FREUD, Sigmund. Guisa de uma Introduo ao Narcisismo. In: Escritos sobre a
Psicologia do Inconsciente. Rio de Janeiro: Imago Ed. 2004. Trata-se de um dos mais importantes escritos de Freud, onde ele recoloca a diviso pulsional, formalizando sua teoria libidinal atravs de uma articulao entre as neuroses de transferncia e as neuroses narcsicas. Apesar de publicado em 1914, temos informaes de que Freud utiliza o termo narcisismo desde 1909, localizando-o como uma fase entre o autoerotismo e o amor objetal. Inicialmente, Freud apresenta o termo narcisismo conforme a cincia de seu tempo: no campo das perverses. Amplia ento, apoiado em suas observaes clnicas, a abrangncia do conceito, reivindicando para tal um lugar no desenvolvimento regular dos seres humanos. Atravs dos estudos das parafrnias, sustenta que a inflao egica destes pacientes resultado de uma retrao da libido objetal sobre o eu destes sujeitos. Existiria, portanto um investimento libinal egico original, que nestes casos seria sobreinvestido por um narcisismo secundrio patologizante. Pondera que nas neuroses de transferncia, tambm ocorre um desinvestimento objetal, mas nestes casos a libido continua investida em objetos fantasmticos, no inflacionando o Eu. Continuando sua argumentao sobre a libido, o autor toma as doenas, orgnicas, a hipocondria e o enamoramento como pontos de apoio para discutir a economia e a dinmica pulsional. Demonstra que um investimento libinal objetal implica em um correspondente esvaziamento da libido do Eu. Nos casos das doenas, o eu desinveste seus objetos, recolhendo sua libido em favor de sua recuperao. Nos casos de enamoramento, inversamente, o Eu se encontra libidinalmente esvaziado, tornando-se dependente do objeto depositrio de sua libido para sua prpria sobrevivncia. Por fim, Freud inicia uma discusso sobre os conceitos de Eu Ideal e de Ideal de Eu, articulando-os ao narcisismo. Parece-nos que a criana pequena, identificada a um Eu Ideal narcsico, via de regra, frente s dificuldades inerentes ao encontro com os Ideais civilizatrios, constri, paulatinamente, a partir de objetos significativos na sua histria, um Ideal de Eu, que passa a controlar seus investimentos libidinais, ou seja, seu destino.