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¥ | i j FERNANDO A. NOVAIS { | ' i \ 1 i 1 | A? | t { | Portugal e Brasil \ Ce \ na Crise do Antigo Sistema Colonial | [iW COPIADORA | | (1777-1808) | ROE \ ' (PAGS. BD i i | | | i | { i | 1 | | i EDITORA MUCITEC ‘ Sio Paulo, 1986 nossas forgas, atualizar a pesquisa até as tlsineas publicagbes; mas € claro que sempre seré possivel tdentificar onsisioes, pots se a arte & longa, como dizizm os antigas, a vida é breve. Omissies também de muitas pessoas (ansizos, parentes, colegas, alunos), que, de tantos, fica dificil enumserar; mas qe nos estionula ram permanentemente a ultimar 0 trabalho — sua solitude, & » 1zes, nos pesava como responsabilidade de corresponder @ expectati va. Agora, uma sensapdo de alivio nos envolve ao mos libertarmos esse compromisso, para enveredar por outros caminkes. Pela longa demora, tudo quanto podemos apresentar, a guisa de justificativa, € relembrar a frase de j.L. Borges, no final do prefécio da sua incrivel Historia Universal de la infamia: «Leer, por fo pronto, es una activi- ded posterior ae deeb resigada, mis civil, mas intelec- tual Sao Paulo, 23/11/1978. FERNANDO A, NOVAIS XI SUMARIO INFRODUGAO Capitulo 1 POLITICA DENEUTRAHIDADE 1. Ponnual nas eles ineracionais na Epoca Moderna F Comearénca coforale tenses interoacionas. 5 Temes ecrse Capitulo I~ CRISE DO ANTIGO SISTEMA COLONIAL, 1, Esa Dini d Siem aa ieee ace i)Scceanesmerta Soe ic ep Fee Sinaliome ani Capitals Ill —OSPROBLEMASDA COLONIZAGAO PORTUGUESA 1, Manifesacdes da crise 2. Defesa do parimdnio 5, Preservaci do cexclusivos 4: Assimilagao dos exiles. Capitulo IV — POLITICA COLONIAL. 1. Formulasio 2, Bxecusio : a) drerizes da pois comercial byincensvo a produsto «) ceates fore 3, Reauleados .. b)frostagées| CCONCLUSOES ‘TARSLAS F GRAFICOS FONTES E BIBLIOGRASIA 106 ut partida de nosso estudo: mas € apenas o ponto de partica, e se qu sermos compreender a dkinia etapa do Antigo Regime e do Sistema Colonial Mercantila, para esrudar lucidamente a politica ultrama- tina portuguesa na sua coldnia americana nesta quadra critica, deve: ‘mos agora transcender 0 nivel agitado das relagdes internacionais pa a nos aprofundarmos nos feadmenos eserucutais de longa duraio CAPITULO Ii A CRISE DO ANTIGO SISTEMA COLONIAL Se, na realidade, a posigio relativa de Portugal ¢ do Brasil no qua: do das relacées internacionais do fim do século XVHl, permite-nos ‘comecar a perceber 0 modo espectfico de como sio envolvidos pela rise do Sistema Colonial e do Antigo Regime, é claro que precisa~ imos agora explicitar a natuceza ¢ os mecanismos dessa etise em si mesma, E do estudo do proprio sistema de colonizagao que temos de partir, pois a crise, que entio se manifesta, expressa reecansimos profundos, que s6 se apreendem nessa analisc global e generalizado- ra, Do contritio, ficarfamas na constatacio de zaanifestagdes da crise em virios setores da vida politica ¢ econdmica da época, sem entre tanto compreender as relagdes que as vinculam umas 2s outras, ¢ lhes dio sentido. Sistema colonial, efetivamente, constitui-se no compo~ neate bisico da colonizacio da época mercantilsta, 0 elo que perm te estabelecer as mediagées essenciais entre os diversos niveis da reali- dade historica. importa, portanto, distinguir os mecanismos de seu funcionamento, para aprender as contradigées que Ihe cram ima~ rnentes, ¢ enfim explictar a crise em que afical desaguou. E o que rentaremos nesse capitulo, 1) Evirutura e Dinirsica do Sivtema a) A colonizagio como sistema Numa primeira aproximacio, o sistema colonial apresenta-se-nos jjunto das relagdes entre as mettSpoles suas respectivas coldnias, num dado petiodo da historia da colonizagio: na Epoca ‘Moderna, entre 0 Renascimento e a Revolucio Francesa, parece-nos -conveniente chamar ¢ssas telagdes, seguindo a tradicao de varios his- totiadores (Beer, Schuyler, Lipson), Antigo Sistema Colonial da era a7 | | mercaniilista, E j& esta primeira abordagem, ainda putamente des- ritiva, petmice-nos estabelecer para logo unta primeira distingio de ‘nao somenos importincia. Nem toda colonizacio se processa, efeti- yamente, dentro dos quadros do sistema colonial; fendaneno mais etal, de alargamento da area de expansto humana no globo, pela ‘Ocupagio, povoamento ¢ valorizacio de novas regides — em suma, a otganizagio do ectimeno, no dizer do gedgtafo Max. Sorrel!) —, colonizagao se dé nas mais diversas situag6cs hist6ticas. Nos Tempos ‘Modernos, contudo, cal rnovimento se processa travejado por um ss tema especifico de relagbes, assumindo assim a forma mercantilista de colonizagao, ¢ esta dimensio torna-se pata logo essential no con- junto da expansio colonizadora européia. Nouttas palavras, € 0 sti tema colonial do mercanilismo que da sentido a colonizasio euso- péia entre os Descobrimentos Maritimos ¢ 2 Revolugio Industria Tanto isso € exato que nao € impossivel distinguir, na extrema va riedade que assumem as relagbes metsSpole-colénia 20 longo dos sé- culos XVI, XVII e XVI, variando ainda de metrépole para met6- pole e de uma colonia para gutta, certos denominadores comuns que acabam por prevalecet, petsisténcias do essencial ase preservatem na complexa variedade das circunstincias hist6ricas. ‘As relagSes colo- niais podem, na tealidade, ser apreendidas em dois niveis: primeiro, na extensa lepistacao ultramarina das varias poténcias colonizadoras (Portugal, Espanha, Holanda, Franca, Inglaterra); segundo, no mi vyimento concreto de circulacio de umas para gutras, isto é, no « mércio que faziam entre si, € nas vinculagdes politico-adminis- wativas qué enivolviana. A ‘legislagio colonial, na realidade, 0 que procura € disciplinar as rlagSes 25, politicas ¢ sobretudo ccondmicas. Para o que temos em vista, contudo, nieste momento de ‘nossa andlise, que € o primeira passo para definir 0 sentido da colo- nizacio européia no Antigo Regime, sobrcleva a importincia das, normas legais, pois nelas se ctistalizar os objetivos da empresa colo- nizadora, aquilo que se visava com a colonizacio. Assim, os Atos de Navegacio da Inglacesta(2), as eleis que proibem os navios estrangei- Ee "CE Maximilien Sowe~ Les mipraions des peuples, Pais, 1933, pp. 11-16 € Bee Fanaa A Noni Caloiasin Sema sbi: sco dons tose pespectva hss - Anas IP Simp Nacional dos Profeores Univer. litinae de Pistia, 5. Pola, 1989, pp. 243-49 SCE Ch. M. Andrews = que se preocupava Thomas Mun, sera com a «tiqueza das nnagéess que se preocuparé Adam Smith: esse alargamento do hori- ifica "Sobre Mercantilismo: J.W.Hotrocks «A shore hicory of mercantilsns (929¥.) MocinisComby - Mereantilsme et protecriontsme (1930) EF. Heckscher - Mero Uihsea (stad, ingless 1955, edigio original, 1931), P. Deyon = Le mercantile (1969), D.C, Coleman - Revisions Mercantile (1969). Hnwte a historias das doutrias ou do pensamento econdmico, dio desaque ao metcantilsio, entfe ou tea5, ab obras de Gonnard, Hugon, Denis, Heiman, Stark, Roll, Schumpeter. amental & Philip W. Buck » The Pulte of Mercantil. New York, 1042 60 2 enees a0 ib da teoris econdmica, muma cfescente generalizagio dos conceitos, contesponde expressivamente 1 momentos diversos da evolugto pol tica e econdmnica do Ocidente europeu ‘Aqui nos interessa, contudo, marcar apenas as linhas mestras da douttina, para situar nela 0 papel do cofonialismo mercantilista. As. sim, a concepgao de riqueza identificada com os metais amoedaveis, posto que no desenvolvimento da teoria tenha sido matizada pelos pensadores que apcrfeigoaram 0 mercantilismo, nada obstante per- maneceu a idéia basica metalista como orientadora da politica eco- némica, Ela envolvia uma conceituacio priméria da natureza dos bens econdmicos, ¢ a suposigio de que os lucros se geram no proces- so de circulacio das mercadorias, isto €, configuram vantagens ett dearimento do_patccio, Assim, 0 receituario. metcantilista ence minha.se diretamente para a formulacio da doutrina. da balanga favordvel; balance dos contratos na formulacao mais tosca, no nivel dos mereadores patticulates, balanca do comércio no plano do inter- cambio internacional. Era a mancira de promover a entrada liquida ‘do bullion, termémeto da riqueza nacional. Dai, a politica prote- cjonista: tarifiria em primeito lugar; ligada a esta, fomentista da producio nacional daqueles produtos que concortam vantajosamen- te-no mercado entre a3 nacbes. Defesa da saida das matérias primas, cstimulo as exportagbes de manufaturas; invetsamente, estimulo a cattada dos pioducos primatios, dificuldade ou mesmo proibicio da Oftazio de manufacurados, Para tanto, a producio interna deve ter baixo custo, ainda que para isto se restrinja o consumo interno — a fim de concorrer no exterior. Q mercantilismo nao é, eferivamen- te, uma politica econdmica que vise 20 bem-cstar sécial, como se dicia Fhoje; visa ao desenvalvimento nacional a todo custo. Toda forma de cstimulos € legitimada, a intervengio do estasla deve criar todas as condigbes de lucratividade para as empresas poderem exportar exce- wo. Dai se propugner uma politica de fomento de- icio'de ampliar a forga de trabalino nacional, ¢ impedir -mogiatico, © a clevacio dos salérios, por exemplo. ‘Neste contento, vé-se bem o significado e a posigio das coldnias. Elas se devem constituit em retaguatda econ6mica da mett6pole Pois que a politica mercantilista ia sendo praticada pelos varias esta dos modernos em desenfreada competiclo, necessitio se fazia a re- serva de certas drcas onde se pudessem por definigio aplicar as not- ‘mas mereantilistas; as coldnias parantiriam aauto-suficiéncia meuo- politana, meta fundamental de palit trereanilista, peemitindo 61 assim 20 Estado colonizador vantajosamente compeut com os de mais concortentes (9) (O projeto colonizador tinha, portanto, sélida urdidura com”« mentalidade da época absolutisca. Tal objetivo, potém, se constituiu 0 mesmo tempo em que se processava conerefamente 2 colonizaeio do Uleramaz, onde nc tudo se opetava de acordo com as nostn: em elaboracio A politica colonial das poténcias visava por isso en- quadrar a expansio colonizadora nos trlhos da potitica mercantil ‘a; fazer com que as celacdes entre os dois polos do sistema (mete6pole-colbnia) se comportassemn consoante 0 esquiema tido co- ino desejavel, Podemos, pois, particularitando esta primeira descti 0 do sistema colonia! dizer que ele se apresenta como um tipo par ticular de relagées politi, com dois elementas: um centro de deci- sio (metr6pole) e outro (colSnia) subordinado, relagdes axcavés das Quais se estabelece 0 iiadro institucional para que a vida econdmice da metiopole seja dinarnizada pelas atividades coloniais.!°) Esta primeira aproximacio entretanto é zinda insuficiense para compreendermos a natureza ¢ o funcionamento do Antigo Sistema Colonial. Se quisermos penetrar mais a fundo neste fendmeno de longa durasa0, havemos de procurar suas conexdes com 0 processo mesmo da colonizagzo moderna, ¢ com os demais componentes que jo a conformacao caracteristica da Epoca Moderna. Tais conexdes, contudo, precisam estabelecer-se no 56 como e enquanto relagdes fancionais com as outras partes do todo, mas h4 que tentar apreendé-la iv fier, isto €, de miodo a apreender-se no apenas a po- siglo no conjunto sendo ainda como se constituiu historwamente es @ totalidade, e nela o sistema colonial ‘A expansio ultramatina ¢ a colonizacio do Novo Mundo consti twem de Fato um dos tracos marcantes da histéria dos séculos XVI a XVII. Conterporancamente, assiste-se"2o predominio das forinas Politicas do absolutismo, no plano politico,.e, no social, a persistén- cia da sociedade estamental, fundada nos privilégiosjuridicos, como elemento diferenciador. No universo da Vida écondmica, entre a dis- solugde paulatina da estrutura feudal ¢ a eclosio da produsio capita: Fista..com persistencias da primeira e elementos pecuiliares da segun- da, configura-se a etapa intermediaria que ja se vai sornands usual cchamar-se capitalizmo mercantil, pois € 0 capital comercial, gerado TCE Ph, Back - The Polis of Mercentiiom. pp. 9843. NT. 1s F Rees «Colonial Systeme, Eneelopedizof Soca Sconces, ¥- Ul pp. 81+ mais ditetamente na circulagio das mercadoriss que anima toda a vt- Ga ceondmica, Estado absolutista, com extrema centralizacao do po- Ger real, que de certa forma unifica ¢ disciplina uma sociedade orga hhizada crm eordensy, ¢ executa uma politica mercantilista de fomento do desenvolvimento da economia de mercado, interna € externa mente. ao plano extetno pela explorayao ultramarina, tats sio as pe: fas do todo, que convém articular © scu simples enunciado ja nos {bre eaminho neste sentido. De faro, entre a monarquia unitéria & centralizada, ott antes entre 0 processo de centralizacio ¢ unificacao. a politica mercantilista sio Claras as 1elagdes, pois, segundo a for mulagio definitiva de Heckscher!!!), 9 mercantilismo foi um instru- mento de unificagio, a0 mesmo tempo alias que pressypunha um certo grau de integragio do estado nacional para que se pudesse exe cutat Suas relacies 0, pois, zeversivas, o que nos conduz a onside rar que ambos promanam de um mesmo processo, qual seja a fase critica de ultrapassagem da estrucura feudal. Da mesma forma, a ex. pansio ultramarina permite romper os limites esereitos em que se ‘movia a economia mercantil até o fim da Iclade Média?) ‘Seria unpraticivel, nos. limites que nos propomos, tentar aqui uma andlise da crise do feudalismo. Digamos apenas, acompanhan- do as anilises de M. Dobb, que, no conjunto, ela deriva nao pro- priamente do renascimento do comércio em si mesmo, mas da ma- heita pela qual a estrucura feudal reage ao impacto da economia de cométcio (isto é, a instauragio de dos lagos semvis, € Ge outto lado o enrijecimentp da servidao. Nas ‘eas prximas as grandes rotas comerciais, onde @ presenga do mer- cadot € mais constante, € 0 primeito processo que se faz notar; nas outras areas, onde o contacto com o mercado se dé apenas nas cama- dai superiores da ordem feudal, € o segundo (reforco da servidio) que se processa, Assim, 0 desenvolvimento da economia mercantil TINGE E Heckacher La Epoci Mercamtlstz. Trad, esp.. México, 1943, pp. U> 2. GDC Ch Verlinden « Les Ongoves de la 966, epecalmente pp. 120seg2. G Luzzatto, Storia Beonomica dell Exé Moderna 2 Contempocanes, Pidaa, 1953, t lly pp. 37-47. Histor del Comercio, dit. Lecour-Gayer. trad esp:, Barcelona, 1958. ¢ TIL pp. 16 segs CEM Dab Stedies in the Development of Capitalism, Londres, 1954, PP 37 segs Ciilsation Adantique, Neuchatel, 63 (com os processos cortelatos de divisio social do trabatho e especial zasZo da produgio} na medida em que se expande, arava as condi- goes da servidio — ¢ no limire promove as iasutreigbes camponesas Por outza parte, o proptio alargamento do mercado, a longa disti cia, estimula a diferenciagio dentto da sociedade urbana; 0 produror direto, perdendo o dominio do mercado, tende 2 se prolerarizar — 0 que leva as insurreigdes urbanas\"4), Nos dois setores abre-se pois a tise social. ‘A longa e persistence recorréncia dessas crises sociais tendeu, por 1u curno, na medida em que se desorganizava a producio, a restrin- © ritmo de desenvolvimento do proprio comérciol>). isco, aligs, cra ainda agravado pela depressto monetarial!®), pois a economia européia tinha de contar com linhas externas de abastecimento do metal nobre. Tal situagio levou a um endurecimento da comperi¢io entre os vitrios centros de comércio, com a tendéncia a se fecharem e dominar as principais rotas. O principal setor comercial, 0 comércio de produtos orientais, fica dominado pelos mercadores italianos (so- bretudo de Veneza ¢ Génova); os demais centros mercantis (flamen- £05, ingleses, franceses, ibévicos) esforgam-se, assim, cada vez mais, pela abertura de novas rotas'*’) . * No quadiorgeral-dessas.rensbes ¢ em fungio delas é que se pr sou a formacio dos estados nacionais. A ioe das onarquas absoltistas (unificagao territorial, centtalizacao politica) foi de fato uma fesposta a ctise; ou melhor, foi 0 encaminh2mento politico das tensdes de toda ordem. Efetivamente, 0 estado centralizado, de um lado, promoyve_a estabilizagao da ordem social interna (num novo equilibrio das forgas sociais, agora subordinadas a0 rei), de outro ¢s- “TICE, Penne Let Acionne Dé ane Ler Arcemner Democates des PoyBa. Pais 19 Historia Economics ¢ Socia éa ia 1963 i oe ne Social da-ldade Médis, crad. port., S. Paulo, 1963, pp. 208. SIEM. Ponta «Trade in Medieval ee, aden Medical Europe: The Northen Cmbridge Econ 2 Hiten of Esrope, vol. I1(1952), pp. 191 segs. € R. Lopez - «Trade. in Medion sigpe The Seti ope pp 88s {ISCE Mare Bloch «ate probleme de Por au Moyen. Agen Ann. Fe 1933; pp. 134, Fe Braet cig Bot dS pata da wie Rei Has 318. 38 9 8, ave Veto CCV. mage Gosh ceson dante ergo atlansiques, Am (Econ Soe. Cs). 1990, pp. 32 sete L Exam de! one Por ugar ex XV ct KV ce, Bass 190) todo, Aesponan parce Portugese, Lisboa, 1945, pp. 19-31. eens 64 io da ctise timula a expansio ultramarina encaminhando « super nos varios Secotes ‘A abertora de novas trentes de exploragio. mercanti, de fa, 3 nificava.o estabelecimento de novas rotas pelo occano desconhecido, cnvolvendo insuportivel matgem de isco, ¢ exigindo sobretudo tuma acumulagio prévia de capital que as formas de organizagio em presarial da Idade Media estavam longe de prover. © montante de Fecursos a serem mobilizados, a problemtica lucratividade, a longa maturagao da empresa — tudo isso cornava invidvel is formas de as sociagdes mercantis medicvais acometer 0 empreendimento. $6.0 ¢s- taco centralizado pode funcionar como centro organizador da supe racdo di cise ou das crises, etalizando recursos em escala nacional ¢ Jnernacional, avalizando os resultados. Nem @ por ourro motivo que um pequeno estado do ocidente europe, precocemente cen- tralizado, — Portugal — pd iniciar a arrancada pelas novas totas, abrindo caminho para a superagio da crise da economia ¢ sociedade ‘européias. Assim se compreende também a forma que assume 0.ca- pitalismo mercantil em Porcugal nesta sua primeira fase moderna. empresa do estado mondtquico absolutista(!8). Torna-se outrossim explicita a concordincia que jf indicamos no capitulo anterior, entre fotmacio dos estados nacionais ¢ expansio ultramarina. Portugal, Espana, Provincias Unidas, Inglaterra e Franga Jancam-se.nz con- cotréncia comercial ¢ colonial na medida mesma em que se organi- Zam internamente como estados unitarios ¢,centralizados Foi um processo assincrdnico nos vatios paises a formagio do esta. do foe unitario; variou_no tempo ¢ no-espaco.a form ‘enconirada, «cada nova forma se coastituia em'uma.nova pes {jogo das relagdes internacionais. No conjunto ¢ no essencial, fesse processo_ politico emergia das tensGes do feudalismo.que fndicamos, a hivelacio de rodos como stiditos a0 poder real, quecen= ttalizava 0 poder © 6 delégiva, permitiu disciplinar as tensdes sSnflitos soeiais, 40 mesmo tempo em que a p idmica ‘mercantilista executads atacava simultaneamente todas as frentes de tetencio do desenvolvimento da economia de mercado, A retomada Ga expansio econdiica por sua vez aliviava as tensbes sociais. Ede fato, 0 estado modemo pds em execusio com maior ou me~ not intensidade vatiando no rempo € Mo espago, com éxitos ou frus- TUSICE M. Nunes Dias - 0 Capitaine Monargaico Portugnés, Coimbra, 1963, 2s IE : i i tragoes a0 longo de sua existéncia, a politica econdmica mercantilis: coset peeconizava simultancamente a abolicio das aduanas iniei- aaa egiiente integracio do mercado nacional, tarifas exteroas Tpidamente,protecionisias para promover ume bilangs favorivel seeeincrcio € conseqiieate sngresso do Bui, colonia pata corh- plementat ¢ sutonomizar a conomia mecropolivans, A consonincta Feca politica ccondaiica com a fase do capitalismo comercial que the € subjacente era pois perfeita:igualmente, 0 estado absolutista 20 praticila se fortalecia pela aplicagio do fiscalisno régio, comple- fandlo.a rede das inter-tclacbes. Tal consonincia, destacada por Stark, reduz em grande parte a validez dis erticas que a teoria ccondmica Ihe formulou a partir dos clssivos, apoiada numa siste fndtica conceltual a que escapava em grande parte o sentido hist6r- ¢o da doutrina2, [Absolutismo, sociedade estamental, eapitalismo comercial, politi fa mercantiista,expansio ultramarinae colonial si, pottanto, per Jes de um todo, inter-ager reversivamente neste complexo que se ‘poderia chamat, mantendo um cetmo da tadicio, Antigo Reginné2) $40. no conjunto process cotrelatos e interdependentes, produ- tos todos das tensbessociais geradas a desintegracio do feudalismo em curso, para dCORBttuicio do modo de producto capitalista, Nes- ta fase intetmediiria, em que a expansio das relagdes mercantis pro- rovia & superagio di economia dominiale a wansiio do regime ser- Vil para >-asalatiado, o capital comeccial.comandou as transforma- bes econdmicas mas 2 burguesia mercantil encontrava absticulos de toda ordem paramuntero ritmo de expansio das atividades eascen- sio socal: daf, no plano econdmico,a necessidade de apoiosexternos THREE W, Sars de a Ronomia en Relaciones Soci tind, ep. es, 1961p. 202 " CSgtemo a om Hexksche edo porenuta pasado despescidsces cone ses que no xaparam oid Keyosy undo fer novo, stapes em oe Zam inimas sonia de meipulato portant dan Ge ron 3 Sundials do muestra expedient nn certo Ge manta Bae pos inceniar sinwestnentespratts, Cl Tera Ger do Emprig, bo faro ede Dib. Tad pre Ri de anc, 964 pp 319-50 ‘ce ena os slse ext do poem a aso fendlapii, aque catwaai as cmensses do pals; Indearos cna no exo al oe ous mperants ene ovis rine estore ds edad sti da Epos Storms Ne aa expo da qui, ss psessnos Seva ers prepa pi Sips Nese eo, sto samen ses 5 formals de Wallen Tee Modem told Stim, New Yok, Hh. 66 ‘as eoonomias coloniais — para fomentar a acumulacdo, ¢ no nivel politico a centralizacio do poder para unificar 6 mercado nacional ¢ | ‘mobilizar tecursos pata o desenvoivimento 22), Neste sentido,0 An- tigo Regime Politico — essa estranhe ¢ aparente projecio do poder para fora da sociedade —- representou 2 formula de a burguesia mer | cant assegurar-se das condigdes para garancic sua propria ascensio criar 0 quadro institucional do desenvolvimento do capitalismo co- mercial, Tratava-se, em tiltima instancia, de subordinar todos ao ri, « orientar a politica da sealeza no sentido do progresso burgués, ate que, a parti da Revolugio Francesa ¢ pelo século XIX afora, a bur. ‘ucsia pudesse tornar-se, como diria Charles Mozacé, «conquistado. tax modelar a sociedade 8 sua imagem, de acordo com os seus inte- _fesses ¢ segundo os seus valores. Estratégia nem sempre explicia no nivel da consciéncia individual, ¢ sempre ingada de dificuldades sem conta; a historia concreta desse processo € sobremaneira rortuosa, € F. Braudel péde falar nas «traigbes> da burguesia 3), Em meio as contradigSes em que se desenvolve a expansio capitalista ¢ a ascen- sio burguesa, petspassa aquele mecanismo de fundo, subjacente a pytode © process, LEPOE neste contento ¢ inseparavelmente dele que se pode focalizar a \expansio ultramarina européia e a criacio das colénias do Novo Mundo. A cofonizagdo européia moderna aparece, zssim, em pric meito lugar como xm desdobramento da expansio puramente co- mercial. Foi no curso da abertura de novos mercados para o capitalis- ‘mo mercantil europeu que se descobriram as terras ameticanas, ¢ primeira atividade aqui deseavolvida, imporcou no escambo, com os aborigenes, dos produtos naturzis; o povoamento decorteu inicial- ‘hente da necessidade de garantir a posse em face da disputa pela partifha do novo continente; complementar a produgio pata o mer- ‘ado eufopeu foi a forma de tomar rentaveis esses novos dominios Transitava-se assim como que imperceptivelmente do comércio para_ 2 colonizagio, mas esse desdobramento envolvia de faro uma nova Torma de atividade. Nao escapou isto 20s mais atilados obsérvadores coevos (24) TINGE M. Dobb - Studies in the Development of Capitalism, Landes, 1954, pp. 176-220, especialmente 202-209, (ICE F Braudel - La Mediterante et le Monde Méditerancen 3 Philippe ti. Pais, 1949, p. 619. ce ‘lso € mate indicio de gua siquezs (do Brasil), porque os homens das Indias, quando dela vem para o Reino, sazer consigo todas quanta fazenda te époque de 67 | dos empiééfidimentos colon | 12.0 miereado extetno, fornecet produtos cop: i Efetivamente, a0. se ttansitar do comércio para a colonizagio, de bens produzidos por socicdades ja Catabelecidas para a produgio de mercadorias ¢ montagem de uma Sociedade nova. Engajava-se, assim, 2 ocupagao, povoamenta ¢ valo- agao de novas areas, ¢ sua integragao nas linhas da econvunia euro- pia. A exploragio ulirapassava dessa forma o Ambito di circulagao de mercadoria, para promover a implantasio de econoiniss comple: mentares extra-curopélas, isto é, atingia propriamente a-drbiia da producio. E nao obstante tais difercncas fundamentais, ¢ a dimen- ‘ses novas que assumia a atividade colonizadora a0 transcender a ex- ploracao do cométcio ultramarino, 2 colonizacio guardou na sua es- Séncia o sentido de emprcendimento comercial donde proveio; jovexistBiica de’ produtos comerciaizaveis levou 4 sua producio, € 1u a agio colonizadora, Assim se ajustavam as novas areas ‘20s quadros das necessidades de crescimento da economia curopéi ‘A colomizagdo moderna porsanto, como indicou incisivamente Cato Prado Jr, tem uma natureza essencialmente comercial: produzis pa- ceemno, f is'e metais nobres 3 | economia européia — cis, no fundo, o «sentido da colonizagao» 25) Se combinarmos, agora, esta formulacio — o carater comercial da Epoca Moderna — com as consi- dderagdes anteriormente feitas sobre 0 Antigo Regime — evapa inter- imiedidria entre a desintegracio do feudalismo ¢ a constituigio do ca- pitalismo industrial — a idéia de um «sentido» da colonizacio atin gird sew pleno desenvolvime: Efetivamente, a expansio da economia de meicado, com 0s pro- cessos correlatos de divisio social do trabalho ¢ especializaczo da pro- dugao ¢ consequente elevacio do nivel getal de produtividade, so- mente a partir da mecanizacio da produgzo industrial adquiri: uma fotca de auto-desenvolvimento. Process que se inicia pela mercanti- lizagio ocasional de excedentes da producao regional pré-mereantil -m.que.a comescalizacio se rorna permanente, destaca- passava-se da contercializacao ‘Fam, porque nfo hi enhum que een liens de eae, «5 05 en sio de pouca Considerago, c como todo 0 set cabedal ets empregado em cuss manuals “batcam-nos contigo, e do prego porque os vendem 1 Reino compar esas > das cfarem ess casas, Mas os moradores do Basil coda a sua fazendatém neidas fem bens de euir, que nfo € possvel stem leva para 0 Reino, e quando algum para Ii vai os deixa na propia tera.» Ditlogos das grandezar do Bran! 1618). ed ed, A. Gongalves de Mello, Rete, 1966. p. 78. {OGL i ar Fomed de rl Contempo o, p. $36 13 68 setor da sociedade que passa a dedivar-se exclusivamente 4.0 ‘ondmicos, acummulando capital nesta atividade culagin dos hens.cc Loge, em fungao desse proceso, pouco a pore, se var pre yata a wo%a, © pos « produgio te vai especalizando, Porta, a. venisean de capital comercial, divisto do trabalho, mereansilizagiy Jos bens ccondmicos, especializagao da produgio siv procesos cor tos, que envolver in desenvolvimente du tive! econbmrico ge apial comercial ¢ formayio da burgueséa mer ie, & ‘Acumulagio de Cantil sfo pois 05 dois lados do mesmo processo. ‘Feoncas transformagao se auro-estimul sem limites Hiscoricamente, porém, tal processo se instaur realidade concreta — o sistema domninial feudal. Dai as tensbes so ais que se desencadciam x partir da formagio ¢ expanse de wna se tor metcantil no quadro da economia feudal; dai também os conti hus reajustamentos politicos que encarninham aquelas tensoes. O final da fdade Média € um momento cricico dessas tensbes € ajus imentos, Ja vimos os processos desencadeados na superacio dessa cri se: estado unitdrio centralizado executor da politica mercantil expansio ultramarina ¢ colonial, criagio em suma de alavancas pata eeletar o desenvolvimento da economia de mercailo, incentivande sta - & pouco € pouco, o capital penetra na producto. Do artesanato para a manufatura—onde ji estao dissociadoscapitade trabalho, ¢ desta para o sistema fabril, desenrola-se o processo de formacio do capitalismo, que cobte todo 0 periodo do fim da Idade Média até 2 Revolugio Industrial, quando se completa, Enquanto, porém, 0 tiltimo passo nio era alcancado, a exonoatia “capitalista comercial, ¢ pois a burguesia mercantil ascendente, o> ‘possuia ainda suficente capaddade de crescimento endogeno, acapi {alizagio resultante do puto ¢ simples jogo do mercado no permitia 4 ultrapassagem do.componente decisive — a mecanizagio da pro dugdo. Dai a necessidade de po apoio fora do sisters, insu dno uma acumulario que por-se gerat fora do sistema, Marx cha- nou de origindria ou Primitiva (26). Dai as tensbes sociais € politicas provocadas pela mantagem de codo ua complexo siscema de esti- sal, p. $01, especialmente pp. 840-851. Ciraros pela tadagio espanhola de Wencesiao Roces,editade pela Fondo de Cultra, Meso, {O16 Nae cabe aos limites deste capitolo ume discussio aprofundada sobre ac raluego peimitva, 2 set reiormada hase das eformagdes economics pre capitalists, a partit de um: BOGE, Kail Marx - Gu mulos. O mercantilismo foi, na esséricia, 2 montagem de al sistema 27), e sistema colonial mercantilista sua peca fundamental, a prin- cipal alavanca na gestagio do capitalismno moderno, ‘Ao contra do que pensava Max Weber, a exploracio colonial foi elemento decisivo nia criagio dos pré-requisitos do capitalismo industrial 2) ‘De fato, a ultrapassagem do éltimo € decisivo passo na insraura: so da ordem capitalista pressupunha, de um lado, ampla acornula- do de capital por parte da camzada empresisia, ¢ de outra, expansio crescente do mercado consumidor de produtos manufaturados. Am- bos estes pré-tequisitos geram-se no processo mesrno de. desenvol¥i- rento da economia de mercado, pois 2 dissolusao das antigas for- mas de organizacio econémica, 20 envolver ¢ acentuat a divisio s0- cial do trabalho & especializagio da producao, ctia 10 mesmo tempo mercado ¢ acumula capital; jé vimos porém que este mecanismo na sua pureza esbarraem obstaculos intfanspontveis,em cuja superacio se mobilizam a politiea meccantilist ¢ o sistersa colonial Examinada, pois, nesse contexto, 2 cofonizapzo do Novo Mundo na Epoca Moderna apresenta-se como peca de um sistema, fnstru~ menso da acunulacéo primitiva da €poca do capitalismo mexcantil. ‘Aguilo que, no inicio dessas reflexes, afigurava-se como um sim- ples projeto, apresenta-se agora consoante com processo hist6rico conereto de constituigéo do capitalismo e da sociedade burguesa. Completa-se, entrementes, a conotacio do sentido profundo da co- Jonizacdo: cormercial e capiralista, isco €, elemento constitutivo no Processo de fornig;a@ do capitalismo moderno. ~Pademos, enfim, compreender, fas suas miltiplas conexdes, 0 sistema colonial, ese conjunco de mecanisrmos — notmas de politica econdmica e relacdes econdmicas efetivas~— que integra ¢ articula.a colonizagio com as economias centtais curopéias, realidade subja- “conte. imanente.no processo coneteto da colonizagio; que a ajusta inuamente 20 seu «entido». Nao se trata pois de simples deno- minador comum presente em todas as manifestagdes concretas do pprocesso histérico, mas do determinante esttutural, componente. partir do qual € possivel compreender 0 conjunto das manifestagies, ‘omando-as inteligiveis, 0 elemento enfim que explicita ¢ define os demais, e no se.define por eles 2) - GCE M. Dobb = Shadies in the Development of Capitalicm, pp, 200-210 COE Max Weber - Wirschafigercichre, 3 esto, Betlim, 1958, pp. 256-259, EGE Fernando A. Novais-«Colonizasi e sistema Colonial: dicussi-deconcei- 70 Na tealidade, nem toda colonizagio se desentola dentro das ure vas do sistema colonial, Os sistemas nunca se wptesentam, historien ence, em estado puro, Apesar de coeva, a colonizasao da Nova In glaterra se deu fora dos mecanismos definidotes do sistema colontal nercancilista 0", ¢ j4 indicamos, noutro passo, os fatores especificos «crises politico-religiosas da Inglaterra, no processo de formagio do estado modetno inglés que deram origem 3 essa forma de cx pansio ultramarina: coléyea: de povoamento, a terminologia cor: sageada por Leroy-Beaillieu, cuja produglo se proces em funcio do proprio consumo interno da coldnia, e onde predomina a pequena propriedade. A categoria de colGaias que se the contrapie as coldmias de exploragta(#), vem uma economis toda voltada parr 0 mercado externo, meiropolitano, ¢ a produgio se organiza na gran de propriedade escravista, como no Brasil, por exemplo, No ancla- mento de nossa exposicio, essa categorias assummem nova dimensio, como é ficil de pereeber: de exploraczo sao as colénias mats ajusta ddas 20s quados do ssfema colonial, de povoamento as que ficamn te lativamente 4 margem do sisterna. Mas, a ser verdadeito 0 esquema explicativo que vamos construindo, ¢ getando-se ambos os tipos de Coldnias no bojo do mesmo processo colonizador, é a partir do sis ima e portanto da exploragao colonial que se pode entender o con- junto e pois também as colonias de poyoamento, ¢ nao 0 contcatio. ‘Da mesma forma, se 0 Brasi-cofénia sé enquadra como colénia de cexploracao nas grandes linhas do Antigo Sistema Colonial, no quer isso dizer que todas. tagoes da colonizacao da América Por- ruguesa expressem dicetamente aquele mecanismos mas, snais uma vez, os mecanismos do sistema colonial mercantilista consticuem 0 elemento basico do conjunto, a partir do qual deve pois ser analisa- Gor Neste momento de nossi andlise-estaniios centando explicicar a categoria’ bisica (sistema colonial) para compreendermos em seguida seus Miecanismos ¢ sua crise no nivel estrucural; teremos, natural Sore peapaava Hvis - Anat or IV Simpsio Nasional dos Profsores Univer Sede Hat, 1989. de Hits 6p akangado pot aguas rege ext ceop2s 5c Fone ieeeamente, a eauturs do sobidesemohnmen to pode tee ees Bains fare Coloma yacenraac expat ent Ear alladerns, Baenos Ais, 73. P28 Meee ety Mac = Dea Calon cbr x Peps Moderns, Pat Sh hp sahtge inte. Paas 1008 Ie pp. 95 segs Basen se mals wee LEE cto, Roseher ef Jannah = Kolomen, Kolonalpoltit xmd Leg IuBS. pp 232 ATs ed € dr I8i®. Nelin Austonderamg, 3° ed "1 is adiante alguns elementos j@ aqui adianta- posiyao de Parwgal mettopotitano e da co- {osistewna, € pois a mancira como a crise pe~ gal-trasil. Assim, pensamios, nossa analise mente, que setomat m: dos, pata recompormos & Ionia Brasil no conjunto d cal afeta as relagoes Portug id se conctetizando cada vez sais. h) O teaclusivor metropolitano Examinemos, pois, os mecanismos de funcionamento do Antigo Sistema colonial do metcamtilismo. £ no regime do comércio entie netiopoles.¢ coldnias que se situa 0 elemento essencial desse meca- hhismo G2), Reservando-se a exclusividade do comércio com o Ultra nar, as metrSpoles européias na tealidade organizavam um quadro institucional de_relagdes tendentes a promover necessariamente um estimulo 3 acumulagio primitiva de.capital na economia. mesropoli- tana a expensas das economias petiféricas coloniais, O charmado emonopélio colonials, ou mais corretamente ¢ usando um termo da propria época, o regime do eexclusivo» reetropotitana,consticuia-se ‘pois no mecanismo por exceléncia do sistema, através do qual se pro- ssava 0 ajustamento da expansio colonizadora aos processos da integral. ‘© comércio foi de fato o nervo da colonizacio do Antigo Regime, isto €, para incrementar as atividades mercantis processava-se a 0Cu- ppacio, povoamento.<. valotizacdo das novas areas, E aqui ressalta de ‘novo o sentido que indicamos antes da colonizacio da epoca Modes- ‘na; indo em cuzso na Europa a expansio da economia de mercado, com a mercantilizacio crescente dos varios setores produtivos antes & ‘margem da drculagao de mercadorias — a producao colonial, isto €, 2 prodtigdo dos nGcleos criados na periferia dos centtos dinimicos euroseus para estimulé-los, cra uma producao.mercantil, ligada 3s gran Jes linhas do.teifico internacis isso j@ indicaria o sentido da colonizagio como peca estimuladora do capitalismo,mercantil, ‘mas 0 comérciocolonial era para mais.o.comércio-exclusive da me- trépole, gerador de super-lucros, o.que completa aquela caracteti (io, Ede fato, come procuraremos indicar-sinteticamence agora, Right acabava por frusrar a tacionalidade da enipresa de comercializacio dos produtos orientais, enfraquecen- do sobremaneita a posigio portuguesa no conjunto, verminando por provocar quebras ¢ faléncias(29) Observe-se, porém, que tais distorgdes se deram.no nivel da disc .dos.no-comércio-monopolista. O.essencial era ‘t Sse uma concorréacia de compradores tio Oriente, 0 ediiaifia os lieros & sua éxpréssio norinal nas transagdes come ‘monopélio régio portugues saranti, assim, condicoes. economia européia em getal, promoyeado.a accleracio da cio de capitais is: nia engenagem do sistema contd do a5 maiores vantagens fora.do ceino. Com is- to, entretanto, acabou por enfraquecci-se a dominagao lusitana no Indico, recuando o volume das atividades comerciais 07), Normas Econbrmscas de colontzagio portugues aS sega Vicente Alida Bea (Coimbra, 1931) pp. 56 segs WCE V_ Magathaes-Godinho NY sees Pais 1909), pp SOSA CE Nunes Dias, op. eit, t IL. pp. 355 segs. Magalies-Godinko, op. eon p. 358 ses. Mag frei. PP {E°MRecuo portugués no Oriente: J, Licin de Azeved - Epocas de Portugal cond: ico. 2 e4., Lisboa, 1974, pp. 136 ss. V. Magalhaes-Gotinho - +A evolucto dos Coimplenos histirico-geograticar, Eniats, vol AP (Lisboa, 1968), pp. 20-21: =A vias conomee de Climpue portagars aux XV et 4 © recuo portuguts facilitow a penetragio holandesa no inicio do séculs KVIL_ Apesar da guetta de independéncia (1579, unido de tiereche) e da unido ibérica (1580), continuou ainda a patticipacio (nusiva da Flandres no_comércio oriental através de Lisboa. Em {5s5. part, ano da tomada de Antuerpia polos espanhois, navios holandeses szo apreendidos na capital portuguesa (38). Sob Filipe lI, contud, procurou-se ainda evitar a ruprura das relagdes comercias, {al era o grau de vinculagio ea imporéancia dos entiepastos da Flan Utes pats a comercalizagio dos produtos do Oriente. Em 1598 et fim todo o comércio com Holanda € pioibido decretando-se os se- o Tedito bitharov, como 0 chamou Grotitis (2), Nessa con Aintura, iase attculando na Holande o projeto de relagSes comer iets diretas com o Oriente, Mobilizaram-se recursos, ¢ em abril de 1595 realizou-se a primeira viagem de resultados pouco compensa- doresa rota de India porém, para os holandeses, estava aberta ‘Ora, a pesicao dos Patses Baixos no contexto da economia euro péia eva muito peculiar. Desde a Kade Média, essa regio se vinha Festacando como umn dos mais atives ceattos de desenvolvimento da fconomia de metcado na Europa; Bruges, na baixs Idade Média, ‘Antuérpia 2 partir do século XVI (1), eram centros de circulacio ceondmico-financeira 2 rivalizar com as cidades italianas. A riqueza giestros ade 13171524 cc ipo portato, op tp. 192-138; latun a AV a0 seal VM, 9. ep. 117 Paalnigne au XVIL ile Pt, 1960) dom Empire. N. Yotk, 1963, p. V8 Goes c fungi da penta das moves pres oo be 0 0 a mo oso oe Seo, em or ds cOnsgbes e005. eet Clos Sepa de Vetze, Comba, 1932 VZiid Moderne « Contemporonee. elder - Hise de ap Bas iso ral, wad por. gem andi foes econdmicas e deviresteucural do Sop. Eédetic Mato - Le Portugal et 6:7. Ch. R, Boxer ~ The Portaguese sea GCE. G, Luzzatt - Storia Economica ced. Padua, 1955, tl pp. 225-226. 8. A, Enno van Ge Pats, 1936, p. 34. H. Watjen -O domino colonia! toda S, Paulo, 1938, pp. 65-66. + Pangaleao - sFrancess, Holundeses Ingle ‘GAGES. Baaegue de Holanda e Olg ses no Beal quishentstan, in Hiri Geral da Ciao Brasileira, 1960, LT Jol, pp 163-166, H. van Gelder, op. cit. ps 34. Ch. R. Boxer, oP. cit, pp. 108- 109. (ice. G, Luzeato, op et, «1. p. 226, V. Vasques de Prada « Historia Ezono- Lp. bis. BM, Viekke - Las Indias Orientales Ho- ica Mundial, Madkid, 1961 folandesa dit, pot Battholomew Landhecr, wad. esp.» Mé- Tandesass ia ls Nac He seeipE5,p. 340, C. Masselmnn «Dutch clos policy in the XVUth cence Bean. Hist, 22, 1961, pp. 435-456 {RZ progress mais nocive qu fz esta cidade (Arturia) areas to Firman 75 | flamenga advinha pois de sua posigio de entreposto, centro de feréncia dos produtos ¢ redistribuigzo das varias areas econbmicas européias (2), em suma o carryiny trade, Dai-a sia politica econdmi- a pautada sempre um grande liberalisimo, cxatamente pata atratt as mercadorias de todas us areas, redistribuindo-as em seguida, Des: tarte, e fundados nessa ttadigio, os holandeses 2 partir do fim do sé- culo XVI, organizaram varias empresas auténomas para tentar 9 co- mércio diteto com 0 Oriente: entse. 1595 (primeira viagem) 2 1602 forriaram-se cerca de urna dezena de companhias, armando 65 na- ‘vios. Poucas tiveram éxito. Para a maioria os resulvados foram desas- 0808, F que elas aéabavam por competi na compra dos produtos crientais, o que para mais era agravado pelas condigdes desse comer cio 2 longa distancia e, no Indico, dependente das mongde Neste quadro é que se comecava a tomar consciéncia da necessida- de de alterar a orientagio da politica econémica relativa ao Oriente, A companhia de. Amsterdam, que conseguia mantere em boas condigoes, solicitou aos Estados Gerais que se the concedesse mono- Polio neste setor do. comércio holandés. A peticZo foi denegads, 0 que deflagrou discusses ¢ polémicas, impondo-se enfim a orienta- 3 monopolista com a constituiggo da Companhia das Indias Ori. entais (Carta de 20 de marco de 1602), & qual se garantia a exclusi- vidade das operages metcantis no Oriente (entre 0 cabo da Boa Bs- Peranga € o estreito de Magalhdes), com difeitos de firmar trarados, nomear funcionatios, etc. (3). " ~E pois €8a experiéncia holandesa altamente significativa para 2 explicitagio do mecanismo que estamos analisando. Oferece, efeti- vamente, como que a sua conira-prova: tentado,.o.comércio livre ul: ) B. fousnier ~ Os séculas XVI ¢ XVII. Trad. port. Séo Paulo, 19 . ee naan raat NM To tae Boe Osea eae ee Boom Hits vel. 2, Gh, pp. 4954681 van Klacren The Dat Cob? 76 cramarina revela-se ineficaz para as necessidades do capitalismo rer dana curopeu carente de estimutos externos; 0 fracasso da tentative lew rica, 3 adagio do esquema monopolista na pr Foi, portanto, nesse contexto de exploracio lista que se iniciow a ptoducio colonial, ¢ a comercializacio dos ps datos gerados nas economias. moutadas no Novo Mundo inser’ Como que naturaimente neste regime. O primeira ensaio de color Jacio propriamente foi, como se sabe, o das iflas aekantieas, € pert Gularmente da Madeira’ A introducao do cuitive da cana.¢ a prods- (gio do agiicar nessasiThas, numa fase em que os recursos do pequ feino empreendedot se cancentravam no alargamento do péripl afticano, contou desde cedo com a participacio de estcangeieos com seus recursos € capita: sobretudo os genoveses, parece, estiverat | gados a montagem dessa economia, através da qual se rompia 0 mo hopélio da oferta do produto até entao dorainada pelos veneztanos “Assim, desituinds 0 monopolio veneziano, expandia-se 9 consume do produto, em cuja cometcializayao enteavatn os flamiengos; no &!- timo quartel do século chegava-se nitidamente a uma sitwagio de sa- erprodugio, acarretando medidas. eseritivas por parte de D. Max fuel I (ixou em 1498 a producio eni 120 mil arrobas anus, das ‘quais 40 mil iam para a Flandres. Jé em 1482, porém, nas corres de Evora, em meio 2 numerosas reclamiagées contra as atividades eco- indmicas de sestantes escrangeiros, assim como ingleses, florentinos, , Celso Furtado» Farmapao Econdioa do SB in de Janeto. 1999, p. 57, «0 cele do agar foi particularente fore en~ Teis70e 16500, M. Buescu € V. Tapas - ira do desenvoleimento econsrico ido Bra. Rio de Jani, 1969, p. 3. ‘stpor em tsamnento quanativo do cesimento da apro-indGsiaasucarcira oo pri wfameses} tio de Azevedo = Epocas de Portugal Eeondmaco 24 cd. reer Snaen = Higins Econimce do Bro 3* ed. pp. A}13.M. Bucs Fijpsin Beondmce do Bra, pesquisa e andlss. Rig de Jano, 1970, pp. 65-67. FEI Mauro Le Pregl ef Adonis au XVI see. Pais, 1960, pp. 255297, Pechen aPlace eee di Brésl dans les ssteme de communications et dans kes ase, de crinance de économie du XVle. siecle, Re. Fi. Bon Sor, ¥ REV Tovo, pp 460-462. A afirmacio geval, acima eounciada, nose aera pelas Pegi degencns de seas dusts Sey ars ‘Bo oe rade ver a tbela eral elaborada por F.-Mavro (CF. Le Pouca! et PAdaniges on XVII wep. 296) 0 preg do acat no Brasil, ene 1970. 1610 cen wis ato, lisboa flutes, no meso pertodo de 1400 a Soto Ear 1614 ambos os press se aprorimar (1,000 rs para novamente se $fararem; em 1650 € 700 ris no Bras ¢ 3.800 em Lisbon TSS ge T571, CeVieenve de Almeida Bga ~ Novas ecomOmies da colonizanio porngatva até 1808, Coimbra, 1921, p, 127. Athur CenatFertcra Reis. of et poll 79 thas estruturais do sisterna colonial(%), Note-se também que neste Tim de século rccrudesce a repressio a0 comércio estrangeiro, multiplicando-se as apreensdes 5). B bem verdade que aumentou também contemporaneamente a presslo externa ¢ que & monarquia ibérica se debatia em dificuldades financeiras enormes, 0 que fevou ‘rei de Espanha ¢ Portugal, apesar das novas proibigoes (por exem- plo, em 9/2/1591 07), & coneessio de licencas especiais, o que che- ‘gou a ponto de petmitir um trifico regular direto com Hamburgo que movimentou 19 navios entre 1590 € 1602; essa data, segun: todas as probabilidades, parece que cessaram as Viagens ‘heer Os) Frisemos pata logo, entretanto, que essas licencas em nada alte- am o mecanismo fundamental que vamosexplicitando, Efetivamen- te, como jf frisamos noutro passo, referindo-nos ao comércio port- gues na Altica, tais concessies nfo implicavam no estabelecimento de uma competicao entre compradores. O que € legitimo afiemar, comprovado pela documentagio dos pregos, é que com a fase de grande crescimento da economia acucarcira assistimos ao seu enqua- dramento fas Linhas de forga do sistema colonial; os pregos sobem Pouco na elénia, a clevacdo € acentuada na mett6pole, isto é, {geram-se luctos excedentes — lueros monopolistas — que se acurnu- Jam catte 0s €mipresitios metropolitanos. E claro que 0 agtavamento dos embates da guerra da Espanha com a Holanda tepercutiram no comércio com o Brasil, entZo incegrado ‘na Unio Ibética. As proibigies'se sucedem a atestar a rrescente pres- sto do contrabando. Assim, em janeiro de 1605 restringiram-se no- vamente 2s licencas para a vinda de estrangeiros 20 Brasil, ou antes, © envio de teas ou navios, obrigando os solicitadores a submeterem (SeComesava a esbogar-se o Sistema Colon! i sie as soa «Sse Colonial, que ating a perio no seuo elm 1579, por exemplo, segundo Varnhagen, foram aprendidos incendiades pr pow porosonzenavios de Dieppe e do Havte, CE, Hts Geel do Bras 2 iategral. «1p 436, Referencias 2 nas inglesas ox Bahia €em Santos, 10 go- {a imerino de Cosme Ravgcl, Varnhagen, op ci p. 439. Eo 2384, se nae feces arecndidas na Pasta. Op. i. p. 434. Poo dep, 1587, os ingleses Withington ¢ Ester centam uma soida ta Babia. Vrahigen, «Ml p. 78 Em 2321, Cavendish yom tentar fort nos nososportos. Lancaster, cm 1595, aqueia erie: Na Pataba,¢ 1597, teze navies fanceses, Op ey tI. pp. 30:31 NCE. Arthur Cesar Feria Reis, of. c., p. 312. ° QNCE Stra Buarque de Holand: e Olga Pantaleo sfrancses,holandesese ine es me asl Quienetn, a Hite Geral de Cina Bae, «1.1 80 suias pretensdes 20 Conselho da india, cujo presidente assinaria pas- Saporte no easo de concessio (59, J8 2 18 de marco do mesmo ano (1605) novas restrigées: nenhurn navio estrangeito qualquer que Se a nacionalidade. podetia it 20 Brasil, India, Guiné e ilhas, nema a qualsquer outtas tetra cescobertas ou por descobrit, abrindo-se ex {goes apenas pata Madeira ¢ Agotes; os estrangeitos no ulttamar porugues deviam mudar-se para Portugal no prazo de um ano, com penas severas de morte € confsco das propriedades para os transgres- sores (9), Se esta legislagao por si s6 cra naturalmente impotente pa- a mancer o exclusivo portugués que dependia na realidade de con- digées militares para cafrentar a pressio holandesa, nem por isso fica menos patente a montagem do regime comercial exclusivista, Tais principios incorporam-se as Ordenagdes Filipinas, livro V, tirulos CVI ¢ CVHNG), O contrabando cerramente nao ‘cessou, mas & propria decisto dos Paises Baixos de montarem uma companhia ¢s- pecial para as Indias Ocidentais), e organizarem a ocupagio mili- far do nordeste acucareiro mostra que 0 contrabando nao era sufi- cicnte para atender as forcas de expansio da economia nectlandesa. "A Restauracio (1640) marca uma fase de recuo do exclusivismo jportagués no Utramat(®), As condicbes politicas do governo restau- tador, 2 posi¢io de Portugal no quadro das relagdes internacionais, explicam as concess6es feitas 2 Holanda ¢ & Inglaterra em troca de alianca na luta contra a Espanha. Exatamente porque a colonizacio portuguesa no Brasil esta jé a esta altura montada dentro das finhas de funcionamento do sistema colonial, porque o comércio colonial se desenvolve segundo os mecanisinos do sistema, € que as conces- sees de participacio a estrangeitos se podem tornar a moeda forte com que Portugal metropolitano joga no seu esquema de. aliangas anti-espanholas. O que se concede nos tratados com Inglatesta NCE, Anta Cena Rereira Reis, p. 312. Wo) de 18 de maryo de 1605. CE.]J. de Andrade e Silva. Collecdo cbromofogt ca da Legis Portagaéia, Lisboa, 584, v0. 1, pp. 108-109 ince Codigo Philpino, ou Ordenagbes Leis do Reino de Portugal... (1603), ‘ed, de Candido Mendes de Almeida (Rio de Jancto, 1870), pp. 1253-1259. (GE Coudova-Bello« Companies bolandesas de novegacow, agente dela colon: saciin neerondss. Scull, 1964, CEH. Whten - O Dominio Colonial Holandés so Brand Pal pore. Rio de Janeito, 1938, pp. 72egs. 5. Clough e Ch. Cole - Eo nomic Hisory of Europe, p. 164 2 (ies anchor Cézat Fertiza Reis, oP. c., pp. 312-313. 81 | (1654, 1661) ¢ Holanda (1641) é no fundo a participasio desses pai- | Po ses no usufruto da explorasio do sistema colonial portugues. Por outro lado, paralelamente, 0 governe lusitano procurou orga- nizar mais eficientemente scu sistema de exploragio ultramarina, através sobretudo da criagao do Consclho Ultramarinol®), que pa sava 2 superintender ioda a atividade colonial. Assim, procurava-se 20 mesmo tempo conttolas 20 maximo as concesses feitas. Na mes- ima linha, a institigfo da Companhia Geral do Comércio para o Brasil, em 164916). A partir de ent, em meio & concorréncia colo- rial que se'acentuava entre as poténcias, forcejou renazmente a Co toa portuguesa para minimizar as brechas abertas 20 seu exclusiva colonial. Numa representasao de 1672166), os mercadores portugue- ‘ses reclamavam providéncias, pois jé encontravam os mercados brasi- Jeitos abastecidos quando lf chegavam seus navios; o alvara de 27 de beatin de 1684 proibia aos navios partidos das costas brasileiras encaminharem-se para quaisquer portos que nio os portugueses(97) ‘A ordem régia de & de fevereo de 1711, na mesma linha, estabele- cia que 0s navios estrangeiros (petmitidos nos tratados) 56 pudessem vit nas frotas oficiais ou em caso de artibada forcada, prescrevendo tigotosas penas aos infratores(6*), As medidas se sueedem, anulando paulacinamente as concessbes, reduzindo a presenga legal de estran- ¢ attibada forcada(®); culminando nos alvatis de 2 € 12/12/1772 que, derrogando concessies de 1765 ¢ 1766, ptdibem 9 comércio inter-colonial, por ser chuma maxima ge- TWICE Nal Cao - 0 GoeloUramann ii domaine Ri defen 1969, Be 39 segs. * s TE Gin See A Componbia Gnd Com de Be 1720). Sao Paulo, 1951. ve fee ae Br 8s (OICE, Acthut Cezat Ferreica Reis - «© comércio colonial ¢ as companhias privile- inde in Mitra Gera. de Gnas Brea, di Sega Daur de Fla Bee, Bale 8 Sahar de 3 & verbo de 184 CF}. de ade Sha Calero trol de Latin papain vi X. pp 3.26, " «ote Chrno Sees Earner doses nn compile tt dir Ore doers Corse, We oe HO ts Cle ep dns poe mi tegea 1 de Guerra como os Mercanes, wos ports do Bras ALU (isbn, Cade CDS BANC "dna Me 11 Saco ie Casas [es Ordens, Provisbes: B/2/1711, 7/2/1714, 29¢7/1715, 5/10/1715, 27/1/1717, ro aida arto Werati.ar2ro1y ert sere eas 200511736, 16/2/1740, 4/3/1757, SOIGINTS7. 19/4/1761. 82 talmente recebida e constantemente praticada entre todas as nagies, que da Capital, ou Meuropole Dominante, he que se deve fazer 6 Commercio, ¢ Navegagio para as colonias, © nos as colonias entre Se examinarmos, agora, ainda que sucintamente, 0 regime das te- lagbes econdmicas que se estabelecew no processo da colonizacio es panhola na América, defrontamo-nos com os mesmos principio © 05 Inesmos mecsnismos. A empresa indiana de Castela aprescntava-se inicialmente como negécir exclusive da Cotoa, associada a Cristovio Colombo'”), © alargamento da empresa reduz_ necessariamente @ posicio do descobridor audaz para uma posigio insignificante, con- Solida o monopélio régio, que naturalmente abarca os saditos (caste~ Ihanos), Na realidade, a partis de 1503, com instituicio da Casa de Conteatagio de Sevilha, todo o comércio com a América hispanica passa a fazerse legalmente pelo porto andaluz: € 0 regime de porto finico, s6 alterado no fim do século XVIII sob o despotismo ilustrado dos ministros de Carlos 11170). O importante 6rgio sevilbane, apesar de subordinado a patti de 1524 a0 Conselho Real e Supremo das In- dias, superintende todo o ttafico colonial espanhol, velando pelo monopolio. A pressio externa, a acto intensa da pirataria ¢ do corso desencadeada pelas poténcias tivais que ji na primeira metade do sé- culo XVI despontavam ¢ se aparelhavam pafa s concosténeia ulta- marina, determinou o enrijecimento do regime: a navegacto espa~ nnholz, em 1543, passou a cer petiodicidade obrigatéria, e entze 1564 € 1566 consolidou'se, enfin, o regime de froras ¢ galedes. A.navega- so se faz em comboios — eflotas» ou egaleoness — em épocas preci Sas, com fotas pré-determinadas, ¢ visando apenas portos privilegia~ dos do mundo americano, de onde se procedia & redistribuicio dos pprodutos vindos da metr6pole. Vera Cruz, na Nova Espanha, Carta- zena, na Tierra Firme, Panama e Porto Bello no Istmo, eram os cen- ttos privilegiados\”2), Resultava, por exemplo, que o abastecimento de Buenos Aires ¢ da tegiio platina se tinha de fazer exclusivamente ‘Wola as famosas «Capitulaciones de Santa Fes. CED. Ramos Perez» Historia de is Colonisacion espanola en América, Madti, 197, pp. 3 segs. ‘CiNee. Clarence Haring - Comercio y Navegzciin entre Espa las Indias. Toad cesp., México, 1939, passin. E. Aves Farias - BY Siglo Wustrado en Améria, Catac Gan, 1955. M_ Nunes Dias -O Coméreio hare entre Hetara e os portos de Espanta (1778-1789). Sao Paulo, 1965, CAGE C. Haring, 2p ct, pp. 251 Es oa pela via do Pacificol4), © resultado do monopélio dos mercadores de Scvilha ou de seus associados foi, na formulagao sintética do pro- fessor Céspedes del Castillo, «um regime de grandes lucros, que de- tesminatd nas Indias © aparecimento de um regime de altos precose(74), E claro que tal regime de ums inflexibilidade Gnica provocava de imediato 0 desafio das poténcias rivais, que desde logo incentivaram ‘© contrabando para a América espanhola. A partir do préprio Brasil- colétiia se deseavolvia enormemente o cométcioilegal para a regio platina, sobretudo no periodo da Unio Ibérical?). Ingleses, france- ses ¢ holandeses nao deramn tréguas 20 exclusivo castelhano, até que ‘no século XVII fixaram-se nas Antilhas, montando economias:con- correntes, € a0 mesmo tempo firmando entrepostos para incentivar 0 Lsafico de eontrabando para as Indias de Castela, O sistema espanhol oferecia de fato flancos consideraveis; o mais importance cereamente foi o erifico negreiro para as colénias hispano-americanss. As dificul- ddades exn fixar-sém enttepostos africanos levaram a coroa espanho- la a contratar com mercadores estrangeitos © aprovisionamento de suas coldiias'”9), Foi patticularmente violenta @ concotséncia neste Setor altamente lucrativo do trafico ultramarino. Portugueses, ho- landeses,franceses controlaram sucessivamente 0 «asientos, enfim negociado para a Inglaterra no tratado de Utrecht” ‘De qualquer forma, nao pode haver diivida de que a colonizagio espanhola se organizou, também ela, nas Jinhas do sistema colonial rhercantilista, tendente a criar mecanismos aceleradores da primitiva acumulaglo capitalista. Que a Espanha nao tena conseguido assi- ilar essas vantagens, que clas ao fim ¢ ao cabo se transferissem para as poténcias tivais, decorte de condigées particulates da situagao me- tropolitana. Por onto lado, convéam lembrar que 0 contraband nfo cexclui a realidade do sisterna cofonial: 0 que os empresitios rivais, das onteas potéiicias, visavam éra exatamente do usufruto das vanta- NCE, Alice P. Canabrava - O coménto portuguss no Rio ds Prets (1590-1640) Sto Paulo, 1944. pp. 26 sees (GCE. G. Cespedes del Castilla-La sociedad colonial americana en ls silos XVI ¥ XVIls. In Histone Social » Econtmica de Espana y Aménca, dit. pos J. Vicens- Vives, (Barcelona, 1997), Ul, p. 479. UOIEE Alice P. Canabrava » op. et ps OGE George Selle «La Trante Nernire ux Indes de Casile. Paris, 1906, 1.1, p97 sees. TG. Seclle op. ei. tI, p. 481, tI, pp. $55 sees. 84 sens desse sistema. Tanto é assim, qut « politica colonial dessas mes~ mas poténcias (Holanda, Franca, Inglaverra) nao diverge, ta sua as- séncia, daquela que se cristalizara na primeira fase da expansiio ul tramatina De fato, a competicfo ultramarine puramente comercial, desdobrou-se propriamente colonial a panic da francesas ¢ holandesas. Jé tfatamos, ; petiéncia neerlandesa: no empenho d+ estabelecer linhas ditetas do Comercio com 0 Oriemie, a experiéncis desse esforco levou & oxgani- yagio de uma companhia monopole de cométcio, A dominacz0 holandesa no Oriente, nfo tatdou a *renscender a aco puramente metcantil;a ocapagiode grandes thi: ¢ matra, dew lu garauma acio colonizadora, passand’-e a producio de espetiatias Tudo se processou, entietanto, nos Guadros do monopélio da pode- rosa Companhia ds Indias Orientais"#). O esquema expansionista para 0 Oridente — para as Indias Ccidentais — no foi divers; processou-se através da Companhia des Indias Ocidentais, simile da primeira. Sob seu impulso e controle, 2lém da dominacdo tempori- tia no Nordeste bral, promovewse a ceupacio « exporasao de Surinam € Curagaat) ‘A expansio hatitima da Inglaterra, por scu lado, corre paralela com a formulagio dos principios mercantilistas. J& mencionamos ‘Thomas Mut, defensor da Companhia Inglesa das Indias Orientais; 20 das coténias inglesas 1 que sumariamente, a c%- ~~com ele se abre toda uma dinastia de tedricos (Josiah Child, Gee, Postlethwayt, para indicar apenas os mais representativos), que leva- fam a douttina metcantilisez ao mais ico grau de refinamento, €, 00 corpo do mercantilismo, a teotizacao do sistema colonial(®", A colo- (CHCE E, Coornaert- «The Chartered Conipaniess. Cambridge Economic History dof Enape, wo 1 (1967), pp. 225773. E. Cordova: Belo - Compania: bolandeser Leer ectom, agentes te ke conizacibn neerlandess. Sevilla, 1964, pp. 24 ses Georges Maselman- «Dutch colonial policy in the seventeenth cencuys Seen XXL, pp 368 " FH ee fl loons no ral. Te. ps. Slo Pa eee ee Need Holondee« Compan dat as Orden SO ee asians no Bl Si Psi. 1968, pp. 128. SP as as do sen Pane Se Oe a aaa Eglnd. $d. Lodi, 1993.0 Hp ee Fee min olin Cmbrdge Hur of be Bth See nee ae a Newtone EA. Bens, vl. 190), PP 36 8 | de fato, apresentou 0s Mais varindos matizes, assu- oes tlierepantes; no obstante, foi a Gra- Brcragha que levou de venwida a concoréncia colonial durante o an igo Regime, para se torhar, no século XIX, a poténtiajmperial por see ancia, Na primeira Fase, como Holanda e Franca, lancou-se, no Sey evi, 2 ima atividade parastaria: 0 corso sobre o comércio co fonial espanhol. O inicio do s "I matcou a expansio propria: memte eplonial em, varias diregOes: pats 0 Indico, seravés de uma Companhia monopolista (a East India Company : para a América Se tenttional procurouse canalizar os grupos dissidentes que se forma: tam av longo das crises politicas e religiosas em meio as quais se pro- Cewou a folmacio do estado moderno inglés. Dew isto origem a una Colonizagio peculiar nos quadros da expansio curopéin, 25 colénias Ge povoamentd®”), Finalmente, no meado do século XVII, jnstalaram-se as plantations antilhanas (2 E com os famosos Atos de Navegacao que se artcula o sistema co- lonial inglés, 0 Ofd Colonial System. O de 1651, sob Cromvvell, jé estabelecia que 0s produtos da América, Asia ¢ Aftica s6 poderiam ser levados para a Inglaterra em navios ingleses ou das colonias ingle- ‘sas; os produtos europeus, em navios ingleses ou do pais de origem dos produtos, com 0 que se excluia 0 intermediario ~ carrying rade _holandés; estabeleciam-se algumas excesbes, como 2s sedas italianas “que poderiam ser reeebidas 2 partir dos portos flamengos, ou 0s pro- ddutos das colGnias espanholas e portuguesas que poderiam ser im- portados a partir dos ports ibéricos. Note-se que a excegao esta a indicar as vincilagbes de intciesses com Poreugal ¢ Fspana; efetiva- mente, tinha a Inglaterra interesse acias impercagies, que permi- tiam em contrapattida as manuf2turas britinices atingirem os mer- eados da Amética Latina, aitavés das metr6poles. A outta via de pe- neta¢20 ea 6 conttabando. Digno ainda de nocs no aro cromvrellia no €2 integracio num mesmo contexto de medidas visando ao mun- G ‘Andrews ~ The Colonial Period of American Hist jew Haven, 1948, ¢. TV, pp. 50 segs. % Histon. New Hasso MICE AP New oThe great emigration, 1618-16i8. Cambridge Histor ane eee ee ee i eT onthe eon Rp Yok. 0 pp. S91 HO Hig Ae Mononte Hoton, 8 ed. Yon, 1934 np t834 Ceo ua -Fomayao eure oR dee, 9.90 3198 BETA. Willson «The beginnings ofan imei pay Conde History of Britich Empire, . 1. pp. 207-238. R. Sédillot -Historts de fas Cofor » ren Pad exp. Bat lon, I96le pp. 278 segs. Colo Fata. of pp 3644 nizagdo inglesa, tmindo formas, as ve 86 jatos da América, Asia e Africa) ¢ de ‘om as outras potencies 1 da politica mere ay colonial ulteamarino (prod HrinisiagGes sobre 0 comércio da Inglaterra 6 Zias: indicativo sem david da cocrén are a iia. de que o sistema colonial Cy anvdie 1660, ja sob a Restauracio, indica a petsisténcia da pol sv imercantilistsinglesa depois da queda de Cromwell. Definia na- rice vomo aquele cujo mestre c 3/4 da tripulagao rar ingle imava que os produtes das colonias inglesas s6 podiart s, teafirmando a anterior determina ce tectbelecia, cnfim, os «artigos eaumictados» que das colénias devinicas sO. podiam sair para 2 Inglaterra ou outras colbnias inyleus -- e eram os produtos fundamentais do comércio uleramari- aancnsear, indigo, tabaco, algodao, madeita. Dois anos depois, @ Staple, Ace (1663) proibia as coldnis importarern em navios uc rad tocassem em portos ingleses, absindo excegao para o vino insu~ hemos sal francés, cavalos da Esc6cia € Irlanda. Novo ato, em 1675, ttava os artigos enamerados que circulassem de uma para outta co linia. © sistema foi teafisraado em 1696, no ato destinado 2 ), Com Richeliew (162471642) a expansio. adquiriu novo impulso deu os primeisos frutos. Para Ho ¢ colonizagao ultramarinos, incorporavam-se compankias”monopolistas: tas as ‘companbias. da Nova, bangs (1a), das lthas da América (1635), da Senegimbia (1641), do Grrente (1642); 0§ resultados nao foram brilhantes, mas ficavarm THOM Andeces Brat contemporineo, 4% ed, So Pa 96 Conjunto, as econamias coloniais periféricas conti lizados na producao de deverminadas mercado: portato, ¢ aqui Vistas pois putam setores especial f A pata o metcado curopers, Produpdo mercant ‘aparece 0 co profundo que liga a expansao cojontal com o desen- Voleamento econdmice cufopeu na fase do capitalismo cometcial: Expansio ultramatina resulrow, como antes procurames explicae, di Crlorco de superagio, dos obstéeculos que a economia merce euro pela encontrave pata manter seu ritmo de cFescimento, As econo jias coloniais, em que resulta afinal a expansio ultramarina, aca: bam por configurar, encaradas globalmente no contexto da econo mia _ mundial, setores ptodutivos especializados, enquadrados nas grandes rotas comercias, ¢ pois mercados consumidores em expan- ero. Neste sentido, significa ampiupéo da econonaia de mercado, tespondendo assim as necessidades do capitalismo era formacdo. Mais ainda, toda a esttuturacao das atividades ‘econdmicas colo- iais, bem como a formacio social a que servem de base, definem-se inas linhas de forca do sistema colonial mercantilista, isto €, nas suas conexdes com o capitalismo comercial. E de Faro, nao s6 a concentra Go dos fatores produtives no fabrico das mercadorias-chave, nem apenas 0 volume ¢ o ritmo em que eam produzidas, mas também proprio mado de sua praducdo define-se nos mecanismos do sistema Colonial. E aqui tocamos no ponto nevralgico: a colonizagao, segun~ do a anlise que estamos tentando, organiza-se no sentido de pro- ‘mover a primitiva acumulacio capitalista nos quadros da economia européia, ou noutros rermos, estimular o progresso burgués nos quia- Gros da sociedade ocidental. E esse sentido profundo que articula to- {das as peges do sistema: assim em primeito lugar, 0 tegime do co- nercio se desenvolve nos quadros do exclusivo metropotitano; dat, a produgio colonial oriencar-se para aqueles produtos indispenséveis ‘lementares as economias centrais; enfim, a produgio sc of- ‘de a permitit o funcionamento global do sistema. Em nao bistava produzit 0s produtos com procura cres- indispensavel produzi-los de mo- ou comp) ganiza de mol ‘oucras palavras cence nos mercados europens, ef ‘fo 2 que a sua comercializacio promovesse estimulos & acumulagio purguesa nas economias européias, Nao se tratava apenas de produ~ zit para o coméscio, mas para uma forma especial de comércio — 0 Comércio colonial; é, mais uma vez, 0 sentido tiltime (aceleragao da ‘scumulagao primitiva de capital), que comanda todo 0 processo da Colonizagao, Ora, isto obrigava as economias coloniais a se organiza rem de molde a permitir o funcionamento do sistema de exploracao oF colonial, 9 que impunha a ado the ..py95 a trabalio com pus yo ou nia sta forma limite, 0 escrue E assim a Europa pode contemplat vs peraeulo deveras esto ance do teniscimento da esctavid’o, quand ivitizagio ocdlental dvva texatamente os passos decisivos pata « sxpressio do traballiy eornpal sorio, e para a difusio do trabalho slivics, sto & asalariade Avie enquanto na Europa dos sécalos XVI, XVHLe XVII transit 20 ttabalho africa no porque escasseava populagio na mae-patria com que povoar 9 Novo Mundo. A afitmacio refere-se naturalmence a situagdes como 2 que se configurava entre o Brasil ¢ Portugal; se invertermos as si- tuagées, por exemplo, 2 meirdpole francesa em face das ilhas anti Ibanas, o argumento no faz sentido, aliés iniciou-se uma colonizacio de povoamento, que depois deu lugar 20 escravismo. Por outro lado, em deretminadas areas prevaleceu 0 povoamento. Ademais, isso 56 f. David Beion Davis - The Problenn of Shevery sx Wester Culture Ihave, Now York, 197U, especialmente pp. 108-11 98 Jur ws metopoles euiepents tie dispy que praia que os europe ihant de contingente apelararie entdo pate 4 és que 0 tal sapelox ene quros 0 que se rem dee zens para oar Ametics Nada expliva, nese argues dy menos que a cctaviraca dy He sr de fate, € 0 regime escravista de (te batho. Tratava-se, poréin sistema colonial, trateve-e de modo a promover & poles; isto envolvia tivo, © pois ocupacio (ao, Dai a ocupagio, #76 cexpansio geografica visat {or fncertsopico) prefezenteriente, ¢ 0 povoamento s€ Of é ves do eagajamento de trahelhadores (curopeus, aborigenes ou aft: anos, conforme 0 cass por parte dos colonos ditigentes da empresa Colonial, O regime de ‘cabal ho — as virias formas de trabalhy com- ppulsorio — eniretancs fice ainda por expticar. ea (Ora, producto colnsl era, basicamente, como jvimos, produ lo para 0 mercado metropolitan isto é, produgio mervantil, Na Stonomia de mercado, contudo, 6 salariato o regime mais rentavel as orenas de trabalho ompulsorio, por seu lado, vincuae se (sera vismo antigo, € sobretudo a servidzo feudal) 2 ¢conomias pré- rnereants (a ecoaomiz dominial fechada da dade Média): exits: nente, 2 emetgéncia da economia mercantil (0 desenvolvimento do Comercio) tende a promover o desatamento dos lagos servis, criando Tentamente condigdes para a expansio do trabalho clivtes — era 0 rocesso em cufso na Europa da Epoca Moderna. Neste sensido. 0 4¢- ime de trabalho peevalescente no mundotultramarine do Antigo Regime se upresenta como win contta-senso. E de fato, com jf Pro ceuramos indicat, a mercantilizagio da produgio s6 pode generalizar- ‘dominando as elagdes sociais, quando a forca produtiva do traba- doria, isto é, quando a economia mer. iestrurura, 0 processo produ 2 Nas quadroy do Imente, de pov a esséncia, de exp a riva acumnulagio capitalista nas mete6= fenve montagen de um aparato produ vento, mas 0 esseneial eft a explora se, tho se torn ca propria mercado antl se integea em capitalista, Nessa sa an ce uma inversao de capital (ese quanvara de valor) a “dinheiro, que, investindo-se, se transforma em ral produtivo}; a intet-agio dos farores ela do capital (capital-mercadorias). que festival a0 capital sua forma dic is-valia). que fem cin. sua original forma - fatores de producdo (capi dora mercadorias, nova forma realiradas (vendlidas} no mercado nheiro ofiginal, acrescida da valorizago (mais Fhera acsim os fatores (juros, Iyceos, cendas, salasios) ¢ permite at 99) ‘Assim se amplia a produgio capita. bo capital volta a sua primi- wa, completa-se uma rota: versio num nivel mais elevado. lista, auto-estimulandose. Cada vex que tiva forma, permitindo 2 reinversio alan Goo. Ora, € evidence queso o trabalho asalariado permite ral fencio sae patos se eacravints 0 FeBimne, trava-se # FOKAGEO, puis o Pagamen fade faror trabalho se tem de adiantas em parte (compra do escravo) enquanto no salariado so depois de consumida 1 metcadoria aba Tholels € remanerada no proprio processo produtivo, € noutra parce a manutencio da mercadoria-escravo distende a rotacio (0 tempo de vida do esctavo), empertando o sistema. Ademais, toda a exraordi- paria flexibilidade da economia capitalista fica bloqueada: a produ- Gao nao se pode ajustar as flutuacSes da procura, pois € impossivel Sispensar o fator trabalho engajado de uma vez por todast103). E is menos fentavel o trabalho esctavo pata a produgio mercantil. Trabatho oneroso, e como tal absurda insticuigao foi 0 escravismo considerado por Adam Smith!!, fruro do orgulho ¢ do amor & do- minagio dos senhores de escravos. . E no eatanto 0 escraviimo (ou 2s outtas formas de trabalho com pulsério) € que dominow o patiorama da economia colonial do mer Eantilismo, Nao terd naturalmente isto ocortido por estupidex dos tempresatios coloniais, nem por suas aras dominadoras, E que a and lise do problema azo se pode limitar aquele plano J6gico-formal. Examinado em si mesmo, 0 funcionamento da producto mercantil torna naturalmente impossivel o emprego de eseravos na producto para o mercado. Karl Marx, porém, que analisow a sociedade bur- guesa numa perspectiva ao mesmo tempo légica e historica, isto € explicando simultaneamente a mecinica do seu funcionamento ¢ 38 condigdes de sua instauracao, nfo perde de vista que 2 formagio do capitalismo se fez desintegrando a estrucura fevdal-servil ¢ artesanal (de produtores independentes) peé-existente; € pois, 0 desenvolvi- mento das telagdes mercantis 20 desorganizat a antiga estrutura, aprofundando « divisio social do trabalho ¢ a especializacio da pro- ducio, ia criando mercado e porzento permitindo o impulsionamen: 1 do processo. No passo mais decisivo, de constituicao do capitalis- znio propriamente dito, a dissolugio dos laos sociais tradicionais pro- TWiiRiobre as wonaradigbes da producto excavista para o merci ern Le ee tes ed era, So Fae, 1962, Op. 186 segs. Octtio lanni- As metamorfoses do Bsersvo, Sto Paulo, 1962, pp. bdegs. E. Genovese - The Politica! Ecouory of Savery, New York, 1967. Bp. AL 106. GOMEE, Adam Smith « The Westh of Nations. Ed. Cannan, pp. 364-366, 100 nove w expansn da forma assalariada do regime de trabalho: plo aa que pressupoe de um fade iberasao do taballucey de todas eetayges servis, ras ase tad, as mS Lee) issoringao anes paodutor escus insirumentos produtivas, Ficande pr wo de uanquer fatores de produao que nao a fora de seu trabalho! ‘ ; iho, deseuvol¥imento a trabalho seu processo hist6rito, pottante, « ¢ ne galarado, cnvolsey bc urns parte, superacan das sees carve (prestagoes, bunalidades, ete.), de outea, a separayrs debs produtores-diretos ¢ todos os demas fasores de prodaga (ah eos que os camponeses serves cinhamt sobre as Cera, ihe ree om que produziam sua subsistencia, ow a dissoucio dh peo sMhcao aresanal de produtores independentes). No abe aay We aac ante estudar esse logo proceso histrien de formacie do via aaa de rabalhoK, Atavés dete conte € ae 8 forva i Spalho emerge sta sua puteza, compelida a toearse no mete “Jee ligada a outtes melos de produgio, ao inwés de alugas S64 te salho.o: prodator wriaaria esses fatoves, vendendo mercadoras 6o- pa produvor aurdriomo, €o capitlsta nao ceria agar a0 oh isolada eerie compoacnkes do processo produtivo, a toca de ttabalho oo. ea fe em meicadoria, com o que se integra 0 modo capiter tara de produgao. Como se sube, € somente 2 partir da Revolucao In- ee datgue ease proceso de constituicao do eapicalisma adgulite dest eversiel fora de auropromogio, Na consciéncia burguést, © arr icque se viu esse longo proceso bistbrco de formasio de 6S Se Gilda elibereagzoe do tabatho das injunsBes servis, bata: Sraririgo, exatamente porque na ecortomia capitalista 3s feles0es a age io regime de trabalho velavam a nova forma de explore Tho (valorzayao através da gestecio da maisvala). O mesmo ‘Mars, seem, smplacivel analsta do mundo burgués, precsamente Po pete aun andl pata além de rodas mistificagies de realidad, p> aeepceatat com aitidez que nas colbniss eram desfavordvels 8 cor dlgbes de consttuicio do regime de trabalho alive>, sempre haven- Goa posibiidade de o produsor-direto asalariado, aptopriando-se Je ibe pleba de ceita despovoada, tansformar-se em produvos fn» dependente. Asim, enquanto na Europa modern’ © desenvolvi- seer capiaista slibertava» 06 produsores diteros da servidio The” ac erepravicos como asalariados na nova cseutura de produ {ao que destarte carouflava a ex is), vol 1. pp. 14-188, 801 Se. inl (rad, exp. Mevico, 194 af, sol 1. pp. 804 se. "karl Mare CE, Mare Gap rot | montadas cxatamiente como ve anergradas has suas hinhas de forga, Panam aocresch mneomaexploracao na sua ctucza mais negra... As colons timbravam em revelar as entranbas da Europa. Tees Withamst19"), que eetomia as andlises marxistas para estudat a génexe do moderno eseravismno, nota com mutta fazao que a implan- iqao do estravismo colonial, fonge de tr sido urna opgao (salariaro, eseravismo), foi uma imposicio das condiyoes historico-cconémicas E aqui nos feencontramos com o senrido profundo da colonizasio ¢ osmecanismos do Antigo Sistema Colonial, tocando agora no ponto essencial de sua compreensio. Efetivamente, nas condicoes historicas com que se processa & colonizagio da América, a implancacio de for ‘nas compulidrias de trsbalho decortia fundamentalmente da neces Sania adequagio da empresa colonizadora aos mecanssonos do Antigo ‘Sistema Colonial, cendente a promoxcr a primitiva acumulaczo capi- ‘alista na economia curopéia; do conttisio, dada a abundancia de um facor de producio (a terra), 0 resultado seria 2 constinuigao no Ultea- mar de ndcleos curopeus de povoamento, desenvolvenda uma e¢o- rnomia de subsisténcia voirada para o seu préprio consumo, sem vin~ culagio econdmica efetiva com os centtos inémicos metropolitans. Isto, enttetanto, ficava fora dos impulsos expansionistas do cupitalis- ‘mo mercantil curopeu, nao respondia 3s suas necessidades. Em tese, pois, nio ficaria vedada a possibilidade de uma coonizagio no seu sentido mais lato de ocupacio, povoamenio ¢ valorizagio de novas regides. Tratava-se, porém, naquele momento da historia do Oc dente, de colonizar para o capitalismo, isto é, segundo os mecanis mos do sistema colénial, ¢ isto impunba o trabalho compubsorio. A colonizagio da época mercantilista conforma-se ao sentido profundo inscrito nos impulsos da expansio, ou seja, € 0 elemento «mercanti- lista» —- quer dizer, mercantil-escravista —- que comanda torto.o mo- vimento colonizador. Produzit para o mercado curopeu nos quadros do cométcio colonial tendentes a promover a acumulacao primitive de capital nas economnias européias exigia formas compulsorias de ttabalho, pois do contsio, ou no se produzitia para o mercado eu ropeu (08 colonos povoadores desenvolveriam uma economia voleada [para 0 préprio constumo), ou se se imaginasse uma producto expor- tadora organizada por empresérios que asalariassem trabalho, os custos da produgio seriam tais que impeditiam x exploracao colo- coloniais pesiférica mento do capitalisino TENGE Bre Willams « Capitalron & Slavery. 2* ,, N.Vork, 1961, pp 3-7 102 alonizacio no desenotssruente de caprtalis sTarinn dos produrores irero? sisham de ver de tal eerentiva de cles se roetareeh produtoies iio: eatin pode war as mecanisnis Go vexUusives conetetal!) wi, ey YolUTIE © MU ial, ¢ poisa fungio di vo ; 4 subsisténcia evadindo-se de sa iutonomos dest ram, encio, funeio Por outro lado, a produgie colonial expor Fitts definido pelos mercadlos europeus, azendendy pois tegea do desenvolvimento capitalista, sO se pods ajustar ae STE cafonial organizanddo-se como producao emt faa sala, que D> vhnha amples investimenos iniciis; com ito ficawacarabern 66 ‘luda 2 posibilsdade de uma produse onganizada a base de see proprictatios autGniomos, que produzisscin sus subsite 9 porendo © pequeno excedente. Se podemos, contudy, oF eamene a innpossbiidade dessa alternaiva, 0s homens do aaa ea Tempos Modetnos, que montaram a colonizayio capris ar produiao escraista (ou paraccscravsta) devia apreseneae se, ea ereaa E, Williams, quase como snatural, cao condicionalis: ne hisuarico-econdmico ém que se Movida expansdo curoPE ei recenvolveu-se a colonizasao do Novo Mundo cenerada na produezo de mercadoriaschaves destinsdis 20 mercado curipely Producao assente sobre formas varias de compulsio do trabalho — Prot mice, 0 escravismo; c a cxploracio colonial significava, em S42 sea instancia, exploraca0 do trabalho escravo. Assim rambéry oF alts Ieeramorfoseatamvse em senlhores de esravos, assumindo 3 personagem que Ihes destinara 0 grande reato do mundo; nem € Pra adimitar que desenvolvessem aqucla volpia pela domingo de earyos homens —~ era apenas a miséria da condigio humana présa 3 ‘malhas do sistema Tferivamente, a esctavizagio do negro femonta 20 inicio mesine da expansio ultramarina; ¢ Zurara descreveu em pagina noxavel a Regada dos primeitos scravos & Europa ces), As primelas le cee mercaddoria-esctavo destinavam-se 20 «consumos Na Prop Europa, numa fase de expansio comercial, pré-colonizadors Nao feve grande extensZo essa insercio do trabalho escravo em meh 2 tee Bromma capicalista-metcantil em expansio; € no mundo colo- amt altramarino que e”conteara, pelos condicionamentos jé aponts aoeeg campo de descavolvimento, Nas ilhas atlancicas, primeiro peque ox ‘nat TIBIEE, Gomes Eanes de J. Das Dinis Lisboa, WHY, pp. 122125 1 tarana Cromica don forts ee Gind.cp, XXIV 68s A 108 re STARE, ensaio colonizador moderno, na medida mesma em que 0 povoa: Mento inicial de economia divetsificada mais consuntiva se transfor. mnava em produgio especializada para o mercado metropolitano, en fijecia 0 regime de trabalho; no passo scguinte, introduziu-se a es cravidao africana: eestendeu-se a cultura 2 um mundo novo; prospe roll, ¢ entretanto era a Africa despojada de seus filhos selvagens, pa> fa que tivessem 0s civilizados um barato jantarel 109), “Transplantada 2 agro-induistria para o Brasil, nunia fase em que o ‘consumo se disseminava em ampla escala ¢ os precos voltavam a st bit), na fase da implancacio compeliu-se o indigena a0 atduo trabalho do cultivo da cana e fabrico do agticar. A expansio da pro- dusio, consumindo cada vez mais a forca de trabalho escravizada deu lugar a0 trifico negreiro para o Novo Mundo. «f indubicavels, diz Lacio de Azevedo, eque 20 acticar se deve o desenvelyimento da esctavatura no seio da civilizagao modernax("!") — o que étalvez um modo exageradamente sintético de dizer as coisas; toda a complexa turdidura do sistema colonial fica conotada na palavre eagtcars. So- bre essa base escravista desenvolvew-se pois a colonizagao da América portuguesa, € a sociedade colonial foi sendo moldada sobre essa ba sel!!2), Jéo pe. Manuel da Nobrega notava, nos primérdios da colo- nnizagG0(13), que «os homens que parz aqui vem nao acham outro ‘modo send viver do trabalho dos escravos». A introducao do escrave africano tem sido explicada de um lado, curiosamence, pela xina- daptacior do indio i lavoura, de outro, pela oposigio jesuitica & es- cravizacio do aborigene. Nao resta davida que a pregasao inaciana terd pesado na defesa dos indigenss, embora seja de novar, de passa- gem, que nao conseguiu salvaguardé-los de todo: sempre que escas- seavam os africanos (dificuldade de navegacio no Atlintico, pela concorréncia colonial. por exemplo) recorreu-se inapelavelmente & compulsio dos naturais\!'4); ambém é verdade que-os negros nao contararn com a mesma defesa, ¢ os argumentos justificadores de tal discrepancia eram deveras edificantes, mas nao mos cabe aqui entrat ~t!™Licio de Azevedo - Epocas de Portugal Econémica, p. 228. a re eee vinngasde Atte ogee a Bae 5 a ibe Seb Mae 8 Yok | heab a i | ine ith ti. 93) | TE soe omen Hatin owns Bp. 20922 104 jeas. © que nos parece porém indiscutivel € que fos em determinados momentos, podia cotacar problessia nenbum scravo, que disso € que se sprifica dos can questoes teol6gi fs indigenas forar t sobretuclo na fase inicia Ge maior ou melhor «aptidao ao trabalho © v1 O que talvez tenha importado €a rarefagio demo; ‘cas dificuldades de seu apresamento, transporte, ete Prevelsse, cfemos, mais uma bem utiliz aborigenes, Mas na epteferéncia» pelo aftican ez, a engrenagem do sistema mercantiliste de colonizas processa, repitamo-lo tantas vezes quantas necesséfio, num sister ee relagdes tendentes promover a acumulagio primitiva aa meus- pole: ofa, 0 trifio negreiro, isto é, eabascecimento das conias com pe raves, abria um novo ¢ importante sefor do comércto colonial, en Gaanto 0 apresumento dos indigenas era um negixio interno da co Ipnie, Assim, os ganhos comerciais resultantes da preacao dos abori- ones mancinham-se ne colénia, com os colonos empenhados nesse nero de vidas; 2 acumulagzo gerada no comércio de africanos, ef Geuanto, fluia para a metepole, tealizavam-na os mercadores me- tropolitanos, engajados no abastecimento dessa ametcacorias. Fase {alte seja o segtedo da melhor eadaptacio» do negro 3 lavoura... és Eravista, Paradoxalmente, a partir do érdfico megreiro que se pode Cnrender a escravidao africana colonial, ¢ mio 0 contritio. Nas Indias de Castela, nas colénias inglesas, francesas ou olan- desas, variam regionalmente as incidéncias do fendmeno (nfo ct- Se agul uma analise pormenorizada de todas as suas manifesta- cSest119), mas o pano de fundo se mancém: formas varias de wa: esta se “Tigegundo as esimatva de Mauro Goulart, teriam sido incoduridos no Br si até do seclo XVIiL, ea de 2. 200.000 afticanos. CE, A Esra Afri $a Bra, Sao Paul. 1950. p. 217 Toe rec Armia Espenla:Céspedes del Castillo Las nds en el Reina- ode is Rees Cates, Plstinia Sct y Economica de Expos y América) te re elk pp, 249-987 ela Soviedad Colonial Americana els Sos MARY Wis. Op. 8 CIN, pp. JM. Ors Capdequi - BE Estado Expaal en lar Inds, 2d. Mésco, 1946, pp 3-07 Pact Area ingles: Cl H.C Bauer - Amerson Exonomic Histor (N. York, {Ded pe 7078, A Shannon - Ameria’ Economic Growth (S. York, 1958) P i620, & Kikland » lta Bconomize de Loy Estados Unido ad 5p. (Ex GE3BA) p 3359, 1078, Re Roberson - Hbairia da Ezonomas Americana, Tad ove (is de fanele, 1967), p, 6568. Pare a América Pances: Gator Martin = Fibtowe de 'Eslanage dans fet Colonies Faas, Pais 198, L'Bre des Negi Pars, 1951, Pars econjumo: E, Willams « Capiatim & Slavery. 1961. D.A. Farnie “The commercial empites of the Atlantic, 1607-1783». Bcow. Hitt, Rev, XV, 1962, 205-218. 105 batho compulsrio, servis ow semi-servi, excravisino een sua maior Cx Tensio. dominam a proxluco ultramarina dt €poca mercantilista, € af- Heulam a esttutura da soctedade colonial 2) A Crise do colonialimn mersantiists “Tais as pecas do sistema, © os mecanismes de seu Funcionamento; dlispomos agora dos clernencos com quc posenios analisa a sua ris : Pop que se pensames cm crise dy sistent, € do seu prOprio funcio hamenso que ela tem que provir, © ndo de fatores exdgenos. Nouteos termos, a0 se descavolver, o sissema cOlonial do Antigo Regime pro- move 20 mesmo tempo os farores de sua superagiol 171 E de fato: nos quadras do Antigo Sistema Colonial, a colonizayao ida época mercantilista se deseavolvew nas suas grandes linhas pro movendo a acumulasio primitiva de capitais nas econormias centais europélas: para tanto, porém, isto €, pata que a explorasao colonial se possa processat, ia Se engendrando no mundo uitramarino uai- verso da sociedade senhorial escravistal!!*¥, cujas inter-relagoes ¢ va- ‘ores se antepae cada vez mais aos da soviedade barguesa em ascen: Mo ita Europa, Detenhamo-nos, portanto, ainda por um momento, ‘nas implicagoes do escravismo para a economia c sociedade coloniais. Em primeito lugar, no plado da produeao, distinguem-se imediata- Jinente dois setozes basicos™): usn,_de exporagio organizado em inidades funcionando & base do. trabalho escravo, centrado na ropeu, é o setor primor bordinado cependeate do primeito, de subsisténica, para atender a0 consume local naquilo que se n20 importa da mett6pole, no qual abe & pequena propriedade ¢ o trabi wendemte, que se organiza para petmitiro funcionamento do primeiro. A-dinamica-do.conjunto da economisecolonial € definida pelo secor exportador, em certs ct- ‘cunstancias ¢ teas detetminadas, o sevor subsisténcia pode adquirir -ceftovulto, como no cso da pecuiia,¢entio se organiza em grandes reasiv do Brasil Contemporineo, &2 ed. pp. 13 106 re mere nn CRS SRR EELS ARTE ELI, propriedades, 8 noureos cas, inoepora o ee eve ote Nas 8 aeooe ee global depence sempre do iafluxe exteene, crore nary area ocapitalismo eotopeu: trata-se de urna econ ~3 em cod eo iano des terra, dependente. O sevor principal cssesze dire frente, o secundério, inditetamente jim segundo lugar, no nivel das refapve ata cetavista determina th alto praw de concen:sszay da rend vee anos dos senhores de escravos, que Sio ao mesize sempo PIO” prietarios das emprests produtoras de mercadorias Fats comércio eecnial, O proditor diteto reduzido a condicio de smples instru to cde trabalho — dstrumention vocale — isto & 0 homem sie seonimaca, ae imescado em escravo, nao posi, por definigio, rena propria: & einia eoncentea-se, pois, na camada senhorial 70) € aqui teencone veges o elemento que nos faltava para compreendes «: mecanismes Terterema: € exatamente essa concentrardo da rend: sccessatia MA al, que permite seu fancionamento, 2iculando en sociedade colon fon as varias pecas de engrenagem, Atente-se bem: renda global getada as economnias pevifericas <6 se fcaliza em instancia aera yercaddos da economia central, eufopéia, assim, « sua maior Par tae tanafere, através ds mecanismos do comérci coloni j anali- Tees antes, para as mctSpoles, Ol antes, pars os grupos burguesee ligados as ransagdes uleramarinas; mas € © fato de a parcela (menor) que petmanece na coldnia se concentrar na pequen camada senho- rial que pet ainuo funcionamento’da explorzcio colonial eee eivesa concentragio de renda que faz com que, apesar de os mecanisinos do regime de comércio transferitem 0 maior quinho pa- tas barguesia curopéia, os colonos-senhores possam mance 4 OR: vidade do piocess producivo, © mesmo levar una vida fasts; da mesma forma, inda dentro da mecAnica do sistema, cém os oe reese colonos fecuisos pata importar os produtos da economia eur mais Significariva ciia-se nas exportay es, transagdes que se fazem no regi- ual transfere para a metr6pole os lucros do exclusivo. Assim, a producto colonial promove a acumulacio pri- Encarada em conjuato, 2 sociedade ‘metropolitatia, mas nessa mesma smitiva na economia curopéia. colonial €expoliada pela burgu (CF, Celso Furade - Formarao Bconsosica do Braril, p58 107 sociedade colonial a camada de colonos-senhoressitua-se uma posi Gio privilepiada, 0 que permite a asticulrcin das vitias pegas do sis tema, Eo esctavismo, que € 0 reverw da medalha, reapareee como seu elemento essencial: mais uma vez, agora sob novo Angulo, ex Ploragdo colonia! sigaiticava exploracie do uabalho escravo 'Nio tetminam porém aqui as implicages do modo que assume a rodugio colomizh}2),Producio para © mercado eusopeu a base do trabalho escravo, producio a umm tempo mercaml-escravistal!2) ela se processa em meio a condigoes de esasse2 de capital (ligada & ex- ploracio da Coiénia pela Metropole) © abundancia do favor tera (ja vimos a8 conexoes estruturais cntze disponibilidade de teiras ¢ ins. ‘auragio da escravidio). Por outro lado, a propria estrucura escravista bloqueatia a possibilidade de inversGes tecnoligicas; 0 escravo, por iiS0 mesmo que escravo, hé que manter-st em niveisculturais infra hhumanos, para que nao se desperte a sua condigio humana — iso € parte indispensivel da dominagio escravsta. Logo, no € aptoa assi- rmilar processos tecnolégicos mais adiantados, Em certas situagBes os colonos-senhorés chegaram a maravilha de opor-se 3 catequese dos neBros (qué enfim era o argumento com o qual se justificava a sua vinda da Africa) pois ja isto era perigoso: apeendiam uma lingua co- ‘mum, podiam comunicar-se 0s virios grupos afticanos. Lembre-se de passagem que € uma linsio supor-se, como as vezes se faz, estavel a sociedade escravista; muiso 20 eoineravi, foram feegdences as fugas Eebelides, € 05 troncos nfo eram nem de longe objetos decoratives. Nao nos afastemos porém em demasia de nossas reflexdes: nem ha- js, nem a estrutura escravista era favorével a0 ico, Resultado: 2 & lonial é de bai (29 Pan cman dad i capes eo te ndopetsnel errs rains Toombs as techno (Cl Severo Maes Racy coeceet el a Se bee loro de produsonclomatesae Amesas oF me cepradeasance ec tcl en heen Modo dc Pracenises ees Ee C. Gatavaglia, Cuadernos de Pasado y Presente, n" 40, Cordova, 1973, os dois cl. tnon eden pete, m ce Clad toro eae ts i de ani. 979) Cin etal da complete do pbie, "RSET Sc i Boy of en NY, 6.8 108 “TN dade colonial implicava ainda, indireramente tividade, Decorténcia: cla cresce, como 0 notow Celw Parradol 29), ite iro €, poe agregagdu de nowas unidades com a mes como tio zeinveste em eseae lapida a mavuteza. A ni composigiw des fagores” Mais atid ha crestente, mas apenas repoe apreya, — di ccanomia colonial, escravista-mercangi, € uma economia predat6tia novo 0 sentido primario dx colonize: desdo- E reencontramos bramento de expansio winetcial curoptia, a coloniaayin do Novo Mundo comegot pot uma atividade de pura exploracao dos produtos naturais (peurbrasil, peles); a0 se instaurar a producto colonial 0 sis+ tema adquite extrautdinaria coniplexidade, mas mantém o seotido otigindrio de depredagio da paisagem navural. Neste sentido. pois, @ expansao colonial tinha limites naturais: 0 esgotamento dos recursos dilapidados pelo modo colonial de produgao. Come entreranto esse processo se desenvolve aun contexto mais amplo, © 920 36 pura mente econémico em sentido escrito, murto antes de atingidos aque les limites ja se desencadeiam tensdes de toda ordem, Com isso, en- treranto, comegamos a penetrat nas contradigdes do sistema. seruruta escravista da economia ¢ da socic- numa simitagdo onomin de mercado. A coftcadicéo fepon- fa ptodlucao colonial: mercantile escta~ soducio.sle-mercadorias para o capicalis- Pathe ectavo, esses dais componentes d mente po mesmo ravismio derermina ilidade na produ- E efecivamente, a cs ao crescimento dt ‘pois ha natafez mesh vista a um tempo, isto mo curapeu através do tra nidores da_economia, colonial.convivem dificil texto, provocando tensbes. De um lado, 0 es tum baixo grau de produtividade e pois de rentabili Go das colSnias, como jf vimmos. Ora, come. nfo houvesse.condigbes ss do. progresso técnico, a camada efessariamente que procurar reduzit 20 ffimo o casio da manucencio da fora de erabalho escravizada, Pa- fa tanto, procuzava fazer com que 08 escravos produzissem pelo me- ‘nos uma patcela substancial de sua subsistéacia dentro: da propria Gnidade producora pata exportagao. E assum se inseria, no_bojo. de dims economia basicamente mercantil, oda uma faixa de produgio Tae Huiezncia cujo proceso se desentola 4 margem do mercado, 1a de defender-se 2 economia colo- Mais ainda: esta era 2 iinica forma de defender-se : nial das flutuagdes do mercado consumidor europeu sobre o qual ‘quase nenhuma agio podetia ter. Nas epocas de expansio da proc "Ch Cols Fanaa Formasao Eeondmica do Bra. pp. 0609. 109 18, mobilizavam-se todos os fatores dentto das unidades produti ie exportgio para prota para o mero eneroo Sinise: en. ‘a wa ia pars a produto cola de susie aut6noma quer dizer, fora dos dominiés da lavoura de exportagio) vendee ao ‘sgloenporador osu exces. En oes poten de abi lide, ou depresséo, nas grandes unicades produtivas exportadoras se rear fatore da produgio mercantl para a de ence s¢ preservava a estrutura, num nivel baixéssimo de producividad ‘Act oy e to ec ARE: pot eto ado, que nig conteto do stem colori eda scone til-escravista, parte do pagamento do fator trabalho 10 proceso produtivo era feito fora do parque prolutor (ceferimo-nos 20 agamento do pec dos esrarosans tus meraors)a outa pate (Ges anuenso do escravo} processava-se através da produgio de subsstnca. nto dando pois lugar a eperaes mercants, pelo menos im aga eala Togo, acnhuma das dass pucelis.em que, naecono- pat nial sc dividia a remuneracio do trabalho se constituia em cura ntti, que estimulaseautbnomamente o desenvolvimento ondmico, Em suma: a scoparia colonial mercantil escravista tem tec cessriamente um mercado interno reduzidissimo, sas ma de spendente da economia miett {eiteza do mercado interno, nao tinha condigdes de auto estimular-se. ‘ead a shor ios impulsos do centro dinimico dominate, isto €, do capieallsmo comercial europeu. Neste sentido, ofenémeno se ajus- fa 20 sistema € nao havia contradigées... Porém, examinemo-lo sob oe. Angulo. Ja sabemos ‘que na base de todo o processo de expansio ‘moderna exo, rv dima Istncia, as tenses geradas no deservovi pea capitalismo comercial; a expansio curopéia significou, no fundo, una epario comercial, abertura de novos metcados vantajo- . colon colonizacio significava, como ja vimos, tam See ce eae et mene moras colons perf as ome Conjunto e as suas relagies com @ &é0- oneia énropeia, como apéndice dela, a expansio Glonial apresentava- ‘econo expansio da economia de meteado:quet dsr, montavar-se clos qu produziam para os meteados europe. olonizagio fo ic aro um desdobramento da expansio comertial. Exzzimaddas ler. ramente, entretanto, a suaesteutura, as economias coloniais configu- um modo de produto escavista- mera, 0 que lmita'a const ‘wig de seu mercado. interno; ha-toda ume substancial camada da populacio (os produtores diretos) cujo cons. gue ea 110 desontola a marger das iransayBes mescantis. Expansio da econommis rhs mas trazcr ni seu bojo Unnitagoes esta 1 economia colo a socieda ale mercadk ‘As decorténcias disso eram de ura umportncia nial tipica (eseravista-snercanel), ou mais precisamente, (125), 9 universo das relagies mercantisatingiu apenas a al superior dos colons senhores de escravos: cles impor cavum das econotnias centrais sercadorias de varia espécte pate 9 seu Consumo plOprio: pradutos alimentares ou manufaturacos para sea Sonsuino pessoal, immplementos para consumo produtivo. & claro Gque a tealidade € um tanto mais complexa, pois colonizagao envel- se cuttas atividades (administrativas, militares, religiosas), 9 que Aimplia de certo modo a faixa da sociedade colonial ligada a econ- mia mefcantil, por outro lado, 0 proprio funcionamento da produ io colonial, exigia ouCtas categorias sociais além do bindmio senhor- eravo ‘Na agio-indastria dc ee , pot exemplo, toda uma game de operadores, funcionSrios, etc.25); o comércio impunha inrerme- Giarios, instalagGes. Tudo resulrava, na colonia, na formagio dos pri- meiros aglometados urbanos, ¢ mais uma vez ampliava-se a faixa da Gcosomia de mercado, complicando o esquema. Arente-se porém {Que todos estes componentes dla sociedade colonial que estamos ago- i apontando (Funciondrios, administradores,clérigos, militares) sto hho fando eategorias secundatias da sociedade colonial, na medida Gm que a sua presenga no mundo ultramarino decottia da economia ‘escravista e da ptoducio para o capitalismo curopeu; — eta pata Pro- dazir para a metropole que se colonizava, mas.a.colonizacio acabava pof envolver outtos ingredientes. Logo, as oustas cate iz, senhor-esctavo, da mes fependem_do.bindmio mattiz ct “que o setor subsistencia da producio colonial depende do setor ex- Sortador. No furido portanto, € én Gikima andlise, no ambito da co fonia, tudo depende da camada senhorial¢ a economia mercantil se expande em fungio dela. de colonial camada soci “omplexidade da seconomia colonial» engencirada nas detet- ainagBes do Antigo Sistema Colonial ligase a peculiridade da formaéo social 2 ue sane de supose. Vejamse 25 reflexdes de Flocestan Feenandes para uma cac- Ay Raedo da formato socal brasileira. Cf, Sociedade de Classes ¢ Subdesensol- mento, 2 e4., Rio de Janeio, 1972, pp. 9:90. ‘Cees 0 estudo de Stoare Schwarz sobre os lvradores de cana na Bahia: “free lator in a Slave Economy: the lvtadores de cana of colonial Bahia, in Colo- ial Roots of Modem Brow, org. Dautil Alden, Betkeley, 1973, pp: 147-197 mt (© mecanismo fundamental portanto mantém-se. O univers das relucdes meteantis € fuacio dos senlwres ©, diganwos. wcegados, A tnassa de produtores diretos (escravos) vive fora das relagoes merean tis, € isso trava a.constituigao de um mercado intetny, No vanjunto, tal configuragio do mundo colonial cesponde ao funcionamento do Sistema, enquanto as economias centrais se desenvolvem apenas 10 hivel da acumnulagio peimiciva de capitais, e a produsio se expande tno nivel artesanal, ou mesino manufauureita. Quando porém essa ctapa € ulteapassada. ¢ a mecanizayio da producio com a Revolugie Industrial, potenciando a prodatividade de uma forma rapida ¢ in tensa, leva a um ciescimento da produgio capitalist qum volume ¢ riumo qué Passam 2 exigir no ultramar mais amplas taixas de consu- mo, consumo ndo s6 de camadas superiores da socicdade, mas agora da sociedade como um todo, 0 que se torna imprescindivel € a gene. ralizagao das elagdes metcantis. Entao 0 siifema se compromete, € cnira ene crise Ora, promovendo a primiciva acumulagio capitalsta nas economias centrais européias, o funcionamentio do sritema cofonia! se comporta, como jé vimos, como um instrumento fundamental (embora no 0 {Enico, evidentemente: hi que considerar fatores inteenos do deseavol- vimento capitalista na Europa) a promover a ulerapassagem para 0 ca- pitalimo industrial pesuen pm’ De fato, organizando-se nos quadtos do sistema colonial, as eco- ‘nomias periféricas desenvolviam a sua produgio numa linha tenden- te a complementar a economia central, fornecendo aqueles produtos de que ela carecia ¢ provendo matérias primas para sua produgio in- dustrial manu ¢ depois maguinufatureira, configuram-se assim em auténticas economuas complementares, tendentes a dar 3s mesripo- Tes condigoes de autonomizacao econdmica frente as demais poten: ias mercantilistas. E note-se a imporvincia deste mecanismo, numa Epoca em que as priticas da politica mercantilista se generalizavam ‘entre os varios estados europeus. Os mercados coloniais eram exata- 15-do mercantilismno se i: dai, as disputas verdadeiramente furiosas pela cc motcados exeepcionais. Nesta linha, desenvolveu-se a policica colonial das mettopoles no sentido de impedit a producio manufatuceira nas colOnias. Visava: Se, assim,-a.pteservar © mercado colonial pata-as manufaturas da | mie- patria, Alias, dada a estrutnra social e econdmica que se organi- zava cas colonias tipicas, isto €, eaquelas perfeitamente integradas m2 no sistema, as possibilidades de um desenvolvimento manufacureiro ‘aneialmente reduizidas: nas coldinias de povoamento, 20 cefun subst sta, tats condighes eram favoraveis: conitirio, como a Nova Ing! fas # Nova Inglaterta no pensamento mescantilista, era considera the most prejudicial plantation of this kingsdoms Gosiah Child), (220) Desta forma, também, o éxito da politica proibitiria teve mais bu menos suceso coaforme inuidiv sobre colénias mais ow menos jjustadas ao sistema, As colonia de povoamento constituitam-se ‘exatamente na zona temperada do Novo Mundo, regides nao visadas pela colonizacio eutopéia moderna na su pramesta fase, exetamente por nio se poder organizar ali uma produgio que satisfizesse aos te Clamos do mercado curopev. Assim, no século XVI, € para essas re~ 1e se encaminbam os emigrantes ingleses fugitivos de vensdes politcas ¢ religiosas da mie-pitria, na centativa de refazerem seu modo de vida no Novo Mundo. Formar-se pois 2s colonias de po- voamenco & margem do sistema, € € cxatamente o esforgo. por enquadri-las nele, que deflagea no fim do século XVII! a Tura de in- dependéncia ea consticuicao dos Estados Unidos, com o que se abte a crise no Antigo Regime. x ‘De qualquer forma, ao conjunto, predomina a situacfo em que a politica proibit6ria encontra fraca resisténcia, dada a falta de condi- SSeS econdmicas para um surto manufaturciro no mundo colonial: destaite, a expanséo da empresa colonizadoca ultramarina envolvew 10 crescente do mercado comsumidor de ias do Antigo Regime comple- ‘economias ‘uropéias, na fase. de formacio do. alismo, Na medida em que preenchem as lacunas da economia fmetiopolitana, dac:lhe maior grail de autonomizacfo c, pots, me- Ihor posigio competitiva nos mercados internacionais; assim, indire- tamente, favorecem mais uma vez o desenvolvirnento econdmico aque nessa fase do capitalismoo mercantil rem por elemento essencial a seumulagio oniginétia indispensével & transigio para © capital Jndustral. Em suma, 0s elementos até aqui analisados, isto € os mecanismos de funcionamento do sistema colonial, permitem-nos explicitat ago~ ‘1 sua posicao no quadro do desenvolvimento ou antes da forzzagdo TBA now dacommseof Trade, 1669. Apud View Clark - History of Manufactures in the United Stater, New York, 1949. ¥, pe 4 13 do capitalismo. A colonizagao do Now Mundo na Epoca Moderna, ‘ou antes a ¢xploragio colonial ulicamaring organizada ns linhas do antigo sistema colonial, configura um poderaso instrument de ace. ‘eragao da acumularao primitiva no contexto do capitalismo mercan- til europen; envolve, efetivamente, um processo de transferéncia de renda das col6nias para as mete6poles, ou mais exatamente das eco- nnomias periféticas para oS centros dindmicos da economia européia, tid que tende a se concentrar na camada empresacial ligada 20 co imércio colonial”"Num plano mais geral, constutindo-se.em_econo ‘hias complementares, respaldo econdmico.das metrdpoles, a colont z2aio do antigo sistema colonial consribuis poderosamente para @ desenvolvimento das economias nacioazis européiss, deseavolvi mento nessa €paca que consiste ema expansto do capitalisine mercan: lh © pois, envole também una acencssa da asumuagio capita lista. Se tecordarmos, agora, 0 que indicames antes 2 proposito do capi- talismo comercial como fase intermediatia entre a desintegracio do feudalismo ¢ a Revolucio Industrial, o itera cofonral metcantitita apresenta-se-nos atuando sobre os dois pré-requisites bisicos da pas- ‘item para o capitalise indasak'?) cetvamente, aexploraio colonial ultramarina promove, por um lado, a primitiva acumulagio «capitalist, por parte-da-camada empresarial, por outro lado, amplia © mercado consumidor de produtos manufacurados. Atwa, pois, si malaneamente, de um lado, ctiando.a possibilidade do susto ma- quinofaureito (acumulacio capitalista), por outro lado a sua neces- sidade (expansio da procura dos produtos manufaturados). Criam- sé, assim, 6s pré-requisitos pata 4 Revolucio Industrial — processo historico de emergéncia do capitalismo (128). Assim, pois, chegamos a0 niicleo da dindmice do sistema: ao funcionar plenanente, vat criando a0 mesmo tempo as condiges de sua crise e superipo Este o mecanismo bisico da crise, na sua dimensio esteutural, An- tes, porém, que se esgotassem as possibilidades do sistema, isto é, \PNCE B, Pasatelli- Colonialiomo y acurealacw caitalisaen la Exrops Moder ‘na, Buenos Aites, 1973, pp. 33-57 (13896 extensisima 2 bibliografia sobre 2 Revolucio Industrial desde o clissico Paul Mantoux (The Irdusrnal Revolution in the Eghrbennth Century, ted. ingh nova ed. Londees, 1961; ed. francesa original, 1903) até Phyllis Deane - A Revol ($30 Industral, trad, port. Rio de Janel, 1969, pasando pelas obas de Ashton, ‘Beales, Heaton, Clapham, David Landes, Castronuovo, C. Fohlen, entee os mais sigoificatvos 4 antes que se atingisscm os limites da, exploragao colonial soes getadas por esses mecanismos de funda impoem reacomoda oes, alteracées, mudangas que vao comprometendo o sistesna ¢olo, hial. Noutras palavras, no foi preciso que o capitalismo industial atingisse seus mais altos graus de desenvolvimento € expan que o sistema colonial — colonialismo-escravista — ent se; bastou o primeiro arrangue. Foram suficientes os prim sos da sevolucio industrial Assim, era da propria Kégica do sistema de exploragéo cclonial do Antigo Regime que as poténcias mercantilistas competissem furiosa- mente na Srbita do ultramar; tal competicio 56 se resolvia, enfim, com a hegemonia de uma delas. Nem € pura coincidéncia que a t splaterra seja 20 mesmo tempo a poténcia que levava de vencid a concorténcia colonial € a naczo que da os primeiros passos no indus: trialismo moderno: sein se desprezat os fatores internas.de seu ceesc- _mento econdmico na sora da industrializagao, a supremacia colonial permitiu-lhe cartear para dentro de suas frontciras, mais que & ou: tas poténcias, os estimulos advindos do sistema colonial. Em torn0 da década de 60 de Setecentos convergem a consolidacao da prepon: derincia inglesa e a abertura da Revolugio Industrial. ‘Mas ja entio os problemas se colocam agudamente, neste period critico que medeia entre 1763 (término da guerra dos Sete anos) ¢ 1776 (independéncia do Estados Unidos). Superada_a rivalidade com a Franca, péde a Gri Brecanha, de um lado, reforcar seu pio exclusivo metfopolitano (cenrativa de enc cols. iias da Nova Inglatezza nas linhas da politica metcanulista), dow “parte, aceniuar a penetracio comercial nas colSnias :béricas,seja via ‘metrdpoles, scja pelo contrabando, Tudo isso eta decorténcia da su. premacia politica e do desenvol nto industrial. Ao funcionar ie, portanto, o sistema engendra tensdes de Todi ordem, mais se zi G americanas; ¢ cada vez mais ‘se tornando insuficiente para o escoamento de sua produgio fa. FenOyativas Ge As «plancationse inglesas das ‘Antilhas detinhain no metcado metropolicano inglés (era a outta fa- ce do Pacto) vio se tornando mais ¢ mais onerosas para a mettépole: era como que a inversio do pacto coloniall!?") i Williams - Copitaliim 8 Siovery, p- 126 Neste quadro de apudas tensées, neste complexo emaranhado de rmiltgos interesses, 0 equilibrio se 1orna evidentemente precio, ¢ se tompe com a independéncia dos Bstados Unidos. A constituigio da nova Repiiblica tinha com efeito impficagoes que de muito trans- cendiam o simples evento politico. Braa ptimeita ver que uma cold nia se tornava independente. Crises, tensdes, competicio, suprema- cia de uma poréncia que se aproptia de colbnias de outras mettopo- les haviam sido ajustamentos dentro do sistema, O que este eviden- temente nfo comportava exa a ryptura do pacto. Na medica mesma cm que as tensdes estruturais se agravavam, que os inceresses diver- kentes vinham & tona, © mundo colonial passava a viver em te 20; a ctitica do Antigo Regime atingéa as colonias, onde encon- tava amibiente altamence receptivo, Coma independéncia dos Esta dos Unidos porér o que era uma possibilidade passou a ser uma tee lidade. As inovagdes politicas envolvidas na forma republicana que assumia 0 novo estado ainda mais acentuavam o seu significado, marcando o inicio da crise nao 66 do sistema colonial mas de todo 0 Antigo Regime. E pois um pertodo de crise que se abre a partir de 1776; € temos agora de indicar 2 posicao de Poctugal ¢ Brasil nesse processo, isto &, como esses mecanismos mais profundos atingiram 0 sistema colonial portugués, para analisarmos a politica mettopolita- nna que intentou enftentar esses problemas 16 CAPITULO it OS PROBLEMAS DA COLONIZAGAO PORTUGUESA 1) Manifestardes ds cre Procuremos agora sicwar Portugal e Brasil no contexto dessa crise geral que afeta Antigo Regime como um todo. Para os estadistas do final do século XVII porcugués, a crise aptesenta-se primaria- mente como um conjunto de prodlemas que a monarquia absolut ta tinha de enfrentar ¢ resolver, alguns antigos que se agravavam na ova conjuntura, oustos novos que emergem em face das recentes condigdes incexnacionais. Assim os viarD. Rodrigo de Souza Couti- tho (), 0 mais noravel dentte aqueles estadistas; ministso da Mati- nha ¢ Ulteamar a partir de 1796, reunia logo no ano seguinte uma junta de ministios e «pessoas conspfcuas pelos seus empregos ¢ talen: tos» a qual fez presente uma/Memsria sobre 0 Melhoramento dos Dominos na América (2): no conjunto, vasto ¢ atticulado plano de fomento da exploracio econdmica do Brasil, «sem davida, a primei- 13 possessio de quantas os Europeus estabeleceram fora do seu cooti- hneate, nao pelo que é, atualmente, mas pelo que pode ser, titando (sobre D, Rodrigo de Sousa Coutinho, cf. O Conde de Linbares, pelo Manquts de Funchal, Lisboa, 1908. ‘Sxtanuscritns ALH.U, (Lsbea). Documentos avalos. Rio de Jancico. Casa de 197 (eo otto de «emai de D. Rodrigo de Sousa Coutio sobre os melho- ‘rentos dos Dominio de sua Najestad na Amétics), BIN}, ColestoLinkae fen 120-1316 com outa de «Discurso pronunciad perane nea de Ministos ‘outeas pessoas) Pablcagte: In Bari (Coimbea), vl. TV, 149, pp. 352-422, com inodusto de Aimético Pies de Lima (exo da Arquivo Histrico Uttamatino de Lisboa) fn Ma. fos Cazneto de Mendonga -O Iniendente Cimara, 8, Paulo, 1938, pp. 277-299 (Geno da Biblineca Nacional do Kio de Jaci) a7

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