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1B impostas pela sociedade, a exemplo do uso da linguagem, do amor patria, do respeito as instituigdes, e assim por diante, Na sociedade contemporanea os individuos teriam realgado 0 seu papel. Isto porque ocorreria uma intensa divisdo social e técnica do trabalho, respectivamente, na sociedade e no local de trabalho. © fortalecimento das individualidades se articularia com a extrema interdependéncia ¢ solidariedade dos individuos, isto é, quanto mais 0 progresso técnico individualizasse 0 individuo mais 0 tomaria interdependente, Nesta perspectiva, progresso social ¢ liberdade individual caminhariam na mesma diregdo quando a sociedade se encontrasse sob um estado de ordem social Do ponto de vista politico caberia aos individuos declinar de realizar mudangas nas leis que regem o desenvolvimento social ¢ que estdo fora ¢ acima das vontades particulares. Caberia ivel com 0 aos individuos concorrer para que estas leis atuassem livremente, somente po: desenvolvimento da sociedade sob um estado de ordem social 2.2, O Pensamento de Marx Marx, por meio do didlogo eritico com os pensadores que 0 precedem e do compromisso com o mundo do trabalho, formula um novo método de analise. Método este que proporeiona uma nova concepgdo de homem ¢ de sociedade, uma interpretagdo dialética da historia e uma critica da economia politica burguesa, Sociedade e Totalidade em Marx Identificar o método de anilise de Marx nos impde, de inicio, expor o seu conceito de “sociedade”. Para Marx, a sociedade, articulada por meio de uma formagdo social concreta especifica, seria produto do desenvolvimento individual ¢ da ago reciproca dos homens, tenham eles consciéneia disso ou ndo. Entretanto, nao poderiam eleger a formagao social em que se encontram, nem tampouco arbitrar livremente sobre suas forgas produtivas. A formagao social ¢ as forgas produtivas seriam o resultado, respectivamente, das lutas sociais e da agdo sobre a natureza conduzides por parte dos homens que os precederam, A sociedade se conformaria em um todo complexo e interdependente, sujeita a miltiplas determinagdes. A um determinado nivel do desenvolvimento das forgas produtivas, corresponderia um determinado desenvolvimento da produgdo, do comércio e do consumo, Um determinado nivel do desenvolvimento da produgdo, do comércio ¢ do consumo, corresponderia 14 a um determinado desenvolvimento das formas de organizagdo social - organizagdo da familia, das classes sociais ete. Um determinado nivel de desenvolvimento das formas de organizagio social, comresponderia a um determinado Estado, Um determinado desenvolvimento das forgas produtivas e das relagées de produgdo, corresponderia a determinadas expressdes ideolégico~ culturais (Marx e Engels, 1952, p. 414-424) A sociedade, articulada por meio de uma formagio social conereta e especifica, encontrar-se-ia em constante movimento. Portanto, qualquer formagao social seria sempre transitoria e historica. Este conceito de “sociedade” ¢ uma construgao proporcionada pelo método dialético ¢ compée a concepgiio materialista da historia. A compreenso das sociedades de classes, por exemplo, ndo pode ocorrer, portanto, abstraindo a génese da sociedade, 0 modo como ela & produzida e 0 modo como ela opera em fungiio da sua propria génese. O Método Dialético Para Marx, a idéia ndo pré-existiria ao real, ao material. A idéia seria o proprio real transposto e traduzido no pensamento do homem, Marx excluia o sublime, 0 fantistico do existente, do real Essa leitura dialética e materialista da relagdo entre idéia e real determinaria o método de anilise de Marx, de modo que este partiria sempre da investigagao preliminar do real ¢ do conereto, Nao do real ¢ do conereto idealizado, como poderia sugerir 0 termo “populagdo”, quando abstraido das suas classes sociais, das relagdes de produgio sobre as quais se apoia etc, que, segundo Marx, somente poderia permitir atingir abstragdes frageis e progressivamente mais simples. Mas do real ¢ do conereto enquanto uma rica totalidade de determinagdes ¢ diversas relagdes, Para Marx 1982, p. 14), (0 conereto aparece no pensamento como o processo da sintese, como resultado, no como ponto de partida, ainda que seja © ponto de partida efetivo e, portanto, o ponto de partida também da intuigdo © da representagdo. No primeiro método, a representagdo plena volatilizase em determinagiies abstratas, no segundo, as determinagées abstratas conduzem a reprodugdo do conereto por meio do pensamento, Por isso € que Hegel caiu na ilusdo de cone er 0 real como resultado do pensamentt que se sintetiza em si, se aprofunda em si, e se move por si mesmo, enguanto que o método que consiste em elevar-se do abstrato a0 conereto ndo é sendio a mancira de proceder do pensamento para se apropriar do conecreto, para reproduzi- lo como concreto pensado, Mas este ndo é de modo nenhum o proceso da génese do proprio concreto, 15 Partir do real e do concreto permitiria, segundo Marx, apreender dindmicas' e formular conceitos, enquanto expressio de multiplas determinagdes do real captado e (re)construido no pensamento, Para Marx, expressaria “o curso do pensamento abstrato que se eleva do mais simples ao complexo” — e que corresponderia, efetivamente, ao proprio processo histérico (Marx, 1982, p. 15). Encerrado esse momento retornar-se-ia ao real, mas agora enquanto real reconstruido e conhecido. O real se apresentaria enquanto um fluxo permanente de movimento e de contradigao Movimento e contradigao seriam dados objetivos do real, visto que emergiriam das proprias bases sobre as quais historicamente se configuraria o real, Portanto, independentemente da propria compreensdo da idgia de movimento e de contradigdo (ou das representagdes construidas no Ambito do pensamento, tendo em vista expressélas), elas percorreriam o pensamento e a pratica do homem. Movimento e contradigdo expressar-se-iam em um periodo ou etapa histérica dominado por um modo de produgo. Esse, por sua vez, se manifestaria por meio de formagdes sociais coneretas e especificas. © modo de produgio, bem como as formagées sociais concretas € especificas, seriam estruturas sociais historicamente determinadas, Marx concebe o real (a sociedade concreta em seu movimento e sob contradigdes) como um processo histérico, Esse real estaria regido por dindmicas historicas. Nao dindmicas gerais, a- histéricas que, emergidas de leis naturais, regeriam para todo 0 sempre o real, mas dindmicas especificas a cada periodo ou etapa histérica e que se expressariam por meio de modos de produgdo e de formagdes sociais concretas e especificas. Essas dinémicas regeriam o movimento social, por um lado, como um processo, em grande medida, independente da vontade, consciéneia ¢ intengdo dos homens; mas, por outro, capazes, ao mesmo tempo, de determinar concretamente a vontade, a consciéneia e as intengdes dos homens como agentes sociais diferenciados. Esgotado historicamente um modo de produgdo, novas dinémicas se conformariam ao longo do processo de surgimento de um novo modo de produgdo. Assim, por exemplo, as dinamicas que regulamentariam 0 comércio, a populagdo, a moeda, no mundo medieval ' Marx em diversas passagens utilizou 0 termo “lei” para retratar a dindmica de um modo de produgdo ou uma formagao social concreta e especifica, provavelmente influenciado pelo cientificismo do século XIX. Lei no no sentido que 0 positivismo atribuia a essa palavra, ou seja, algo constante, necessdrio e determinado pela coisa em si que poderia ser reconhecido pelo homem através da observacdo direta dos fendmenos sociais e naturais, Para o posilivismo, as leis naturais ¢ sociais seriam idénticas. Jé para Marx, as “Ii cas sociais seriam histricas € transitorias, expressando movimentos passivets de transformagdo pela ago humana, no possuindo um sentido de 16 ocidental, ndo poderiam ser transpostas para compreender © comércio, a populagdo e a moeda, no mundo capitalista ocidental, Categorias que encerram sentidos genéricos, como comércio, por exemplo, deveriam, por sua vez, ser investigadas dentro da especificidade que assumiriam em sp cada modo de produgao, Para Marx, o fundamental na pesquisa cientifica seria, portanto, descobrir as dindmicas que regeriam e modificariam os fenémenos estudados, Para ele essas dindmicas atuariam nas condigdes ¢ interesses materiais, inclusive no Ambito do proprio pensamento. Assim, a critica do proprio pensamento, idéia, cultura, da sociedade modema, somente poderia surgir do real, do material que o determina ndo do pensamento refletindo diretamente sobre si mesmo. E da sua base material, o real, desvendado pela pesquisa, que o pensamento poderia auto-criticar-se e desalienar-se, Assim, o pensamento, a idéia, a cultura, em principio fora de ‘lugar’, poderiam ser colocadas em seus devidos ‘lugares’ Marx cuida de distinguir, ainda, 0 método da pesquisa do método de exposigdo, Para Marx, “a pesquisa tem de captar detalhadamente a matéria, analisar as suas varias formas de evolugdo e rastrear sua conexdo intima, Sé depois de concluido esse trabalho € que se pode expor adequadamente 0 movimento real” (Marx, 1988, p. 26). Marx di exemplo conereto desta pratica cientifiea no estudo da economia politica Anteriormente a confecgo da obra O Capital, Marx conduz.estudos amplos e profuundos sobre a mercadoria, o valor, a mais-valia, a reprodugdo (simples ¢ ampliada) do capital, o dinheiro, entre outros temas, como podemos confirmar nos esquemas de estudo pessoal que tomam a forma das obras Para a Critica da Economia Politica ¢ Teorias da Mais-Valia, Elas culminam, por meio do metodo di lético, na apreensio das dindmicas que regem 0 capitalismo e que podem proporcionar condigdes sociais capazes de modificé-lo ‘A conquista do conhecimento do real ¢ a sua exposigdo ordenada no plano do pensamento, podem criar a ilusiio de uma construgio a priori, de esquemas dedutivos. Mera ilusdo, se pensarmos que uma obra, quando finalizada, nada mais é do que fruto de intensa pesquisa e exposigdo articulada por meio de uma coeréneia discursiva interna, Marx, conforme observamos, apresenta o seu método dialético dentro de uma configuragdo racional, empirica ¢ materialista. Movimenta suas pesquisas do particular para o geral © vice-versa, busca apreender dindmicas © formular conceitos por meio de estudos comparados dos fendmenos sociais, esforga para demonstrar a coesdo entre 0 que anda nas cexatiddo matemitica, mas de coeréncia geral determinada pelo todo interdependente dos elementos que compde @ soviedade, 17 ‘eabegas’ e as bases materiais sobre as quais se localizam os ‘pés’ e coloca a temporalidade dos fenémenos sociais no centro do seu pensamento A Concepsio Materialista da Histéria Os debates sobre a destruigdo furtiva e o parcelamento da propriedade do solo, em curso na Provincia Renana, desperta em Marx uma preocupagdo com os chamados “interesses materiais” (Marx e Engels, 1983, Volume 1, p. 300 e 301). O recolhimento de lenha por parte de um camponés em uma propriedade, considerada furto pela Dieta Renana, conduz Marx a tomada de conscigncia de que o direito protegia a propriedade. Esse processo ocorre na sua experiéncia como redator da Gazeta Renana, entre os anos de 1842-43 Em 1844, por meio dos Anais Franco-Alemdes, as investigagdes desembocam na conelusto “(..) de que tanto as relagGes juridicas como as formas de Estado nao podem ser compreendidas por si mesmas nem pela chamada evolugdo geral do espirito humano (...)”, Segundo Marx, elas “(...) se baseiam, pelo contririo, nas condigdes materiais de vida (...)” Ainda segundo Marx, “(...) a anatomia da sociedade civil precisa ser procurada na economia politica” (Marx ¢ Engels, 1983, Volume 1, p. 301), A continuidade dos seus estudos permite a Marx concluir que “(...) na produgo social da sua vida, os homens contraem determinadas relagées necessarias ¢ independentes da sua vontade, relagdes de produgdo que correspondem a uma determinada fase de desenvolvimento das suas forgas produtivas materiais” (Marx e Engels, 1983, Volume 1, p. 301). As relagdes de produgio seriam as relagdes concretas que os homens estabeleceriam em uma determinada sociedade, tendo em vista a produgdo e reprodugao dos individuos, das classes sociais ¢ da sociedade. As relagdes de produgdo se expressariam na forma de propriedade, na forma de produgdo e distribuigdo dos excedentes sociais e na forma de organizagao das relagdes de trabalho entre as classes sociais. As relagdes de produgdo condicionariam profundamente as relagies sociais em geral, ‘As relagdes de produgdo encontrar-se-iam correlacionadas no seu desenvolvimento com as forgas produtivas, que seriam os recursos tecnolégicos, 0 conhecimento cientifico, as estruturas de produgdo rural ¢ urbana, o nivel de consciéncia social’ etc. Para Marx, nao seria 7 © conceito de “conseiéncia social” em Marx incorporaria as formas de expresso da subjetividade humana (expressdes literdrias e filoséficas, romances, doutrinas religiosas, criagdes artisticas etc), bem como o nivel de consciéncia ¢ conhecimento da relagdo homemv/natureza ¢ das relages sociais. Essas manifestagées da consciéncia social Setiam ideol6gicas e mais ou menos ractonais, humanistas e critieas, segundo © grau de desenvolvimento da 18 possivel forgas produtivas desenvolvidas, a exemplo do nivel conquistado no capitalismo, coexistindo com relagdes de produgdo ‘atrasadas’ historicamente se comparadas a estas, a exemplo das relagdes de produgdo feudais. Portanto, relagdes de produgdo e forgas produtivas determinar-se-iam no desenvolvimento da sociedade humana. ‘As relagdes de produgo e as forgas produtivas, em suas relagdes coneretas socialmente estabelecidas, formariam a estrutura’ (ou base) econémica da sociedade. Sobre a estrutura “(...) se levanta a superestrutura juridica ¢ politica e 4 qual cotrespondem determinadas formas de consciéncia social” (Marx, 1983, Volume 1, p. 301) Marx concebe uma interagdo e uma interdependéncia profunda entre a estrutura, responsavel pela produgio ¢ reprodugdo da vida material, e a superestrutura, responsavel pela produgdo e reprodugao da vida politica ¢ espiritual, A relagdo dialética que Marx estabelece entre estrutura e superestrutura no exclui a ontologia. Neste ponto, Marx é categérico quando afirma que “(..) ndo € a conseiéneia do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrario, o seu ser social é que determina a sua consciéncia” (Marx, 1983, Volume 1, p. 301). Dito de outra forma, Marx ndo reconhece nas leis, nas formas do Estado, nas expresses subjetivas dos individuos, segmentos e classes sociais uma autonomia e independéncia da estrutura, ou seja, das condigdes materiais de existéncia da sociedade. Para Marx, a compreensio das superestruturas exige, necessariamente, um movimento de investigagiio que parta da estrutura O Conceito de “Modo de Produgio” Marx formula 0 conceito “modo de produgdo” para retratar a totalidade social representada pela estrutura ¢ pela superestrutura, Marx integra, portanto, totalidade e estrutura para a compreensdo, em grandes tragos, dos longos periods historicos de permanéncia ou conservagdo — entendidos como movimentos que ndo alterariam a esséneia de uma estrutura, mas que coexistiriam com a acumulagdo quantitativa de condigdes materiais ¢ espirituais, que levariam a um ponto de ruptura num futuro indeterminado — ou breves periodos histéricos de estrutura econSmica, da experiéneia e de am: da sociedade humana. 0 conceito de “estrutura” pode receber diversos sentidos ¢ dimensdes na teoria e metodologia marxista Pode significarestrutura (base) econémica; superestrutura(estruturafruto da materializagio de instituigges e formas de conseincia socal), estrutura global e abstata identificada com o conceito de “modo de produsao”, estutura global identificada com uma formagio social (ou s6cio-econdmica) especifica e conereta, O fundamental € que o conceito de “estrutura” remete sempre para um conjunto complexo de elementos interdependentes ¢ estiveis (0 que ndo significa eterno) no tempo, aestrutura pode ser pensada em si propria ou em relagdo a outra estruturas lurecimento das classes sociais, Enfim, do estigio de desenvolvimento 19 transformagdes bruscas ou revoluciondrias — entendidos como movimentos que alterariam a esséncia de uma estrutura, ou seja, rupturas qualitativas das condigdes materiais e espirituais responsaveis pela edificagdo de uma nova totalidade e estrutura Marx indica que os grandes periodos histéricos estariam estruturados a partir dos modos de produgao comunal, asiatico, antigo (escravo), feudal, e burgués. Modos de produgdo, social e historicamente determinados, mutaveis, portanto, contrariando o ideal burgués da naturalizagio das relagdes sociais, da sociedade burguesa e capitalista ete Modo de Produsao e Transformasio Historica Marx identifica contradigdes e conflitos na estrutura econémica da sociedade. Para Marx, as forgas produtivas tenderiam para o desenvolvimento, o que as faria colidir com as relages de produgdo, que qualificaria e conservaria o modo de produgao. Essa contradigdo, emergida da estrutura econémica, prolongar-se-ia para além das condigdes materiais da sociedade, penetrando na superestrutura € se expressando no Ambito juridico, politico ¢ ideolégico. Isto porque Marx entende a sociedade como uma totalidade, na qual a estrutura econémica exerce um profundo condicionamento sobre a superestrutura. A contradigdo surgida entre as forgas produtivas e as relagdes de produgdo, respons! eis pelo prolongamento da contradigo para 0 todo social, criaria um ambiente propicio para transformagdes, Nas palavras de Marx (1983, Volume 1, . 302), ( Jabre, assim, uma época de revolugdo social, Quando se estudam essas revolugdes, ¢ preciso distinguir sempre entre as mudangas materiais ocorridas nas condigdes econdmicas de produgdo € que podem ser apreciadas com a exatiddo propria das cigncias naturais, € as formas juridicas, politicas, religiosas, artisticas ou filos6ficas, numa palavra, as formas ideolégicas em que os homens adquirem conseiéneia desse contlito ¢ lutam para resolvé-lo. Assim, a contradigdo que nasceria no Ambito da estrutura econémica e que se prolongaria para a superestrutura, ndo poderia ser superada por ela mesma. A contradigdo acima referida apenas criaria 0 espago ¢ 0 ambiente propicio para as transformagdes. A transformagao dependeria da ago do sujeito social, de forma a dar um sentido e uma diregdo para a remogo dos obsticulos que as relagdes de produgao (em um determinado nivel de desenvolvimento das forgas produtivas) representariam no sentido do posterior desenvolvimento das forgas produtivas Para Marx, o termo sociedade expressaria um sujeito social genérico, Compreender a 20 historia a partir desse sujeito social como um todo indiferenciado seria idealismo. A sociedade se manifestaria, de fato, por meio de sujeitos sociais coneretos, ou seja, das classes sociais antagonizadas pela propriedade privada e em conflitos explicitos — revoltas, revolugdes, greves etc — e ocultos — inculcagao de valores ideolégicos, remanejamentos politico-institucionais etc ‘As lutas de classes seriam conduzidas pelas classes dominantes ¢ dominadas. Expressariam a praxis, ou seja, ages sociais (politicas, culturais etc), intencionais ou nao, sempre ideolégicas, com o propésito de conservar ou revolucionar as relagdes de produgdo, Marx supera, por meio da sua interpretagdo dialética do curso da histéria, o economicismo, que atribui ao fator econdmico a responsabilidade pelas transformagées, 0 evolucionismo, que reconhece uma dindmica evolutivo-natural comandando o curso das mudangas, € © voluntarismo, que personifica as mudangas por meio da agdo de determinados personagens e pequenos grupos, desprezando as estruturas econémicas e os embates de classes Modo de Producao e Formagio Social A distingdo entre modo de produgo e formagdo social ndo se apresenta clara para diversos cientistas soci s marxistas - incluindo historiadores, Alguns cientistas sociais marxistas reduzem 0 conceito de “modo de produgio” a estrutura econémica. Reconhecem no conceito de “superestrutura” (formas de conscigncia e instituigdes) uma dimensdo que se encontraria fora do conceito de “modo de produgdo”. Para cientistas sociais, modo de produgdo (estrutura econémica) ¢ superestrutura (formas de consciéncia ¢ instituiges) se comporiam de forma interdependente em uma estrutura mais ampla denominada formagdo social - conjugag: portant, do modo de produgdo e da superestrutura em uma realidade concreta e especifica (Gorender, 1985, p. 1-38) Na concepgdo de Marx, modo de produgdo englobaria de forma integrada a estrutura (ou base) econdmica e a superestrutura. © modo de produgao seria o objeto teérico, genético € abrangente, Uma elaboragdo tedrico-abstrata em nivel do pensamento que se prestaria a contribuir com os estudos de uma formagao social (ou econdmico-social) conereta e especifica Enquanto conceito tedrico-abstrato estaria em constante construgdo, visto que os estudos sécio- historicos permitiriam a descoberta de novos elementos ¢ relagdes no Ambito do conceito de “modo de produgdo” (Vilar, 1988, p. 173 e 174). © conceito de “formagao social” encerraria a realidade social conereta e especifica Seria, portanto, um conceito menos abrangente e que nos remeteria a uma formago histérica conereta ¢ especifica, a exemplo da formagao social portuguesa do século XVI ou da formagao 21 social capitalista brasileira do século XX. © conceito de “modo de produgdo” seria, portanto, um instrumento operatério, tendo em vista 0 estudo de uma formagdo social conereta e especifica. O Conceito de “Classe Social” © termo classe social nao & criado por Marx. Os enciclopedistas franceses ¢ Adam Smith se referiam a“ stados” ou “ordens”, enquanto que Babeuf e os socialistas franceses falam de classes de possuidores e laboriosas. A contribuigdio de Marx para a construgdo do conceito de “classe social” surge, primeiramente, da identificagdo ¢ localizagao social das classes sociais a partir das relagdes de produgdo, ou seja, da forma de propriedade e das relagdes que os homens estabeleceriam em tomo dela, tendo em vista a geragdio e apropriagio dos excedentes sociais. As classes sociais seriam definidas, em primeira instancia, sobre as condigdes materiais em que se inseriam Marx define as classes sociais também em termos politicos. As classes sociais, distribuidas em termos de dominantes ¢ dominadas, se relacionariam de uma determinada forma com o poder em cada periodo histérico. As classes sociais se expressariam por meio de “partidos”, estabeleceriam aliangas, conformariam regimes politicos ete. “A historia de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a histéria das lutas de classes”, diria Marx (Marx e Engels, Volume 1, p. 21, 1983) A partir das relagdes de produgdo e das lutas politicas que thes seriam inerentes, Marx. identifica as classes em termos de classes sociat s fundamentais, em tomo das quais a qualidade das relagdes de produgdo e dos conflitos seriam definidos, ¢ classes sociais ndo fundamentais, periféricas no ambito das relagdes de produgdo e incapazes de definir um projeto social alternativo as relages soviais dominantes e conduzir um bloco de aliangas em torno do mesmo Portanto, as relagdes de produgdo ¢ a identidade © consciéneia acumuladas por meio da experiéneia politica definiriam a posigdo © a fungdo das classes sociais na formagao social concreta e especifica. Marx nao reconhece a existéncia de classes sociais nas sociedades que nao se apoiam na propriedade privada (comunidades tribais dos celtas, germanicos, eslavos, povos pastores do oriente; indios da América; sociedades despoticas orientais ete). As sociedades despoticas, embora coexistindo com a desigualdade social, ndo assumiria a forma completa de desigualdade social, na medida em que a unidade centralizadora — Estado — se ergueria sobre as pequenas comunidades coneentrando a _—_propriedade, mas _—_estabelecendo—relagdes_ de 2 tributagdo/reciprocidade. Para Bourdé ¢ Martin, se Marx e Engels tivessem possuido mais informagées histéricas teriam dissociado “estados”, “ordens”, “castas” ete, de classes sociais propriamente ditas nas formagdes pr 164). apitalista de produgdo (Bourdé e Martin, 1983, p. 159- Como esbogo de uma sociologia das classes a partir de Marx, é possivel identificar que a) a definigiio de uma classe social implica na referéneia a aspectos sociais, econdmicos, politicos ¢ ideolégicos. ») seria pertinente considerar as classes em fungdo da estrutura de classes e ndo isoladamente; ) as lutas de classes determinam, em grande medida, os conffitos e dindmicas do nivel politico € dos demais niveis da sociedade. Tais conflitos e dinamicas ndo podem, entretanto, ser interpretados como mero prolongamento das lutas de classes. O Conceito de “Ideologia” Marx parte da compreensto de que existiria um elo entre formas ‘invertidas’ de consciéncia ea existéncia material dos homens. Essa compreensdo nasce da critica a Feuerbach e a Hegel, Marx apreende a tese materialista de Feuerbach de que os homens criam Deus ¢ as religides, e ndo o contrério, Distancia-se deste quando demonstra que tal inversdo ndo ¢ uma pura construgdo do pensamento, mas que encontra-se no mundo real, que é um balsamo criado pelos homens para compensar as contradigdes do mundo real. Marx submete o proprio pensamento de Hegel a esta critica. Hegel supés que a Idéia ou Razdo Absoluta se manifestaria no mundo empirico e que o Estado prussiano seria a auto- realizagao da Idgia objetivada. Marx busca demonstrar que a idéia do Estado enquanto “universal absoluto” que determina a sociedade civil, nao seria apenas uma ilusdo, Que havia um real sob aquela ilusfo © que somente poderia ser encontrada nas bases coneretas de edificagao da sociedade civil e de Estado prussianos Entre 1845 ¢ 1857 Marx formula 0 conceito de “ideologia” para demonstrar que a precariedade do desenvolvimento material e as contradigdes emergidas na vida pratica, levariam os homens a eriar e a projetar formas ideologicas de consciéncia, Formas espirituais e discursivas que ocultariam ou disfargariam a existéncia e o carter dessas contradigées, E que concorreriam, nesta medida, para assegurar a reprodugdo das relagdes sociais, de forma a servir aos interesses dominantes (Bottomore, 1988, p. 184). A pattir dos estudos das relagdes sociais capitalistas expressas nas obras Grundrisse ¢ 23 © Capital, Marx chega a conelusiio de que a “consciéncia invertida” & fruto da “realidade invertida”. Assim, a ideologia burguesa expressaria essa inverséo quando apregoa que “(...) a igualdade e a liberdade so, assim, ndo apenas aperfeigoadas na troca baseada em valores de troca, como também a troca dos valores de troca é a base produtiva real de toda igualdade e liberdade” (Marx, apud Bottomore, 1988, p. 185). Engels concorre também para a construgdo do conceito de ideologia” por meio do estudo sobre a guerra camponesa da Alemanha, Demonstra que, sob a chama da guerra de religido no século XVI, encontram-se interesses materiais de classes e que (..) se as lutas de classes tinham, naquela época, um catiter religioso, se os interesses, as necessidades, as teivindicagdes das diferentes classes se dissimulavam sob a méscata da reli (Engels, apud Bourdé e Martin, 1983, p. 166) isso nada altera a questo Encontra-se implicita nessa passagem a compreensio de que o fendmeno ideolégico também poderia se expressar enquanto valores e concepgdes de resisténcia das classes dominadas. Engels demonstra, ainda, a exemplo da ago critica de Marx sobre a ideologia burguesa, que o fendmeno ideolégico nao seria algo exterior as relagdes soci s quando explica que na Idade Média (.) 08 padres receberam 0 monopélio da cultura intelectual e a propria cultura tomou um cardter essencialmente teolégico (..), Os dogmas da Igreja eram igualmente axiomas politicos e as passagens da Biblia tinham forga de lei perante os tribunais (..). Consequentemente, todas as doutrinas revolueionérias, sociais ¢ politicas, deviam ser, ao mesmo tempo ¢ principalmente, heresias teol6gicas (Engels, apud Bourdé € Martin, 1983, p. 167) O conceito de “ideologia” conserva em Marx uma conotagao critica e negativa porque foi utilizado para a compreensdo das distorgdes relacionadas com 0 ocultamento de uma realidade contraditéria © invertida, Nao seria correto, portanto, atribuir a0 conceito de “ideologia” o sentido de falsa consciéneia Podemos chegar a trés definigdes de ideologia em Marx e Engels: a) ideologia enquanto parte ou conjunto das superestruturas: as formas ideolégicas enquanto a qualidade da consciéncia social possivel dentro de uma determinada estrutura sécio- econémica, uma determinada visio de conjunto de uma sociedade, época ou classe determinada por suas condigdes materiais de existéncia, b) a ideologia enquanto ocultamento da realidade: ora como imposigao das classes 24 dominantes para criar, legitimar e justificar as relagdes sociais dominantes (a exemplo das Cruzadas, do levante da Vendéia etc), ora como forma de expressdo de lutas de resisténcia dos dominados enquanto conhecimento imperfeito (a exemplo da revolta camponesa da Alemanha); ©) a ideologia enquanto um sistema de valores sociais impostos: seriam os valores sociais impostos, indiretamente, por meio das relagées soci de produgio, e, diretamente, por meio dos instrumentos ideoligicos piblicos ¢ privados O conceito Estado © conceito “Estado” ocupa grande importancia no pensamento de Marx ¢ Engels. O Estado é concebido como uma instituigdo acima de todas as outras, com a fungdo de assegurar e conservar a dominagdo ¢ a exploragdo de classe, Para Engels, o Estado ¢ um instrumento (.) da classe mais poderosa, economicamente dominante, que, por meio dele, toma-se igualmente a classe politicamente dominante, adquirindo com isso novos meios de dominar e explorar a classe oprimida (Marx Engels, 1983, Volume 3, p. 137) Essa conclusio nao impede que o proprio Engels a relativizasse por meio do estudo de uma realidade concreta, a guerra civil na Franga e as lutas politicas subsequentes que resultam no golpe do 18 Brumario e no bonapartismo. Engels reconhece que (.) ocorrem periodos nos quais as classes em luta se equilibram tdo bem que © poder do Estado, como mediador ostensivo, adquire, por momentos, uma certa margem de independéncia em relago a ambas (Marx ¢ Engels, Volume 3, 1983, p. 137). Marx, também estudando a realidade que redunda no bonapartismo, chega mesmo a atribuir interesses “proprios” ao Estado por meio da sua burocracia civil e militar. Marx reconhece no Estado bonapartista francés uma maquina de Estado engenhosa, de amplas bases, com um “exército” de funcionarios e soldados de 1 milhdo de homens, Uma maquina com determinados interesses ¢ objetivos préprios, que conforma (.)-um corpo parasitario terrivel que cerca o corpo da sociedade francesa como um casulo e sufoca todos (8 seus poros (Marx e Engels, Volume 1, 1983, p. 234 e 235), 25 De fato, Marx e Engels nao encerram o conceito Estado em uma camisa de forga dogmatica, Lénin, Gramsci, a Escola de Frankfurt, entre outros pensadores e vertentes marxistas, dao continuidade ao estudo do Estado e ampliam o préprio conceito. Praxis e Politica O coneeito de rréxis” representa um elemento central da filosofia marxista. Exprime o poder que o homem tem de transformar o ambiente extemo, tanto natural como social. Marx define a prdxis, primeiramente, como atividade pratico-critica. E a atividade humana por meio da qual se busca resolver o real concebido subjetivamente. © lugar da praxis & © processo histérico como resposta continua a tirania das necessidades naturais e sociais Para Marx a humanidade esta em luta consigo mesma, isto é com as condigdes soci naturais, por ela criadas e/ou modificadas. Segundo Bobbio, (.) préxis & a identificagio da mudanga ambiental com a atividade humana, la surge como utotransformago ou como atividade que se modifica a si mesma ao modificar o ambiente. A terceira tese de Feuerbach oferece a este respeito algumas indicagdes claras; € verdade que os homens sto condicionados pelo ambiente © pela educagdo, mas também ¢ verdade que so justamente eles que modificam as proprias condigdes ambientais (Bobbio, 1992, p. 987 & 988) Para Marx ndo existe na realidade uma natureza pura, isto ¢, no modificada pela histéria humana. Nao existe, também, um iinico campo de agdo onde ndo se possa descobrir dindmicas A praxis agdo/investigagao, fundamentada no movimento histérico Marx define préxis como encontro entre razdo ¢ histéria, isto é, 0 lugar da construgdo da humanidade como obra de uma vontade expressa racionalmente. Construgdo suscitada por um pensamento historicamente determinado, acolhido pela grande maioria por responder as necessidades manifestadas em um contexto (natural e social) marcado pela intervengdo do homem e que se transforma por isso em instrumento de agdo. Nesta definigao, o conceito de “Praxis” se aproxima do conceilo “teoria”, sendo a primeira uma pritica racional- transformadora e a segunda um pensamento historicizado e realistico Marx também define préxis como luta de classes, isto é um instrumento motor da historia da humanidade, A concepgio de praxis como ago do género humano indiferenciado socialmente e transformador das condigdes naturais e sociais ao longo da historia da humanidade, conjuga-se também com a concepgdo de prdxis como oriunda da humanidade como sujeito histérico diferenciado por meio das classes sociais em suas relagdes conflitantes, na qual 26 ocorre uma ago de supressio por parte de uma delas das formas de organizagdo social que a outra instaura, Esses conflitos entre as classes se exprimem na tensdo constante que existe entre as forgas produtivas, tendentes ao desenvolvimento ¢ as relagdes de produgdo, tendentes a conservagao. O conceito de “praxis” recebe outras abordagens no ambito da tradigdio marxista, Lukées define préxis como a eliminagdo da indiferenga da forma em relago ao contetido. Para o autor Marx teria desmistificado a légica idealista da idéia, isto ¢, desenraizado socialmente 0 ideal ismo, ¢ demonstrado que as classes subalternas s 10 os sujeitos da historia, em especial o proletariado. Assim, teria-se estabelecido no pensamento uma nova logica da totalidade, isto ¢, da unidade do objeto (realidade natural ¢ social) que ¢ posto e do sujeito (proletariado) que poe. Fa totalidade nao como idéia que se faz espirito, mas como realidade do processo histérico (Bobbio, 1992, p. 989) Para Lukas a Préxis em Marx seria o ato que realiza a unidade entre 0 sujeito ¢ 0 objeto, na medida em que traduz em nova estrutura social e econémica a consciéncia das relagdes estabelecidas entre os homens, Nela coincidiriam as determinagGes do pensamento ¢ do desenvolvimento da historia. Por isso, a Prdxis seria a consciéncia da totalidade e sua realizagao. Todavia, a consciéneia ndo precederia a agdo, mas fundaria-se no ato. O proletariado conheceria a propria situagdo enquanto luta contra o capitalism e agiria enquanto conhece a propria situagdo (Bobbio, 1992, p, 989), Lukes faz, enfim, 0 uso de trés temas: 0 pensamento socialmente determinado; a realidade em sua dindmica; €, 0 sujeito em sua agdo. A Préxis seria 0 ato revolucionario que realiza 0 sujeito (0 proletariado) como conhecedor e agente ao mesmo tempo e que, simultaneamente, fundamenta a identidade do pensamento e da histéria, Korsch define prdxis como sendo a propria teoria marxista, Para Korsch “o marxismo & a teoria da transigdo da sociedade capitalista para a sociedade socialista e assume aspectos diversos, como, por exemplo, a social-democracia ¢ leninismo, destinados a sucederem-se um ao outro, segundo a evolugao do movimento operario” (Bobbio, 1992, p. 989) ‘A teoria marxista ndo seria apenas uma expresso das condigdes atuais das relagdes entre as classes sociais, mas também a alavanca de uma futura agdo revoluciondria. Deste modo, a teoria € Praxis, isto é, luta social de classes. Se, por um lado, ela é um aspecto da consciéneia social da situagdo vigente, até o ponto de se identificar com a consciéncia de classe, por outro, ¢ apenas uma teoria, ndo uma teoria positiva mas critica, que resolve as representagdes estaticas em processos dindmicos e em conflitos sociais. “Os elementos nela envolvidos, conquanto 27 aparentemente neutros, assumem uma especifica conotagéio de classe; 0 Estado & 0 Estado burgués; o direito ¢ 0 direito burgués” (Bobbio, 1992, p. 990). Para korsch a teoria marxista seria Préxis, nao s6 por estar intimamente relacionada com 05 conflitos sociais, dos quais ¢ expresso, mas também por elaborar os meios de uma forma alternativa de sociedade 2.3. O Pensamento Liberal de Max Weber © pensamento de Max Weber reconhece a realidade como inesgotavel, fragmentada, caética e arbitriria, Ndo haveria, por exemplo, um movimento estrutural légico, nem uma totalidade construida a partir deste movimento estrutural Os cientistas sociais podem apenas construir modelos explicativos ideais - “tipos ideais” - a partir de alguns aspectos da realidade, Uma abordagem cientifiea seria apenas uma aproximagao da verdade, do que decorre a inexisténcia de uma verdade cientifica e a relatividade do conhecimento, O que interessa mais é a busca da objetividade - neutralidade - cientitica e menos a pretensa verdade A busca de uma neutralidade cientifica leva Weber a estabelecer uma rigorosa fronteira entre o cientista, o homem do saber, das andlises frias e penetrantes, e 0 politico, homem de ago € de decisdo comprometido com as questies priticas da vida, O que a ciéneia tem a oferecer a este homem de agdo, segundo Weber, é um entendimento claro de sua conduta, das motivag das consequéncias de seus atos, ‘As raizes do método de Weber © método sociolégico de Weber ¢ influenciado enormemente pelo contexto intelectual alemao de sua época. Incorpora em seus trabalhos algumas idéias de Kant, como o entendimento de que todo ser humano ¢ dotado de capacidade ¢ vontade para assumir uma posigdo consciente diante do mundo; de Nietzsche, como a visio pessimista e melancélica dos tempos modernos; de Sombart, como a preocupagao de desvendar as origens do capitalismo; de Marx, como as teorias acerca do capitalismo ocidental nas perspectivas histérica, econdmica, ideologica e social. A originalidade de Weber esté na capacidade de refinamento de conceitos e de idéias debatidos na sua época e no seu modo de interpretar o desenvolvimento histérico ocidental como sendo fruto da racionalidade. Para Weber nao haveria por que admitir o principio de que a economia determinasse as demais esferas da realidade social como, segundo ele, teria afirmado

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