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JU a canTEMPLAGAO SOBRENATURAL : ‘ PEQUENO TRATADO PRATICO 4 elaborado segundo Santa Teresa, $. Joao da Cruz, Sto. Thomaz 2S, Francisco de Sales pelo PADRE JULIO-MARIA__ Ce Mistonario de No Senbora do 5S. Sacramento : 8, PA Editora « ~ reiepane Est, do Rio REIMPRIMATUR — MISSRO ESPEGAL vor EUNO.'E Revo, Sr; Bispo pe NICTHE- Rov, D. José Paneita ALvEs. XETROPOLIS, 3 DE MAIO DE 1936. Fr. OSWALDO SCHLENGER, ofin, TODOS O8 DIREITOS RESERVADOS Curto Prefacio © presente tratado sobre a Contemplacio ern destinado a servir de introduccéo és Cf templagges evangelicas, sobre a paixae Ge Jesus Christo, escriptas para o uso dos sacerdotes € das almas religiosas: Entre Sato, para nfo romper a uniformidade dos tars yctumes, achei preferivel publicé-lo se paradamente, estando deste modo mais % Parance de todos, qualquer que seja 0 25° Zimpto habitual de suas meditacies ou con- templagies. Nao espante ao leitor o titulo; “Contem- plagdes”. Sho verdadeiras contemplagbes, Pee erara uso daquelles que Deus j& favo" macau com este dom sobrenatural e sublime, sees daquelles que_aspiram elevar-se 208 Pincaros da perfeicio. ‘Os primeiros, de facto, no precisam, Ou melhor, precisam menos do auxilio das, ine Teatries ‘humanas, para se unirem a Deus dustiiem dellas precisa, somos n6s, que N40 Gvemnos ainda a dita de entrever 0 que © SXShor prepara aos que o amam, mas que Senos vontade e desejo de alcancar a per felgzo e de nos unirmos a Deus, como sax bem fazt-lo os Santos. Este tratado propée-se expor clara e sim- plesmente 0 que € a Contemplagéo ¢ como & que se pode pratica-la. 6 —— A contemplacio sobrenatural Para muitos, as consideracdes que seguem serio uma verdadeira revelacio; pois cor- Fem, a esse respeito, as mais arraigadas PrevencGes ¢ os mais’ desastrosos erros. Terminamos a parte theorica com uma applicacao pratica dos principios expostos, isto com a vida admiravel de Sania Te. resa do Menino Jesus, mostrando, pela aus toridade de sua auto-biographia, que a san- ta Carmelita percorreu os. diversos gratis da_contemplacao. Esta parte illumina de um suave esplen- dor a theoria abstracta da contemplacao ¢ Ihe communica vida e pratica. Possa este pequeno tratado juntar-se As obras theologicas dos grandes Mestres para fazer resplandecer a verdade, e mostrar que a contemplacao nao € um privilegio de umas almas escolhidas, mas 0 caminlio normal commum da santidade. E todos nés somos chamados 4 santidade Sancti estote, quia ego sanctus sum! (Lev. XI. 44). e P. Junio Maria INTRODUCGAO Razées de ser deste tratado é die Almas religiosas, 6 a vos que se rige este pequeno estudo. Os metho~ dos de meditacao sto por todos cone cidos e esto 20 alcance de todos, mas hao se dé o mesmo com a contemp! ¢ao. i {Um pequend estudo, a0 mesmo tert- 0 restmido, claro, simples e baseado Eobre autoridades irrefutaveis faria, parece-n0s, um immenso bem 4s almas * ‘ enunci: igiosas que, tendo r 0 religiosas dem a necessidade de unit ge mais intimamente a Devs. - Num ministerio j& longo junto. das almas religiosas, temos encontrado al- gumas vezes aspiragbes ardentes e > Forgas heroicos para chegar 4 unife , Deus, e a0 mesmi ma cor ancia lamentavel sobre 08 meio que a ella conduzem. sobrenatural —— ® $—— A contemplaco. sobrenatural ——= [B= ——— A conteraplagto, sobren : ic re- Y smente ellas podiam, mas devia re huinelar & mecitacdo discursive, pare : i a templagao, S -applicar-se 4 cont i a apm agramre para <0 © 27 POU Go tempo adguiriram uma uniao,admi- vel com Deus, uma facilidade de pra Hear a virtude que a ellas mesmas e5- amiava... um desapego das. creat a § que as fez nado encontrar it ies F Ticidtde a ndo ser no coragao de divino Esposo. i apé istido a estas mu- apés ter assisti a dancas verdadeiramente maravilhosas, gue, resistindo aos protestos de noses Mreapacidade, nos nos decidimos a por maos A obra e expor 2 todos uma doutrina infeliamente muitissimo pou €o coniecida, e por muitos com sob win falso aspect. Desde que se Ihes fala de contem- lacao, muitos se assustam e, sem xa Pinar em que ella consiste, exclam an immediatamente: Oh! isso & elevae i im! E’ para ! ais para mim! E’ pat . etm eara os carmelitas ou os car tuchos... Eu -néo pretendo tantot Que pesar!... mas si reflectissemos bastante, € como st! See hear igho 10 € ‘a mim. + rfeigao do € par 1 per ial, E para os Santos! 7 Principalmente hoje, que a falta de sacerdotes se faz dolorosamente sen: tir, um pouco em todos os paizes, ¢ que 0 ministerio das almas, em conse- quencia das obras sociaes, absorve muito os sacerdotes zelosos que nao dispdem mais de tempo para dar as almas religiosas instruccées minucio- sas e praticas sobre a vida sobrenatu- ral, parece-nos necessario suppri-las com leituras que possam dar-lhes as nogdes que ellas devem possuir sobre estas materias, Entre estas nogdes, uma das mais necessarias, e talvez das mais desde- nhadas, € a mystica christé e, neste raino das sciencias divinas, sobretudo a contemplagao sobrenatural. Encontramos entre as religiosas al- Mas generosas que desde muitos an- nos se debatiam dolorosamente nos methodos de meditaglo, qué, em vez de leva-las para o céu, pareciam resec- cé-las e manté-las por terra, sem anhe- los. Eram passaros com asas podero- sas, mas ligadas, que se esforcavam Por voar e, apés cada ensaio, recahiam pesadamente ao solo, No dia em que Ihes descobrimos os sublimes horizontes da contemplagao € thes fizemos comprehender que nao x 10 —— A contemplagto sobrenatural Mas nao! a perfeigio néo é ar Santos, mas para aquelles que'o quad ser... antos a possuem ja Se fe Goatiearoont Gontemplagdo tambem nfo € para 04 Santos, — elles a tém ja... ella € a 24 queiles e aquellas que querem quis! rit a santidade... ella ¢ um meio de | santidade. .. ji Santidade... € 0 caminho da pert E é isto o qu i neste. pequeno Tratadon sasiinsesuitemos fezt-to2 a le nao falta... convicc&o igualmen- i ets comecendo 0s preconceitos lestruir... idé: au t < ‘as for- maces . Preconcebidas que icemen ee instornar, € as verdades cahidas bel Ae alee que teremos de reti. de baixo dos escombros da igno- rancia, ter-nos-ia f PoapeaTal a, faltado a cora; i no tivessemos encontrado imestres au ‘ados e de todos reconhecidos. Béa von- Estes mestres so: S J 3 anta Te Sto Jodo da Cruz, Sto, Thomaz e Sao Francisco de Sales. Quatro mestres em materia de contemplacao que ninguem desconhecerd, © cujos_escriptos con- stituom autoridade na Egreja. Com el Jes € impossivel desviar-se. . ‘A contemplag&o sobrenattral —— 11 Este pequeno tratado, si algum valor fem, tira-o destas autoridades, cuja doutrina reproduzira, sem alteragao & gem outro accrescimo, a nao ser um commentario onde parecer necessario. Ha, sem duvida, manuaes de con- templacio mystica seguros, claros, profundos e admiravelmente bem fei- Eos. Quem ndo conhece as substanciaes F obras do Padre Poulain, do Padre Sau- F Grean, do Conego Rilet, para nao citar sindo os mais conhecidos? Poderiamos te-los resumido. Preferimos nao fazé Jo, apesar de sua incontestada autori- dade, e limitar-nos exclusivamente aos dois grandes mestres que séo Sta. Te- tesa e $40 Jodo da Cruz e aos dois Goutores da Egreja, que sao Sto. Tho maz e $40 Francisco de Sales. Deste modo mlossas assergdes estardo 20 abrigo de toda a critica e toda a cen- ura, Mesmo os mais exigentes € 0s mais prevenidos contra a contempla- Gio serao obrigados a render-se. Confessamos que consultamos lar- gamente e estudamos diversos artigos, Suito esquadrinhados, do “Amigo do Clero” sobre este assumpto, e que mui- to nos ajudaram neste trabalho. Repetimo-lo: este trabalho ¢ proprio para’as almas sacerdotaes © religio- 2— A contemplactio. sobrenatural Sas... Nao receiamo: i i los mesmo di: ae iba na Ce ignorarem as nogdes que aqui quere- ince denen ver, que muitas almas re- ligigsas, mquanto generosas e viris, peter on esac, ed Lede, poi , pois, 6 sacerd gout rdotes ven! do Alissimo, vés, toda ee Fides e preferidas ‘do. divino site, Hade reléde e estudae estas hinhas. 6 ; j estar os de que ellas abri 20 vosso esprit um orizonte noe, ao vosso sorapHo uma nova fonte ae e d a vossa vit igi ara , vida religi a verdadeira ‘direc¢ao_ que o nde oo r perfeito... a'santidade, -” CAPITULO 1 Nogdes preliminares para chavees, « procioke do Hae VRS seguir, devemos dar aqui algumas hordes theologicas elementarcs, bem neki precisar 0 sentido de certas °X- pressdee empregadas pelos autores: ‘As gragas de Deus dividem-se Oe quas categorias: gragas (gratum faciens) © gracas gratuitas (gratis data). Aprimeira & uma graga que tem por fim tornar metho? aquelle Me a recebe. Divide-se’ ella em 67968 Tr itual e¢ graca actual. Estas duas gracas constituem, propriamente fa Jango, a vida sobrenatural. Est vida, landos feito, & formada por dois ele; com ge: elemento acerescentado e a transforma, e a S¢- nossa alma, qu gauir o movimento imprimido Por Deus que a faz agir. Este elemento transformador éo que nos chamamos a graga santifican- fe, e & sempre acompanhada pelas 14 —— A contemplacéo sobrenatural —— virtudes infusas e dons do Espirito Santo. A graca santificante transforma a substancia da alma; as virtudes in- fusas transformam-lIhe as faculdades, Notemos, de passagem, que a graca santificante, as virtudes e os dons in fusos crescem todos juntos e na mesma proporgio. O movimento imprimido por Deus para fazer-nos agir na ordem sobrena- tural chama-se graca actual. Nem. um s6 acto sobrenatural pode ser feito sem esta graca; sua impulséo deve | absolutamente inspirar, fazer acceitar e sustentar até ao fim estes actos, comquanto elles sejam nossos e nao possam realizar-se sem nés. Contém assim a graca tudo o que ha de so- brenatural em nosso acto; nosso pa- pel cooperar nelle. . As gracas gratuitas, que convém nao confundir com os dons gratuitos, pois toda a graca, sendo sobrenatural, & um dom gratuito, tem, principalmen- te, por fim, a edificagZo do proximo, e podem encontrar-se, excepcionalmente, sem duvida, em pessoas privadas da graga. Ellas nao transformam a natu- Teza daquelle que as recebe. Estas gra~ gas _sdo de ozdem extraordinaria ou miraculosa, como as vis6es e as revela~ Ges: Balam € 0 seu asno ma nharam com a SU; graga santifit ynatural. —— 15 ‘A contemplagtio, sobrenatt da ga- a visio. istincgao bem clara: is, poi distinegéo bem clar Bis, pol ae, que nos santificas € graca gratuita, que e para 05 OF ros, seja para ‘esclarece-los, edifica- i i SI Jos, etc., sem servir, por si me ntificaga al. intificagdo peso: io a Apés estas nogdes certas, propor, mos uma pergunta importante © Tt vae langar por terra, num tos e mal- tama multidéo de preconceitos € didos. oe ae gracas da contemplagio so gre a de" santificagdo, pessoal ou rast Setraordinarias, mieaculosas, pata i outros? — Em 7 Neil “lias santificantes ou gratui tas? Muitas pessoas piedosas, enganadas pala im um pouco le- ens pouc elas Falague a conerplacdo € uma a a miraculosa que € dada a alg gre" aimas. privilegiadas. Verdade © rms termos empregados por © i dacieira confusao em materia, Wo Tir te. E? uma oragdo sobrenaturaly Portas; mystica, dizem outros; dizem iz um. terceitO} extraordinaria, feta tum quarto; € uma oraca\ aro. Sey Estes termos, bem explicados, so 168—— A contemplagho sobrenatural siva, dizem ainda. Todas estas pala- vras muito contribuiram, sem duvida, para fazer nascer a idéa de que ella ¢ csalgo de miraculoso, indefinivel e muito exactos; mas por sua multiplicidade, introduzem a confuséo na applicagao, © fazem crér que a contemplagdo, pa- lavra que por si s6 espanta ja muitas almas superficiaes, € uma giaca gra- tis data, miraculosa e extraordinaria, Pois bem, para consolaco das al- mas generosas, nds respondemos, com os mestres que seguimos, que isto é um grande eto e mesmo um erro fun= | damental. Nao, a contemplacao sobrenatural nao € uma graca miraculosa, mas uma graca santilicante, pessoal, ao alcance de quasi todas as almas generosas que tomam a peito a santificacao. Esta assercao parece quasi uma no- vidade no meio dos preconceitos cor- Tentes c da ignorancia que envolve esta materia. Para nao deixar a menor duvida so- bre este assumpto, vamos provar theo- logicamente esta these, tanto pela au- toridade como pelos’ exemplos dos Srandes mestres da vida espiritual. . pertencem 4: CAPITULO TI itemplagao a un ag Sanita Thomaz ¢ S. Joao da Cruz sio 0. obre este assump! aa a Summa (2. 2. O_primeiro, na Sua art. 3-55 4 } ium. q. - Canals y, diz ae certos arrebata: OE ‘extraordinarios, nos, quass 5 0 acon! Paulo, Ve a et se eracas gratuitas, mas el ai 1, diz fe separa a contemplagao, na qual 40 le, nao se ve Det poraue rag Spode ser sem especie (1)- Srezales Pouz, por sua vez, faz ex-professe 2 Gr, ee entre. a8, gragas grates aie nao unem directamente 1a Dass, ¢ de contemplagdo ou de uniso, as Br de fe ¢ de amor, eujo mais Sito estado € uma sorte de amo i elo qual a al esa rin atemente unida a Deus, € Deh a, 180, 05 wr 18 —— A contomplacio sobrenatural = ‘A conteroplacho sobrenatural —— 10 s4o as maiores gra i Uma outra prova decisiva em fav . desta these & que a contemplacdo, co, mo a ensinam todos 0s theologos com to. Thomaz,-é um effeito dos dons do Espirito Santo. Ora, quem ousaria sus- tentar que os dons do Espirito Santo dados no baptismo, augmentados na confirmacao, sejam’ gracas gratuitas, - para o bem dos outros © nao para 2 santificagdo pessoal? Sto. Thomaz re- je m qual destes elementos entram 0s fies ‘do Espirito Santo? Ha controver- sia quanto a classificagao; ha accordo perfeito quanto aos effeitos. Pensam os scotistas e Suarez que os dons entram nas gragas actuaes, ¢O- mo sendo dons passageiros € transito- Mos do Espirito Santo. Sto, Thomaz € Com elle o commum dos theologos pen- sam que elles sao disposigoes estaveis que tornam a alma mais apta a receber ae impulsos de Deus, mas que sO en- pete 10, Comtrario em varios pontos da tram em exercicio sob a mocdo actual a (3). Edo Espirito Santo (4). 0 effeito é por, _Recordemos 0 que dissemos a princi- tanto, 0 mesmo nas duas opinides; pio ace que para os primeiros seria uma graga graca santificante é acompanhada pelas virtudes infusae « dons do Espirito Santo, e que estas tres coisas, graca, virtudes e dons cres- em todos juntos na mesma proporedo. men gomtemplagao 6, pois, verdadeira- nte uma graca santificante, e de mo- do algum miraculosa, Ora, a graga santificante & hi ou actual, A primeira é um element accrescentado 4 nossa alma, que a transforma; a segunda & um movimen- (© imprimido por Deus, que a faz agir. aefunl ordinaria; e, para os segundos, uma graga actual extraordinaria. Por que extraordinaria? Porque 4 operacao pela virtude ou pelos dons completamente differente, opposta mes mo. Pela virtude nds nos levamos; com a Gom nés somos levados: “In donis Spiritus Sancti mens humana non se habet ut movens sed magis ut mo- tus” (8). O movimento vem de fora, motio ab exteriori. : Todos comprehendem bem esta dif- ferenga: pela virtude nds raciocinamos, 2) Montée du c. 2M armel, 1. THT, ch. XXX, ait Be %, 9% are'8 ad Tet aa Ds et 2 2, | DL 2d 5) ssa 1 82, 2 2» — A contemplacto sobrenatural consideramos o: in Ss mot os dons nés se Ti vino, E 4 , Taare portanto, isto um estado ex- mae Ray um outro trabalha de f6- Ss: n6S somos o instrumento, © orgdo do Espirito Santo (6). Nos | agimos entio de um eles extraordinario" (1), rhe. lostrando que ’ ' a_contemplaca mucto dos dons do Espirito Santo, fice oes ntéo claramente provado que é uma raga acti graga actual-extraordinaria, Continue: mos, porém, ainda o m envol- Hi © mesmo desenvol. mE a theologia que ha varias es- Ths de & agas actuaes santficantes, 10 homem — diz Sto. Thomaz — um d inci tuplo principio motor: um interior, que € a razio; gue 10; outro, exterior, que é A primei echieptimeira graga que nos vem do Espirito Santo, e que esta sempre 4 nossa disposigao, 6 a de agir por um ah rom sobrenaral todas as veze: que fazemos uma ac¢&o_ honest ° jo de graca, oe O12 a. as uty Donel 2 ebtitibus atstingumtur in noe Be Somnath de Guan a m de agir; cor | guimos um impuleo dis +A contemplago sobrenatural —— 1 |A segunda, que nao esta assim 4 nossa disposicéo, & a que nos entrega fromentaneamente 4 accdo divina, de fim modo extraordinario, obedecendo entdo. 2 um principio extrinseco, que é Deus. Em virtude deste segundo principio nds recebemos um accrescimo de forga para o espirito e para a vontade, que Forna faceis os esforcos mais heroicos. Nés podemos verificar perfeitamente esta acco dos dons do Espirito San- . fo com a nossa accao ordinaria da simples virtude. Ha momentos na vida das almas ge- nerosas em que ellas se sentem como que soerguidas por uma forga superior. Queriam antes, mas ndo eram capazes; hesitavam; de repente, sob um impul- so que sentiram muito bem nao ser proprio, langaram-se, tomaram resolu- goes energicas, foram avante, remo- _ vendo ou esmagando todos 0s obsta- culos... Agiram, mas sentiram que cram mais passivos do que activos. - que foi Deus quem agiu nellas. Eis o que Santa Teresa chama gra- ga geral e raga particular @ S. Joao Sa Cruz soccorro da graga € gracas mais especiaes. As palavras differem, mas exprimem © mesmo phenomeno. 22-—~— A contemplacto sobrenatural Pois bem, a contemplacao pertence ao genero destas mogdes extraordina- rias do Espirito Santo. As gragas da contemplagao sao as mais elevadas nesta ordem de graca, mas sao destas mesmas gracas. Com effeito, reconhece-se facilmen- te nestas mogdes do exterior todos os caracteres dos impulsos divinos, que poem em exercicio os dons do Espiri- to Santo, Ora, sobre os sete dons que n6s recebemos, 0 dom da intelligencia € 0 da sabedoria tem por fim proprio 0s actos da contemplagao. Entre, por exemplo, 0 dom da intelli- gencia em exercicio, elle produziré uma £8 sobrehumana, 4 qual se adhere pela acgdo extraordinaria de Deus. Quando se cré pela virtude, humano modo, tem-se no espirito os motivos de credulidade; quando o Espirito Santo coopera, nao se delibera, 6 a adhesao coupleta, é a certeza. Assim com o amor. E & 0 que faz comprehender esta propensio, de certo modo, cega para Deus. Os motivos de amor ahi nao sao nada humano modo; a alma ama porque o Espirito Santo accendeu nella 0 amor. Eis, portanto, a contemplagéo em toda a sua elevacio e em toda a sua —2 a contemplagto sobrenatural , tifican- implicidade. E’ uma graga sam cals extraordinaria, porque & © eficito de um movimento especial do iri , No que ito Santo; sobrenatural, no qu ail se distingue da simples meditac4o Sno sentido de que nés nao podemos adquiri-la por n6s_mesmos, mas sim- plesmente nos dispOr para ella. Si ¢ uma graca actual, si bem que extraordinaria, esta claro que € uma graca ao alcance de todas as desejosas de santificar-se. a CAPITULO Ill Meditacdo e contemplagéio Entramos ntramos no domini Hossa aco propria si ou meditagdo. A aci mogao ab extra, os dons do Espii templacao, Os doutor _ O es e€ mest Indie Tres que i am claramente estas duae shes : es distinct: i tinctas. Seria i capitis ine Preciso _transcrever oda pratica. A | 08 raciocini s ios 640 de Deus é uma pondo-em movimento irito Santo: é a con- ctos que poem ceo tela suceessfo. °° ‘is i chemin sane Passagem da “Viva aramma’: “0 tempo de passar da me- go alo 4 contemplacto € chegado To pagina cos discursivos ¢ as medi- mean a, & alma fazia outr’ora por si Te ama, yom a faltar logo que ela s YE privada dos gostos efavores sencis Ue de ae gozava. Condemnada. a le seccura e de aridez, ella ‘A contemplagio sobrenatural —— 25 ndo pode mais_discorrer nem achar apoio sensivel. Entio no sio mais os Sentidos que enriquecem, ¢ 0 espirito que aproveita sem nada receber dos dentidos, Resulta que neste estado é Deus quem age particularmente nella. Elle mesmo a instrue e diffunde nella seus conhecimentos infusos. Elle com- munica-lhe na contemplaco bens es- pirituaes que sio a um tempo seit co- Thecimento e seu amor, sem fazer uso Ge palavras, nem de raciocinios, nem dos actos que ella no pode mais pro- duzir como antes”. Eis ahi os dois exercicios: a medita- do e a contemplagao como que se guindo um ao outro, comquanto de or- dens differentes. A meditagao € 0 exercicio de nos- sas faculdades: intelligencia, memoria, imaginagao, vontade, para convencer- nos das verdades e afervorar 0 Cora do. ‘A. contemplogao, ao contrario, € um exercicio da f6. “O entendimento deve desembaracar-se de tudo quanto fere os sentidos — diz S. Jodo da Cruz (1), para estabelecer-se solidamente na fé, inica preparacdo proxima e efficaz para a uniao”. DVM, Str, HL. Vv. 3 par. 5, p. 862 edit ‘aes Carmel. IV. 2 aK 2 Montés au . 4 ——"A contempiasto. sobrenetural. —_*” - ral “Com effeito, beatif lola ; ifica e da fé 6 o Eee vata jj toda om ver Deus obseu- geomtemplasto sem 1 modo que a unizo razio directa da grave e é aitferenga consiste e mente numa e c vens na outra, 7 da alma esté na aaa de sua fé no deve tere cea i cimentos, ents iments, su sentineriog oars mente pote a y deve adherir sim less caved essencia divina” "Sy. m Deus” (3) meira é ae : ra € de origem na meditagi Sr fora siga uma outra evoliicaayse es foal c's See Be mM especta- " examinamos, $y Carmel. 1. 22. eh 2x. ps6 4) Tid! ch, XXIV, ‘A contemplagio sobrenatural —— 77 fazendo poucas reflexdes: € uma con- Htemplagio natural. -- F Do mesmo modo, quando nos repre= ‘gentamos 0 divino Salvador em tal ow fal acgdo ou situagao de sua vida, ve mos seus gestos, a expressao de sett E Semblante, ouvimos suas palavras, 9° “geguimos as _impressoes produzidas | SeBiGutros: 6s contemplamos. Esta contemplagao é ainda natural. ‘Mas pouico a pouco a doctra expres siva dos tragos de Jesus, a bondade fie seu coragao, que se reflectia em st Siar & am suas palaveas, a ssblimiday de de seu entendimento, nos encantam, penetram-nos.da verdade qué elle en- Brae exam em nia & devel ae ama-lo.... de servi-lo..- de nos in- ainirmos no numero de seus discipulos fieis... 0 coracao esta conquistado..- © amor invade esta contemplag4o na- tural... @ dispde admiravelmente 2 aima... prepara-a para receber em breve do Espirito Santo este movimen- to exterior que eleva 4 contemplacao sobrenatural. Poderiamos dar a esta contempla- do natural, que se pode adquirir por figs proprizs forgas, o nome de cone femplacao adquirida, emquanto qe t segunda, como obra divina, € passiva. CAPITULO IV Natureza da contemplagao ES. Franc . Francisco no-la expicar. A conte leno € outra coisa , simples e epitiat € permanente at a csntito ds coisas tvinas. Conpicher. mod = faces 1 lamente "aeio da meditagio' com ela, Ao pe guenasabelhas chamam-se iaymphas n mel; dahi em = sam a ch abelhas aa am a chamar-se ab cima oe Sam a chamnar-seabelhas. Assim n ethas a ora- fio chama-se meditagto ate need até que te. mel a mplagao, diz el- sin’o uma amo- fae em contempla- iste mnie 2 ,Cl2t0, preciso e completa te conform de dizer, Bis algumas outtog de cer. Eis aguas outta passagens gra ato Bispo: “A oragao e a thesle. gia mystica nao & outra’ coisa sino sagio pela qual a aime co Se gntretém amorosamente com Deut Por amorosamente c is D Tratado do amor i 1. VI. e, IIT, a 1or de De 3 de Sales quem vae “ "A. conterplactosobrenatural —s sua amavel bondade, para unirse coniundir-se com elle (2 Surprehendentes identitieagdes || $0 Fagviga, mas que sao um raio de M § Francisco de Sales reune 0 &Xer0 Jo amor affective, oragao, theologia = mystica e contemplacao- He facto, consistindo o exercicio do amor affective principalmente A 27 » Gao (3) 2 a theologia mystica nao sen- 49 sino 0 conhecimento experimental Ge ‘Deus, adquirido pela pratica do Santo amor, o santo autor pode ainda saantificar estes dois exercicios, tomar idenvialavra oracdo no sentido geval, ho qual ella abrange todos 08 actos da contemplacao. Ter geguida, a contemplagéo send? sigeatteneaoamorosa para com Deus” (4), comprehende-se que ella se con funde com a theologia mystica: Eis identificagdes que simpli cam a terminologia da_contemplacao. pmo aime ore tov wats CT soot racao. das pessoas. piedosas, ¢ Bedroom acao a ON cese Catena a Gmor, accrescenta elle, {az-n0s Mm Gitar, mas o amor obtido nos faz con é templar” faem — 1. Vie b @ tdem — | YE Sf ah vb tn peal 3 —— A contemplagto sobrenatural E ainda: “Ao comegar, nbs conside- ramos a bondade de Deus, para exci- tar a nossa vontade a amd-lo; mas o amor estando formado em nossos co- ragdes, nds consideramos esta mesma bondade, para contentar a nosso amor que nao péde saciar-se de sempre ver 9 que elle ama. Em resumo, a medi. tagdo é a mae do amor, mas a contem- plagdo é a sua filta”. ‘A contemplaglo sobrenatural elles todos se todos estes te em a ella” (5) = recuerimma doutrina que geralmente no € bem comprehendida, € sobre ¢ tial_nds chamamos a attensao. 005 Girectores espirituaes das. amas, rele josas e mesmo dos superores, Gers i ontem ‘onsidera-se a content co: me umn facto. extaordinao, 20. qual mao podem aspirar singo algumas a sa “ rivilegiadas . n ue ~ Bens” da excepetoalmente 2 digi rivilegiados, quando, a0 contrarso, Pomo o diz Sao Francisco de Sales, £2 fang 9 alvo a que devem tender uitros exercicio: . te das s40 contemplativas, no seat fo oo tricto da palavra, mas todas as almas verdadeirmente piedosas a iss tender. Notemos, de passagem, que ndo se « trata aqui do amor sensivel, mas do amor da vontade, amor que devem pos- suir todas as almas religiosas, pois Que ellas abandonaram tudo para se- guir Jesus Christo, Escutemos ainda §. Francisco de Sales, Assim, até a0 momento em que a devogao comega a reinar na alma, usa-se da meditagao; quando ella rei. na, ella arremessa a alma na contem- Plagdo. “Ora, tanto quanto para attin. gir a contemplagao nds temos necessi. dade de ouvir a palavra de Deus, de ler livros devotos, de orar, de meditar, de entoar canticos e formar bons pen- Samentos: por isso a santa contempla- $40, sendo o fim © 0 alvo a que tendem BH) Ydom, 1. VI. C. VE CAPITULO V Santidade e contemplagao ‘© recolhimento amoroso da al ima | cisco de Sales, n: ; diz ainda Sa : la Sto F “i ran- Goce te Sales, nao se faz por orde &, nba|ndo olfazeman pre chee io por eleiga anes faze S. mesmos, asso. podey tel, queda eS em sen podey (Glo quando guerenos c no depende de nosso culdlado; mas Pas 0, em 63 por sua sant ima #§% quando the apraz” (1) coe ma rey t tee gra que 6 i 7 ce a om tr Sek Seine ef contempt ratui- 12_de ews, pois que € sobre lo ser adquirida unteamone icamente pelo esfor sforco dan 7 latureza ompete reparar ¢ Sephr cose a ma. a0 randonse a nossa alma ras cating oes Bens faz Assim send. teas sendo, a cont m lemplaga que tende a vida espiritual 1) Taem. tive, VI. e. vir, = -g contemplagho sobrenatural — % [A meditagdo, os outros exercicios 6° situaes ea pratica das virtudes,&- Peninham para ella as almas genet camfgsta preparagao é requerida, ry regra geral. Mas si esta preparacéo é feita fielmente, Deus, 2 nado ser por reir g providenciaes, munca deixars de “Var va oceasifo propicia as Grease peciaes que permittirao contemplar. Bis por que as almas ‘verdadeiramente perteitas. so habitualmente contem- plativas. vAhi est uma assergio que excitara, imiragao de algumas pes tate? todos 08 grandes santos S40 ades contemplativos. Sustentaro- Fr entretanto, com todas as suas Cor sequencias, porque a estudaros de- sedtadamente na vida dos, Santos © wom descobrir excepcses (2)- ‘Quando se Ihes estuda a historia in fina ve-se que todos tiveram os, dons imysticos em um grat elevado, de um myer al que refulgiram no exterior, apesar de todos os esforcos por elles Grpregados para dissimuld-los, © ue smvode provar historicamente ( ) Sy Some ete assump, pédese, crn au pee: Graces, doralson, Ch or Oa Bp, Poulain: CFegitecqao ae factos historioo® in Rereseantes. sSeeltg estudo, sobre ee go do Clero re easumpto no “Ami: a | A contemplacio sobrenatural Ver-se-a, igualment a -a, i le, que elles = sam rer po dats neon cae 2 10, ara i sage a Seema, oie Veo virtudes se fortificavam. Verticou-se nelles a lei que Joao aa uz formula assim: “A unido nie Mica faz-se muito lentamente por grau is € d medida que aalma a ce igae em perfei¢do... Ella é determinada | pelos progressos da alma” (4) A vida di ; los Santos ain Prova-nos a ainda que o estado de oragao celta alma eorresponde a0 gra de virtude; or seguindo uma formula emprestada , “que cada alma se cleva na oragao Ft a 07a 0, Proporeio da pureza que 2 cant gos, Ch. 5} Te Conterencia eye) MES CAPITULO VI As almas religiosas e a contemplagio Feitas estas consideragées sobre a uniao entre a santidade ¢ a contempla- do, chegamos a0 ponto fundamental © pratico que queriamos fazer compre- hender. Si todos os Santos sao contempla- tivos, ¢ si o Sio na medida de sua santidade, € necessariamente mister que aquelles que abragam o estado de Uintidade ou de perfeicao abracem igualmente a contemplacdo. Ora, a vida religiosa € um estado de santidade. Nao é isto a perfeicdo. ‘\ perfeigao esta na alma; o estado de perieigao € exterior. Pode-se. estar Poste estado sem ter a perfeigdo ¢ Mesmo sem ter o estado de gragai Maso estado religioso & um meio de adquirir a perfeicao e um compro- misso de ser perfeito. ou de tender 2 sé-lo. ” templagho sobrenatural —— 37 LA eontem amorosos. Em uma pa- i ensa- favra,, a concentrar mais Seus, Penes: » ee suas affeigdes em De mtn negra coisas de Deus. -- ois 80 € as Gna coisa: meditar sobre Deus o& mes ois de Deus, como 820 maticas das vituides, a8 ODT#S, , Si com isto ellas se applicam a mente a corrigirse de Sus SO iéis aos Seus levi ee tri ct de si proprias. .- nao ha a m not a faa, Deus thes dard na hora. por, Fe Marcada o dom da contemplagao, tt an diz Sta. Teresa, Deus mudare seus desejos emt effeitos, com nto att das persevere nora. ¢ [0E0T. oy tudo. 0 que estiver em sel sta JC). cooperation 8, porta to, Sta. Teresa, como : ra Sta. " para S. Wao da Cruz, a condo, naspenss: ere ao mesmo tempo suffi vel e 2 receber esta graga- 36 —— A contemplacio sobrenatural : nfianga mais As almas que Deus chama 4 vida ge comfians religiosa e com maior razdo aquellas gue ja terminaram o tempo de prova- vagao e emittiram os santos votos, Possuem ja um certo grau de perfeicao, O simples acto de sacrificar tudo por Deus, de conservar sua alma pura’e sua vontade sob o jugo da obedien- cia, prova que jA éxiste nellas uma certa virtude e amor de Deus. Si assim 6 e si por outro lado a con- templagdo é 0 exercicio proprio da- quelle que j4 ama a Deus e deseja amé-lo mais, & forgoso concluir que as almas religiosas, applicando-se ao exercicio da meditacdo, devem ter em - vista o termo da oracdo, que é a con- templacdo mystica (1) Nao devem ellas, repitamo-lo, aban- donar a meditagao, mas devem aper- feicod-ta, E como aperfeigod-la? Diminuindo Pouco a pouco, ou antes, simplificando dant 7 “Sei. alma os raciocinios... fazendo uma medi igse ella alhures: “Seja une or taco mais affectuosa, e que os auto- Oe e desapegada de tudo, aie res chamam “oragdo affectiva’... ha- humil a imaginacao,, na verdade e nao na, e o divino frequentemente 2 EngNet mente concedera, Mestre Ihe bituando-se a contemplar mais ou a Pessoa, ou as palavras, ow as accdes de Jesus Christo... a langar-se em seus bragos com um abandono e uma YS Pr Sates (Ibid. 1 VE, &. VI), jor ella. mesma D vida de Santa Teresa, P XXXT pe 35h 88 —— A contemplagto sobrenatural esta graca da contemplacao, mais ain- da muitas outras que ultrapassam seus desejos” (3) Nao ha duvida, portanto: a contem- plasdo deveria ser o estado normal das almas religiosas... sua oracdo. pro- pria. Si assim nao é & porque ellas nio tém a generosidade requerida, 0 amor de um santo estado, ou — ine felizmente, 0 que pode acontecer mui- tas vezes — que a ignorancia destas grandes verdades as mantenham em uma meditagéo, da qual o Espirito Santo quereria fazé-las sahir. Ellas nao conhecem melhor. ..e, pelo facto, nao aspiram a mais. Dahi as perplexida- des, as difficuldades na oracao, as dis- tracgdes, a falta de gosto... princi- Palmente a falta de energia na pratica das virtudes. Estas almas esto. des- viadas... fra de seu caminho... {6- ra do caminho da santidade... Meu Deus, meu Deus! E’ o sufficiente para ser infeliz no estado mais santo e com a melhor boa vontade! 8) Sta, Teresa: Castello da slma: IV Hable taco. G. TIL CAPITULO vil Consequencias da falta ide contemplacao josa_e francamente mas assercres ge ir de encontro a mu bemows Woes e prevengoes; Mas, desde tas Musteuimos guias absolutamente gue peesapprovados pela Egrela: sen n Santos que pratics ae aler disram, vamos avante © &xDE! que emmos. projectar amplamente Wee renters rengosas, Sobre Ue 22, a teria er a perseveFANE Pore ast essoas & mesmo aul a Mulbres’ de almas concordarian © diveetogantidade € proposta a todas 7 | a Theat Oe ra a toms dias. questoes V80 @ Par to, ane Testa a menor duvida que 9 Neo santo sopra onde que lle espe a hora eo modo ™ 0 — 0 A contemplazto sobrenatural vincente; vincente; mas nunca elle, deixa_ de vada para feeb ys PrP sto & bom para o: : f i pa s Santos, di: ang; Deus do ton cham Santos! E por que no? Para que en- fo servem os dons do Espirito San- to? Pots o que € a santidade? — A Pratca das virudes heroias, — 9 que sio 05 dons do Espirito Santo? pOlmelg de praticar as acgdes he- fol pie ndo quanto 4 especie, mas quanto, & perfeicio e A intensi- dade, Ora, dois destes dons prodizem a {© 9 amor passivo, sobrehumano: ¢, sto € a contemplagdo! nao se concede a santdace sem esta fe este amor sublines, que so produzidos pe- a3 . ae APs tes affrmagses categoricas de Sto, Thomaz,interroguemos os dots luminares da sciencia mystica: S, Joa Crue Sta, Teresa a ng onplimeito repete varias vezes que amuiacdo a oragdo dos prin Blanfe; que nfo pode levar muito lon ge a perfeisto; Sendo essencialmente Imperfeita. Deus quer_conduzir ma ; a contemplagao é 0 caminho 1 Factenti quod in 0 retin (Gr phuod $F $e est, Deus mon denegat aa a 7). f__ a contor + bdo trabalho da imaginacd siegho sobrenatural —— # dos perteitos © so ella conduz 20 ter- fo, & unigo com Deus”. Continua elle mo op que Deus quer décia; que el Wag sobrenatural, é verdade, mas Ae te Gea dd aquelles que se querem diss eus & Tacebe-la e em proporgao de suas disposisdes- Escutemos a seguinte passagery bem severa para certos directores des- berm dos; ba outras, porém, mais du- ras ainda: “Muitas vezes OS directores, na sua ignorancia das vias espirituacs,, I~ poem ds almas methods elementares, fue encontraram nos livros € que so fons para os principiantes... Desse modo elles as fazem perder estas tr coes deliciosas pelas quaes Espirito i as prepara d unigo diving. Co” Samida a sciencia delles nao vae além Taquillo que péde servie d direceae dos principiantes — e queira Deus ainda fue assim seja — elles no quart seixar sahir as almas destes primeiros principios, das operagbes do raciocihe® 0, que mao padem conduzi-las tonge, ember Deus fqueira fazé-las subir mais alto” (2)- viva chamma str. TIT, verso & pars 4 PAS sep) ed. dos. Carmelitas. a— ‘A, cOntemplagio bonrenat; enatural Nenhut éa contin ee € necessari Manca itat eed pale ; auclexpuzenoe eaves a met tacdo ou tr raciocinio nao é ‘abalho do ra i sinao a oracdo dos principiantes; ella ‘anto, Deus chama as almas a mais CAPITULO vill Insufficiencia da meditacto para as almas religiosas No comego do seguinte paragrapho o Santo autor desenvolve mais clara mente ainda 0 seu pensamento, falando principalmente das almas religiosas. “para fazer -comprehender perfeita- mente o caminho dos principiantes, Hz elle, assignalaremos que 0 d°® mais Thes convem € meditar @ discorre’. Nes- ta epoca da vida espiritual € necessario formecer & alma um assumpto 19 qual lla se exercite por si mesmas ella deve produzir actos interiors, tirar proveito Bo ardor espiritual e do fervor sensivel que Ihe sao ordinariamente communli- dadgs nestes primeiros tempo’ E’, com effeito, o melhor meio para habituar 4 virrude ox cence © t ORtelons que, Merakidos por estas aoEsclasees da oragdo, se desapegam insensivelmente as coisas do mundo. Mas quando este resultado ja foi em cera medida obti- Pie, ‘A. contery templagdo sobrenatural do, Deus , comeca a el ao, elevar a alm estado da contemplagdo: iso scarier om ger, astonte depress, sobretude quando se trata de almas participantes da vida religiosa, que, tendo renunci : do a todas as coisas do secu, confor. mam mais premptamente eae seat idea us deseo com a vontade de Dens. ee entao de passar da medi. do para a contemplagd (1) . ta bastante claro? : ' laro?... relat esta doutrina, sem Saar ele lemnar : empo toda a autori {oda a santidade do santo. autor? ES ++. @ no ent at : claro... € no entanto € pouco pra ao, prnpaimente pelos sacerdotes ¢ elas almas rligiosas... A lei cate nor exfrgo, ou, si 0 quizerem, a pre- a, tem pena de sahir de'sua lethargi ia e de elevai le T=Se i costumes rotineigs! eS S208 Eis ai inda uma mee outra passa; nein i a ea gies eta forinulae, ener mehodes eee 3, estes mi ds melas nectar ela nt fazer_bi s eee rotar Bes uma scentelha de amor, por > Por 7) & Foto rh B Bae OS Orme: 'S Soto da Cruz 7 Viva cham rma, est, eOXIL, pias, ei Svbida a0 Carmelo, II. ns contort meio de um contram nella uma 0 sobrenatural —— 48 fervor sensivel. Elles en- preparacao remota 4 uniao, pela qual ordinariamente aS Ans devem passar para chee a0 almas {sto é, a0 delicioso porto do Fe pouso espiritual. Todavia é preciso Prravessar este caminho sem Pare nel- ve, ag reacaclan parts SUPT & attingir © fim, que nenhuma relagao tem com estes meios remotos”. Repare-se_nestas palavras: “é pre~ ign miravessar este caminho sem PITT Malte, ou renunciar para sempre & attin- giro fim’. Nao se object pois, que Br ig sabera dar a contemplagso aro flo juigar chegada a hora... dey ape- Sarde nossa ignorancia ou negligen- sa nos chegaremos ao que Deus mar- cou para nds. sta doutrina € absolutamente fa)s0 redua-se & dizer que Dens pode salvar redurem as obras, contra & nossa OE fade, Nao, no, si nds 140 Noe prepa- raas, na0 08 dispomos, pelo esfor- fo e pela virtude, 2 receDer graga Oe Premplacio, nos nao a receDere” fos nunca, apesar do ardente desejo que tem Deus de no-la communicar. E’ } que levava Sta. Teresa a dizer esta eens, que & & expressto damea BT: palvverdade e duma grande alma: “Si 46 —— A contemplagho sobrenatural eu tivesse de escolher entre um dire- ctor sabio e pouco piedoso, ou um muito piedoso € ignorante, ew escolhe- tia o primeiro; porque si elle nao pra- tica 0 que ensina, ao menos evitaria que cu seguisse um caminho errado!” Nao se diga tambem: Uma vez que esta graca € sobrenatural, o que pé- dem fazer as nossas disposigdes? A isto responde o proprio S. Jodo da Cruz: “Eu sou o primeiro a coricor- dar, diz elle (3), que s6 Deus pode collocar a alma neste estado sobrena~ tural, mas de um lado ella deve dispor- se @ cooperar com a aceéo divina na medida de seu poder, 0 que ella pode fazer com o auxilio do Altissimo. Em razdo directa de seus progressos no desapego de todas as formas ou espe- cies sensiveis, Deus, por um acto pas- ivo, the dard 0 dominio do beneficio da unido. Conforme as disposigses da alma, ¢ na hora determinada pela Pro- videncia, 0 habito da unido perfeita Ihe sera communicado”, Um pouco mais adiante, 0 Santo re- sume estes mesmos principios numa Phrase admiravel: “4? medida que a alma enamorada do amor divino se despoja do elemento natural, diz elle, 9) Ascenstio ao Carmelo, U1. ¢. T, p. 12, o elemento di ira) —— AT ‘A contemplagio sobrenatural ivino invade-a sobrenatu- le falmente, pois Deus nunca deixa d se reencher 0 vacuo” ( _ 5 “Por que, pergunta elle, tao Poa almas encontram accesso @ Roe aha treita? E’ porque net na ari : entrar ic to (5). O apego peg ai ios, Ndo se pi a sao dois contrari Se " te toa T. 1 ©. XY; p. 208 Hen cv, 9, 28. om TE, at 8 idem arevn CAPITULO IX Convém a contemy iplacko a tod: as almas religiosas? Questo. delic ji delicada, cuja resposta na Rode, conciiar as diversas’ opinibes. : \quelles que consideram a contempla- uma excepedo a lei fa meditagio, disdo. naturaimentenaie la , dirdo naturalment niio, mas que 6 o privilegio de algumas , ma rivilegi taras alias santas, ea ahs ben, tra, completo, respon- S. 1a Cruz, Sta. T Francisco di Santa Chawtél je Sales, Santa Chantal e F ales, hantal puaoe le cid aa sua opinizo, lagdio nao & a io: Ae excepgio: é a regra geral para as almas religions neces oe ella ter sindo raras exce- peter, St estas excepgdes se apresen- tam numerosas, provein quasi exclusi- vamente ou da ignorancia ou dos erros irectores espirituaes, ou entao da falta de i da ‘falta de generosidade na pratica a contemplago sobrenatural —— #9 Nés dizemos quasi, porque S. Joao da Cruz admitte algumas excepsoes, Tesmo entre as almas que se entre- gam resolitamente 4 vida interior. For Gque isso? “Deus 0 sabe, responde elle. Dahi vem que ha almas 4s quaes Deus runca retira completamente a faculda- de de produzir consideragoes, excepto por algum tempo” (1)- ‘Mora estas raras excepgoes de al- jan eu Dene nin concer 4 “oonient plagao perfeita” — notae que se tral riots nesta passagem — a regra geral @ que todas as almas religiosas € Sm celdotaes so chamadas d contempla- gao perfeita, sobrenatural, mystica, Santa Teresa affirma 4 mesma ver- dade, Falando 4s suas filhas, ella diz: “Pazei o que depende de vos, prepa- rae-vos para a contemplacdo, com 0 elo de que vos tenho falado eo divi ho Mestre vo-lo concedera” (2). Eis um trecho ainda mais explicito tirado do caminho da Perfeigao: “Con- Siderae, minhas filhas, que Nosso Se- Mhor nos convida a todos; desde que tlle € a propria verdade, n6s nao Po- Geriamos duvidé-lo. Si o banquete ndo fosse geral elle ndo chamaria a fodas; Tp Note escura, Tc, IK, p- 200, 1 Nolte, SoCurRy, aabitacks — cap. TD S58 ‘ oo A contemplagio sobrenatural ® g, guano mesmo nos chamasse, ele 0 larei a bi 4 \ a beber. teria podido dizer: Vinde todos faa servindo-me, nada perderes; quanto a esta agua celeste (da contemplagio) au a dela quem me aprouver. cone porém, ele aio faz restriccdes nem no appello, nem a promess, et fento fodcs os dic & Q we néo pa- rarem no camino, bebetto, “emi dessa agua sagrada. Digne-so Nosso Senhor, que nol prometey, conceder- hes a graca de procuréla como con- co tit, mpossivel ser mais categri , gens como est: 7 nas obras de Sta Teresa naam 0 i inch 38S proves de doutrina, aja mos, algumas experimentaes veridicas Limitamo-nos a Sta. Teresa @ a Sta, Chantal amas na altura para julgar judictosamente ambas en coniigees ara a ecclosao d i io desta graca. co, mosteiros de Sta, Teresa ‘ome. J cemanos mais ou menos 0 meio ¢_a Santa € 0 melhor Observatorio aay Possamos desejar. Ora, ella escreve Gerca de dez annos apos a fundacio de sua obra: “Palei das gracas que ma em nossos "mosteiros; ® Cam, Pe . Pert, c. XXY, fin, pd. A contemplagio, sobre so estas gragas t cada residencia encontra- uma religiosa conduza pel ordinaria. Todas as outré oot contemplacdo perfeita. Algu- enatural —— 6 ao grandes que, em se apenas que 0 Divino Mestre 9 caminho da meditagao as sdo eleva- mas mais adiantadas ainda sao favo- recidas com extases” (4)- Em outro meio, mais ou menos igualmente santo ¢ igualmente favore- Sao, os conventos da Visitagao, diri- gidos por Sta, Chantal e S Francisco ides es, verificamos os mesmos fa- ctos: ug! preciso (5) — diz Sta, Chantal __ que eu diga simplesmente 0 ae or boas consideracées eu tinha guar Motion mas que a necessidade das almas ‘ne forga a dizer, agora, com franque- za; é que quanto mais ‘adiante eu Vou, 7a; © qaramente eu reconheco que N S conduz 2s fillhas da Visitagdo 4 ora gio de uma simples unidade © unica Simplicidade_ da _presenga de Deus {contemplagao), por, um inteiro aban- dono de si mesmas 4 sua santa yonta- de ¢ aos cuidados da divina Providen- we. eu sei que esta oragao € muito Commbatida por aquelles que Deus con Fundacses, cap. TV: B undasies, ore’ o Costumelro da Visitacio. ” 52—— A contemplagho sobrenatural duz pelo caminho da simples medita- G40, e varias de nossas irmas tm sido perturbadas, porque elles Ihes faziam crer que ellas perdiam seu tempo. Sem querer faltar ao respeito que eu devo a estas pessoas, eu vos asseguro, mi- nhas queridas irmas, que nao deveis desviar-vos de vossa rota por taes dis- cursos”. Estes exemplos so eloquentes e tém uma forga probativa que ninguem péde contradizer. Que valem contra elles as allegagdes de homens de uma expe- riencia mais ou menos sujeita a cau- 40, que pretendiam nada ter observa- do de tal? O proprio Padre Surin, $, J., tam- bem homem de experiencia, eis’o que escreveu (6): “Eu posso’ assegurar que, entre todas as pessoas que ett te- nho visto dar-se plenamente a Deus, eu no notei nenkuma que ndo tenha sido favorecida com o dom da con- templagdo, apos se ter exercitado al- gum tempo na meditagdo dos myste- Tos e das verdades da 16”, 8) Dialogos espirituaes, T. 1, 1, 1V, cap. Th. CAPITULO X Conclusio pratica para reter De tudo 0 que precede, e tudo sen- do baseado em autoridades irefuta: ue to. veis, € forgoso concluir q tlmas.sacerdotaes .religiossy pelo proprio facto de sua vocardo ¢ ds sue ragao a Deus, sa corte etggto mystica ow sobrenatural. Sendo a contemplacio, como 0 pro- termo normal : VATS ag almas religiosas, avidas de ritual, as igi bate igo, tem o direito e 0 ¢ petfende-}a, e tanto seus. directores, fomo superiores, devem dispd-las pa~ ra tal ; Infetizmente, nos estamos num mun do onde nio ha regra, sem excensae fo 2 — nem todos chegar: e cume desta montanta divina. Por que? A causa disto nfo ¢ Deus. Elle cha- ma todos e a todos d4 as gra¢: cessarias para la chegar. ww BM A A contemplacio sobrenatural —. Si elles na ndo o attingem é oS 0 0 attingem € ow po pie aura: ae ‘luminado pelo espirito so. tem > pelo espirito so- Sn pia Pe a veria ser 0 c 0s conventos — haja umn principe ge ‘ — haja um ipi os « inci santidage ou uma santidade medi Praticada ao menos por alguns mem- i$ iImmensa vant: iver a0 lado dos Santos), ou poraue err0s de direceao, c0 ‘eresa assignala, ou tratem de extravag: 4 contemplacao ou methodos da’ orag: agen de vive rque haja como 0s qe Six 1 que os directores ancia o applicar-se W de. abandonaz os n io discursi eto siva. si nenhum destes obstaculos exist, causa esté na propria alma: seja na {als sforso, de appticado, falta de desa eg0 das creaturas, falta de pu ‘ io ou de vi B fim, sensualidade ou ae ou em cRecordemo-nos da Cassiano, ja citada mais acima, qu funda alma se eleva na oragio pre poreio da pureza que poss”. A fon. lemplacio ¢ a pratica da virtude sio Gas ims inseparaveis, que s6 adian- fam na marcha com a condigao de an mos dadas, A virtude dis- poe 4 oracdo, e a oracio coroa a vir- tude, " Grande regra de ™ 55 ‘A contemplacto sobrenatural Eis, portanto, a vossa vocaco, al- mas consagradas a Jesus Christo! eis } termo onde vos chama o vosso divi- no Esposo, 0 caminho que deveis se guir para chegar a elle ¢ paderdes lay far-vos em seus bracos. Nenhuma ob Fecgio valeré. Deus retiroucvos deste vtundo, vossa vocagao custou-lhe uma Serie de milagres. Elle preferiu-vos a wailhares de outras. Por que?.... Nao por causa dos vossos meritos ou talen- fos; a vocacao, sendo sobrenatural, € um dom gratuito, Escolhew-vos por- que vos amava e esperava de v6s uma correspondencia de amor. Esta retribuigo de amor é entéo a vossa oracdo, 0 fim de vossa vocacao. ‘Assim como este divino Mestre se ‘abaixou para ir escolher-vos no meio de tantas outras, elevae-vos agora pela contemplacao até elle; lancae-vos em seus bragos, aconchegae-vos sobre sett coracio: o logar da esposa & 0 cora- go do esposo!. .- Deixae que os outros beljem a fim- bria das vestes, os seus pés sagrados. Para vos isto ndo ¢ bastante: langae- yos em seus bragos. E é a contempla- Gao que vos langard nelles! Pudessemos nos ter dissipado as sombras e a poeira que encobriam a a A contemplacio sobrenatural doutrina sublime de deout nossos_ gran mystics tertes moa Slates 0 que Deus pede de vés! Pudessemos ats x cslareilo alguns directores ee loutrina Ac cr ea sonbec ain de que elles se esfor- Gem por Jevantar as almas para o te ime e doce da contemplagio, Nossos ¢ sfOrgos e est F cantents oenrOrgOSstudos seriam ri CAPITULO XI Quando é preciso abandonar a meditaco? Estamos convencidos de que somos chamados 4 contemplagao; no entanto, Se Santos, cuja doutrina nos serve de base e de guia, fazem notar, varias Ve- zes, que a contemplacdo, sendo sobre- Fatural, é um dom de Deus, que elle Ga quando Ihe apraz ena medida que Ihe agrada. E’ verdade, como j¢ 0 provamos, que quando Deus encontra em nbs as isposigdes necessarias, elle nos dé esta graca. Eis duas conclusdes, em perieito accordo: Deus dd a contem- Plagdo, e a dé quando encontra a nos- sa alma disposta. Mas como saber que € chegada a hora de nos dispormos mais proxima- mente a este exercicio? Como saber que € preciso abandonar a simples me- ditagdo para applicar-se 4 contempla- 0? E' necessariamente preciso que haja certos signaes, certas disposigoes que 58 —— A contemplacto sobrenatural ——— manifestem o cl ia hamado de Deus 4 al- Estes signaes exis les existem, cor ito: so em numero de tes ayaa Is como os expér ET cel oo xpde S. Jodo da a. in dar oy itineiro & a impossibitidade ae eta, se servir da imaginagao osto que se sente > em’ entre- « ee como antes, a tal eee ai an semua § no reconhecer em . esejo de applicar a imagi: nacao nem os. senti eee a entidos em object Pattculares exteriores ou fnleriotessne . O terceiro signal eo mais cer sign mais cert¢ Consiste na alegria intima que a alma plena solidao, um 2 . uma a Chala de amor de Deus. ae ean e808 Laue affrma em varios capitilos que entdo € preciso abando- har resolutamente a meditagdo. Tendo esta por fim aprotundar os motivos do amor ¢ levar a alma 20 amor, desde que este fim € attingido e que 0 amor asceuy & preciso passar além, Note- mos de novo que no se trata aqui do amor sensivel, mas do amor da von- fade, ae consiste em provar sua dedi i eus pela luta cor defeitos e imperieigses, StS 1 Ascenso D iso a0 Carmelo, 1, U1, co, XII, _ a contemplaglo sobrenatural —=— 59 Quando 0 Santo diz que nao se en- contra mais prazer na meditagdo, elle refere-se néo a uma impossibilidade absoluta de fazer reflexGes, mas 4 au- sencia de todo interesse e proveito para fazer amar. A alma chegada a este ponto escuta com attengao uma eitura de meditacao ordinaria, acha que estes raciocinios so justos, bellos, thas surprehende-se a dizer a si pro- pria: Tudo isto é verdade, eu estou Gisso plenamente convencida, mas is~ so de nada serve ao meu coracao. De- pois, sem o querer, sem mesmo pensar, Seu cspirito afasta-se ¢ fixa-se em Nosso Senhor, entretém-se com elle em intimos colloquios, achando nesta tinio como que 0 repouso de seu co- racdo. © terceiro signal é correlativo ao primeiro, Nao se pode mais meditar porque se quereria amar. E’ porque 0 Fome de Deus ja feriu a alma que este mesmo nome a ella volta inces- santemente; ella yolta-se constante- mente para elle com angustia. Angus- tias, porque esta ferida pelo amor e nao sente ainda este amor. “No co- meco, diz S. Jodo da Cruz, 0 espirito tlevado a espheras novas n4o compre- hende ainda a natureza dos bens que 6 —— A contemplagio sobrenatural tecebe. Este alimento € um principio de contemplacao obscura, secca, ord: nariamente secreta para os sentidos e imperceptivel Aquelle mesmo que a possue” (2), : Este periodo de transigéo em que as almas entram na via contemplativa € um dos momentos mais importantes ¢ mais difficeis da direccdo espiritual Mas desde que a luz se fez e que a alma reconheceu com certeza, a s6s, ou com o auxilio de seu director, que as gracas da contemplagao comegaram para ella, qual deve ser de entao avante a sua conducta? Para responder a esta pergunta é Preciso recordar-se que as disposigdes contemplativas ou primeiros effeitos de contemplagao nao sio um estado adquirido para sempre, nem um esta- do de todos os instantes. Nao, a alma contempla primeiro raramente, depois com mais frequencia, mais habitual- mente, sem encontrar nunca um estado bastante fixo para que nunca mais recaia no estado anterior. Assim ha duas phases na sua vida: a da contem- plago e aquella em que ella se acha fora desta contemplagao, CAPITULO XII E’ preciso contemplar sempre? Importante pergunta, cuja resposta deve langar uma viva luz sobre 0 es- tado de certas almas e sobre 0 mo 4 de dirigi-las, quando ellas chegam a inicio da contemplacao. Ha quem imagine que se entra na contemplagao repentinamente ede uma vez para sempre, de modo 4 tendo entrado neste caminho a alma nunca mais delle sahiria, O. erro € grave. Lembremo-nos que virtude ¢ ontemplagao vao de par e que uma progride na medida do progresso da outra, Ora, aquelle que ‘se applica @ aquisigio da virtude nao a adquire de uma vez e por ter feito alguns acto de uma virtude, elle nao esta nella tao solidamente estabelecido, que num dado momento ndo possa sahir € dar até mesmo quedas desastrosas! Comeca-se por fazer alguns actos isolados de virtude. Estes actos mul- 2 Noltes, tiv. 1, cap. 1X, 62—— A contemplagio sobrenatural tiplicam-se pouco a pouco. A repetico do mesmo acto dé a facilidade, © pou- co a pouco estes actos augmentam até constituir o habito, que é a virtude propriamente dita. Tal é a evolugo da virtude. A da contemplacéo segue a mesma marcha: A alma que chegou ao inicio da contemplagao, tendo sentido os signaes indicados por S. Joio da Cruz, aban- dona, ou, antes, comeca a abandonar a meditacao. Ella faz algumas contem- places bastante importantes a princi- pio e de pouca duragao, depois vem um momento de lassidao: ella néo sabe mais contemplar, ella sente necessida- de de raciocinar de novo. Em um dado momento a mesma impossibilidade de meditar se faz sentir: ella sente-se de Novo impellida a amar, a contemplar, a manter-se com a cabega inclinada sobre 0 peito do Salvador. Ha assim uma mistura de meditagéo e contem- Placdo. A alma sendo fiel 4 graca e empregando os meios proprios ao des- envolvimento do attractive divino, a contemplacao fixa-se pouco a pouco, torna-se mais frequente, mais recolhi- da, mais profunda, até terminar na contemplacao perfeita, na uniio amo- snatural A contemplagto sobrenst — 68 rosa, tio deliciosamente descripta por Sta. Teresa. con- His a evolucZo, a marcha da estas assergoes aco. Provemos = pela doutrina dos grandes mestres qI seguimos. ae Escutemos primeiramen resa (1): ; : “gxistem almas que, depois pennies sido clevadas 4 contemplagao perfeliy quereriam ahi sempre permaneer al i A alma de sa impossivel. . oo anaes inteiramente em amar sen, ensar em outra coisas mas faga et Buanto quizer, isso nao esta poder. “E a razdo 6 qu tade nao esteja m alimenta esta azo i ue alguem o sopre ese inane tnd Or sae esta nesse estado cers esperar que 0 fogo desta 10 Ce ae 3 ni Nao, certamente, na st erat ila 1 fiquemos lagres. Portanto, 1 o- tro as endo perearss 0 Lem; lado erando esta contemp! a Mie Deus se dignow elevar-nos ume vez; porque nos. principios decorrerd Yezs, porinno € mesmo vars, Se e Santa Te- e, comquanto a von- ria, 0 fogo que a tecido, e & preciso ara que elle se D Castello; 6+ Habitagto, cap. VITT. EE eo ae 4 —— A contemplagto sobrenatural. ——_ que elle nos conceda de novo este tae vor!” Isto € forte e claro. Néo 6 dum mo- mento para outro que Deus langa as almas na contemplacdo, e principal. mente ella no se conserva nella de Tepente; ahi s6 se permanece por es. forgos reiterados © quando se chega a0 termo. Ora, aquelle que comeca é apenas um estreante, que comeca a encaminhar-se na estrada para o ter. mo. Santa Teresa diz ainda na Vida es- cripta por elia mesma (2): “Nunca se deve abandonar esta con- Sideragao do conhecimento de si; indo ha, sem duvida, uma s6 alma, fosse ella da estatura de um gigante na vida espiritual, que nao deva por varias ve- es retornar 4 infancia e ao peito, Nao Se esquega nunca deste aviso; pois nao existe estado algum de oracdo tao ele. vado em que nao seja muitas vezes Recessario voltar ao comego”, — E mais adiante (3): “Vé-se logo de que Fepouso gozaria o jardineiro si o Se- nhor the fornecesse desta agua todas as vezes que elle della carecesse. Mas durante a nossa vida isto € it. 2) Vida, cap, xutr 3) Vida, cap: XVTtr, ‘A contemplagiio sobrenatural —— 65 possivel. E’ preciso velar sempre e por méos 4 obra quando seca uma agua, para substutui-la por outra”. Sio Joao da Cruz € ainda male ex pressivo, Eis 0 que elle diz na “As- censao” (4): “Podemos perguntar si almas em via de progresso e agraciadas com o dom da contemplagio sobrenatural es- tao na impossibilidade de achar meios de adiantamento no methodo da medi- tagdo. Eu respondo: Ndo se trata aqui de nunca recorrer d meditacdo, nem de ndo mais tentar a experiencia, Pois, no comego, o habito deste conhecimento simples e cheio de amor néo é bass tante perieito, para prohibir ds almas estabelecerem-se a sua vontade no acto da contemplacdo; e sua impotencia pa~ ra fazer uso da meditagdo nao é tao absoluta que seu espirito no possa, por vezes, descobrir nella um alimento novo. “Em outros termos, si durante o pe- riodo de progress nota-se pelos sig- naes j4 enumerados que as almas nao 4% Asconsto — L If, cap. XV, p. 207 66 —— A contemplagto sobrenatural esto absorvidas no recolhimento, sera necessario voltar 4 oragdo discursiva, até ao momento em que ellas tiverem adquirido 0 habito, em certo modo per- feito, da contemplacao”. “Mas antes de chegar ao grau dos perfeitos, ellas deverdo, ora servir-se do raciocinio com esforgo e com mode- racdo, ora entregar-se ao repouso amo- roso da contemplacao, fra da coope- racdo das potencias”. O mesmo Santo expde a mesma dou- trina na Noite escura (5). “Eu nao quereria — diz elle — que se tirasse desta doutrina uma regra ge- ral para por absolutamente de lado 0 trabalho da meditagéo, Para deixd-la, © preciso nao poder entregar-se a ella, isto 6 que se nao deve abandond-la sindo quando o Senhor the detéin o curso, seja para a prova da vida pur- gativa, seja para fazer a alma attingir um mais alto grau de contemplacao. Assim nao sendo, deve-se ccnservar sempre este apoio, este baluarte da meditag¢ao € apegar-se em particular aos mysterios da vida e paixio do Christo Redemptor” 8) Nolte escura, 1. 1, cap, X, pag. 206. Ak contemplagto sobrenatural —~ 67 Eis; portanto, o que esta cinramenis rovado pela autoridade de Sta, Tere- eee de &. loko da COn: A conter 4 our ‘jo comega pouco a pouco r Paaesvalios; quando a grasa 2 ella con i reciso abandonar~ we Tera meditagdo, ou 4 simples conte plagdo natural e affectiva. CAPITULO XIII Como preparar-se exteriormente para a contemplacdo? snitdletmo-o i falando da uni in tima que dee existr entre a virtude gaco emo Mas sendo a ques- Mo de uma importancia capital, con- | para melhor penetrar-se e acabar para sempre com trar-s eco ests illsdo de que na oragdo aaeae f s, ¢ durante o dia cere nesiccseie tale FeriettaMesate sent eaeieVeisoeeaTe perfeta uma parte de nossa vie oC a parie de nossa exis- fencia; elia 6 a nossa. vida inter, ella invade tudo, penetra tudo, quando ndo, no vive ‘ou morre_asphyxiada b a poeira das distracgdes. coho, temos cessado de repeti-o: a Contemplagdo, € um alvo, ou melhor, 0 alvo da vida espiritual, Podemos é emos nos dispor a ella. Esta paracio exterior é mesmo em ean feral uma condigao indispensavel, Mas que consiste esta preparagao? Po- der-se a fidelidade aos encerra tudo. Mas, pode-se reduzir tu ‘A conternplagto. sobrenatural —— 69 der de um modo geral ue alia consiste na pratica da virtude: deveres de estado. Isto para maior clareza, ‘do a dois principios Pesenciaes: 1° Desapegar-se das crea- furas. 2° Apegar-se a Deus. — Renun- cia geral e recothimento em Deus, es toda a preparacao. Renuncia — Comprehende-se a sta necessidade 4 primeira vista. Como Neima o dissemos, a contemplagao asnsiste essencialmente numa atten¢ao amorosa para Deus, aos gostos de Deus, como ajunta Sta, Teresa. Mas para que a alma possa affeigoar se as Bim 2 Deus, € preciso que ella nao seja retida em outra parte; para que © ‘coragéo ndo arraste comsigo © @s- pirito a outras lembrancas, é preciso que o seit thesouro esteja em um 86 logar. Emquanto nés tivermos paixOes, Prt occupagées intellectuaes ou moras for- tes demais, apegos, ellas nos fardo agir, attrahir-nos-io aos objectos 182 dos, distrahindo-nos de Deus. Nao po- fleremos quasi recolher-nos. Precisa- mos conquistar a possessao diariamen- te, supprimiindo esta fonte de movimen- tos vaos e futeis. ia respon Sta. Teresa considera uma de suas mais funestas illusdes 0 “ter querido a0 mesmo tempo levar uma vida de oragdo e viver a seu bel-prazer” (1), Logo, renuncia total, purificagdo completa e total do coracao. Péde-se fazer_este trabalho! E’ 0 que S. Joo da Cruz denomina a “pu- rificago activa da alma". Deus fara o resto com a sua graca. Recolhimento, — Nao se desapega a alma das creaturas sino a‘feigoan- do-a a Deus. Deus, nis acabaremos Por ama-lo como a uma mie, como a um amigo particular, cujo nome o fara sempre palpitar. Mas para isso 6 pre- ciso antes frequenté-I0, conhecé-I0 com muito cuidado. Consegue-se isto Por leituras piedosas, reflexes me- ditagdes, oragdes vocaes, curtos exer- Cicios de amor, mas frequentemente re- Petidos, que se chamam oragées jacui forias, e todas as especies de mi sd como que disposicées necessarias 4 contemplacao. Depois, conforme a palavra ja citada de S,'Francisco de Sales, “quando a meditagéo produziu 0 mel da devogdo, ella se converte em contemplagao”. DVide, cap. xr CAPITULO XIV Como proceder na contemplagao? Fagamos notar immediatamente 4Ve nosso estudo se detém na pratica da contemplagao perfeita. Uma ver into: duzida este camino, 2 alma nee Ge diferentes graus de contemplagz0 superior remettemo-n08 @ pe ie de scencia e piedade de S. Jos0, Cruz, de Sta. Teresa, de S. Franciscp Ge Sales, e, entre os modernos, Ba Jas exposigdes do Pe. Pott he do abbé Saudreau (1), que tem, tado desta materia com mao de mesic, Mostremos aqui 0 termo, 0 a ave 6 a comemplaga miagz0 80° anto ella succede 4 med Lees A oragao ea am Supponhamos, entao, que pala tenha chegado a este fermo primelro, de se sentir de tempos a temp ora "Vores” 7) Traduegho na edit a— A contemplacSo. sobrenatural da 4 ai da 4 contemplasao sobrenatural; com : reteli proceder em tal estado? al Ea stad € com frequencia cham’- es mysticos “oracd siva’” ou “oragdo de silencio” ou aind siva’” fe silencio” ou ai ‘unido amorosa com Deus”. Todas aa q denominagées signifi ae ces significam a mesma coi Ne im N30 S€ pense que segundo estas pa- lavras alma se acha uma passivi dade completa. No, 0 homem, segun- do a expressdo de Sto. Thomaz, € "9 instrumento do Espirito Santo”, mas um instrumento, que segue livremente “tiber sequitur”. Elle conserva, pois, sciencia e sua liberdade para ‘ sua liberdade ta ezla cooperagio acyzo do Es Pirito Santo, nas inicios, one a acgio divina ¢ ordinariamente’ mais fraca” . falamos sé ine eras sémente destes princi- E achyidaltt $f, deve fazer da propria actvidade? Duas coisas, diz $. Joio da Cruz: te Collocar-se) manter-se e Ss _vezes collocar-se na attenc& . rsa para com Deus. 2° Absiscee ; outra coisa, co: e , con pacientemente com isso (2) ea sooty escreve 0 mesmo , devem ensinar a estas pessoas 2) V. chamma, © «HTN, 3, ‘_—— A contemplactio sobrenatural a manter-se na pr sem empregar a aci nagao, pols que 3% ef esenga do Senhor, tividade da imagi- s faculdades nao agem mais neste estado e que toda a gua operagéo consiste numa simples, doce e amorosa attencdo para Deus. Todavia, si outros actos se Thes ac- crescentam, elles se produziréo sem @s- forco, nem premeditagao, mas com fuavidade € amor, mais pelo movi- mento do Espirito Santo, que pela es- pontaneidade da propria alma (3). Pedimos para notarem esta passa em, pois ella servira de base aos capitulos seguintes sobre a oragao af- fectiva. Elle faz distinguir claramente as etfusdcs affectivas da contemplagdo, da _oragio que se chama affectiva. ‘Aqui as affecgdes so produzidas com methodo ou premeditacdo; na contem- plagdo so uma pura expansao do co- racao, inteiramente abrasado do amor de Deus. Eis aqui, sobre este assumpto, uma juminosa passagem da Viva cham- ma (4): Neste estado nfo se deve mais eno, por motivo algum, impor fe alma a obrigagao de meditar, de exercitar-se por si mesma, de produzir H Ascanaao, t Th vp, AU, p Is 2 Siva chamma, estr. UL, ¥. 4 —— A contemplacio sobrenatural actos 4 forga de raciocinios, de procu- rar com uma especie de paix4o 08 gos- tos e favores sensiveis: seria isto op- por um obstaculo 4 operacao de Deus, que & aqui o principal agente. O Senhor derrama entio secreta e tranquillamente na alma a sabedoria e a luz, sem que se facam muitos actos distinctos, formulados ou repetidos. Outras vezes, no entanto, Deus produz na alma alguns destes actos com uma certa duragdo; de seu lado deve entio a alma limitar-se_a elevar_amorosa- mente sua attengdo para Deus, sem outros actos distinctos a ndo ser aquel- les a que ella se sente impellida por elle. Sua attitude € de ficar por assim dizer passiva, sem se dar a movimento algum, sem se applicar a outra coisa a nao ser esta altengdo amorosa, sim- ples e fixada unicamente sobre 0° seu objecto, peuco mais ou menos como quem abre os olhos para olhar com amor. Eis ahi a regra. Juntemos-lhe uma pequena observacao de §, Francisco de Sales (5): “Quando vos sentirdes nesta simples e pura confianga filial junto de Nosso Senhor, permanecei nella, meu caro Theotimo, sem procu- 5) Amor de Dous, 1. VI, cap. VIIZ, ern = contemplacdo sobrenat i ten- ar fazer actos sensivels nem do enter i ento, nem da vontade, Pe a cnor simples de confianca ¢ es aor megimento amoroso 0, Yosso SPI) fenre os bragos do Salvador compre hende por excellencia tudo 0 que ides procurar aqui e ali por vosso Si i ‘on- ws lagos interiores que esta. cone templagao slencionsimping a aims Ho it reciaveis” , a ee Ghicy € mais adiante lle continia® SQuando alma se sentir reduzida, 9 este silencio sobrenatural, quando oa Se vir por assim dizer como que aler= ta, sua attengio amorosa deve i ella mesma, excessivamente, simples 5 eoccupagoes, reflexdes, sem pre é eequecer quanto possivel este ee Tea gd dar ouvidos & divina”. Hv chamma, estr. 1, % $i 7 CAPITULO XV O cume Eis-nos chegados ao eume, ao alvo entrevisto; nao ao cume da contempla- g4o perfeita, nao! isto nao & mais do que a entrada, Mas repitamo-lo, nés nao estudamos aqui as vias miraculo- sas da contemplacio. O caminho que temos procurado esclarecer com a luz dos Santos no é miraculoso; 6 a via commum que deviam seguir todas as almas religiosas. O alvo que mostra- mos 6 0 alvo commu que todas as al mas desejosas de santidade devem ter Poder-se-ia objectar que esta via € Sobrenatural, mystica, portanto, um lom de Deus, que a natureza nao pos- = adi por si mesma?. Tespondemos a esta objeceao ci- taido a5 palavras: de Santa ‘Teresa, im, este caminho € inteiramente so- brenatural, a contemplagao é um dom Gratuito de Deus, mas’ um dom que Deus dé a quem se dispée a recebé-lo. n ‘A. contemplagio sobrenatural Dizei-me: as outras gracas que nds recebemos do Altissimo nao s4o igual- mente dons gratuitos?... No entanto, Nosso Senhor disse “Pedi e recebe- reis!” O da contemplagio nao é bas- tante pedi-lo, mas pode-se dizer: “Dis ponde-vos e recebé-la-cis!” Esta doutrina contradiz muitas opi- nides © preconceitos, bem 0 sabemos; mas que importa? ella é verdadeira e solidamente baseada na doutrina de grandes mestres e de grandes Santos, Cujas intenges a Egreja approvou. A contemplagao sobrenatural e mys- tica esta, pois, perfeitamente ao alcance das almas ‘religiosas. Ellas podem, e até mesmo devem pretendé-la e esfor~ gar-sé por adquiri-la, sem 0 que ellas funca chegarao a perfeigao de seu santo estado. Nao 0 esquegamos: todos os grandes santos foram grandes contemplativos. Nao da contemplagao miraculosa, com transportes, extases, levitagdes, etc., mas da contemplaczo ou uniao_amo- rosa com Deus. Seja uma Sta. Teresa no fundo de um Carmelo, ou um S. Francisco Xavier percorrendo as In- dias, uma Sta. Teresa do Menino Je- sus ou um Cura d’Ars, uma Margarida Maria ou um S. Francisco de Sales, 78 —— A contemplacto sobrenatural —— uma Santa Mae Barat ou Postel, ow um S. Vicente de Paulo, Eudes, Ey- mard ou Montfort, pouco importa sua vida exterior, sew apostolado, sua in- fluencia ou acco social, todos sem ex- cepsao foram grandes contemplativos, todos foram almas amorosamente uni. das_a Jesus Christo na oracdo e na acedo e digamos a pelavra: “Esta unido foi o segredo de sua santidade!” Eis, queridas almas teligiosas, 0 cume que queria mostrar-vos! Oh! nao temaes!... deixae o mundo falar. elle tratar-vos-4 talvez de visionarias, de illudidas, de chimericas... de idea, listas... talvez mesmo de possessas! Oh! por piedade, deixae falarem: Os Santos trilharam este caminho; Jesus Christo no foi tratado melhor, ¢ 6 dis. cipulo nao é superior ao Mestre... Como elle e como a phalange dos Santos que tiveram a coragem de se- Bui-lo, orae por vossos perseguido- Tes (1) € no desviae o olhar do ideal, do amor, do termo, do fim de vossa vocagao, que & a santidade; nao a san- tidade como o mundo a entende, mas a santidade ensinada pelo divino Sal- } Omnes au! ple volunt vivere in Christe Joe su permocntionen patlontur Geni Beas, —1 ——— A contemplagio. sobrenatural vador e heroicamente praticada pelos nt fa cume entrevisto. As almas que tiverem 5 corapen ie te Peale F inho, unindo a pratica ae attingi-lo-Zo em pouco fem- po... ¢ quando mesmo néo fosse si- nfo ao termo de sua vids, seria ainda em pouco tempo, dada a grandeza te ideal, ¢ a elevagdo deste cume. Chegadas a este termo, ellas terdo necessidade de novas tuzes e de uma direegio especial que um livo néo po- de dar. Oh! possa 0 dlvino Salvador e Amante das almas attrahir @ si nas suaves effusdes do recolhimento mysti- co, da quietude, do somno das poten cias, do extase, do consorcio bg: sober até perdé-las inteiramente no amore ° amplexo daquelle que veiu trazer 0 fogo 4 terra e cujo desejo € que. ne accenda consuima os coragdes, suas esposas de amor por elle! (3). mus et vitam illam ex- 3) Filli Sanctorum, su tis (Tob, 2. 38). ana velo aiee ‘mittere in terram et nit Uaccondatur? (Luc. 12, 49. ‘A. contemplagio sobrenatural —— 81 haver um comego, um progresso, como ha um termo. Sim, tudo isso existe. Um golpe de vista ‘geral, em forma de synthese, respondera a todas estas interrogacoes. Nés somos almas ainda imperfeitas, mas de boa vontade, pois seria uma ~injuria suppor que haja na vida reli- giosa almas privadas desta boa von- tade: Voluntas Dei sanctificatio vestra. E' bem dellas que foi dito que a san- tidade ¢ a vontade de Deus a seu res- peito. A primeira coisa_a fazer € formar- se um ideal e apaixonar-se por elle. Este ponto € essencial. “O amor de Deus nao triumpha em nés — escreve o Padre Eymard — sino quando elle 6 em nés uma paixdo de vida” (3). Este ideal, esta paix que é neces- sario formar em si é constituido por duas partes: a atteng4o e o sentimen- to em permanencta, A attenc&o desperta-se e fortifica-se pelo conhecimento — a permanencia do sentimento depende da nossa von- tade e fortifica-se pela repetigéo dos actos para adquirir a facilidade de fa- zer estes mesmos actos. CAPITULO XVI Como attingir estas altwas Contemplimos o cume... e sobre’. esta altura entrevimos a cidade celeste da contemplacao, cidade que é illumi- nada pela claridade de Deus e da qual © Cordeiro é 0 eterno facho (1). E bem desta cidade que se pdde dizer ‘que nunco olhos viram, nem ouvidos ouviram, @ que nunca penetrou no co- racéo de homem algum aquillo que Deus ahi preparou para aguelles que 0 amam (2). Mas vem agora a grande pergunta, aquella que vo formular todas as al- mas generosas e de bod vontade: Eu, imperfeito e cheio de miserias qual sou, como elevar-me a estas altu- tas?... e como fixar-me nella? De facto, si a contemplagio é para todas as almas religiosas, si todas podem e devem aspirar a ella, as mais imper- feitas como as mais adiantadas, deve 1) Nam claritas Del iluminayit eam, et Ine cee efus est Agnus (Ap, 21, 23), i: 2? Quis nom dit nee aris audtelt née In aul ditigunt fiium Gd Gor Sgro Devs fit @ A divina Hucharistia, 1" Serie, Bd. “Vozes". 6 82 —— A contemplagto sobrenaturat - A contemplagio sobrenatural 83 Eis 0 ponto de partida: conhecer 0 nosso ideal ¢ esforcar-se por aproxi- mar-se delle. . “« Este icleal p6de ser 0 amor de Deits, a unido a Nosso Senhor, ou uma das: grandes virtudes christis: humildade, dogura, abnegacao, obediencia pertei sobrenatural, habilitando-nos a con- * céntrar o olhar em uma verdade deter- ‘linada, a raciocinar menos ¢ a deixar 4s affeigdes do coragéo um curso mais tivie. “E pata que esta contemplagao natu- vta} adquira toda a sua forga e seu al- ta, ete. ia} \ sl "Ei . fazé-la em forma de Eis a preparagdo exterior da cor: “cance, convém a. cone i i s assim uma templacao. % “oracao aifectiva. Temo: especie de methodo de oragdo, que se poderia chamar contemplacdo affecti- va. » E’ o methodo que adoptamos em nossas contemplacdes sobre a paixdo de Jesus Christo. Ha, conforme as cit- cumstancias, verdadeiras meditagdes, contemplag3es naturaes, mas 0 conjun- to em forma de colloquio com Deus, de entretenimento piedoso, de modo que € a0 mesmo tempo a imaginacao, 6 espirito, 0 coracao e a vontade que ahi encontram sew alimento e seu anhe- lo. As contemplagoes assim preparadas convém a todas as condigses, a todas as ctapas ou graus da vida espiritual, a todas as disposig6es da alma ¢ con- duzem insensivelmente, quando acom- panhadas da pratica das virtudes, até 20 iermo da contemplagéio sobrenatu- ral ou mystica. Quanto 4 oragao: a principio ‘estor2 cemo-nos por concentrar a nossa at-" tengo sobre a meditacdo das grandes: virtudes religiosas, consideradas so- bretudo praticamente na vida de N. S. Jesus Christo. Tendo adquirido a instrucgao necessaria pelas leituras es- Pirituaes ¢ uma {6 firme e pratica pela meditagdo, convém abandonar a sim- Ples meditacao de discurso e adoptar a oracao affectiva, que ¢ uma orasdo intermediaria entre a meditagdo ea contemplac4o sobrenatural. Fazemos notar ainda uma vez que ha uma contemplacao puramente na- tural, que se péde praticar com as mples forgas da natureza — e uma outra sobrenatural, que é dada por Deus As almas dispostas a recebé-la, Esta contemplacio natural dispée a alma, prepara-a para a contemplacdo % —— A contemplaglo sobrenatural Péde-se dizer mais: A alma, uma vez ingressa no caminho das oragdes mysticas, contintia a achar_nellas um alimento e um guia. Santa Teresa, com effeito, aconse- Iha com insistencia, mesmo 4s. almas mais adiantadas, a trazer comsigo um livro de oragao. Ella mesma 0 fazia ads’ menos durante os vinte primeiros an-> 4 nos que ella fez oracio. Sem o livro ¥ ella se sentia como que perdida e nada”%s fazia; o livro tranquillizava-a; e depois de ter lido algumas paginas ou linhas, algumas vezes sb em abri-lo ou ao simples pensamentto de que elle esta- va ali, ella se recolhia em Deus (4). Mas & evidentemente importante que © livro seja bem escolhido, de modo a levar facilmente a Deus. Nés esperamos que nossa obra das “Contemplacées evangeficas” satistard a estas condigdes e levara a ‘Deus, tanto as almas elevadas na contempla~ ¢4o como aquellas que se iniciam na arte dos Santos. Em vista da importancia do assum-* pto, nés vamos consagrar um capi- tulo especial para estudar este me- thodo, e ver as suas vantagens e sua razao de ser. ‘4 Vida, cap. IV e IX. tagdo pelo mais ow menos, dando mais CAPITULO XVII Os tres graus da simples oracdo Chama-se oracao affectiva uma ora gdo na qual as affeigdes so numero- §as e occupam um logar mais salien- te que as consideragées e o raciocinio. Estes ultimos nao sao completamente excluidos, mas menos variados € me- nos. prolongados. Neste ea ha geralmente como ba- se uma idéa dominante, que néo ¢x- Clue um certo numero de idéas secun- darias; esta idéa excita vivos affe- ctos... (1). Este grau differe da medi- Jogar aos sentimentos de amor, de jowvor, de respeito, de contrigéo ¢ as resolugdes praticas. A instrucgéo das verdades substitue em parte a dedu- cgao. A alma simplifica-se sob 0 pon- to de vista intellectual, ¢ este Brau de implificagio pode ir avante - Seeectana certa medida, 4 vontade, T Gir Poulain: Estados de oracko. 86 —— A contemplacto sobrenatural —— cre pencontenta com poucas varieda- ecaleala jectos, Estas ultimas podem peg grande grau de intensida- poucas, pars. Bo faietecteoaa faite ere de simplicidade” ou de s olhar”. S, Francisco de Sales Te amaca “orapdo de silencio”. aac oragio de silencio, diz S. Fran s¢ les, uma j < is § mples e res- petasa vista de ets, ma amoresa attengdo 4 presenga de Deus, © repouso da alma em Deus". Ne: a nA pala oaeag ha um pensamento ou un te ver f aeecavlinen as affeigdes e os lugGes so pouco variadas € exprimem- se em poucas palavras. Este, pensa- eee nina) mas volta com si mesmo. Péd re . Péde~ pard-lo 4 corrente de um Rana apparece_a cada instante com curtas A oraca i Boasts de simples othar 6 assim ales Shere le successo lenta de sim- ucla s sobre um mesmo object Este grau nfo tem dos precedentes si- Bao differengas de mais ou de menos. No entanto, @ persistencia de uma idea a impressdo viva que ella 5 contemptacho sobrenstural —— 51 produz indicam geralmente uma accéo Maior da parte de Deus. Eis como a simples meditagdo, aperfeigoa pouco a, pouco © sobe, em Pineiro logar diminuindo. os racioci- ios para tornar-se oracd? affectiva, mie seguida diminuindo a acgéo do co- yagao, para tornar-se & oracao de sim- ples othar: Pode-se dizer que Po suave esta ultima prepar + sobrenatural e mystica, que scripto, Entretanto € preciso notar que até aqui a oragao ¢ natural e ONE A con- templacao mystica ¢ ‘sobrenatural. En- tretanto, como nao ha_saltos violen- tos na natureza entre oS diversos ge- eros, assim se pode dizer ave entre tstes. generos de oragoes ha, uh certo gegen te A Aeelecatic Oe que a natureza se dispoe mais perfei- timente ao sobrenatural. §, Jodo Baptista de Ta Salle diz, ter- minando a explicagao dos tres modos min aor oragdo sobre um mysterio, oF facto da vida de Nosso Senhor, que se pode aproximé-los proximamente dos tres estados da vida spiritual: 08 Ta ciocinios para oS principiantes; a8 1e- Focese coca © cake corer: FTP um declive a A oragao temos de- 88 —— A contemplagio sobrenatural -——- 0s progredientes e de simples othar para os adiantados. Estas so como que as tres phases classicas da vida espiritual applicadas a esta primeira etapa da oracio, A meditago corresponderia 4 via pur- gativa, a oracao affectiva 4 illumina- tiva e o simples olhar 4 unitiva, Esta oracao, dizem os Santos, con- vém sobretudo 4s almas religiosas, 4s religiosas em particular, porque geral- mente as mulheres sao inclinadas a fa- zer a sua oracdo simplesmente, Santa Joanna de Chantal escrevia sobre este assumpto: “Nosso revmo. pae dizia que as mutheres nao tinham grande Capacidade para fazer longas conside- ragdes; no entanto, elle convinha em fazer comecarem as postulantes por ahi, quando ellas ainda nao tém o ha- bito deste exercicio, pois elle € de ca- Pital importancia para imprimir no seu espirito as verdades da religiio (2). Para facilitar a oragao affectiva, diz Sto. Ignacio, é bom tomar para assum- Pto de oracdo, nao virtudes abstractas, mas factos historicos da vida de N. 8, da Sma. Virgem ou dos Santos, que encerram virtude escolhida. 2) Resposta ao Costumelro, Art. 24, 89 _— A contemplagio sobrenatural Esta oracio — e € isto uma das suas grandes vantagens mae a le ficaz sobre a nossa coadtel do a 4 as diffict editaco, pois fi a praticar 2 virtude provém menos, 43 falta de conhecimento do que < de fé, de esperanga e de amor. Z A vontade @ languida: € pois, ner cessario estimular a sua actividade- Em seguida a virtude adquire-se mals pela repeticao dos actos do que pela Teflexio. Emfim, 08 actos da voniade sio mais meritorios & aque os, actos iri la vi espirito. Os actos ¥ : iam os do espirito sao a via. . ‘A. unigo perfeita com, Deus, que constitue a santidade, ¢ sobretus uma unido da vontade. Um methodo, em que 08 actos da vontade so mals numerosos ou mais intimos, on We por conseguinte mais rapidamente 20 termo, a actividade sendo mer sorvida pelo raciocinio. CAPITULO XVIII A oracdo affectiva pe Poslestas diversas distinccdes que pa raram a base da oragao af- festa fs © seu desabrochamento na raph ce simples olhar, para dar lo- Beans Buida — si a alma esta suffi- ei pene Preparada pela virtude — pole eit completamente sobrena- tural da con ‘emplacao mystica, nés de- afiectiva, Ella Wcontetig ets 7 4 effeito, a o1 A Bropria das almas religiosas. E’, es, cla que todas as almas religiosas pean P ar-se com uma verdadeira Palxio, © primeiro passo esta dado fares ee oan pac gar a » pois € ahi que o divino Ree pera fazé-las tomar sunt iamos em algumas linhas a na- © a pratica da orayao affectiva, a — A contemplagéo sobrenatural resumindo S. Francisco de Sales e 0 P. Faber (1). “A meditagdo dispde pouco a pou- co a alma para a oracio affectiva, diz elle, & assim que se chama aquella em que a vontade age mais do que © entendimento. Entéo quasi que nao se pode mais meditar. O espirito de- tém-se na simples vista de uma ver- dade, e 0 coracdo apega-se a alguma piedosa affeigao, que 0 conserva do- temente occupado, sem quasi Ihe dei- xar 0 poder de se dirigir a outra coisa ‘Assim, sé 0 pensamento dos softri mentos de Jesus Christo produz ago- ra, numa alma que meditou com fre- quencia, um terno sentimento de amor, sem que seja preciso que ella faca todas as consideracdes que antes fazia para estimular esta affeigao. Esta oragdo pede particularmente tres disposigdes: a primeira, que se esteja sufficientemente instruido nas verdades que se deve saber € no cO- nhecimento de si mesmo pela medita- Gao; a segunda, que se tenha feito al- gum progresso notavel na virtude; a ferceira, que se ndo possa mais fazer sindo com difficuldade todos os diver- sos actos da meditacao. T) Progresso da alma, cap. XV, feat 92—— A contemplacto sobrenatural ——* Os fructos da oragdo affectiva sao, segundo o P. Faber, um grande amor de Deus, que transparece nos actos de amor, de preferencia, de compla- cencia e de benevolencia, assim como nas obras de amor affectivo. Um vivo desejo de fazer a vontade de Deus, um zelo ardente por sua gloria, o amor da eucharistia e da communhfo; suspira-se pela solidao, é-se avido de conhecer melhor a Deus, sente-se re- dobrar o zelo pelas alinas e o desprezo pelo mundo. O mesmo autor faz notar que, como Contrapeso destas immensas vantagens, as distraccdes fatigam mais, sente-se mais vivamente a ausencia da docura sensivel, pde-se demasiada actividade © precipitagao nas boas obras; emfim, Jeva-se algumas vezes o zelo até 4 indiscrigdo... e, 0 que € peor, nos: so- mos mais atacados pela célera e pelo desregramento dos sentidos, A pratica ca oragio afectiva é facil Para preparar-se a ella faz-se alguma leitura conforme o designio que cada qual se propée, e que péde auxiliar a Produzir as affeigées com que se quer Ser tocado; depois applica-se a medi- tar um pouco o assumpto que se leu, ——« 7 A contemplacio aobrenatural i 4 livre curso 4 von- ida, se 4 livre 1 Fae seguir o seu attractivo. 0 ve Naccem dahi santas ateigbes, tanto ue a vontade, que ja ei a i ffoda a sorte de bem © seta, se exaltaimmediatamente € Se cies ortar por seu 7 eeaeampto que the € seers - as vezes, Péde-se, algum: =, arar mum i to de conformidade com. simPije de, Deus, fazendo um intro vomradono. de si mesmo nas mos, de Deus. Fica-se, outras vezes, am sien: cio diante de Deus escutando-o ie i ente, ou entao at a0 men 8s GaN ds a prema Majestade, que se adors © soP7 i depois termina-se pela re50- fied do evitar tal falta, Gi romettendo °° rege tal virtude para agradar m Deus. - ral a evolugdo geral da orac: scart & a meditagao descur- ose ve, é a me scar iw topificada, como @ contemplagdo @ a simplificacao da oragdo affects medida que se vae el 2 N jade dos! sentidos diminue pal acter o logar & actividade divina. o ae epeoncee tac inles meditagdo tem, em germe latente, os principi contém, St — A contemplagto.subrénatural: —— da contemplacao sobrenat conte ural; e@ essa ultima’ €0 desdobramento da’ primei- a escada mysterio: collocadaliial ferray pele Fa Sea vantando-se até 45 nuvens, pelo affe- cto, € indo apoiar-se sobre 0 coragdo de Deus, pela contemplagdo. Escada mysteriosa, divina, onde so- bem 0s anjos dos santos, desejos, donde descem os cherubiris do. amor para unir num amplexo ineffavel Creador e a creatura, 0 Pae e 0 filho, 0 amor transformador e as aspiragées da alma, que aspira em transformar-se. ©’ almas gener osas, subamos. .. su- Bamos sempre!. A’ medida que nos elevamos acima da terra, havemos de sentir que adquirimos asas para voar x Para voar aos bragos de 0- ravel Salvador. am ae Subir, & meditar. — Voar, & entre: gar-se 4 oragio affectiva. — Repousar em Deus, é 2 ai gm Deus, € a coniemplacio sobrena- CAPITULO XIX Para o uso de nossas contemplagées Percorremos ja 0 caminho; resta~ nos apenas indicar aqui, claramente, como servir-se da presente obra para cada um destes tres graus de oragao @ mesmo para as contemplagdes su- periores. Pois, si nao nos enganamos, ella péde muito bem servir para todas as categorias, comquanto seja_mai especialmente composta para a oracao affectiva “e oragdo de simples olhar, que preparam o caminho para a con- templagao mystica. GB . Todos os Santos aconselham as al- mas religiosas a tomar para assumpto tie meditagfo a vida e paixo de N. S. Jesus Christo. E’ 0 que temos feito., Quanto A ordem, temos igualmente & seguido as indicagdes dos mestres: Como cabecalho de cada meditacao nds collocamos 0 que elles chamam 0s preludios, que so a representacao do logar ou das pessoas; depois uma - 96 —— A contemplacso sobrenatural ——— curta oragio para pedir a intelligencia eo amor do que se vae seguir. + ,Yém, depois alguns versiculos tex- juaes do evangelho, afim de familiari- Zar-se POUuco a pouco com.o texto sa- grado, de gravd-lo no espirito e con- serva-lo durante o dia como ramalhe- te espiritual ou ponto de reunio de suas reflexdes da manha. Em seguida vem a em- a explicago- do texto, com descripedio, em finmial de colloquio, do logar, das pessoas, ou comumentario da verdade enunciada no Grange: & 0 segundo ponto, sendo srimeiro consagrado oir grado ao texto evan- in Oger 2eito pont faz uma applicagso Moral, pessoal da verdade meditada da. scena contemplada. Esta parte geralmente ascetica, estuda a alma re- ligiosa, suas traquezas, suas tenden- cias, suas quedas mesmo, € applica- es um remedio tirado do evangelho ou Ga verdade meditada, todo termina sem, t re por me invocagaéo 4 Sma. Sie uma hi esté como rc sta se apresentam as nossas contemplagdes. Bis agora co- 10 dellas se deve fazer uso, — Apés a oracio ori Ye preparatoria, lé-se com attencao os preludios, esforgando- +? contemplago sobrenatural —— 9 se por fixar na imaginagdo a scena descripta, sem, nO entanto, procurar especiticar demais os detalhes. Uma vista geral, bem fixada, mas um pou- co vaga, ¢ sufficiente. E' importante no curso da oragéo nao perder de vista esta pequena te presentagio, que deve servir de fio conductor das idéas e 20 mesmo tem- po occupar a imaginacdo, emquanto gue 0 espirito, 0 coragdo ¢ a vontade se occupam de seu respective objecto. [Apés uma pequena pausa, lé-se len- tamente o evangelho, com fé e amor, como sendo a palavra divina e 0 re- sumo das verdades que se a0 con- templar. Vem,- em seguida, 0 commentario do evangelho, ou descripgio mais de- talhada da scena, das preces ¢ dos factos. E’ 0 ponto mais importante, € de que é preciso penetrar-se mais. No- tar-se-A que nesta segunda parte nao se fala sinéo de Deus e a Deus, sem « lancar a vista sobre si ¢ sem fazer nenhuma applicagio moral. E’ como a parte especulativa da oragio —si pudesse haver especulaco quando se trata do amor de Deus. Digamos que @ a parte contemptativa, onde se acha ‘a meduia do alimento de nossa alma +. P 98 —— A contemplacto sobrenatural —— € de nossa uniée com Jesus Christo, “Para tornar nossas oragdes saboro- sas ¢ uteis, diz Sta. Chantal, é preciso pensar e tratar dos mysterios de Deus com Deus mesmo”. Que se pesem estas palavras. Ellas encerram uma verdade demais esque- cida pelas almas religiosas que pen- sam que a ora¢io nao é boa sinio quando se tomam muitas resolugdes ¢ Se passa em revista todas as occupa- gdes do dial... Erro, erro: este syste- ma nao € a morte da oragdo, é sobre- tudo a morte da contemplacao, “Péde-se dizer que a maior parte das pessoas de piedade — diz sobre este assumpto um piedoso autor (1) occupati-se mais das coisas de Deus do que de Deus mesmo; é tam- bem a causa de haver.tio poucos que facam um gra..de progresso neste exer- cicio. Demoram perpetuamente nas Proprias reflexdes, ou 4 vista de algu- ma verdade, ou de alguma virtude, sem querer sahir della para elevar-se a Deus e fité-lo; e como nao é possivel conservar sempre as proprias reflexes, nem reter o espirito na visdo destes as- sumptos particulares, breve a distra- ¢4o se apodera della”, 2) Courton, cltado polo Pe. Faber. e ‘A. contemplaglo sobrenatural —— #9 E? preciso que as almas religiosas se esforcem por se occupar de Deus em sua oragao e nao de si mesmas. A alma, pensando em Deus, eleva-se; pensando em si mesma, abaixa-se; pensando nos objectos, trabalhos, oc- cupagées, etc,, ella distrae-se € disper- sa-se. Nesta intengo demora-se na con- templagao das verdades ou factos ex- postos nesta Il parte, reservando a III parte para o fim, para os dez ultimos minutos, por exemplo. Nao é que a parte pratica ou moral nao tenha a sua importancia. — Longe disso; entretanto, esta impor- tancia € apenas secundaria, pois que 0 amor: de Deus saber muito bem in- spirar-nos 0 que devemos fazer por elle, e que antes de passar 4s_appli- cagdes moraes, é preciso primeiramen~ te inflammar 0 coragao ¢ estimular a verdade! 4 Esta Ill parte & pois, como que a resolugao pratica da oragao. Esta parte attrae e agrada mais 4 nossa imagina- ‘cdo, tanto por causa de sua parte psy- Chologica, critica dos abusos, etc. CO- mo em razdo de seu lado mais material, -o que sempre agrada 4 nossa preguica innata. Nos apreciamos naturalmente * ” 100 —— A: contemplucdo sobrenatural a critica e a penetracdo do vicio, nao tanto para conhecer-nos a nds mesmos, mas para melhor julgarmos os outros. E’, portanto, necessario n4o_omittir esta parte, mas nao lhe consagrar si- nao o fim’ da oracao. Acabada a leitura, publica ou parti- cular, a alma deve repassar, por si mesma, tudo o que acaba de lér ou de ouvir. E aqui comeca a distinccao dos principiantes, dos que esto em progresso ou dos adiantados. Até aqui a oragdo era a mesma para todos: ca- da um, segundo o seu estado, deve agora dar-lhe a sua physionomia pro- pria, Os principiantes reflectirao sobre as verdades expostas e tirarao as conclu- s6es praticas: sera isto a meditagao. Os progressivos tomario 0 assumpto da orag4o na sua forma enunciada, en- tretendo-se com Deus, falando-Ihe, es- cutando-o, fazendo actos de amor, de abandono, de confianga e terminando igualmente pela resolugao pratica: se- 14 isto a oragdo affectiva. Os adiantados unir-se-A0 a Deus, na contemplacao amorosa do que aca- baram de ouvir; fitario a pessoa do divino Salvaaor, contemplarao_ princi palmente sua bondade e seu amor, e, ——as sem fazer eer cisco de Sale Y Gade e muito unica simp! presenca de Deus, pojamento e uma mas nos brag! tade: sera isto a ora sontemplagio sobrenatural, —— 20) muitos actos exteriores, con- 4o assim, como diz Se na muito simples uni- ite licidade da ‘por um inteiro des- entrega de si mes- is von- da sua santissima east cao de simples 40 immediata e porta de entrada da via sobrenatural, da con templagao mystica, que Deus dart, s° fellas souberem perseverar ¢ virtude 4 applicagdo da oracao- Oh! felicidade o perder o mundo para achar a Deus! Qui autem. perdiderit animant, suce! propter ne, inveniet eam (Math. 1°, 25). olhar, prepara CAPITULO XX A questio do methodo Antes de terminar este pequeno es- tudo, uma ultima pergunta se apresen- ta. Que methodo convém seguir nestas contemplagées, pois até aqui temos fa- lado da oragdo em geral, ou discursiva, ou affectiva, ou contemplativa, sem dar nenhum methodo preciso, como se een fazer. Embaracante ‘pergunta, onderem« i responderemos nds, com um piedoso E’ mais ou menos como si pergun- tassem: fas een Como se deve fazer para res- Quanto menos nos preo! tanto melhor faremos, Nao que no seja preciso, para bem meditar, pre- occupar-se com methodos; mas 0 que importa em primeiro logar € bem com- prehender o que é um methcdo. Ora um methodo & um meio e nada mais. E quanto mais attento se esté ao alvo D jaudot. 8. 7. On Bvangelicos, |A contemplagiio sobrens que se tem em vista attingir, tanto melhor se faz uso de um meio. Para a simples meditagao 0 metho- do & necessario, sem 0 que os prin piantes se desviam. Quasi todos os livros dio o methodo de Sto. Ignacio. Mas fazendo uso deste livro nenhum methodo € necessario, pois que 0 me-" thodo jA esta applicado na exposigao. Basta, pois, ler com attengao os diffe- rentes pontos e em seguida repassa- los no espirito, ajuntando-Ihes suas proprias reflexdes. . Para a oragio affectiva, ou contem- placdo affectiva ou de simples olhar, 0 fmesmo se reproduz: o trabalho esté feito, basta aproprid-lo a si, e, confor- me a inspiracdo do Espirito Santo e 0 attractive particular, desenvolver tal ou tal ponto que mais nos impressiona. Quanto 4 contemplagéo affectiva, natural, pode-se tragar os seus deli neamentos geraes... Considera-se: 12 —— As pessoas com o que ellas apresentam de bom ou mau; 2° — As palavras interiores ou exte- riores, os pensamentos, os effeitos; 3» — As acgdes louvaveis ou censu- raveis com stias causas, recahindo so- bre si mesmos. 108 A contemplagto sobrenatural ——— Péde-se assim consi _Pbde-s considerar todas a 8 geumstancias: caus, fin, ‘effet , logar e modo i. tempo, de seu cumpri Suscitar affecgSes, conforme o caso: admiragio, louvor, ‘accio de gracas, amor, confuszo, dor, actos de ‘desag. gravo, offerta, promessas. as oe © appellos ao Coragao de Jesus, Sma. Virgem, 20 Anjo da Guarda. | —Resolugdo segundo 0 caso eel hecessidade, Terminar sempre or uma fervorosa ai Por prece e a oracio eis, methodo geral que péde ser ir para contemplar qualquer, scena que seja da vida ou da paixio do Sal vador, ise tratasse de uma verdade er: sua necessidade — suas vantagens — os desejos. de Deus — a ya ° vossos sentimentos e 2 jucta a esse respeito: es- tima? esforgos? faltas? O que € pre ciso fazer? ae E comin, Bera, 08 Santos aconselham contemplar as virtudes em um modelo is verdades como emanan x ca do Salvador. reo da bos: Eis o meti.od quaking, M08 para um objeto ‘A contemplagtio sobrenatural 105 Mas conservemo-nos 0 mais possivel em uma grande simplicidade sobre es- te assumpto, lembrando-nos que © me- thodo é um meio, e so tem valor em- quanto nos ajuda efficazmente a at- tingir 0 alvo. Si se tivesse indagado, das pessoas que accortiam aos caminhos da Gali- Tea e da Judéa 4 primeira noticia da passagem de Jesus, que methodo ellas Seguiam, teriam ellas ficado bastante embaragadas. Todo o seu methodo se inspirava em uma fé viva naquelle que procuravam € ha alegria de sabé-lo perto delles, da Vontade firme de aproveitar de sua passagem. E elle se Ihes revela por. si Fiesmo, ao sentimento doloroso das imiserias a curar, sob 0 peso das faltas a descarregar, através da esperanca dos bens a obter. Escutae-os: O centurido exclama: Eu nao sou digno! A incuravel mur- mura baixinho: Si ew pudesse tocar a fimbria de suas vestes! — Ajudae-me! supplica a Chananéa. Eo leproso diz dereis! Magdalena nem uma so palavra pronuncia, ella ama e belja os pés de Jesus! Si quizerdes, po- 106 —— A contemplagio sobrenatural Pedro chora! Martha lamenta-se! Elles créem, esperam, soffrem, ad- miram-se, querem. A presenca do Salvador domina to- dos os seus pensamentos e regula so- beranamente a sua marcha. Oh! bella, oh! fecunda e poderosa contemplacao! Facamos como elles: como elles al- cangaremos. Ou antes, fagamo-nos um delles e sigamos com elles. Jesus es té sempre no meio de nés. E’ o mesmo Jesus do Evangelho, com 0 mesmo Coracao, as mesmas ter. nuras; 0 mesmo olhar que penetra o coracdo e 0 mesmo gesto que convida a segui-lo!... _ Sigamo-lo... detenhamo-nos na sua intimidade... escutemos suas palavras divinas... digamos-lhe. b: nosso amor, nossa fidelidade, nossos arrependimen- tos do passado e nossas esperancas do futuro. Isto seré a verdadeira contemplacao affectiva, a unigo intima... mas a unio verdadeira, esbocada sobre a terra, mas que a eternidade perpetuard um dia, irradiando-a da luz e da glo- ria do céu. CAPITULO XXI Ultimos conselhos E’ tempo de nos recolhermos, ¢ de comegarmos a praticar 0 que aprende- mos na escola dos Santos. Alguns con- selhos, porém, sio ainda necessarios, para ajudar os principiantes a afastar os obstaculos que podem encontrar. O primeira é de considerar os factos que se contemplam como uma coisa presente, ¢ 0 como acontecimentos longinguos, antigos, passados em Je- rusalém, ha seculos (1). Nao é assim que por vezes se imagina ver um ente que esta ausente. Num momento de tristeza, mesmo alguns annos depois de sua morte, ns gostamos, por vezes, de representa-lo como si elles estives- sem vivos. Nos os vemos, ouvimo-los, contamos-lhes nossas penas ¢ dir-se- ja que 0 som de sua voz fere nossos ouvidos, dizendo: “Coragem, meu fi- Fos. non tam praterttam, quam, sertee deat Inaplcere (8. Leo. Serm. ‘8 —— A contempingio sobrenatural tho, supporta, tem pacienci no, , tem paciencia, i vid, embrace do cfu” ieee ta, Jesus Christo & 0 mesi todot soa asculostteyparatelle/ nao) hal nem passado, nem futuro: tudo € presente; nos devemos, ertio, saber lornar presente 0 que s¢ deu com ell no passado (2). . —O segundo é re i presentar-nos Je sus Christo, na attitude que Eee im destes mysterios, como si . mo aac olhos estvessem fixatios em aua adoravel (3): considerd-lo aqui sentado no meio de Apostolos, seus Apostol Reais Wandancioeaincinindosse ear instruindo-os; aqui exgotado Perum suor de sangue, aaa jas Oliveiras; acol4 ra por golpes de azorragu ree or popes. de, azorrague ¢ offegante ; mais além, cahido desfalleci lem, lecido a que he fie dos crueis soffrimen- is j aval hal sara oe] aspntoalelo Péde-se, sem duvit éde-se, sem duvida, com 0 auxili da jmaginaedo, formar’ uma are Go actual destes differentes especta- Pa ca ata ete Fecolre fide non fia magna fd ma ple Geren lea ath SP Re 35 dia te presenter exh tn te presentem exhibens his, que pet ran’ Jer ie of acl natant ae Stadia oud ines oe Spuinien)ivideren

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