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Capitalismo do Conhécimento RENATO MELCHIADES DORIA, Sociedade moderna construlu ‘um sistema de valor onde o dl- heiro tornouse predominan- te. Estamos sob uma cultura ‘onde a psique do relacionamento huma- no € dada pela palavra do capital. Esse é ‘© Jogo. Sonhos, éicas e Ideologiasficam fora do mundo se nio reverenciarem 0 Senhor das Trocas. dinheiro tomou-se a substancia vital do mundo. f a nova, universalldade. Através dele, temos a presenga de todas as colsas que 0 ho- mem criou. A sua utilidade é malor do ue as 100% do Bombril AApés um século de lutas histéricas, terminamos por compreender que 0 sis- tema capitalista é 0 mais simples hort zonte de esperanca. Fora dele, caimos nna escuridao dos desejos. Acontece que as pessoas andam sentindo horror aos comandos do capital. Simboliza um Imenso fazdeconta. As pessoas esto a temer que a sua vontade de levantar, trabalhare produzir dependa de valores espairios. 0 sentimento comum é que 0 capital esté sob um jogo de espertos e poderosos, enquanto ao povo resta 0 Papel de stditos a pagar a conta. O que dizer? A época est nos levando a dis- ccutir novamente sobre a origem da ri- ‘queza. E preciso reinterpretar a es cla do capital. a O cidadao nao agienti*mals os ex: perts em economia. E preciso ir além. Talvez consultar uma ciéncia amadure- ida como aisca. Entdo, avariedade de fendmenos da natureza fica descrita a partir das seguintes quatro forgas: gra- vitacional, eletromagnética, forte e fra- caf Seguindo essa referénela da Fisica, dirfamos que a variedade de relagées ft nnanceiras do universo econémico pode vir a ser sistematizada a partir dos se- {uintes quatro tipos de forca de produ- ‘40 de capital: terra, malsvala, finan- Celra, conhecimento: Cada uma repre- senta um tipo de evolugdo hist6riea da sociedade. Expliquemos. 0 mado de de- {ectar aexisténcia de uma forma de ca- Plal devess dal cr0.que produza.As discussbes sobre Capitalismo da Terra antecedem aos it- mos Graco na Roma Antiga; a revoli- ‘40 Industrial, hd 150 anos atrds, nos Conduzlu a0 Capitalismo de Mais-alia, onde grande parte das horas de trabs- Iho era destinada a ser luero do patric; o surgimento de grandes massas econ6- micas, neste século, propiciou 0 adven- to do Capitalismo Financeiro, onde o l- ro pao € mais determinado pelo park metro das horas de trabalho, mas por subjetivas regras de valor ao dinero. A historia seguiu. O notével surto de cc- nhecimento desta dltima metade do s& culo estdcriando uma nova relacko para © capital. A lel de Pitagoras atravessou ‘séculos sem conseguir nenhuma taxa- ‘go econémica. Algo mudou. 0 conheck mento nao € mals um-bem da humant- dade, mas um elemento do capital, AMi- crosot langa o “Windows 95%, vende & relnventa 0“Windows 97" nada nos res- ta além de concluir que conhecimé sera captal t ‘Ap6s 0 day after da queda do mur) de tana consolidacto da moeda estivel pa- ra pases do Terceiro Mundo. Ao ives de exploréslos através da divida externa (© Brasil deve US$ 150 bilhdes), a nova cartilha é transformélos em consume dores de produtos da matriz. Moeda e=- vel no Terceiro Mundo corresponde a Investir no conhecimento do Primetro ‘Mund. Uma nova ordem surge. Algo ‘que er nosso pats, inclusive, elegen presidente, Minal, quem detxa o real es », ¥avel sto inteigencias do Banco Central ou determinismos do momento histéxr- co? #,Madou o mundo. Nao podemos fcar Berlim, temos que sair de vatic{niog do... aprisionados a discussées do tipo neo- tipo “a Hist6ria acabou", de Francis Fu." Mberalismo-chegou, A banda passandoe Juyama. Embora ainda de madrugada, Carolina nfo ve... Estamos num alvore- podemos ja encontrar os primeiros~*€er'do Capltalismo do Conhecimento. Tajos a conduzir essa nova forma de ¢a-”:. Conipfeender e realizar esse mecanis- pital. Um novo tipo de diélogo ilumina’ "mo," efide conhecimento gera capital, esse mundo-4. Embora o capital centi- nue na posicao de gestor, ele fol obriga: do a abandonar o trono de isolamento que 0 Capitalismo Finan- i 4que’expande o conhecimento e prodaz “lucro, tepresenta a reflexdo fundamen- “tal do atual momento histrco, Nagoes, SEE empresas e pessoas come Ceiro propicia. a salr para ‘sam a ser direcionadas por conversar com as coisas B55. tase novo modelo econd- gs doconbecimento'Ua A UMOrméticn Fisjicgemenmc: pegimicdalinanee tommouse a sumtime cmapine tho finalmente substitu. «7 oc} teblogia’ Reece Stipa Godoe, dapelo advento da Capital NOVALEQLOIA Tras inem todos serto-eapa- posderemscer Memeo G08 tempos 7 deconsru sapo. de preparacdo de uma na ynigdern Gg” ‘tito, Durante a dalénca ‘elo para participar deste eo capitaltrabalho, os venc- ovo dilogo. Oportunida- de para sairmos dos re- frdes de acreditar em que tudo 6 dos tiveram que oferecer Soya 05 seus bragos para traba- ‘yilhar; agora terdo que oferecer 0 bolso formulagio ditada pelos pafses ricds do, “:para custear o imaginarlo dos outros! G7 e fiscalizada pelo FMI e Banco Mun." 4/A indiistria de softwares representa a dial. Ondas de palavras e pardgrafos co- ., mals notével emergéncia desta nova ‘mecardo a se movimentar numa novadi- : 6poca de Capitalismo de Conhecimento. regio de destino. Sem promover conhe- ‘lmento, o rio do capital fica poluldo eo das palavras somente retérico, ‘Uma luta entre o Capitalismo do nhecimento e o Financeiro comega a se travar. Comparativamente, o custo do dinhelro no Brasil € um dos mals altos no mundo; entretanto, a nfvel interna- clonal, estamos sob uma vitéria da va- lorizagao da tecnologta-pensamento. E5- sa vitorla deuse através de empresas. no Hemisfério Norte que consegulram desviar 0 curso do fluxo de capital do sistema bancério. Esse novo destino, én- trelagado com o saber, representa 0 grande salto qualitativo dos anos 90. Al go muito mais fundamental do que a propalada faléncia do comunismo. A ex- Dress dessa supremacia pode ger vis: eee ee ee ere tae ‘Uma nova necessidade de produtivida- ide e eficléncia é proplclada pela Infor- b ymética, Desde os tempos medievais, nS ‘Surgla uma area do conhecimento que ” » tanto reunisse as outras. A Informstica tomouse a “nova teologia” dos: ‘modernos. Engenharia, Medicina, Mate- “amStica ete. comegam a ser organizadas “a partir das possibilidades da Informs- “Aica. Originada da arela e do pensamen- “to, consegue estabelecer uma linha de produtos em.constante mutagio, A In- formética estabelece,a ponte mais nata- fal entre conhecimento ¢ capital e, as- sim, torna-se a “teologla” deste Capita- Iismo do Conhecimento. Avoluma-se a cada dia o nimero de empresas a par- ‘tleipar dos negéclos de Informatica. O ‘mercado de software nos EUA € de cerca Frank Bruni ‘Do “New York Times” © NOVA YoRK. Mulheres que que- Tem ser maes aos 60 anos e ou- tras que congelam o esperma do inarido morto para engiavidaren* osteriormente. Casals homosse- zuasdspostosacomprar6vlo e barriga de aluguel para terem uum filho, Esses sao alguns dos, Gos espedlistas on reprodusie humana. A barreira nto é mais. ~ cigncia, mas sim os limite Ge cada profissional. +A medida em que as técnicas de terttara ivr se expan- em pelo mundo, os médi Nova York —que se tornou a me- ca de clinicas especializadas em reprodugéo — se deparam com un n gontlite ; coneabalangar fear a propria clencia com com. Sider: ‘iais. O mals dificil, ‘ao ser felto: = specialists trabalhain ra com ajuda de Paslogoe | {Segundo Linda Applegarth, psi- : bloga do Centto de!Reprodugao — Humana ¢ Infertilidade do Hospi- tal de Nova York, esta é a plor po- ‘si¢do na qual um médico pode se encontrar: —Atecnologla nao tem que re- Solver todos os problemas indivi duals. As pessoas tem que apren- der lidar.com a 5 20 problema é que multas delas ‘ao se conformam'com a Inferti- dade ou com a hipétese de no” {er um iho do sex parcero atual condigées de gerar um filho sau- dével e se ndo tem disturbios psi- quistricos. Depols, o paclente tem que ter condigées.financel- ras para pagar caro péztratamen- tos solisticados, que nka:sio co- bertos pelos planos de data Escolher 01 no entanto, €'a, sadas pela alta compe dos profissionals americanps. Médico diz ter dever & com paciente e coin beb’.-2< Segiindo Richard Scott #£ dire- tor de reproducao assistic : Barnabas, ele tem duas Obtiga- 7 gees éticas, uma. eo ue val nas- cer. 0 médico-nao acelta, por exemplo, fazer tratamentos exy ‘mulheres com mals de 50 anos, —=Mé preociipo ¢om esses turos adolescentes éonvivendo”, com pals Idosos, que nfo sobre:.* vviverio muito tempo. / 3875 -°© Uma das situagéeé mais co- ‘uns nas clinicas de reprodu¢is. humana € a da mulher que quer usar o 6vulo da irma para engra- -widar Amaloria dos especalistas considera 0 caso ético, mas, quando o homem quer usar sé men doado por um irm&o para fertilizar a sua esposa; os médi- os consideram inaceitével.”~ Para Linda, psicéloga deHaspt; tal de Nova York, éxis 7 * casos te is, dele € 0 da Bete eo ¢ tentam todas 28 opetes posst- “=téril que quer eis, at€ as mais condendveis ett value et gp ie jando de ¢amente. Para chegar a uma con- ‘dlusio, a maioria dos médicos 4 = ‘tyabalha tom 6 aiixilo de“psic6- logos. O primeiro critério para aceitar°o paclente é ver se ele tem “Sa pal cao pate 'stamos. me nga: cujo av6,serla aetna! Isso seria contado a ela? Se ndo. ‘que tipo de familia set eat = meine tina prOmETS TT VEPEOTET to para as praias de Santa Catarina Um her0i da intimidade coletiva MARCO MACIEL, 0 Paulo I ¢ um Papa pere: ‘ino. Percorreu todo o mun. doe falou nos modernos areépagos da nossa era. Sob esse aspecto, ele lembra Sao Paulo, ojudeu Saulo, emhebraico, o Paulo deTars0, de cldadania romana, que virlaa enfrentar centenas de guild. metros por mar e por terra, tudo arrostando pelo desejo de levar ur- i ef orbi a mensagem da Igreja, Paulo, aquele que pregou no Ares. ago de Atenas e empreendeu ind ‘meras viagens, no mundo entio co nhecido, Por isso, talvez, S80 Patr lo, “o apéstolo das gentes", deva ser classificado na semantica dos ovos tempos como. primeiro "ct. daddo global”, Na Organizacao das Nagdes Uni- as e nos mals diferentes féruns Parlamentos, o Papa Joio Paulo Il levou a sua mensagem, erguendo {Qual um novo Isalas, a sua voz, avi- Yentando valores como os da libef dade e dos direitos humanos. Pols “iiberdade e verdade ou andam jun- tas —allrmou — ou estdo misera. ‘mente condenadas a juntas perece: Reunluse com rabt sidentes, com as ortodoxas, reu- nindo-se com 0 patriarea grego, com o arcebispo da Igreja Anglica. ha, € expressou desejo de dialogar ‘com o patriarca da lgreja Russe, Na mesma linha! preconiza tam- bbém 9 Papa a incultu- 208; ames ¢ patria — ae ver nee cas; orou em mesqui- ra quem "a 16 ndo se {as & sinagogas, sen- A toda ciéncia toma ida: ndo sense, do.o primelro Papa a fax@-lo. Em Jerusa~ deve corresponder povo, lém, cidade santa, se re na Fealidade de um ndo é traduzt- dda ent sua cultura, isto de de tras rellgioes uma consciéncia, — &, emsuas autenticas monoteistas, falou tradigoes, com seus aos judeus, “irmios a toda técnica, . valores, em suas legitt, mais velhos na fe" ¢ mas expressdes rell- deixou, no miuro das uma ética losas". lamentagées, um do- Em discurso no Par- cumento explatérlo —————————_amento itdiome cob pelos erros da lgreta; Visitou e recebeu chetes de igrejas ¢ lideres rellgiosos, rezando com eles pela paz ¢ pela justiga. Nao se ‘esqueceu de procurar, deum modo ‘especial, auniao com asigrejas dis bassado,o Papa enfat- Zou que os desatios que se apresen- tam a um Estado democratico ext. gem de todos os homens e mulheres de boa vontade, independentemente da opgio politica de eada um, “uma, ‘cooperacdo’sdlidéria e generosa na edificagdo do bem comum”. A este ropésito, voltou a admoestar com. fra rico da allanga etre democre. cla e relativismo étco, “que Ure 8 convivénca cl qualqier ponto de Felerencia moral seguro e-mals rade calmente privaa da vericagso da verdade' ¢ a lembrar que Sua de. mocraca sem valores convertece fe cllmente num toalitrismo aberto ‘ou dssimulado, como a stra de: ‘onstra © desenvolvimento cientitentec. aologico que se verica em nosso tempo mereceu o recontecinente do apa plas aneas que are pars Drogresso do mundo ¢ os bencicen Aue traz 4 Humanidade. A par de fzaltar conguistas tio relevantes, oko Paulo nto dina contude de Advertr a obrgacao de governos ¢ da comunidadecentica Som tespet. to necessidade de que ate in. cia deve corresponder uma cons: cléncla, a toda teens uma étca, MARCIO MOREIRA ALVES jor: ols nao se pode deslembrar o pri- ‘mado do homem sobre a materia, E rico o testemunho de vida que, fem face da doenca, olerece 0 Paps, ‘Vitima do atentado que tanto o deb. Iitou € a cujo agressor concedeu ge- Ieroso e sincero perdao, Joto Paulo Inscrevese na Historla—-e especial ‘mente no campo da hagiogratia — ‘como uma figura ornada com a sin- gular peculiaridade de possuit em vi dda “a coroa dos Justos*, somente re servada aos mértires. O sangue dos mértirs,jé proclamava Tertullano, € ssemente do eristianismo, Joio Patio 1, martirvivo, é exemple a inspirar 2 todos — cristios e nio-ristaos, to ‘nham ou nao f. Omartitio ¢ também ‘uma virtude herdica. Assim como lcontece com os nossos her6ls, que tanto apreciamos ajudam a elever a ‘nossa auto-estima, Joto Paulo, com seu exemplo, lense intimo de todos ns. eee RS SS MARCO MACIEL ¢ senator PHLPED

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