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etodolgia de Psquiss pars Cline de Computage | Ral Sdn Washi ELSEVIER ‘espaco apés 0 sinal se houver uma palavra em seguida. Veja a seguir exemplos contraexemplos. a) Esta € uma frase.O ponto final da frase anterior deveria ter um espaco depois dele. b) Esta é uma frase . O ponto final da frase anterior tem um espaco antes que nao deveria existic. ©) _ Esta é uma frase. O ponto final esté bem colocado. No caso de parénteses, colchetes e chaves, nunca deve haver espago na parte interna desses simbolos. Se do lado de fora houver uma palavra, entéo se usa espaco. Porém, se apés um fecha parénte- se ou similar houver um sinal de pontuacao, entdo nao se usa espa- 0. Exemplos a segui a) Este texto (corretamente formatado) esta entre parénteses. b) Este outro(mal formatado) ficou com 0 abre paréntese colado na palavra anterior, ©) Este aqui ( mal formatado) tem um espaco a mais depois do abre paréntese. d) Finalmente (bem formatado), este aqui suprime o espaco apés © fecha parénteses devido a virgula. Na dtivida, o aluno sempre deve procurar ler bastante ¢ ver como 08 textos so formatados e ndo inventar formatacdes novas. mo aspecto que consiste em erro bastante comum em monografias em computacao é 0 uso inadequado de letras maitiscu- las no inicio de palavras. No geral, ha duas regras que devem ser ob- servadas. Em primeito lugar, titulos de capitulos usualmente nao lev ic tivos, adjetivos e a maioria dos verbos devem ini Seguem exemplos: Titulo do Trabalho com Letras Maitisculas Corretamente Usadas Titulo do Trabalho com Ponto Final que ndo Deveria Existir 4s letras que deveriam estar maitisculas = Cito 5 | Eserta de Nonprais Excegdes so os verbos de ligacao ser, estar, ter etc. que nao de- ‘iar em maiiscula quando aparecerem no meio de um titulo. ‘titulo somente teré pontuagao final se for uma interroga- co ou exclamagao. Por exemplo: Como fazer um titulo correto? Agora, em relac&o ao uso da letra maitiscula no texto em ge- , de frases (novo parégrafo ou apés um ponto), ou no caso de nomes préprios, ou ainda no caso de subs- tantivos que representem conceitos com um tinico exemplar, como, por exemplo, Humanidade e Universo. Outro caso em que se usa maitiscula € para nomear as ciéncias, como Ciéncia da Computacao, isica, Matematica ete. # errado entao usar letra maitiscula aleatoriamente, como muitos alunos fazem. Veja estes exemplos: @) 0 Sistema que foi desenvolvido... “sistema” deveria estar em mindiscula). b) A Engenharia de Software trata de conceitos... (estd correto, pois Engenharia de Software pode ser considerada uma cién- cia) ©) Esta Dissertacao foi escrita... (“dissertacdo” deveria estar em mi- isculas), Capitulo 6 Escrita de Artigo Cientifico O artigo cientifico é a forma academicamente reconhecida de divulgagao de um trabalho de pesquisa. No nivel de mestrado, especialmente no nfvel de doutorado, espera-se, e em alguns casos, exige-se, a publicagéo de um artigo em um evento ou periédico de boa qualidade. Este capitulo apresenta algumas dicas sobre escri- ta de artigos e finaliza com comentarios sobre o sistema brasileiro de avaliagao da qualidade de vefculos de publicaczio em Ciéncia da Computagao, 0 Qualis-CC, definido por uma comissio de especialis- tas vinculada ao Ministério da Educagio. ‘Todas as recomendagées relativas ao texto da monografia va- lem também para artigos cientificos. Adiciona-se ainda a recomen- dacio de que o artigo deve ser muito mais sucinto do que a mono- grafia. Ento a clareza e objetividade sao muito mais criticos em um artigo do que em uma monografia. 6.1. Autores Ao contrério da monografia, que € um trabalho indivi © artigo cientifico muitas vezes serd um trabalho colaborativo. Em paises como 0 Brasil, considera-se estranho que um artigo publicado a respeito de uma monografia no possua o respectivo orientador como co-autor, ‘Segundo Moro (2008), nao existe um consenso sobre qual deve ser a orclem em que os autores devem aparecer no artigo. Em alguns casos recomenda-se, pot simplicidade, 0 uso da ordem alfabética. I I I I I I I A A A AS BAS solos de Peques par inca ds Computngo | Ra Sd Wine ELSEVIER Porém, 0 primeiro autor de um artigo costuma ser considera- e. F.0 uso da ordem alfabética pode criar certa confusiio. Pode ser dificil, no caso de trabalhos cooperativos entre pesquisadores ou instituicdes, chegar a uma conclusdo sobre quem é © autor principal. Mas no caso de artigos inspirados em monografias, essa deciso é bem mais simples: a) Em primeiro lugar, deve aparecer 0 nome do aluno que foi 0 autor da monografia em questo, visto que esse é considerado como 0 autor principal do trabalho monogréfico que deu origem a0 artigo. b) Em segundo lugar, deve aparecer o nome do orientador, ja que este tem também uma grande responsabilidade sobre o trabalho original, bem como sua revisao final. ©) Em terceiro lugar, poderdo aparecer, se houver, co-orientadores, colegas ou outros pesquisadores que tenham de alguma forma contribuido com o texto. usual € que sejam considerados co-autores apenas pessoas que participaram da confeegéo do texto, embora algumas vezes aca- bem sendo citadas também pessoas que tenham ajudado na coleta de dadios ou na implementacao dos protétipos que deram origem 20 trabalho, Nao se recomenda, entretanto, uma lista muito grande de co-autores, porque pode dar a impressio de que se tenta artificial- mente melhorar 0 curriculo de alguém. 6.2. Motivagao para Escrever Nao se deve escrever um artigo se voc® no souber 0 que vai dizer. Parece senso comum, mas s vezes estudantes comecam assim um trabalho. - Primeiramente 0 candidato a autor deve pensar em uma frase que resuma @ contribuigéo do artigo e entdo desenvolver essa fra- se apresentando antecedentes, detalhamento ¢ consequéncias dessa Caso nao consiga pensar em uma frase que resuma 0 artigo, entAo 0 autor estaré em maus . Talvez seja interessante parat =e seit) Landaa T mais um pouco, ou ainda, desenvolver melhor a pesquisa, organizar as ideias, procurar o orientador e entao tentar novamente. Um artigo consiste na comunicagao de uma ideia. Nao se deve falar por falar. Nao se deve escrever toa, nem desperdicar preciosas iinhas com informacao irrelevante ou desconexa, Um artigo cientifico em geral é um texto curto, com 8 a 12 paginas. Raramente um artigo teré mais do que 16 paginas. Entéo, © artigo ndo pode € nao deve ser um tratado sobre uma drea do conhecimento, mas a transcrigao objetiva e precisa de uma ideia de pesquisa, do desenvolvimento que a validou e das suas consequén- cias no mundo. Assim, 0 artigo deve enfatizar 0 resultado concreto obtido na pesquisa. Importante também ¢ mostrar ao leitor como 0 autor che- gou nesse resultado e, afinal de contas, qual é o problema real que o resultado resolve. Para a melhor compreensao do assunto, o leitor deve receber, no inicio do artigo, um resumo dos principais conceitos, apenas aque- les imprescindiveis para compreender os resultados. Nota-se que es- tabelecer quais so os conceitos necessérios para a compreensio do artigo depende muitas vezes do tipo de veieulo de publicacao. Por exemplo, para escrever um artigo sobre redes neurais aplicadas a sis- temas de previstio de cotagées da bolsa e publicar em um evento de Computacio, no € necessério definir 0 que sao redes neurais, basta mencionar qual modelo foi usado, por que foi escolhido e colocar uma citacdo bibliogréfica. Por outro lado, os conceitos de Economia usados possivelmente terdio de ser mais detalhadamente explicados Para que um leitor da érea de Computagao possa entender a pes- quisa. Por outro lado, se a publicago for ocorrer em um evento de acontece 0 contrétio. Deve-se explicar claramente 0 que & le neural e como ela funciona e pode-se ser mais econdmico 205 conceitos de Economia. Snyder (1991) propée que o autor de um artigo faca a si mes- mo algumas perguntas antes de submeter o artigo a um evento. A dessas perguntas é: “por que estou escrevendo este 12s | etodlogs de Pesquta pars inca da Compucacio | Ral Soa Waste ELSEVIER 0 a resposta for “para documentar 0 que tenho feito nos titi- ‘mos dois anos”, 0 autor corre um sério risco de ter seu trabalho rejei tado. Poucas pessoas estariio interessadas em saber 0 que alguém fez, nos tiltimos dois anos. Se o objetivo for documentar essas atividades, © autor deveria escrever um relatério de pesquisa, nfo um artigo. Outra resposta errada seria “para melhorar meu curricul Essa até poderia ser a motivacio inicial para alguém escrever um artigo, mas dificilmente motivaré outros a aceitarem 0 texto para publicagao. Entao outra resposta tem de ser buscada. A resposta correta para a questo estaria na linha de “comuni- car uma ideia a alguém”. Entao, ainda segundo Snyder, as questes seguintes seriam: “O que o meu artigo esta tentando comunicar?” “Qual é 0 pubblico-alvo de meu artigo?”. Se o autor nao conseguir res- ponder categoricamente a essas duas questdes, entdio hd uma grande chance de ser um artigo fraco. Outra questo é que um artigo focado tem mais chance de ser ‘bom do que um artigo disperso. £ melhor tomar uma ideia e traba- Ihd-la claramente no artigo do que passar superficialmente sobre um conjunto de grandes ideias que 0 autor teve ao longo da vida. No caso de varias ideias, é melhor escrever varios artigos. Depois de saber claramente o que o artigo esté comunicando, 0 autor ainda deveria se perguntar se vale a pena apresentar essa comu- nicacdo, ou seja, ele est realmente comunicando uma nova ideia o € apenas uma nova maneira de apresentar uma velha ideia, que jé & bastante conhecida? § uma ideia relevante ou € trivial? E apenas uma conjectura ou uma informagao baseada em sélidas evidéncias? 6.3. Trabalhos Correlacionados N3o s6 um artigo, como também a monografia final deveréo Capitulo 6 | Eserta de Artgo Getic Mas, o que fazer se efetivamente ndo for encontrado nada? Por est pesquisando as aplicagdes de redes neurais na bolsa e por mais que procure nao encontra outro trabalho sobre esse assunto. Como escapar dessa armadilha? A primeira dica é delimitar claramente 0 escopo da pesqui iogrdfica. Em vez, de dizer “procurei e nao achei nada”, o que & idio académico, deve-se usar uma abordagem sistemética, como a apresentada anteriormente: escolher os melhores periédicos e eventos na area de redes neurais ¢/ou de bolsa de valores, no caso, fixar um perfodo de tempo razodvel para realizar as pesq| veiculos, por exemplo, os tiltimos cinco ou dez anos, e finalmente fa- zer a pesquisa sistematicamente nesses veiculos no periodo de tem- ido verificando titulo e resumo dos artigos. Os artigos po- + classificados em “néo relacionado”, “moderadamente relacionado” e “fortemente relacionado”. Se 0 aluno nao encontrar nenhum artigo fortemente relacionado, entao ele pode mencionar no seu trabalho os moderadamente relacionados. Ele deve dizer sempre onde pesquisou. Pode dizer, por exemplo, “Ao proceder a re- visio bibliogréfica nos periédicos x, y e z de 2003 a 2009 nao foram encontrados trabathos que abordassem o uso de redes neurais para previsées da bolsa de valores. Porém os seguintes trabalhos modera- damente relacionados foram encontrados: (a) Fulano de tal (20x) apresenta uma abordagem que utiliza redes neurais para prever a demanda de energia em transformadores elétricos de rua, (b) ete.” ssa forma 0 leitor fica mais tranquil. Ninguém pode ser culpado por nao ter encontrado um artigo sobre o assunto que eventualmente tenha sido publicado em um obscuro evento na Gro aos melhores periddicos e eventos da drea. Se aquele trabalho da Groenlandia ou Marrocos é realmente bom, por que nao foi submeti- do aos bons vefculos de publicagao reconhecidos pela comunidade? RARBSEMS BARA E REAR BD Be ne E toto de Pesquisa para inca ds Computagio | Ral Sine! Waawick ELSEVIER 6.4. A Contribuigao do Artigo Sobre a contr a) Nao ser modesto! b) Nao exagerar! Para Plato (2006), os vicios estiio nos extremos, e a virtude, no equilibrio. Entiio o autor deve ser realista em relago aos resulta- dos e & contribuigéo de seu artigo. O autor deve convencer 0 comité avaliador de que seus resulta- dos esto corretos. Nao se deve esperar que eles simplesmente acre- ditem ou simpatizem com as ideias. Eles precisam ser convencidos. © comité avaliador fara uma leitura critica do artigo, procurando por quaisquer lapsos que possam invalidar 0 trabalho. Para ser pu- blicado, o trabalho precisa passar por esse crivo. Entdo, um conven- cimento critico é necessério. Deve-se apresentar provas, evidéncias e exemplos que possam ajudar. Finalmente, a contribuicdo do artigo deve estar clara desde 0 abstract ou resumo. Ela nao pode ser deixada para o final. Os resu! tados devem ser apresentados logo no inicio do artigo para interes- sar 0 leitor. Depois 0 autor pode ir explicando como chegou a eles. do artigo pode-se recomendar o seguinte: 6.5. Tipos de Artigos HA varios tipos ou estilos de artigos, cada um dos quais com suas prdprias caracteristicas e seus préprios vefculos de publicacéo. Esta seco destaca alguns. 6.5.1. Artigo Teérico Um artigo teérico basicamente apresenta ym conjunto de de- finig6es, conhecido como “teoria”, e posteriormente passa a provar propriedades Idgicas desse conjunto, Exemplos de técnicas de prova usadas neste tipo de artigo sao indugdo (matematica ou estrutural) € redugdo ao absurdo, Existem bons livros de légica que podem ajudar 9 leitor interessado a estruturar seu trabalho de acordo com esse paradigma. = eed eee Em um artigo teérico, cada afirmacdo precisa ser colocada cuidadosamente, e todas precisam ser fundamentadas. Pode-se fun- damentar uma afirmagio através de referéncia bibliogréfica, prova Logica, relato de observacdo direta, ou ainda como hipétese ou de- finigao. Porém, nao adianta fazer apenas a abordagem tedrica de uma questdo. E preciso mostrar qual o problema real que essa teoria re- solve. Entdo nao adianta criar uma teoria bonita que néo sirva para nada. Mesmo um artigo tedrico deve ter algum tipo de consequéncia no mundo real. 6.5.2. Relato de Experiéncia Um relato de experiéncia conta uma histéria informativa sobre um experimento e suas observages. Este relato deve mostrar como a situagao observada se reflete em situagdes mais gerais. Ou seja, 0 relato de experiéncia deve, sempre que possivel, nio se fixar a ins- tancia especifica sendo observada, mas apresentar a possivel genera- lizagdo das observacées para outras situacdes. Deve-se evitar entrar em detalhes irrelevantes sobre 0 expe- rimento. Apenas as informagées necessarias para compreender ou. validar 0 relato devem ser incorporadas. O relato deve se concentrar nas ideias, ¢ nao no experimento em si, Ou seja, 0 relato de experiéncia ndo é uma narrativa sobre todos 0s passos que o autor deu no caminho da observagéo, mas uma estruturagio das ideias aprendidas durante a observagio. Essa estruturacdo, ento, raramente serd apresentada de forma temporal narrativa, mas sim de forma dissertativa, organizada por conceitos € suas implicagées. 6.5.3. Artigos sobre Métodos Artigas sobre métodos sio especialmente comuns na Ciéncia da Computagio. Um bom artigo sobre método no pode ser simplesmen- te uma apresentagio do metodo. Ele deve se concentrar nas vantagens 9 ocodlagla de Pesquisa para Cc de Computacio | tl Sida Wana ‘que 0 método sendo apresentado tem sobre outros anteriormente pro: postos para o mesmo problema ou problemas semelhantes. Um artigo sobre métodos deve ter um objetivo informative bastante claro, ou seja, o novo método deve ter um ponto focal. O ar- tigo deve relacionar as vantagens do novo método sobre abordagens anteriores. Entio aqui, a comparacéo bibliogréfica é fundamental para a aceitagao do artigo. Recomenda-se que um artigo sobre métodos permita a a cago do método em um projeto real. Quando isso nao for possiv uma referéncia a um texto mais completo pode ajudar. Além disso, como 0 artigo deve conter uma comparacao com métodos anteri res, ele deve deixar bem claro qual a métrica usada para a compara. cdo. Uma comparagio subjetiva teré pouco valor, especialmente se o autor ndo deixar claro de onde vieram os resultados. Por exemplo, uma tabela de caracteristicas, na qual se comparam diversos méto- dos avaliando cada um com 0 valor “atende”, “nao atende” ou “aten- de parcialmente”, nao teré m or a ndo ser que o autor deixe bastante claro como essas avaliagées foram obtidas, de forma que possam ser repetidas por observadores independentes. artigo deve ser mais do que uma apresentagao do método com explanacéo. O importante ndo é listar os procedimentos opera: cionais do novo método, mas apresentar as ideias que o novo méto- do incorpora. Além do mais, 0 artigo deve ser equilibrado. Novas abordagens normalmente nao so a panaceia universal. Se 0 novo método tem vantagens, possivelmente também terd limitagSes, que devem ser descritas ¢ analisadas no artigo. 6.6. Vefculos de Publicagao dos de uma pesquisa pode série de vefculos reconhecidos pela comu maior 0 impacto do veiculo, ou seja, o mimero de pessoas que ele a dificuldade relativa de se conseguir pu- + publicados em uma uanto jade cientifica. a Coplada 6 | East de Age Cetieo Entao, dependend Iho, diferentes vefei os publicacao for frustrada. Usualm« sobre o trabalho so entregues explicando os motivos da recusa. Es- sas avaliagdes podem e devem ser usadas como um estimulo e um guia para produzir uma verso methorada do artigo visando a publi- cagiio em outro vefculo. Existem vefculos que sao bastante especificos de cada Area, coms, por exemplo, o Simpdsio Brasileiro de Qualidade de Software ou o IEEE Transactions on Software Engineering. Mas estes nao so 05 tinicos vefculos em que se pode publicar. Hi periédicos e eventos mais genéricos que em geral aceitam artigos de todas as subéreas da Computagao, como, por exemplo, o SEMISH, que ocorre junto a0 Congreso da Sociedade Brasileira de Computagao e 0 periédico Communications of ACM. Ambos sao considerados bons veiculos. Em relagéo ao estilo de veiculo, pode-se fazer as seguintes dis tingies: a) Periédico: £ considerada a publicacio mais importante por to- das as areas da ciéncia, Os melhores artigos usualmente siio destinados aos periddicos mais reconhecidos dentro de cada rea. A Ciéncia da Computagao no mundo todo, entretanto, conta com poucos periddicos quando comparada a outras areas do conhecimento. No Bras cia da Computagao sao praticamente ins: A b) Eventos ou conferé éncia da Computacdo privilegia a publicago em confer: ‘© que muitas vezes cria problemas em relagio a avaliacde relativa com outras areas como Fisica © Quimica, cujos pesquisadores publicam quase que exclusiva mente em periédicos. Embora nao to valorizados quanto perié- dicos por ontras dreas, as conferéncias em Computacéo podem ter peso telativo bastante te na produgdo cientifiea de um pesquisador, LA A A LREREREEES Hetodoogia de Pesquis pars Ceci Compute | Ral Stet Wala ©) Workshops e semindrios: Em geral, sio eventos satélites de con. feréncias maiores. Como sao normalmente muitissimo restritos em termos de abrangéncia temética e numero de participantes, so considerados publicagées de menor impacto, embora alguns workshops tenham se firmado como boas conferéncias ao longo de uma historia consistente de boas edigdes. Livros e Capitulos de Livros: Embora bastante valorizados, vros ¢ capitulos de livros séo publicacées que usualmente nao resultam de teses ¢ monografia (com poucas excecées), visto que, em geral, 0 objetivo desse tipo de publicagio é apresentar um contetido didético para compreensao por parte de um pi co bem mais amplo do que o conjunto de pesquisadores de uma determinada area da ciéncia. Existe uma diferenca fundamental no estilo de processo de re- visio de eventos e periédicos. Gomo os eventos ocorrem em data predeterminada, as publicagées em geral stio submetidas até um de- terminado prazo (deadline) e ento avaliadas por um comité de pro- grama, Trata-se normalmente de um processo competitive em que os. melhores artigos sao aceitos para publicacdo, com algumas poucas sugestées de modificagao no texto. A maioria dos eventos, espk mente os mais bem conceituados, aceitara uma porcentagem rel: vamente pequena dos artigos submetidos. Entdo, no caso de envio de artigo a um evento, o autor terd apenas uma chance de publicar. © artigo deve estar pronto e em condigées de concorrer com outros artigos. Se estiver entre os melhores, seré publicado, caso contrério, serd rejeitado. Jé 0 processo de revisdo em periédicos acontece de forma fereficiada. Exceto no caso de niimeros especiais tematicos, os pe: riddicos funcionam com regime de envio continuo, ou seja, no hd deadline. Assim, um artigo eventualmente aceito no periédico entra em uma fila e serd publicado quando chegar a sua ver. © processo de revisio, entdo, pode ser bem mais interativo do que no caso de eventos. = eee submetido seré revisado pelo comité editorial, e, jente, varias sugestdes serio feitas ao texto antes que este Possa ser aceito para publicagao. Poderdo, inclusive, acontecer vé- rias rodadas de avaliago do texto, em que os revisores solicitam modificacdes e os autores as incorporam ao texto, se possivel. Esse processo interativo de reviséo de um texto pode até levar anos, em alguns casos, mas procura garantir que o material final estard ade- quado ao piiblico leitor do periédico, de acordo com os critérios do comité editorial. Deve'se ter em mente também que 0 processo de reviséio em periddicos é muito mais detalhado do que em conferéncias. No caso de conferéncias, os revisores trabalham com deadlines, e as vezes recebem um grande fardo de avaliagées para fazer, estando, dessa forma, mais sujeitos a cometer erros de avaliago. No caso de pe- riédicos, a revisdo é feita com mais tempo e, portanto, é bem mais detalhada, Além do tipo e publicacao, a abrangéncia também deve ser considerada. Todos 0s diferentes veiculos tm uma abrangéncia es- timada, que pode ser: a) Internacional: vefculos publicados em lingua inglesa que sio distribuidos ou que contam com a participacaio de autores de vi- ios paises, sem predominancia de nenhuma nagio, como, por 5 © conferéncias da IFIE ACM e 95 publicados no Brasil, como nsar. Existem periédicos e eventos de abrangén- icados em outros paises. Caracteriza-se como nacional aquele que € publicado em uma lingua di- 's ou que, embora publicado em inglés, tenha participantes predominantemente de um nico pais ou regiao, exemplo, a Conferéncia Latino-americana de Informédtica 135 3 los que abrangem apenas uma fragao de um pais, por exemplo, um estado brasileiro e ou regidio geografica, Exemplos desse tipo de veiculo so os anais da Escola Regional de Bancos de Dados e 0 Seminério Catarinense de Imagens Médicas. 4) Local: so veiculos publicados por uma tnica universidade ou faculdade, Em geral, contam com um comité avaliador local ou de pouca abrangéncia, ¢ a maioria dos autores de artigos per- tence & propria instituigéo. Ex.: Semana de Informatica da Uni- versidade de Agua Suja do Norte. Existem ent&o as combinacées entre os diversos tipos de pu- ico e sua abrangéncia, como, por exemplo, periddico interna- cional, ou evento regional etc. 0 documento de rea da Ciéncia da Computacao na CAPES distingue os seguintes tipos: Periédico Inter- nacional (PI), Periddico Nacional (PN), Conferéncia Internacional (CD, Conferéncia Nacional (CN), Capitulo de Livro Intemacional (CLD. Deve-se prestar atengio ao seguinte: algumas conferéncias publicam seus anais como livros, com ISBN, inclusive. Ndo existe consenso na comunidade sobre se isso caracteriza uma publicacio em livro ou se ainda seria publicagéo em evento. Porém, pela 16g ca, deveria ser considerada como um livro apenas a obra literdria ¢ foi proposta e construfda com esse propésito. Um livro tem uma estrutura sequencial € légica, 0 que nao ocorre normalmente com -réncias, porque estas publicam os melhores artigos. Mas estes, submetidos de forma independente pelog seus autores, baseado no trabalho de pesquisa que tenham efetuado, sem uma sequéncia 4 predeterminada. A era da informatica, entretanto, tem facilitado tanto a cria- Gio de publicagdes que possivelmente as fronteiras claras que havia tipos de publicagao talvez nao mais ike | me piel & | frre de Ain Cente 6.7. Etica no Envio de Artigos Ao enviar um ou mais artigos, o autor deve estar atento aos aspectos éticos considerados pela comunidade cientifica. Em primeiro lugar, a publicagao de um artigo em um evento ou periédico implica um compromisso de no enviar ou publicar nova- mente esse mesmo artigo ou partes dele em outro local. Outro aspecto nao téo evidente, mas também importante, é que um artigo, mesmo que ainda nao tenha sido publicado, deve ser submetido a apenas um vefculo de cada vez. Ou seja, néo se deve cair na tentaco de enviar 0 mesmo artigo a varios eventos ao mes- mo tempo na esperanga de que um deles vai aceitar. Snyder (1993) aponta que “simultaneous submission without notice is considered highly unethical.” Alguns eventos ou periédicos até aceitam envio si- multéneo a outro veiculo, desde que seja explicitamente informado. A forma correta de se tentar uma publicacao é, portanto, en- viar uma primeira verso do artigo a um veiculo ¢ aguardar 0 re- sultado. Sendo aprovado para publicagéo, étimo! Caso contririo, 0 avaliadores enviardo juntamente com a informacao da recusa de publicacao uma lista de motivos. Essa lista vai conter sugesties para melhoria do trabalho que poderao ser usadas aprimorar o artigo antes de envid-lo a outro veiculo. Ainda outro aspecto a ser considerado é 0 caso da publicagio de dois ou mais artigos semelhantes sobre o mesmo assunto. Nao é considerado ético fazer varias versdes de um mesmo artigo e envié-las a diferentes veiculos. Cada artigo apresenta uma ou mais ideias de pesquisa que foram avaliadas. Assim, artigos, mesmo que diferentes na forma, mas que presentam as mesmas ideias, so considerados por outro lado, publicar vérios artigos a partir do mesmo trabalho de pesquisa, desde que cada um trate de aspectos diferentes do trabalho, ou seja, cada artigo deve explorar uma ideia de pesquisa diferente ou, no caso de publicagées mais antigas, pode-se gerar um novo artigo aprofun- jendendo os resultados ja apresentados. 1 Tradugéo: “Envi: :€0$ sem aviso sdo considerados altamente antiéticas.” POR RRM ERR RA ‘ews de Pesquisa pars Gace da Computagso. | Ral Sel Wetec ELSEVIER Nao se pode copiar diretamente o texto de um artigo ja publi cado em outro, mesmo em se tratando do préprio autor. Uma vex due © texto tenha sido publicado, ele pode ser citado em um novo artigo através de referéncia bibliogréfica, entre aspas, como se fosse Outro texto qualquer. Cada artigo deve, portanto, ser escrito com texto 100% original. A Coordenagio de Aperfeicoamento de Pessoal de Nivel Supe- rior (CAPES), érgio do Ministério da Educacio do Brasil, publica uma “lista de vefculos utilizados para a divulgagio da produgio intelectual dos programas de pés-graduagéo stricto sensu (mestrado e doutorado), classificados quanto ao ambito de circulaco (Local, Regional, Nacio. nal Internacional) e & qualidade (A, B, C), por rea de avaliagao”. Essa lista, denominada Qualis, é usada pela CAPES para fundamentay © Processo de avaliacao do Sistema Nacional de Pés-Graduagio. © Qualis é organizado por area do conhecimento. Na area de Ciéncia da Computagéo, a lista denomina-se Qualis-CC e é organiza- dla por um comité de especialistas. Um mesmo veiculo de publicagao Pode estar classificado em mais de uma érea de conhecimento, as vezes, inclusive, com uma avaliagao diferente em termos da qualida- de. Isso acontece porque cada drea define os seus préprios critérios de qualidade. Na sequéncia sero apresentados os critérios de qualidade usa- dos pela comissao de Ciéncia da Computagio, 6.8.1. Periédicos . ae “Na rea de Giéneia da Computagéo, so considavadcs 08 indi- ces de impacto registrados no ISI/JCR (Journal of Citation Records) € no CiteSeer Computer Science Citation Index 2 No momento em que este livto estava sendo escrito, & CAPES estava reslizando ima revisdo do sistema Qualis. Possivelmente algumas das regras aqui ri fenham mudado. Recomenda-se consuttar www.capes.gov.br para obt versio atualizada dessas regras. = ces | nono: Os periédicos que constam no JCR sio d os de acordo com o indice de impacto: a) Nivel No caso de periédicos que constam nos dois indices, é conside- tada a nota mais alta entre os dois, Além dessa regra, baseada em indices de impacto, considera. st (ut 0s periddicos das sociedades cientificas internacionais ACM, IEEE, INFORMS e SIAM, mesmo que nao aparecam em nenhum dice, so classificadas como B, Periddicos nacionais s6 so considerados se forem indexados. Por uma deferéncia especial da comissio, o JCBS, Journal ofthe Bra. silian Computer Society, é avaliado como Internacional C. Periddicos dle dreas afins com interface com a Ciéncia da Com- Putagao recebem a maior avaliacao dentre as dreas afins, $4 deradas éreas afins: Engenharia EletrOnica, Matemética, Matemdti, ca Aplicada, Pesquisa Operacional e Estatistica, 6.8.2. Eventos Internacionais Os principais fatores de avaliagdo de um evento intemacional S30, segundo 0 comité,o indice de impacto, a tradig&o do evento, aso- ciedade promotora, a avaliacdo por comité de programa internacional, Sm Predominancia de nentum pais, e por artigo completo (eventos ‘me avaliam artigos a partir de resumos nao sac’ bem classificados). © JCR ndo avalia o impacto de eventos. Apenas o CiteSeer tem informacao sobre eventos. Assim, o indice de un evento seré dado 137 a8 Hetodlogs de Pesqusa para inca da Computacso. | Ral Snel Wasik ELSEVIER, basicamente por dois critérios, 0 CiteSeer e uma combinacao das qualidades mencionadas. No caso de atribuicéo de notas divergentes por esses dois critérios, prevalece a mais alta. Para a avaliagao pelo CiteSeer so usados os mesmos pontos de corte indicados anteriormente. 0 critério de combinagio de qualida- des do evento é aplicado assim: a) Umevento é de nivel A se for “patrocinado ( Sociedades Cientificas Internacionais como: IEEE, IFIR ACM, SIAM, INFORMS, W3C etc., desde que a publicago seja artigo completo (full paper) e tenha avaliacio por revisores (Le., refe- res) e conferéncia de tradigo. Conferéncias de tradi¢ao devem ter tido pelo menos quatro edigées. O Comité tem constatado ‘uma grande variabilidade na qualidade dos eventos que publi- cam seus anais (j.e., proceedings) como Lectures Notes. Sendo assim, o Comité ira julgar caso a caso a qualidade desses even- tos para efeitos de classificaca ‘b)_ Umevento € de nivel B “se os critérios anteriores sao satisfeitos, mas a conferéncia 6 considerada ainda recente, i.e., menos de quatro edigées”. ©) Um evento é de nivel C se avalia artigo completo (full paper) utilizando revisores e cujas publicagées s4o impressas pelas So- ciedades Cientificas como IEEE, ACM IFIP SIAM etc., embora nao sejam patrocinados por essas sociedades. Também sao de nivel C “conferéncias patrocinadas por Sociedades Cientficas, mas com cardter claramente regional... (por exemplo, Asian 1 ternational Conference, Pacific-rim conference, Latin-american Conference)”. Finalmente, “workshops ¢ similares assqciados a Conferéncias Internacionais QUALIS A patrocinadas ( sponsored) por sored) por Sociedades Cientificas Internacionais como: IFIP. ACM, SIAM, INFORMS, WSC etc., com trabalho complet recebem classificagéo internacional C dos caso a caso. Copia | Eerie de tie Clenicn Vefculos de publicagéo que no aparecem no Qualis ndo so necessariamente ruins. O Qualis-CC nao é um; e todos os vel culos de Giéncia da Computaciio. Apenas os eventos e periédicos reportados pelos programas de pés-graduacao aparecem no indice. Novos veiculos sao adicionados anualmente quando algum progra- ma informa que um de seus pesquisadores ali publicou. Assim, even- tos ou periédicos que ndo aparecem no Qualis podem receber uma oa classificacio quando da revisdo do indice. Porém, quando vefcu los aparecem no Qualis-CC, mas ndo tém nota (nem A, nem B e nem jd foram avaliados, mas no foram encontrados indicios receber nota A, B ou C. 6.8.3. Eventos Nacionais ‘Aavaliagao dos eventos nacionais é feita de forma mais subje- tiva. Em primeiro lugar, porque estes nao aparecem, normalmente, nos indexadores internacionais. Em segundo lugar, porque a maio- ria dos eventos nacionais considerados sao aqueles q Brasil, sendo, portal ‘ocorrem no conhecidos, e seu niimero nao é tao grande. ‘Ao contréria dos eventos internacionais, espera-se que todos os eventos brasileiros de bom nivel jé estejam no Qualis-CC, justa- mente pela proximidade e pelo pequeno mimero destes. Os eventos nacionais sao clasificados de acordo com os se- guintes critérios (do documento de érea): a) Caracteristicas do evento. Percentual di Apoio de entid: Tradico do even: Em relacdo as cau jcas do evento, espera-se que este subérea da Computa brangéncia geografica 9 evento seja omo, por exem- o. Eventos com 139 etodologia de Pegs para Clncia da Computagio | Ra inet Wala ELSEVIER plo, a Sociedade Brasileira de Computacao (SBC). Eventos ligados a empresas nem sempre tém caréter cientifico. De preferéncia, even- tos de nivel A devem ter abrangéncia internacional, com comité de programa sem predomindncia de brasileiros, pagina na Internet em inglés e anais publicados por uma editora internacional Em relagéo ao comité de programa, espera-se que seja cons- tituido de pesquisadores reconhecidos na drea do evento e qué se distribuam em varios paises. Em relagdo ao ntimero de envios, espera-se que seja compat. vel com o tamanho da drea de pesquisa. Um evento com poucos en- vios indica pouca procura e pouco interesse por parte da acade: © que nao é um bom indicativo de qualidade. 0 percentual de aceitagio é a razdo entre o mimero de artigos aceitos para publicaco e o ntimero de artigos enviados ao evento. Espera-se que eventos de nivel A tenham menos de 35% de aceita- cdo, € que eventos de nivel B tenham entre 35% e 55% de aceitacao. © apoio de sociedades cientificas internacionais como ACM e IEEE deve ser uma constante para eventos de nivel A. Finalmente, um evento novo, mesmo que bem organizado, ficilmente tera conceito maximo. Para que um evento obtenha A, em geral, deve ter tido pelo menos trés edigbes anteriores orgai zadas regularmente e com boa qualidade. Por esse motivo também, eventos pontuais, ou seja, que nao acontecem regularmente, dific mente serio clasificados. Sfo examinados caso a caso os workshops ligados a eventos nacionais de nivel A, podendo receber nivel C ou até superior, de- pendendo do caso. Capitulo 7 Plagio Plagio é a apropriagao indevida de ideias ou textos de outras pessoas. A pritica da eépia do trabalho alheio era comum e aceita entre os escribas antigos ¢ os mtisicos da renascenga e do barroco, mas, com 0 passar do tempo e com a consolidaco do direito A pro- priedade e sua exploracao, o plagio adquiriu status de procedimento antiético. Porém, sempre continuou acontecendo. Na era da Inter- net, nunca foi tao fécil copiar o trabalho alheio, porém, também nunca foi tao facil detectar essas eépias. Independentemente da questo da exploragao comercial de di- reitos autorais, 0 plégio, no meio académico, é extremamente nocivo se nfo for detectado, pois o plagiador apresenta um resultado que ndo é de sua autoria ¢ recebe um titulo que nao merece. Nessa condi- Gio, ele préprio pode ser prejudicado, ao no dominar conhecimen- tos que seriam necessérios para exercer sua profissao, ou, pior ainda, Jo, prejudicard a terceiros, por apresentar s Ges inadequadas, de acordo com sua prépria incompeténcia. 4 pelo menos duas formas de pligio: a e6pia literal de textos de outras pessoas con parcialmente um trabalho que deveria ser do autor de ideias, em que o autor, apesar de nao repetir as palavras como foram escritas, apresent as mesmas ideias, na mesma sequéncia Idgica, como se fossem suas. Nao é considerado plagio 0 uso de ideias de terceiros, desde que a fonte apareca claramente identificada. No caso de cépias rais, devem aparecer ent se exercer sua profi que certa vez um est ido 0 texto integral de outro autor e trocando ape- nas 0 nome do autor original pelo seu préprio nome. Durante a de- fesa, um dos membros da banca, 0 convidado externo, elogiou co- josamente o trabalho durante varios minutos. No final acrescentou: “mas vocé néio pode obter 0 doutorado com esta tese, porque este trabalho é meu”. O plagiador foi tao ante que sequer olhou 0 nome de quem estava plagiando e acabou convidando essa pessoa lo serio discutidos casos de plagio e suas consequén. cias, e sero mostradas também algumas situacdes nas quais fica carac- terizado o desvio de conduta dos plagiadores e seus apologistas. 7.1. Antecedentes Até a invencdo da imprensa, as obras escritas eram reproduzi- das por escribas € copiadores profissionais. Naquela época, apenas esses profissionais da eépia é que eram remunerados pelo seu tra- balho. Ao autor cabia apenas o mérito pela obra (mas as vezes nem isso). Com a invengao da imprensa, no século XV, a cdpia de textos se tornou uma atividade de massa e, por esse motivo, suscitou a ques- to da protecio jurfdica ao trabalho do autor. Nao apenas a questéo de proteger o direito ao patriménio da obra, mas também da prote- a censura caminhou junto com a protecdo ao direito , por exemplo, na Inglaterra, 0 ing Act proi- a, apés a Revolucio de 1789, $0, a primazia do aut 11a ser por toda a vida r sobre a obra Cielo | Pig No Brasil, a primeira mengao sobre protegéo dos direitos au- torais surge em 1827, na lei que criava os cursos juridicos. Em 1830 a matéria € regulamentada através da promulgacao do cédigo de direito criminal. 7.2. Protege aos Direitos Autorais © Brasil tem uma das legislagdes mais fortes em relacio a di- reitos autorais no mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, a pro- tecdo ao direito autoral depende de registro. No Brasil, o registro nao é precondicao para a protecao do direito autoral. Basta a prova da autoria. Pode-se, por exemplo, lacrar a obra literéria ou técnica ‘em um envelope do correio ¢ remeté-la para si mesmo ou para uma pessoa de sua confianga. Nao se deve abrir esse envelope, exceto em © carimbo do correio é uma prova da data da produgio, ou pelo menos de que na data do envio a produgio estava com a pessoa em questo. Assim, no caso de um processo por plagio, o autor tem como provar que o texto estava com ele numa determinada data. Se essa data for anterior & produgao tida como plagio, entdo boa parte do processo teré sido resolvido em favor do autor, Nos cursos de graduago e programas de pés-graduacéi grande a preocupacao com o plagio. Em especial, porque nunca foi tao facil copiar textos usando a Internet. Por outro lado, também, nunca foi téo fécil detectar eépias. Sequer sao necessérias ferramen tas sofisticadas para isso. Basta um site de busca e uma cépia da monografia. Trés ou quatro palavras sao escolhidas aleatoriamente em qualquer ponto da monografia e pesquisa-se no site de busca. Dificiimente a ocorréncia dessas palavras juntas em um texto seré mera coincidéncia. Gom esse recurso é possivel descobrir a grande maioria dos casos de plagio. de outras linguas para o portugués séo mais is de detectar, mas nem tanto, Normalmente, o préprio estilo de escrita permite perceber que um texto € uma tradugao endo um texto ori portugués. Por exemplo, “eventualmente”, ou “fornece 43 esodolgi de Pesquen prs Cmca da Computago | Ral Sel Watlawich ELSEVIER quando escrevem em pormugués, mas traduzem essas palavras literalmente a partir de textos em inglés, em que so mais comuns (no caso, respectivamente, “eventually” e “provides”) Acredita-se que boa parte do plagio académico ocorria porque 0s alunos ndo eram corretamente orientados em rela¢o ao que po- dia € 0 que nao podia ser copiado. Entdo, para que nao haja dtividas, aqui vai a resposta: nada pode ser copiado, a nao ser que seja coloca- do entre aspas e com a citacdo da fonte bibliogréfica. Mesmo assim, deve-se agir com parciménia, pois as citacGes ndo podem predomi- nar em um trabalho cientifico. E necessdrio haver a contribuigio do autor. Certa vez um aluno de especializagéo entregou uma monogea- fia com 20 paginas. Na primeira pagina ele escreveu algo como “Ou- tro dia li um artigo interessante na Internet:”. Em seguida ele al aspas € incluia 0 dito artigo literalmente na sua monografia. Vinte paginas depois, apés fechar aspas, ele concluia dizendo: “Por isso achei o artigo to interessante”. O aluno foi reprovado. Ele questio- nou dizendo que, como tinha colocado o texto entre aspas ¢ citado a fonte, isso nao era pl4gio. Mas foi reprovado mesmo assim, pois tirando 0 que estava entre aspas ndo sobrava praticamente nada do trabalho dele. Assim, o trabalho foi considerado insuficiente para a obtengao do titulo, -3. A Lei Brasileira teressante saber 0 que diz a lei brasileira. A principal refe- caso de plagio, é a Lei mimero 9.610, de 19 de fevereiro lei altera, atualiza e consoli gislagio sobre direi- 1998, autorais Uma pergunta frequente na drea de Computacao é se 0 gover: no, ao subvencionar um projeto, torna-se detentor do direito antoral sobre este. Por exemplo, se aluno recebe uma bolsa da CAPES ou a fazer sua monografia, esses érgdios tém algum direito monogratia ¢ seus produtos? A lei ¢ clara em seu artigo 6% = eames “Nao serdo de dominio da Uniao, dos estados, do Distrito Federal ou dos municipios as obras por eles simplesmente subvencionadas. Jé 0 artigo 7* estipula quais so as obras protegidas pela lei diteralmente): a) Ostextos de obras literdrias, artisticas ou cientificas. b) As conferéncias, alocugées, sermées e outras obras da mesma natureza, ©) As obras dramaticas e dramético-musicais d) As obras coreograficas e pantomimicas, cuja execugio cénica se fixa por escrito ou por outra qualquer forma. €) As composigées musicais, tenham ou néo letra. ) As obras audiovisuais, sonorizadas ou nao, inclusive as cinema- tograficas. g) As obras fotograficas e as produzidas por qualquer proceso andlogo ao da fotografia h) As obras de desenho, pintura, gravura, escultura, litografia e arte cinética, i) Asilustracdes, cartas geogréficas e outras obras da mesma natu- reza. DOs projetos, esbosos e obras plésticas concernentes & Geografia, Engenharia, Topografia, Arquitetura, Paisagismo, Cenografia © Ciencia. K) As adaptagées, traducdes ¢ outras transformagies de obras ori- ginais, apresentadas como criagao intelectual nova. 1D. Os programas de computador. m) As coleténeas ou compilacées, antologias, enciclopédias, dicio- ndrios, bases de dados e outras obras, que, por sua selecao, or ganizagao ow disposicao de seu contetido, constituam uma cria- Gio intelectual, No caso de programas de computador, especificamente, 0 § 1° desse artigo estabelece que eles ainda so objeto de uma lei especi- fia, 145 etodologia de Pesquisa para Ciaca ds Computagio | Ral Soe Waclawik ELSEVIER Por outro lado, 0 artigo 8° estabelece quais as obras que néo sao protegidas por essa lei a) Dy) ° a e) p 2) As ideias, procedimentos normativos, sistemas, métodos, proje- tos ou conceitos matematicos como tais. Qs esquemas, planos ou regras para realizar atos mentais, jogos ou negécios. Os formularios em branco para serem preenchidos por qualquer tipo de informacio, cientifica ou ndo, e suas instrugées. Os textos de tratados ou convengées, leis, decretos, regulamen- tos, decisdes judiciais e demais atos oficiais. As informacées de uso comum tais como calendarios, agendas, cadastros ou legendas. Os nomes e titulos isolados. © aproveitamento industrial ou comercial das ideias contidas nas obras. ‘Segundo a lei, 0 autor de uma obra seré sempre a pessoa fisica A duracao da proteco ao direito autoral perdura por 70 anos, a contar do dia primeiro de janeiro do ano subsequente morte do autor. Os direitos patrimoniais sobre a obra sao herdados peli legi- timos herdeiros, obedecida a ordem estabelecida pela Lei Civil. Segundo 0 artigo 46 da mesma lei, nao constitui ofensa aos direitos autorais a reprodugio: a) b) ° Na imprensa didria ou periédica, de noticia ou de artigo informa- tivo, publicado em diérios ou periddicos, com a mengao do nome do autor, se assinados, e da publicagao da qual foram transcritos. Fm didrios ou periédicos, de discursos pronunciados em reuniées piiblicas de qualquer natureza, De retratos, ou de outra forma de representacdo da imagem, feitos sob encomenda, quando real pelo proprietdrio do objeto encomendado, néio havendo a oposigéo da pessoa nele representa herdeiros. ou de ser i) De obras literdrias, artistic =x cee \cas ou cientificas, para uso exclusivo re que a reproducao, sem fins mercias, seja feita mediante o sistema Braile ou outro procedi mento em qualquer suporte para esses destinatérios. ©) De um sé exemplar de pequenos trechos, para uso privado do copista, desde que feita por este, sem intuito de lucro Da citagdo em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicagao, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, critica ou polémica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se 0 nome do autor ¢ a origem da obra. g) Doapanhado de ligdes em estabelecimentos de ensino por aque- las a quem se dirigem, vedada sua publicagao, integral ou par- sem autorizagiio prévia e expressa de quem as ministrou. h) De obras literdrias, artisticas ou cientificas, fonogramas e trans- miso de rédio ¢ televisdo em estabelecimentos comerciais, ex- clusivamente para demonstragéo & clientela, desde que esses estabelecimentos comercializem os suportes ou equipamentos que permitam a sua utilizagio. i) Darepresentacdo teatral e execugao musical, quando realizadas no recesso familiar ou, para fins exclusivamente didéticos, nos estabelecimentos de ensino, néo havendo em qualquer caso in- tuito de lucro. ou cientificas para reproduzir pro va judicidria ou adi 1) De pequenos trechos, em juer obras, de obras preexisten- obra integral, quando roducio em si nao seja 0 © que nao prejudique a exploracao nor- mal da obra reproduzida nem cause um prejuizo injustificado a0s legitimos interesses dos autores. Portanto, a regra € copiar apenas o essencial de ovtros tral s, desde que seja realmente necessério para colocar magio sobre esses trabi ‘agar um comparativo, lembrand for na 7 Hetoologs de Pesquisa pars inca da Compa | Ral Shino! Walavick ELSEVIER sempre que 0 trecho copiado deve constar entre aspas ¢ com citagao da fonte para que nunca haja diivida sobre se tratar ou nao de plagio. © plagio no Brasil é considerado crime, e a Lei prevé pena de multa e prisdo. Portanto, néo vale a pena wansgredir essa lei. ‘Também nao existe plagio mais sério ou menos sério. Plagio € crime perante a Lei e academicamente é uma falta ética gravissima. Houve ‘um caso em que um estudante plagiou apenas 0 capitulo de método (metodologia) de sua monografia, copiando-o de outra monografia, Ele realmente fez.o trabalho, realizou a pesquisa, obteve os dados e gerou as conclusdes. Mas pela falta ética de ter copiado parte do tra- balho, esse estudante teve seu diploma cassado, independentemente de outros fatores. Areal (1997) apresenta em seu site uma série de comentarios de plagiadores, que so pérolas que evidenciam o tipo de ra ou ignorncia que muitas vezes esta por trés desse tipo de atitude Algumas dessas pérolas so transcritas a seguir para exemplificar: a) “(..) voaé deveria esta orgulhoso de ver sue trabalho em um grade sucesso que ndio é ocasso da sua pagina’ (sic). O plagiador sequer consegue escrever corretamente... b)“(..) 0 que de maneira nenhuma constitui-se na agdo citada em no aassunto (subject) de seu e-mail, 0 qual refere-se a crime de coagao sob utilizagao de arma branca ou de fogo para obtencao de pro- Acusagao, alids, que pode perfeitamente ser objeto de processo judicial por caliinia e difamagéo (considerando que vdrias pessoas possuem eépia testemunhal do seu delito criminal)” (ic). Aqui o plagiador acusa 0 autor de difamacio... ‘Pensei que voeé fosse ficar orgulhoso”. Svoce nao quiser que ninguem copie, nao ponha na Internet. E bobagem achar que vai ter exclusividade sobre o conteudo na In- ternet. Besteira pura (...) isso e’a Internet, cara. O jeito correto de lidar com a situacao nao e” falar de (...) de lei de direito autor. sim relaxar e aproveitar enquanto a internet ainda e” nossa” (sic). = eee toes sua abortagem sobre plagio na rede, Pe que na sua pagina existe alguns gifs (imagens) que acho que nao sao de sua autoria. Seria melhor que os m {fossem retirados, pois, ¢ contraditorio falar de plagio e fazer 0 mesmo, mesmo sendo gifs de dominio publico” (sic). Bem, se € de dominio ptiblico pode usar, néo? Em relacio a usar materiais de domfnio piblico ou com auto- rizagiio do autor, apenas deve-se tomar certo cuidado em verificar se a pessoa que autoriz o uso é realmente o autor. Ha casos de sites que se apropriam de materiais de terceiros ¢ autorizam seu uso por outras pessoas, mas nao teriam autoridade para isso, 149 Capitulo 8 Niveis de Exigéncia do Trabalho de Conclusaéo Dependendo do nivel do curso, deve variar o nivel de exigéncia em relagio ao trabalho de conclusdo. Embora Eco (1989) defina a monografia como um texto com 100 a 400 paginas, tamanho nao é documento. O que se avalia é 0 grau e 0 tipo de contribuicéo que 0 estudante apresentou no trabalho. A estrutura do ensino superior brasileiro identifica diferentes tipos de cursos. Inicialmente os cursos de graduagéo, que podem ser cursados pelos egressos do Ensino Médio. Ha varios tipos e mo- dalidades: bacharelado, engenharia, licenciatura séo considerados cursos de graduagao plena. Cursos de graduacdo mais rapidos sao os cursos de tecnologia, que formam 0 tecnélogo, e 0s cursos sequen- ciais, ainda mais répidos. Jé a pés-graduagio caracteriza-se por dois tipos de curso, 0 lato sensu e o stricto sensu. Os cursos lato sensu, usualmente deno minados “especializacao”, ou seguindo modismos do norte, MBA (Master in Business Administration), s40 de cunho mai complementagao da formagio técnica profissional. Jé 0s cursos stricto sensu, em seus dois niveis, mestrado ¢ dou- torado, procuram formar pesquisadores e docentes de ens riot 8: icas bastante difer dos cursos de graduagao € lato se téenico e de cursos, portanto, com caracterii esol de Pesauisa para Cigna de Compas. | Ral Stet Waka ELSEVIER trado cie assim como a informatica médica néo é um meio termo entre a informatica ¢ medicina. E simplesmente uma forma diferente de conceber um curso de mestrado, com aplicagio direta do conhecimento gerado na indiistria. Em geral, basta ter um diploma de graduagao plena para poder ingressar em um programa de mestrado, embora algumas universi- dades tenham jé aceitado tecnélogos. Para ingresso no mestrado niio é necessdrio ter especializago, embora algumas vezes isso possa valorizar 0 curriculo do candidato no processo seletivo. Algumas universidades também validam algu- mas disciplinas cursadas em nivel de especializago ao aluno que ingressa no mestrado. Deve-se verificar caso a caso como a universi- dade procede. Para ingresso no curso de doutorado nao é necessério ter 0 mestrado. Mas é praxe na maioria dos programas de doutorado nao admitir alunos sem mestrado. A pratica ¢ possivel, mas os programas dificilmente se arriscam. 0 doutorado é considerado como a titulagao plena e definitiva em termos académicos. O titulo de PhD nada mais é do que um dou- torado obtido em pais de lingua inglesa (co, 1989). Existem outros titulos equivalentes também no exterior, ¢ as vezes deve-se tomar cuidado em nao confundi-los com os titulos outorgados no Brasil. Por exemplo, existem pafses na Europa com cursos de mestra- do de um ano, em que o aluno apenas cursa disciplinas ¢ entrega um trabalho escrito, constando basicamente de revisdo bibliogréfica. Es- ses cursos néo so considerados equivalentes ao mestrado bra mas a cursos de especializacaio um diploma no exterior seja reconhecido no territé- é necessario que seja revalidado por uma universidade com delegagao de poderes do Ministério da Educagaio para tal fim (em geral, as universidades federais). Por mais conceituado que seja o diploma obtido no exterior, ele s6 terd validade no Bra sil mediante esse processo de revalidagao. Tal processo é na maior leiro, = eo eee ee parte das vezes demorado, pois a universidade brasileira que tenha tum programa stricto sensu na érea da monografia apresentada ird constituir uma banca avaliadora que verificaré se 0 trabalho teria qualidade para ser aprovado no préprio programa. Tendo qualidade, o titulo revalidado e recebe um carimbo no verso do diploma, ates- tando sua validade no Brasil. Caso contrario, 0 pedido é recusado. Mas 0 interessado pode ainda procurar outra universidade e tentar © proceso novamente. No caso de cursos A distancia, deve-se verificar, antes de mais nada, se a instituigao tem autorizagdo expressa do Ministério da Educagao para oferecer esse tipo de curso (www.mec.gov-br). No caso de instituigées estrangeiras que oferecem cursos & distancia no Brasil também deve se tomar especial cuidado, pois o diploma é emi- tido no exterior e no tem validade automética no Brasil. 8.1. Graduagao (0 que se espera de um trabalho de conclusio em um curso de graduacio? Neste nivel podem ser feitos dois tipos de trabalho: tecnolégico € 0 cientifico. © trabalho cientifico deve seguir as linhas metodolégicas des- critas neste livro. J&o trabalho tecnolégico consiste usualmente em 0 aluno ser capaz de mostrar que sabe aplicar as técnicas que aprenden ao longo do curso. O desenvolvimento de um sistema interessante pode ser ‘um bom exemplo de trabalho de final de curso, desde que 0 aluno o desenvolva usando técnicas aprendidas durante 0 curso e apresente um relatério mostrando isso. 8.2. Especi Os cursos de especi grau para chegar ao mestrado. Hoje em dic mais como uma complementacao ow at acao izacao jé foram encarados como um de- porém, so vistos muito iza¢fo profissional. Pela 183 ecole Fequs pars lnc de Cmpuracto | Ral Sn Wai ELSEVIER Ici brasileira, todo curso de especializacdo requer a elaboracio e de- fesa ptiblica de uma monografia Essa monografia pode até ser um trabalho de pesquisa, to nos moldes metodolégicos apresentados neste livro. Mas é acei- tdvel também, em muitos cursos, que o aluno desenvolva ape: um estudo bibliogréfico e que apresente as ideias aprendidas com alguma pequena contribuicio pessoal, consistindo normalmente de comentarios a bibliografia ou ao resultado de experimentos simples. Normalmente nao se exige nesses casos provas de hipdteses ou uma contribuicéo cientifica mais relevante. Isso, porém, varia muito de curso para curso. O aluno deve estar atento as exigéncias colocadas pelo curso em que ele esté ma- triculado. 8.3. Mestrado e Doutorado A maioria das recomendagées deste livro se aplica ao mestrado © a0 doutorado. Em ambos os casos, espera-se que o aluno apresente uma contribuigéo a cincia que seja relevante, ou seja, que nao seja trivial, que seja titil e que esteja correta. A diferenca entre o que se espera no mestrado € no doutorado reside mais no nivel de exigéncia da contribuigao do que na forma. Em_ ambos os casos, exige-se a aplicacdo de metodologia cientifica, comparagao com trabalhos correlatos, elaboracao de uma hipétese de pesquisa e sua comprovacio ou refutacdo. A diferenca est entio no impacto esperado dessa contribu Para o mestrado, em geral, ba: jue o aluno apresente uma rmacdo nova sobre algum tema, que seja relevante para a area. » caso do doutorado, essa informacao nova tem de ter impor- tncia suficiente para mudar 0 modo como as pessoas em todo 0 mundo encaram aquela drea de pesquisa. Ou seja, espera-se que um doutorado produza uma contribuigao que de fato modifique 0 estado da arte. Capo 8 | Nes de Exige de Trabalho de Conus wta que uma tese deve ser “ori- wuitas vezes avaliar isso. Cabe aos orientadores, com sua experiéncia, direcionar os alunos de forma a escolher um objetivo que seja compativel com 0 nivel do curso que estd obtendo. Chinneck (1998) afirma que a diferenca entre 0 mestrado e 0 doutorado nao est na forma do documento nem na apresentacao, mas apenas na profundidade ¢ na dificuldade do problema sendo tratado. Segundo ele, uma tese de doutorado exige a resolugao de um problema mais dificil e, consequentemente, mais contribuigées significativas No Brasil costuma-se usar os termos “tese de doutorado” “dissertacdio de mestrado”. Mas em inglés, ambos os termos so usa- dos para designar os trabalhos de mestrado € doutorado. Rugaber (1995) diferencia os termos “tese” e “dissertagio”, afirmando que a tese € uma afirmagio que se procura provar e a dissertacdo 6 um texto descritivo sobre a tese. 15s RRR. Referéncias ALVES, M. B. M.; ARRUDA, S. M. Como fazer Referéncias: Biblio- grdficas, eletrénicas e demais formas de documentos. Atualizada em fevereiro 2007. Disponfvel em: . Acesso em: 6 fevereiro 2009. AREAL, A. C. B. Pldgio e Direito Autoral na Internet Brasileira. 1997. Disponivel em: Acesso em: 2003. 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