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Haiti.

Wellington Pereira
(14 de janeiro de 2010)

É sempre assim: homens e mulheres negras,


orientais e sul-americanos chorando.
Corpos desnudos, a adolescente vietnamita
fugindo da paz norte-americana; estudante chinês
de braços abertos na Praça Vermelha enfrentando
tanques de guerra.

É sempre assim: a mulher pobre violentada por


não ter direito ao seu próprio corpo.

É sempre assim: 174 o itinerário da morte dos


excluídos.

É sempre assim: meninas virgens grávidas


esperando o retorno do anjo e a bênção do bispo.

É sempre assim: a blasfêmia do apresentador de


TV diante da limpeza do ano velho pelos garis.

É sempre assim: a corrupção escondida nas meias


como presente de Natal.

É sempre assim: o ódio burguês dos intelectuais


derramado na incontinência das frustrações
materiais.

É sempre assim: a chacina mental patrocinada


pelas “elites- neo-socialistas”.

É sempre assim: observar, confortavelmente, a


miséria em TVs LCD.

É sempre assim: Haiti!

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