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© eligcurso do chete de ume tro polinesta oie 6 hionem ranea e yan ciseaoao, rads a's aivulgndo na Alomanha pelo pinéor Seleh ‘Suisurmmsy emi 163), conhesot longo » crescent cous edidarial abo comege daecadn de 0, ‘Guano fo prolndo pelos maxing: Coma gues, EMdoctmends tol exqlesido de toda, tendo resp feidu! na Fianes ha pouroe anahy scraver dn Eliova"Aubier Sontaipne. Nam iva buatesdo Ecire Samoa, reeditage em 1918 em seu pa Sehourrain mostra eigumss foto atias de Pe Lda tribe havea, morta alguna aoe antes: © blacunas do ehete tibal cou conbecida no Get ante coms @ Papaage— some gue on polinesios Gavsms 20 homam bianco, 0 euTopen esrisedo Gan vifavs suas tlnae hi pola menos dola se le “Tudavd nunea chegou a saber do seu sucesso ng Burp, culos eleasee uma ves estou mina closaraettd ao queria mesmo que uss palawras foster, ‘postas sues pebal porqua, conforme dala, vat eolena ato visiveis e quem no. as ‘leecobre por so a desoobre de gute mode” fe anoiagbes. da tala do, chete polinelo foram {eitas por Schetrmann.e toda suspelta de ques clara de trabelho fielenel, no género etm que Yatiive, Bitte hleneenguien foyary ness Alssipoutse com'o tempo & az ivestigagbes. A iste subjetva mos impregneda de sebedoria de ‘Ritach alate dotune diana guns Soaeiteners perverlia, ¢ apresontaga nowlsceswe guage daca. Fedo, felt) para. alerar ca samoonss sobre & ntabeae do hamem eiviizndo es possibihdades Ge desleo e ina cule por fre: Reps ea en ine, ina ol regutrada peio alert, Sie, eomtatlad o autor fansforma exams ‘Sota tpeeso, ‘azo de Tulavt mostra de inicio que os cilzadas esto ionge do que imaginam que s80 Se tote. O que toma por espertezs nto tals ie atasidr eom eges urls eos nvaivem. isso € ome Ronitaehe, mais que uma Wantage, 4 fala do ehete polinesto descreve em Snguagem “oeulse’ o amundo brane europe, rue hing e valores, Etendpmos que ele estd {niando da nossa strogancts habitus a tole da Inada, dos tossos medos dlstarcados, da presse, Ga raibigdo, da analedade, dos ables eetupldos {oe eneureaim e empobrecem a vida, mas le 280 cjre divtavoone a teas Cols mn r0 Ve, Ito somos mals bonites que os saraettes, ner Zak Shjsivos, ners aedust Sate eos pages ‘io powwnimoe de fato'o que imaeinamoe cue ¢ ose 0 Papnlagai € tim documento natrdsta {i aflaie a odd open, Sele le tno Sou dentist, prservactonista ou paler, por: {se stad conde loram eondllonados pelo teelo ‘Gogo vivoin,¢ Tuavt esta faland eee cond! clonaimento, ‘As cldades do papetegut S80 pavecidas com seué_cemiition. so" que em taminho malor. O Efgetel redonda” € umm deus que ele despreza ¢ stdora a meemotempa-e so muito muerosas os cote due rpaurnns pia ce bande cr. f, com na pratoas Teliglomas meearizadas, 0s ‘rehssos gue Lome e bebe, o bare excessi¥0 @ Indl que o eeres, 9 desejo de adaulnir© manter fall colges eifereites, a especialzagto, Sobre 0 {arse Tussi de que ‘Ainge assim, "a rarde ombigto do braneo ¢ realzer milagres pre hovas ¢ cea ves mais impressionantes -O papalagui ‘estamos todos submetidos, ‘cimbem defininvamente, Acontece as veres ql Tergefera, 16-10-84 — 0 ESTADO DE §. PAULO Luiz Carlos Lsboa| ‘As protissdes do papalagui deixem 0 samcano} perplex os elnlizados se espectalizam e perder) Ryle do conjante, seo eapazes de frequent 0} inssmo exoritctio duvente a0 anos e all repetirez solenidade, rigor ou mélode. Fala como dizemos ‘qe faim 09 "peimaitivas’. 0 Papalagut(eitions Aubler Montaigne, Pa rio ¢ um encento com o natura, com “equ que fora” nies eco qual multos su] 2 fundarpental (que ¢ aul important par Sobrevivencia espintual) parece obscure, distancel ‘on verdadelramente eomplexo. im boa parte das| esos, nossa resistencia pode cones essa apa énels Confusa ao que nao ¢ tao obecuro — uma] forma de vedar 0 eeesso ao que se quer ignorar| [Na maloria das vezes ato as pelavras empregadas] muita ineviiavels, que Bloquciam a visto. de] Sito lade do. 0 alu Ge Tua ¢ une specie de coli, alguma coisa que torna mais hilide’e caloride 6 que parecia turvo ou mutavel Qprosipa personager de hictria@nosca it) ‘que fomos ecostumados a ver"O auc.o polinesio Yeem ngs €o que somos de fato e nao pereebe} mos, 58 @ que algum dla vimos. 2, modo ome um homem muito rado a nnatureze pervete nosso universe coletivo pode: ‘bins ligao, um sprendizado que tende a Wao mals] tessa porgue fol experimentade, No ‘captvul ‘estinsdo 8" grande doenga de pensar incessante/ t pepalegut sto banals, f=! ‘endo porspasammenia a mais evidente das pues] fades ‘au dos seus grandes oquivocos consist em cratered a core da preteneao maior de corre, evajustar Eitasean "Inclusive « hursante Rrabors Tula munca tenha ouvido falar em totalivarismo, histo que ele se detein quando comenta uma ce fendéheia. “branea" a’ moldar o individu, end ‘tne do seu proprio bem. A"seivagao pela rea" Atrayessou a Historia Pusan, mes inca fol ta] prestigioss quanto hoje pouco provavel que o papatagui detenha sus) stengdo mas palavias de Tulsvl, como ele Sdivinsva. O mundo elvilizado @ tGo repleto del Gisiragbes,tarefas o objetivox, au re Personae tor mm conenteais, curate rumen ¢ menor € mai mitads do que juga ‘nalora des pessoas, una Vez que prefere deli ‘aments Lala a0 exter ‘56 um chefe de iribo polinésla quem nos coloes fem frente a um espeiho, ada temos coro sald fingir umn interesse rapido © compiacente cor] ‘ee “bom selvagens", capes de provocat antes ‘unas boas risadas do que nos Gebcar perplexos ‘dose feseioadas com 0 que mostra dentro de a Popalagui gosta do metal redondo ¢ do papel pesado; O gosta de meter para dentro da bartiga muitos Ifquides que saem das frutas mortas, além da came de porco e da vaca, e de outros animtais hosrfveis; mas cle gosta, Principalmente, daquilo que née se pode pegar e que, no entanto, existe: o tempo. Fala muite no tempo, diz muita tolice a respeite do tempo. Nunca existe mais tempo do que aquele que vai do mascer 20 Por do sol e, no entanto, isto nunca é suficiente para o Papalagui. © Papatagui nunca esté satisfeito com o tempo que tem;e acusa © grande Espirito por ndo the ter dado mais, Chega a blasfemar con- tra Deus, contra a sua grande sahedotia, dividindo e subdividindo em pedages cada dia que se levanta de acurdo com um plano muito exa- to. Divide o dia tal qual um homer Partiria um coce mole com uma faca em pedagos cada vez menores, Todos os pedacos tém nome: se- gundo, minuto, hora, © segundo ¢ menor do que o minuto, este € menor do que a hora; juntos, minutos e segundes formam « hora e sao precisos sessenta minutos e uma quantidade maior de segundos para farer 9 que se chama hora. E uma coisa complicada que sunca entendi porque me faz mal estar pensando mais do que € necessério em coisas assim pueris. Mas © Papalagui disso faz uma ciéncia importante: og homens, as muthe- see, até as criangas que mal se tém nag pernas usam ma tanga, presa 4 Cortentes grossas de metal, ou pendurada no pescoge, ou atada com tiras de coura 20 pulse, certa pequena maquina, redonda, na qual Iéem © tempo, leitura que nao € cll, que se ensina hs criangas, aproximando-Ihes de ouvido a miquina para diverti-las, Esta méquina, ffeil de carre; gar em dois dedos, parece-se por dentro com as mAquinas que exi istem dentro dos grandes navies, que todos vés conheceis. Mas também existem méquinas do tempo gran- des ¢ pesadas, que se colocam dentro das cabanas, ov se suspendem bem alto parn serem vistas de longe. Para indicar que passou uma Parte do tempo, hé do lado de fosa da méquina uns pequenos dedos; a0 mesmo tempo, a méquina grita e um espitito bate ne ferro que estd do lade de dentro, Sim, produz-se mesmo muite baruthe, um grinde estrondo nas cidades européins quando uma paste do fempo passa, Ao escutar este barulho, o Papalagui queixa-se: “Que tristeza que mais uma hora teaha se pasado”, © Papalagui fax, entio, uma cara fela, como um homem que sofre muito; ¢ ae entante logo depois vern outes hora novinhs. S6 consigo entender isso pensando que se trata de deenga grave. “Q tempo voa!”; “O tempo corre feito um coree!!”; “Déem um pou- co mais de tempo”: slo as queixas do Branco. Digo que deve ser uma espécic de deenga porque, suponde que o Branco queira fazer alguma coisa, que sett coragio queime de de- sejo, por exemple, de sair para o sol, on passcar de canoa no tio, OW namorar sua mulher, 0 que acentece? Ele quese sempre estraga boa parte do seu prazer pensando, obstinado: “Nao tenho tempo de me divertix”. O tempa que ele tanto quer estd ali, mas ele ndo consegue yédo. Fala em wma quamtidade de cvisas que Ihe tomar o tempo, agarra-se, taciturno, queixosa, ao trabalho que néo the da alegria, que nfo o diverte, 20 qual ninguém o obtiga sendo ele proprio. Mas, so de repente vé que tem tempo, que ¢ tempo esid ali mesmo, eu qumilu alguém Ihe d4 um terapo -- 03 Papalaguis estdo sempre dan. do tempo uns aes outvos, ¢ uma das agdes gue mais se aprecia — af ado se sente feliz, ou pozque the falta desejo, ou esta cansado da trabalho sem alegria, E esté sempre querendo fazer amanhé o que tem iempo para fazer hoje. Certos Papalagais dizem que nunca tém tempo: correm feito loucos de um lado para outro, como se estivessem possufdos pelo alt; por onde passam levam a desgraga ¢ © pavor por terem perdi- do o sou tempo. £ um estads horrivel, esta possessio que ndo hé médico que eure, que contagia muitos homens © 09 faz desgracados. io Papalagui € possafdo pelo medo de perder o seu tempo. Por isso todos sabem exatamente (e nic s6 os homens, mas es mulhe- fo © a6 criancialas), qantas vezes a ina ¢ 0 sol sairam desde gue, pe- meiza vez, viram a grande luz. De fato, isso é to sério que, la p certos intervaios de tempo, se fazem festas com flores ¢ comes ¢ be- bes, Muitas vezes percebi que achavam esquisito eu dizer, indo, juinde me perguntavam quantos anos tinka: “Ndo sei...” “Mas devias saber”. Calava-me ¢ pensava que exa melhor nao saber. 4 Ter tantos anos significa ter vivido um ntimero preciso de luas. E perigoso esta maneira de indagar e contar o mimero das luas por- que assim se chega a saber quantas luas dura a vida da maior parte dos homens, Todos prestam muita atengdo nisso e, passande um né- mero muito grande de Iuas, dizem: “Agora, ndo vou demorar a mor- rer”. E entdo essas pessoas perdem a alegria e morrem mesmo dentro de pouco tempo. Pouca gente hi na Europa que tenha tempo, de fato; talvez nin- guém mesmo. E por isto que quase todos levam a vida correndo com a velocidads de pedras atiradas por alguém, Quase todos andam clhando para o chiio e balangando com os bragos para caminhar o mais depresse possfvel. Se alguém os faz patar, dizem, mal-humora- dos: “No me aborresas, nis tenho tempo, vé se aproveitas melhor © teu.” DA a impressio de que aquele que anda depressa vale mais e § mais valente do que aquele que anda devagat. Vi ym homem com a cabeca estourando, os olfios virados, a boca sberta feito a de um peixe agonizamte, a cara passando de vermelha s verde, batendo com as mos e os pés, porque um criado tinha chegedo um pouguinho mais tarde do que prometera, Esse pouquinho era para ele um grande prejuizo, prejutzo-irreparivel, O criade teve de irse embora, o Papalagui expulsou-o e recriminou-o: “Roubaste-me tempo demais! Quem nao presta atengio ao tempo ndo merece o tempo que tem!” 86 uma vez é que deparei com um homem que tinha muito tem- po, que nunca se queixava de nio té-lo, mas era pobre, sjo, ¢ des- prezado. Os outros passavam longe dele, ninguém ihe dava importin- cia, N&o compreendi essa atitude porque ele andava sem pressa, com os olhes sorrindo, mansa, suavemente. Quando the falei, fez uma careta ¢ disse, tristemente: “Nunca soube aproveitar o tempo; por isto, sou pobre, sou um bobalhdo”. Tinha tempo, mas nao eva feliz. O Papalagui emprega todas as forcas que tem e todos os seus pensamentos tentando alongar o tempo o mais possfvel. Serve-se da gua e do fogo, da tempestade, dos relémpages que brilham no céu pata fazer parar © tempo, Pde rodas de ferro nos pés, dé asas As pala~ vras que diz para ter mais tempo. Mas para que todo este esforgo? © que € que 0 Papalagui faz com o tempo? Nunca compreendi bem embora pelos seus gestos e suas palavras, ele sempre tena me dado a impressfo de alguém a quem o Grande Espirito convidou para um fono. Acho que o tempo Ihe escapa tal qual a cobra na mao molhada, justamente porque © segura com forga demais. © Papalagui nao es- pera que o tempo venha até ele, mas sai ao sew aleance, sempre, sempre, com as méos estendidas e no lhe dé descanso, nao deixa que o tempo descanse ac sol. O tempo tem de estar sempre perto dele, cantando, dizendo alguma coisa. Mas 0 tempo ¢ quieto, pacato, gosta de descansar, de deitar-se & vontade ma esteira, Q Papalagui nao sabe perceber onde esta o tempo, ndo o entende e € por isto que o maltrata com os seus costumes rudes. © amades irmaos! Nunca nos queixamos do tempo; amamo-lo comforme vem, nunca corremos atrés dele, munca pensamos em ajunté-lo nem em partilo. Nunca © tempo mos falta, munca nos enfastia, Adiante-se aquele dentre nés que no tem tempo! Cada wm de n6s tem tempo em quantidade e nos contentamos com ele. Nao precisamos de mais tempo de que temos c, no entanto, temos tempo que chega, Sabemos que no devide tempo havemos de chegar ao nos- so fim e que o Grande Espirito nos chamara quande for sua vontade, mesmo que ndo saibamos quantas Iuas nossas passaram. Devemos livrar o pobre Papalagui, téo confuse, da sua loucura! Devemos de- volverthe o verdadeiro sentido do tempo que perdeu, Vamos despe- dacar a sua pequena maquina de contar tempo e Ihe ensinar que, do nascer a0 por do sol, o hemem tem muito mais tempo do que é capaz de usar.

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