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Par: Didier La rouse, 1° 16, (© MARXISMO E A IDEOLOGIA EM BAKHTIN Gilberto de Castro Discutir a relago entre Bakhtin @ 0 Manxismo © também qual a sua perspoctiva de ideologia passa, neces- sariamente, por discutir antes as questdes de cunho auto: val, sem as quais, fica dif falar de alguma provével relago entre 0 teérico russo ¢ o pensamento marxista ‘Todavia, como todos os teéricos do hoje conhecido CCirculo de Bakhtin tiveram vida dificil, enfrentando as agra 1s pliticas do stalinismo, foram perseguidos palticamento ‘opresos, fazer oinventaro de suas idéias sempre esbarraem algumas dificuldades 0, as veres, até em impossbilidades de reagate bio-bibliogrfico. O que quero dizer mais exata: mente é que desde os anos de 1960, quando as idéias do Circulo retomam a sua circulagso, até hoje, aposar da zecu- ppetacéo e publicacéo das obras dos seus principais autores (Bakkhtin, Voloshinov © Medevedov), a recenticidade dessa ‘eapariglo, aida ao fato do quo os autores jé néio podem ‘mais sor consultados, cra dificuldades avaliativas sobre 0 Conjunto da obra dos autores. 1B uma dessas dificuldades avaliativasé, cetamen- te, a relagdo dos autores do Cisculo com o Marxismo e, indiretamente, mas por conseqiiéncia, com 0 concelto de ideologia que esses autores operaram nos seus eszrtos. (Qual dos trés autones ora de fato manxista? Havia rejeigdo, tentze eles, ou da parte de algum doles, das idéias mands- ‘as? Se houve de fato uma influncia marxista no Cixculo, qual a sua densidade conceitual no plano das idéias dos ‘autores? Se Bakhtin, a quem primelramente s2 altibuia a ctiago de todas as obras do Csculo, era de fato 0 tinico no ‘maniista do grupo, 6 possivel amar categoricamente que la nfo recebeu nenhuma influbncia manista de algum de seus colegas? A presenga do Marxismo no conjunto das {d6ias dos autores ps em riscoa qualidade tetra e concei- tual dos seus trabelhos? Se houve adesdo ao Manxismo por parte de alguns dos integrantes do grupo, o que ele trouxe 0 inovador para o debate geral do Marxismo? [Nao fosse a auséncia prematura de Voloshinov 6 ‘Medvedev, mortos nos fim dos anos de 1930, etambém o5 traumas politicos deixados pelos duros anos de stalinismo, ccujo eco talvez tenha inibido algumas das palavrasfuturas do Balhtin, as respostas a todas essas questées fuiriam ‘com mais tranqillidade, Como uma palavra mais defintiva talvez néo soja possivel, nos que nos contentar com uma, ‘quase-palavra; ou s9ja, aponas com 0 rast da vos dos autores deixado na constituigéo das prOptias obras umna vez ‘quenfopodemosmais owv-4os,ecomumaououtta hipstese nem sempre comprovével. Mesmoassim, essetalvezsejaum ccaminho pera chegarmos a uma leitura mais razoSvel @ citeriosa das obras dos pensadores ussos, que possa tanto ‘duminar 0 imbx6glio da autoria das obras quanto a questo da relagio dos autores do Ciculo de Bakhtin com fats, questes © conceitos do Mansismo, Com esse objetivo, vou recomrer aqui, a8 muita ‘indagagoes levantadas sobre o tema da autoria das obras, do Circuloe também As conclusbes elaboradas por Morson ‘e Emerson (1990) que, partindo de uma minuciosa critica a biobibliografica sobre Bakhtin ¢ o seu Circulo, feitas por Clarke Holquist,'oferecem uma série de questionamentos Interessantes sobre as questdes que me proponho discutir neste texto, Posteriormente, a essa sintese esclarocedora dos autores americanos, faremos uma incurséo répida polas as obras de Bakhtin, Voloshinov e Medevedev para 1. Pacad em inglés em 1964 e pubicala so Bra pela Bea ‘Panpectiva (1998), com 0 soguinde thab; Mthall Bain. avaliaro tema do Marxismo e também a questéo de como a ‘deologia est dimensionada no pensamento dos autores. Emprimetrolugar, vale citar aqui a avaliagso inicial que Morson e Fmezson fazem do impacto que as idéiasda biobibliografia sobre Baldtin tiveram, popularizando @ déia de que Bakstin, ele mesmo, teria sido o tinico autor de todos os principais textos publicados nos anos de 1920. Segundo os autores, Presentemento, 6 um lugar comum ante os cit cos citar as obras de Volochinov e Medviédev ‘come sendo de Baktitn, nlo raro sem oferecer qualquer justiticativa -mas na verdade a autora dosoes textos ost Jonge do sor uma questio cstabelocida. Nas Estados Unidos, ainflubneiada biografia pioneira de Katerina Klaxk © Michael Holquist, que se posiiona decididamante favor de Bakttin no tocante & auteria desses Lives, Jevou a uma suposico genevalizada, da parte de ‘o-espocialstas, de que uma questo aberta 6, 4e fato, fchada (Morson o Esporson 2008, p.120) ‘A somethanga do que oconet nos Fstades Unidos, também aqui no Brasil ainda é bastante comum lermos€ owvinnos iis sobre os eacitos do Circo sendo atau das excusivamente a Bakhtin, principalmente entze of néo espocialistas nas obras dos autores © entre aqueles que absorveram os dados biobibiogéfioas apenas da obra do Claik e Holqus. isso cortamente tem contibuido para determinadas lituras que so fetes dos autores © das obras. F muito comum, por exemplo, encontrarmos JeitoresdoCituloentusiasmadosjustamente com aques- *80 do Marxismo, buscando nos esentos dos autores, principelmente em Mankismo e fasta de linguagem, subeidios para ume etura mais engajada e mais politica das iias dos autores miseos. Mas creio que asa letura ‘ais engalada fque um pouco enftaquecida na medida fm que avangamos para uma melhor commpreeniéo sobre qual papel ealmente o Mankismocumpre nos ecritos dos autores do Cirulo de Balen. ‘Umpoucomaisadnte, MorsonFmerson teatam também que, por uns bons anos, eles também integraram © coro dos que atribulam a Bakhtin a escnitura de todas as ‘obras do Cizculo, assinadas por Voloshinov e Medvedev. Porém, relatam que mudaram de pensamento ap6s contato com alguns trabalhosde questionamenta sobre a questo ‘automa que estavam sondo produzidos em solo russo desde ‘a segunda metade dos anos de 1980. Além disso, segundo ‘autores, foi fcando cada vex mais patente que a base da ‘rgumentagdo om prol de uma super autonia bakhtiniana ‘mnutas vezes néo se apoiava no nivel das idéias e dos cconceitos, mas em outras bases da insténcia académica e politica, incluindo-se al as econémicas ¢ editovias. Em face disso, comoelesmesmolatam, "Chegamos(..)&conclusio de que, salvo apresentagéo de novas ovidéncias, néo hé nenhuma razao convincente para tribuira Baldhtina autoria dos textos contestados" (idem, p. 120). Os textos disputados ‘2 que 09 autores se referem so basicamente os livros [Marxism and the Philesofy of Language © Freudianism: a ccxtiol sketch (ambos de autora de Voloshinov e ambos js publicados no Brasil) ¢ The formal method in literary scho larship (este de Medvedev © ainda sem tradugdo para 0 portugués), também uma siti de artigos dos dois autores ‘mencionados Infelizmente, no hé espago aqui para acompanhar toda a interessante argumentagéo desonvolvida por Mor. son ¢ Emerson sobre os imbtéglios da autoria, por isso registraremos apenas as suas conclusbes mais gerais, que justificam as suas afitmagées citadas acima o que, por raaGes que epresontaro! mais tarde na seqiéncia deste texto, a0 analisar o tema do Marxismo e da ideologia diretamente em alguns dos textos dos autores muss0s, ‘também so por mim corroboradas. No sentido dessas ‘conclusées, uma outra citagio dos autores 6 bastante apropriads, tendo om vista que ela coloce em evidéncia niio aquilo de que se suspeita sobre Bakhtin, Voloshinov ‘e Medvedev, mas im aquilo do que néo é possivel suspei- tar com respelto aos autores 1uss0s Paraecazover oa argumentca de ambascslados, sera il declarer o quo nfo & contestado, Havia “2. Attica tries do Fredlame ss atora dob Rafa zoalmento um Volochinov © um Medviédev; nin \guém acredita que esses nomes axjam peoudtn. ‘mes no sentido em que “Mark Twain" 0 & & cevidente que Volochinov e Medviédov eram ami oe intimos de Rakin, Sabe-se igualmente que ‘8 bias de Bakhin exeroeram profunda infiubn- cia sobre os livree de seus amigos. Volochinoy © ‘Modviédev parooom tor sido mandstas sinceros. ‘Amos faleceram em 1998, Da época da publica (0 das obras om questéo (aproximadamento, final das anos 1920) a6 1970, ninguém nogou publicamente que Voloohinay © Medviédev te- ‘Bham escrito oa lives publicades sob os sous ‘pomes. (Idem, p:122) ‘Apés casas consideragbes, Morson ¢ Emerson vo falar do aspecto negativo em se tomar as obras acima, arbuidas a \Voloshinoy © Medvedev, como sendo da autora exclusiva de Bakhtin Pama os autores, isso cou criasros problemas para ‘a compreensio mais acureda sobre qual a qualidade da @pro- prado mandsta quo clas encoam. Ao sinalizé-las como produgéo unicamente de Bakhtin, a0 mesmo tempo em queso ‘ogot a sua vinculagéo a qualquer pressuposto marisa, 96 permitiu que lado mandista daquelas obras foss0intorprovado jpenas como uma janela de fachada pata proteger Bakhtin Mas, sogundo os autores, (a sorem Velohinay o Medi os ausre es ‘ainda quo fremont infuncias por Ben, af, ‘omanism dos ims pode sr lovedo a sitio Osa ‘comernamn-se om trtativas do constuiruma sofstica- dackutrnamanceta aclu, Pmvezdeuma talaga o oiign eles continsem aliomativa a pour so5s- ‘cada mandsmo dominanto na Unio Soviticada po calida, p12. ‘As conseqiéncias de negagio da autoria das obras ‘marstas de Voloshinov e Medvedev em rol de Bakhtin ‘acabam por obscurecer sobremanoira a recopgdo de toda a produgao intelectual dos autores do Citculo. De um lado, {sso nos embota a viséo para as particularidades do Mar- _xismo que os companheiros de Bakhtin ostavam tontando ‘constnuir e, de outzo, cria um olhar enviesado para a Jeitura das obras escritas ¢ assinadas exctusivamente por Bakhtin, Ao mesmo tempo, outra conseaiiéncia negativa doosa falta de preciso na atribuigéo da autoria das obras, 6 0 fato de que perdemos também a perspectiva de ‘conjunto que animou os autores russos em sous processos do debate e que os singularizou em temos da mancira ‘como trataram as quostdes da linguagem, da arte literéria edo sujeito. Em suma, 6 0 aspecto dialégico que esté na ‘base do encontro entre 0 pensamento dos autores russ0s, servindo-Ihes como fundamento autoral para os seus miil- ‘tiplos escritos, que os caracterizou, apesar das diferengas estilisticas pessoais, como um auténtico Circulo de pen: sadores e néo 0 contrétio, Pois, como bem argumentam ‘Morson e Emerson, Quando so comoga @ pensar mais em terms de Alslogo einuénca do que identidade © pooudont- ‘mia, otras posibilidedes aparocom. So Bakhtin {nduenciou Volochinov © Medvidov, par que elas ‘nfo porerom io inftuenciado? A noseo ver, com. toda a prababiliade fo isso quo acantoceu. Os ‘rimeizo ezine de Bakisin eram enfaicamonts io ociligioes, salvo no eontido tii em que todameditagioentre cus autos éecciolégica Mas seu excite dos ance 1930 e 1940 (por exomplo, "Discurso sabre pRomance’ golive sobre Rabelais) ‘ram profundamante sociolgices. Néo sors poss val que o encontro com interprtagées fortmente ‘manxistas do suas prépsas ins tonba rovocado ‘ammudanga? (dam, p36) ‘Também sou partidévio dessa mitua infuéncia a ‘que 90 reforem os autores, pois uma leitura horizontal do cconjunto das obras bakhtinianas, parece deixar pouca divida em relagéo a is80, Por essa razéo, acrodito que 0 ‘que eles apontam em relagéo ao aspecto sociolégico do ‘abalho do Bakdtin sobre 0 romance ¢ também sobre Rabelais, 6 igualmente vordadeiro em relagéo ao estudo {do Bakhtin sobre Dostoiévski e também em relagéo a0 set, texto sobre o8 Génares dodiscurso. Vale lembrar que esse ‘Gltimo trabalho de Bakhtin foi esorito nos anos de 19506 ‘quo, a itima versio da Postica de Dastoiévs, fol const- deravelmente ampliada pelo autor durante os anos 1de1960, Assim, em todos ostrabalhosde Bakhtin, pés anos do 1930, hé 0 eco incessante de passagons, concoitos © cexemplos" que sao encontrados em varios outros momer- ‘tos dos textos jé citados aqui e referidos como sendo de Voloshinov © Medvedev. ‘Mas, para fazer uma avaliagéo melhor sobre essa ‘miitua influncia cro quo, antes, nocossirio rpassarmos ‘a questio do Manxismo nas obras dos autores do Citculo, avaliando om que momentos essa roferéncia aparece e qual ‘a natureza, a qualidade 6 0 peso conceltual de sua presenga fom seus escritos, Para isso, primeiramente, actedito ser preciso verificar em quais obras dos autores russos podere- ‘mos encontrar rferéncias explicitas ao Marxisino ou a qual- ‘quet dos conceitos decorrentes dele. , tendo em vista que Co conceito de idoologia estd abertamente vinculado ao pen- samnento marxista, creio quo a partir dessa busca marxista nas idéias do Ciculo, seja também igualmente possivel avaliar com que concolto de deologia as obras balchtinianas ‘operam ese, nesse aspectoem particular, também é passivel falar em uma metua influéncia, em comportamentos concet- tuais semelhantes ou diferentes, Acho que a questo que deve ser desenvolvida primeiramente & se, de fato, pode-se afirmar com um minimo de certeza que algumas obras do Circulo de ‘Bakhtin so mosmo influenciadas pelo Marxismo ou 0, ‘como afirmaram Clarke Holquist, o Marxismo ali presente seria apenas janela de fachada para proteger Bakhtin. De minha parte, acredito que a repotida presonga de concol tos mandstas ao longo de algumas obras © também @ ‘maneia como sfo/estio delineados esses conceitos, mes: mo que de manelza allemativa a um corto tipo de Marxis- ‘mo ~ ao menos aquele vivido no contexto sovitico dos ‘anos 1920/30 -, serve para desbancar a idéia de que as referéncias ao pensamento marxista seriam apenas um 2 Msi psgens 0 near do scr (195295), de Babi, 80 eps em ela 4 o, prcplent ngs em qu 0m dosage crap de cnn om gues eels coms uses rset em iat anlar «loi de inguag 0 antificio ret6rico, um esquema de eserita cujas finalidades ram basicamente a de proteger Bakhtin politicamente, Isso 6 especialmente claro em Manxismo e filesofia de linguagam, cujo préprio nome do livro remote de forma dizeta a uma tentativa de trazer eagrogar elementos novos ‘a0 debate manxista que, no entendimento de Voloshinov, ccarecia de uma melhor compreensio e desenvolvimento sobre como se dé a produgio dos sentidos no Ambito das Interagies sociais e, de que forma esse sentido agrega {indices de valor social. Como ele coloca jé no primeiro capitulo do livio, a teoria mareista, mesmo que paderosa em seus grandes pressupostos, ndo possuia uma teoria nem sobre a linguagem nein sobre a grande variedade simbélica a que est4 sujeita a consciéncia humana. Como decotréncia, tera enorme dffculdade para abordar a ques- to ideolégica, J4 que sogundo o autor russo, falar em {deologia, ou em valor/indice de valor social, ¢ falar sobre- tudo em sentido, o que nao se pode fazer sem uma definigo mais precisa ¢ abrangente das caractexsticas ‘do mundo somiético que nos rodeia. ‘Além da discusséo sobre a necessidade de atrelar ‘idooiogia a uma semi6tica valorativa, Voloshinov também, vai se preocupar com outro aspecto importante para 0 esclarecimento dos desatios enfrentados pelo Marxismo: le vai tefletir sobre a necessidade de uma maior com- preenséo das elagdes entre a base econémica - combus- Livel e motor das mudangas sociais para o Marxisio e um. dde seus grandes fundamentos ~ ¢ as grandes superestru- turas sociais (ou ideol6gicas), subdivididas na ciéncia, na arte, na politica, naeligiéo otc. Para Voloshinov, que daré demonstragbes inequivooas de que acredita nesse princt- pio mannista, dado fato de que as alusées @infiuéncia da ‘base econdmica véo se repetir ao longo de toda a extensio do livro, ha, noentanto, um fragoraso erro de interpretagio do método manxista nesse ponto em particular. Para ele, crtos marxistas erravam quando entendiam por causal dade econdmica a causalidade do tipo mocfinica, cuja interpretagGo aligeitada das relagées de ingluéncia entxe as superestruturas e a infra-estrutura, empobrecia extre- ‘mamentea rica ecomplexa dinAmica das relagSes sociais, histricas o culturais. Reconhecer ¢ interpretar que os processos econémicos so prevalentes e responsvels por ‘mudangas ¢ movimento social, para o autor, nao significa reduzir 0 processo de interpretagéo a chave simplista, relacionando cada passo sécio-econdmico, mecanica- ‘mente, a qualquer mudanga de ordem superestrutural ara reivindicar uma linha mais aberta e mais arejada de interpretagao desse pressuposto marxista, Voloshinov vai para a esferada literatura, nostrando e contestando.oque seria uma interpretagdo mec&nica-causal da obra Rudin —ohomem supérfo, de Turgueniev, na qualo iterate russ retrata o empobrecimento da nobreza através do persona- ‘gem principal, Na avaliago de Voloshinov: [Nao parece evidente que entre a ransformagao a estruuza evondimica © o aparceimento do ‘homem supéfluo" no romance exista um longo percurso que passa por uma séite de extras qualitativamente difrenciadas, estando cada uma delas dotada de um conjunto de regras e3- poctficas ¢ de um caréter préprio? Nao parece ‘evidente que “o homem supéifuo" néo surg no romance de forma independente ¢ som qualquct ligagde com as outros elomontos constitutes do romance? Bem ao contri, © romance no seu ‘conjuntaresruturo se camo um too tinea, erg- nico, submeto a suas péptas lis especitions Portanta reestruturao tas os cuts elementos do romance; sua composigto, seu esi, Mas eat media do romance compet sotambémem ferota ligagio com as demas tansormagiet no corfuntdalsraura.(Bakntin/Vokinov 1966, p41) Na posigao de Voloshinoy, fica nftidoo seu descon- tentamento com um tipo de movimento interpretative docorrente do Marxismo, o que néo o impede de continuar vendo nele possibilidades heuristicas justificévets quando ino se desconsidera a complexidade dos fatores de mu:

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