brooks, R. (1991b). Intelligence without reason. 4.1. Memo #1293. M.I.T.: A1, Laboratory. Braitenberg, V. (1984). Vehicles: Experiments in synthetic psychology. Cambridge, MA: The MIT Press. Catania, C. (1980). Preference for free choice over forced choice in pigeons. Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 34, 77-86. Davis, D. G. S., Staddon, J. E.R. Machado, A, & Palmer, R. G. (1993). The process of recurrent choice. Psychological Review, 100, 320-341. Jonhson-Laird, P. N. (1988). The computer and the mind. New York: Harvard University Press. Gould, S. J. (1985). The flamingo’s smile. (Tratugso Portuguesa. O sorriso do flamingo, 1991). Lisboa: Gradiva. Machado, A. (1992). 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Por fim, abordamos algumas das cau- sas da resisténcia ao pensamento e propostas de Watson. Polavras chave: Behaviorismo, Consciéucia, Comportamento, Estado interno, Teoria. Abstract Disappointed with the state of Psychology in 1913, Watson proposed in his famous manifest two complementary ideas, one methodological - the replacement of introspection by the scien- tific method as practiced in the other natural sciences, and the other theoretical - the replace- ment of consciousness by behavior as the central object of Psychology. In this articte we analyze the reasons for these two proposals, their relevance today, and their limitations. Finally, we dis- ‘cuss some of the causes of people’s resistance to Watson's manifest. Key words: Behaviorism, Consciousness, Behavior, Internal state, Theory.

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