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(uma perspeciva critica em psiologi) PCa atone M. Graca M. Goncalves (orate mor) Peete Tg Sergio Ozella Sandra Gaglardi Sanchez Se ec Fernando L. Gonzdlez Rey Peay ‘Dado ntrnacionas de CatslopugonaPubeagio CIP) (Camara Bese do Livro, SP Bras) ‘acolo iio pepe ic plo ‘hs Mt Ba Bac Mrs rp NarctnaGongae, ‘ate Pade) 2 Sb Palo Cater 207 uh ge To bn. 2 io Tnaios para cattogo sistema: ‘Ana M, Bahia Bock * M. Graco M. Gongalves Odeir Furtodo (Ome 2, Jai Agi» Sto Ors sind ora Soncier * Edne Mors Petes Kohinle rd Come: ey» Bra bes PSICOLOGIA SOCO-HSTONCA (una perspeiv ce em plo Bedigao GSésie construe de sntdo, pols oqus pode ae tna de wet oa ar apni ing opunnyo pelle datas rer de sua vida. Varios elementos de re om oan tri hd Wrst do ps wt nisl ln pals et auc do tao en sl eaten mete spt: o batho odeaioal oa ‘sor ring d sou nerve qn sp Honore apoldaie deintrvensn do aoa hi (pasos adeyuados pars ee enfenaneniersas ae ae ln hepa tbo linn waa teats ma iter qv en pt ec "unr un pons deals aus seta a na vo difclador © aneayador. Asis, duand salealor da perspective cost tng que o sul sj panna ‘Sua inseredo sociocultural ¢ todas as suas capacidades foul. dades sejam vistas da perspectiva histérica, s be capiwos ‘A ORIENTAGAO PROFISSIONAL COM ADOLESCENTES: um exemplo de prtca na abordagem sociotistica Wanda Maria Junqueira Aguiar ‘Ana Mereés Bahia Bock ‘Sorgo Ozalla concep de sdlscerte Pode parecer estranho 2 itor iniciarmos uma spresentagio do uma expariéncia de prética na abordagem s6cto-histrica com tina diseusséo a respeita da concepcio de adolescent Entrota {or ve partirmos da perspectiva de que toda prtica (em qualquer ‘Slneta) se suslenta em pressupostoste6ricos, que por sa vez es {lo impregnados de visdes de mundo, de homem, de seu objoto de Liuuagdo, em sintese, do uma ideologle que iré determinar funda Inentalmente a atuopso do profissiona, este inicio no poder ser ‘encarado com estranheza [No nosso caso, em que. axperiéncia a ser relatada se refere 8 COriontacio Profisional com jovens, a concepgio que so tenha do ‘ndolescente, de suas delerminagbes, de sua conslituigdn, de se opel ow sua identidade, sem dGvida marcaré esta prética para Tibobes diverse, dependendo de como se olha este sueto, assim ‘Come a questio do trabalho e seus desdobramentos Esta éltima ‘questo serd colocada no relat da experiéncia. Cabe a nés, nesta Introdugio, historiare contextnalizar a visio que a Psicologia term {ido sobre o adolescente, Parece-nos indiscutivel que a concepeo que a Pstoolgla tem acatado sobre o adolescent tam uma marca indelével da aborda- {gem psicanaitia. Desde o infcio do século XX, quando a adoles- ‘ncia comega a ocupar um espago enquanto objeto de estudo da cidncia e, em particular, da Psicologia, a partir de Stanley Hall, teste momento da vida do homem passou a sor identiicado como ‘uma etapa marcada por tormentos v conturbagées vinculadas & femengéncia da sexvalidade, Esta concep fot reafirmada com a Influéncia que a psicandlise veio & ter'na formagia do conbeci- ‘mento psicolgico. Erikson (1976), Debesse (1946), para citar apenas alguns, as- simcomo, Aberastury (1980), Aberastury e Knobel (1981), na Amé- rica do Sul, marcaram esta visio que constitula uma concepgio naturlista @ universal da adolascante produzida e reproduzida la cultura ocidental,assimilada pelo homem comum e pelos sneios de comunicacéo de massa e reafirmada pola Psicologia tra icional ‘Apenas para ilustrar esta perspective, podemos utilizar algu- ‘mas citagbes que marcam a naturalizagdo do adolescent. Dabesse (1946) arma que a adolescéncia nfo ¢ uma simples ransigéo en: tre a Infancia ¢ a dade adulta, mas ela postu mma mentalidade propria com um psiquismo caractristica dessa foe. Aberastury (1980) considera a adolescéncia como “um mo- ‘mento crucial na vida do homem e constitu a etapa decisiva de ‘um processo de desprendimento”(p. 15), e vai além, afirmando (quo “a adolescéaciaéo momento mals diffell da vida do homem.." (p. 29). Por sua vez, Aherastury e Knobel (1981) introduzem a “sindrome normal da adolescéncia”e condiclona toda a realidade biopsicossocial a circunstancias interiores ao afirmar ws “rise tessoncial da adolescéncia" (p. 10}. Além diss, ele enfatiza que “o adolescente passa por desequilbrios ¢ instabilidades extrv- ‘mas (p, 9) € que “o adolescente apresenta uma vulnerabilidade pectal para assimilar os impactas projtivos de pais, iemtos, amigos e de toda a sociedade” (p11). ‘Apresentados como inerentes ao jovem, esses desequilibrios ‘instabilidades pressupdom uma cis preexistente no adolescent, essa perspectiva que marca anaturalizagioea universalizacio ddocomportamente adolescentew que tem imperadona concep desse momento da vida do homem pela Psicolgia x6ro (1992), outro autor adopto da abordagem pstcanalitia, apeser de concordat com o carder universal di adolescéncia, fox uma ressalva ao considerar que a cise de identidade do adolesoen- tetom sentido apenas nos jovens de classes socials as pele das que no tém a proacupagso com alta pala sobrevivencta, mas naverdade acaba identifleando esa crise om quale Jover, mes to aqueles em “condigies de vida extremamente adversas, desde ‘que assogurada a stisfago das necesidades bisicas.” (p21). Além disso, o autor destaca ume das “marcas” da adolescén- ia —@ rebeldia.— afirmando qua ".. sem rebeldia e som contes tng nto hé adolescéncia normal... adolescent submisso é que excepto & normalidade” (p. 47), Dassa mane, reafirma a ques {oda Sindrome Normale da univesalidade naconcep¢ao de ado- lescente ‘A visto preconcsltuosa da adolescncia como uma etapa do crise turbuldncia presente na pslcologia deverla ser revista, no ‘minimo, pr apresentar, poenclalmente, alguns riscos. Segundo Blasco (1997). 0 primetto sco sera otuar de patologico 0 odor lescente ndo-ebelde ou que néo aparente as difculdades cont das na sindrome normal da sdolesctncta, O segundo seo seria ‘que, a0 considerar“saudével o'er anormal’, 6 possivel que pro blemas séros que aparecam na adolescéncia nao sxjam reconho- dos” como tal (p14). Desta forma, algumasalteages de com- portamento que surjam nesta fase podem ser minimizadase alt butdes a “bobagens da dade” (p. 147). Fol essa a concepgéo de adolescente que permeou as tories pscolégieas durante todo oséculo XX. £ surprosndente que mos to com estudos antropoldgios que vem questonand a univer: salldade dos conflitos adolescents, a Psicologia coavenciona in sista em nogligeniar a insergao histrica do Jovem, suas cond hes objetivas de vida, ‘Ao supor uma igualdade de oportunidades entre todos o8 ao lescentes, a Psicologia que se encontra nos manvas de Psicologia do Desenvolvimento dissimula, oculta ¢ legitima as dsigual des presente nas elas soa situa a responsabliade do saa ‘geno pdr joven, an iologiza(Cimaco, 191 Hock, 1997). Além desses autores, no Brasil, Santos (299) e Peres (1998) compoem um grupo de pofissionais que vém questionando essa visio, tanto na Peicologia como em outras dreas das ciéncias hue ‘manas ¢ socials. Santos destaca algumas impllcagbes dessa con- copcio, das quais destacamos tr + uma desconexto e dessinfonia entre compromissos t6ri- ‘os © fatos, o que tendo a uma ideologieagio nas coneli bas dos estudos, + uma reloivizagdo extrema no sentido de que os estudos sobre adolescdncia sfo fundamentadas em um Gnico tipo de ove: homem-branco-burgués-racional-ocidenta,oiun- do, em geral, da Europa Centro-Ocidental ou dos Estados Unidos da América, nunca do Terceiro Mundo. Em sinte- 0,0 adolescente em pauta nos estudos pertence & classe ‘édialalta urbana e nunca a outras clases socials, etnias, fu @ ontos contextos, como o rural, por exemplo. + as concepgées sio marcadas pelo adullocentrismo, ito 6,0 pardmetro é sempre oadulto ‘Assim, 6 preciso fazar a critica a essas concepges que nal rolizam a adoleseénciae passar a contribuir para a construgio de ‘uma perspectivahistrica, Aconcopio silt dace ‘Temos buscado uma safda teérica que supere essas visdes naturalizantes da adolescincia, presente e domtinantes na Psico logia. ‘Tais visbes tém sido responsévels pelo ocultamento das de torminagoes sociai de fendmenos como a adalescéncia Entende- ‘mos que 6 preciso abandonar a visoes naturalizantes, prnclpal- ‘mente pelo fato de que elas geram propostas de trabalho que ac tam a realidade soctal como imutdvel e que ndo véem nas ques: Wes da Psicologia determinagbes que sio socials. ‘A visio s6cio-histériea concebe o homem como um ser hist6- rico, isto 6, um ser constituldo no seu movimento; constituido a0 longo do tempo, pelas relagdes sociais, peas condighes socials @ cculturais engendradas pola humnanidad Essa vsao gore uma en ccepcio do adolescéncia diferente o, a nosso ver, faz avancar a Psi- colog ‘uma ver quo: * vincula 0 desenvolvimento do homem A sociedade, vin- toulando também a Psicologia ao desenvolvimento social ‘Ao falar do desenvolvimento humano e da adolescéncia, testaremosfaland do desenvolvimento da sciedade. Aado- Tesencta detxa de ser analisada como algo abstrato, algo natural ¢ om si, paras vista como uma etapa que se dosen- volve na sociedade, uma fasa da desenvolvimento e uma etapa na histéra da humani 6 ima concepgio que “despatologiza” o desenvolvimento humano na medida em que o toma histérico. Passamos 2 ‘compreender que as formas que assumimos como ident ‘das, pesonaldades e subjtividades sio construfdas his torieamente. A sociedade,constrat «4 as limites eas possbilic ‘ia, na forma como e® constitu, deve ser entendida no se movimento e suas caracleristcas dover ser compreendi ddas no processo istérico de sue consitulgi: doixemos de sor tio moralistas ou proscritivos de uma su- posta normalidade, O “normal” em nossa sociedade nada nis 6 que aquilo que os homens so inloressaram em val ‘izar, mas nfo énem natural, nem elero, Tudo, no psiquls mo humano, pode se diferente. Os modelos de normalida: ee de satide precisam ser coasiderados historicamente ‘As caractrfsticas da adolescéncta tam sua explicacio nas telagdes eocais e na cullura e nfo no préprio desonvel¥! ‘mento do sujet que so consttui como adolescent Claro {que sujeito constuiré esse processoimprimindo-Ihe suas Ccaracteristieas; mas a adolescéncia como conceito ger, ‘como referéncia cultural para opz6prlosujeto que se cons litt, nfo pode ser analisada a partir do sujelto, como se ‘suas caractersticas surgissem naturalmente & medida quo atingise determinada dade concste adcinea Para apresentarmos nossa conceituago de adolescéncia, es ponderemos brovemente te quostces: + aadolescéncia axiste? + hé caractristicas naturals na adolesc@ncia? + o queda adolescéncia? A aoscéni erie? Algummas concepgies que questionam o conceito de adoles- ‘tncia tam negado o proprio concelto, par consideré-l ‘rio, ParaaPsicologla Sclo-Historica, aadolesctncia ‘no 6 uma fase natural do desenvolvimento humano. torieamente pelo homem, nas relagbes sociais, enquanto um fato, ‘e passa a faver parte da cultura enquanto significado, Mb carci rata a adescént? io. A adolescéncia nfo é um perfodo natural do desenvol vimento, £ um momento significado, interpretado e construtdo polos homens. Estio associadas a ela marcas do desenvolvimento {No compo, Estas marcas consituem também aadolescéncia enquan- to fendmeno socal, mas ofato de exstiem enquanto marcas do ‘corpo nio deve fazer da adolescéncia um fato natural. Hé muitas fouttas caractersticas que constituem a adolescincia; mesmo as Iateas corporais sio significedas socialmento e nio devem ser omadas no conceito de adolescéncia em si como caracteristicas ‘do corpo e, portanto, natuais. Exemplo disso sio os seios na me- hina a forga muscular nos meninos. Sabemos que os selos e 0 tlasenvolvimento da massa muscular acontocam ina mesma fase tia adolescéncia, mas a menina que tem seus seios se desenvol- ‘vendo nao os vb, sent e significa como possiblidade de amamen- {ar sous filhos no futuro, © que seria vé-los como naturals. Com orleza, em algum tempo ou cultura isso jé foi assim. Hoje, 05 fos tornam as meninas sedutora esensuals, Esse 60 significado tatribuido em nosso tempo. A forea muscular dos meninos 6 fol ignificada como possibilidade de trabalhar, uorrea ecaga, Hoje 4 boloza, sensualidade e masculinidade. Da mesma forma, o jovern nto 6 algo “por natureza”. Como parceiro soc | com suas caracteisticas, quo so Inter lags: tom, endo, modolo para mu constr> 0 pessoal. Construas as significagses sociais, os jovens tém tenlao a referéncia para a construcio de sua identidade e os ele- ‘mentos para a conversio do social em individual. que ea adestncie? A abordagem sécio-histérica exige que a questio soja reformulada: como se constitu historicamente esse periado do desenvolvimento? Isso porque, para esta abordagem,s6 6 possivel compreender qualquer fato a partir de sua insergéo na totalidade fem que ele fol produzido,totalidade essa que o constitute Ihe dé sentido, Responder 0 que 6.2 adolescéncia implica buscar com- ‘reender sia génese histérica# seu desenvolvimento. ‘A adolesctn indo, portanto, a condicées sociais que faciitam, contribuem ou dlificltam o desenvolvimento de determinadas earatersticas do jovem; estamos falande de condigtes sociais ue constroom uma, ddoterminada adolescéncia, B como teria sido construtda a adolescéncla? ‘Aadlia Climaco (1991) taz em sous estudos vérios ftores so- iis, econdmicos e cultura que nos possbilitam compreender ‘como surgi a adolescéncia, Rlomaremos aqui tai falores na £0: iado moderna, o trabalho, com sua sofisticacio tecnologics,pas- xigi um tempo prolongado de formegio, adquirida na esco- Js, unindo em um mesmo expago os jovens eafastando-os dota balho por algum tempo. Além disso, o desemprogo crénicofestrutu- 1a da sociedade capitalistatrouxe a exigincia de retardaro ingres- 40 dos jovens no mercado eaumentar os roquisito para esse ingres- #9, 0 quo ora respandido polo aumento do tempo na escola. ‘A clénola, por outro lado reslveu muitos problemas do ho- mom ele teve a sua vida prolongada, o que trouxe desafios para a socledade, em termos de mercado de trabalho e formas de sabre: 1 condigdes para que se mantivessem as xian ‘gas mais tempo sob a tutela dos pais, sem ingrossae no mercado de trabalho, Mantéls na escola fa slug. Aextensto do priodo tscola 6 oconsoqientedistancamento dos pase fama ea ‘proximacio de um grupo do gis foram a conseqdénetas des ss exighnclas socal, A sociedade nto asst tag dem ‘ovo grupo social com pads coletivo de comprtameno: vontudeta adolescdncia, ‘A adclasoacia vo rlere, sss, «ets period de Itincin social constuidna parr dastcedado capital geredapor ques tos de ngresio no mercado ce trabalho eextonsio do perodo ‘scolar, ds necesita do prepro tecnica. sss qustee sii istics vio conan um fe do afsiamento do tabalho de peparo para vide alte, O do- Senvlvimentor sparocimenta a renafrmacSes corpo as da tomadas como marea do corpo, qv sinalizm elec ‘Outro elemento importante kos carectristios doses jo- ‘ons, neste momento. est posralam forge eat eapacidades Date ingressar no undo alo, como vinhars fends eno. ‘Agora, por neces dades sci stave impos ono ato ‘Hts pare esse ngesso, Vamos asi &construgio da contr Align bsiea que caracterizara a adolescncie os jovens presen thm toda a pssblidades dese ose na sociedad det 0 cognitivos, afatve, de capacidade do teabalho eda repro lice, Nenana side al ucoaposo ns ftriagto par exes nero. © jovem edatancla do mundo do tlio com tb, se ditancie toner ds possldade de Gilet asionoria» cripbes Ga ecieto, Arsen vineale do dependéncia do dull, speoar do 6 poasr ta as condigins pata slr na socloade de outro modo, & dessa relagio ede a ‘ivinciaenqvani contradicao que se constr grande partes Caractrsties que compoom a olestnce:a rebel, «mora ris istabifidado, «basen da ident scons. Agim {Ub et apo fear rian cosas da vida acl quo nis tom Arian paraiso 6 algun que deixae expernenar vias posstbildedesnareliade soci), podendo mesmo e or como Enipatent, pois também nao testa ses imitose mposbilia thes Eas carsctoritos, tao bem anotades pela Pree, 90 xno da nturlizagso qua fords, so hist, foram poadas no process histrieo a sociedad vo s rns formarou srveforgadas,dependendo das conigons materia da vide de um detrminado grupo sal B prociso superar as visdes naturalizantes ¢ entender a ado- lescéncia como constituida socialmente a partir de necossidades sociais @ econdmicas dos grupos sociais e olhar e compreendar teristieas como caractersticas constituindo no processo. Cada jovem se constiuird am relagdes que d30 por suposto essa passagem e esporam encontrar no jovem oquelas e- racteristicas. Os modelos estario senda transmitidos nas relagios sociais, através dos meios de comunicacio, na literatura e aravés as ligtes dadas pela Psicologia. Nos, peicélogos, somos também consirutoresprivileglados dos modelos de adolescincia, pois nos- 35 toorias vio definindo e divulgando como 6 "ser joven A Oriontagio Profissional, quando vé a adolescécia como faso natural earacterizada por dvidase crises de identidade, ter, com certeza, um tipo de proposta de trabalho; a propria escolha de profissio fica naturalizada, Contud, quanda considera que essa fase é construfda historicamente e que suas diliculdades sho gera- das fundamentalmente pela contradigao candigofautorizagio, ter ‘outro tipo de proposta pare esses jovens. Contribuie para que com> preondam esto processo ¢ se apropriem de suas determinagée, omnando-se mals capazes de inerferr no munclo social, deve ser ‘a mota desse trabalho, Apc em Otago Presonus pasa epromogiode sito Tendo como fundamento a concopgio de individuoladoles- conte apresentada, pademos introduzir nossas reflextes sobre a -pnitica em Orientagto Profissional. Felar sobre a prtica de 0. P., a nosso ver, nfo pode ser ape- nas a apresentacio de um conjunto de estralégas e atividades. Consideramos fundamental na discussie do “come fazer" a refle ‘xo sobre os fundamentos e pressupostos todricos que orienta & pritica, indicando assim a ética quo af esté contd [Neste sentido, um primeiro aspocto a sor destacado 6 nossa ‘concopgio de 0. P. como uma pratiea promatora de sade. Como jédissemos, acredltamos que o individuo se constr6i ‘numa relagko de mediagio com o meio sociale, portanto,saide © fdoonga estario sondo constratdas nesse process. Assim, ser na vivénci da dialdtica Constante da subjetivagio e objtivagi que 6 individuo it se consituindo, constituind também suas formas de pensar, sentir, ag além de construire exprossar nesse proces 50 Suas formas de escolher. As formas de escolher do individuo, Porlanto, expressam sua consciénels, e assim sua saidtdoenca, ‘A concepgio de promogio de sate vinculao profissional e sua atuacio a saido, no sentide amplo de condigies adequadas de vida ede relacées sociais sandéves,¢ volta sou olhar para o inci- viduo em seu contexto sociocultural, exatamente para poder pla nojar uma acio capaz de contrihulr para a promogao da sade, Promoveorsatide significa, portant, trathar para ampli a cons- ‘eincia que o individuo possui sobre a realidade que 0 cerca, Instrumentando-o para agit, no sentido de transformer © resolver as dificuldades que essa realidade Ihe apresenta, Diante disso, vemos ne O. P. a possiblidade de se criar uma Intervengao que, a partir de informagies e de reflaxdes sobre di- vversos aspoctos,d8 ao sujlto a possbilidade de se epropriar de suas determinacées, compreendendo-se como wm sujeito so mes: ‘mo tempo tnico, singularyhistérico e social, ‘8. Bock (2001) conceitua a O. P. na abordagem sécio-histér- ‘1 como *.. um conjunto de intervengbes que visam & apropria- ‘jlo dos chamadas determinantes da escolha, Estes determinantes que levam & compreensio das decisoes a serem tomadas e possi- billtam a elaboracto de projets." (Bock, , 2001: 144). ‘A rellexdo sobre questdes como: que trabalho escolher? que futuro quero para mim? o que seré uma boa escolha? o que et fosto?, possiblita a explicitagio das condigbes concretae presen- les na vida do individuo, favorecendo o reconhiecimento das de- lerminagées com as quais deve lidar. Neste movimento, vemos a possiblidade da re-sigificagéo {que é sempre um proceso cognitivo aftivo) eda producio de ovos sentidos subjotvos, Tal movimento, a nosso ver, indica asuide, pois cra as con ges para qu os individuos apreendam sua histéra e seus con- Milos, caminhando cada vex mais para uma compreensio de si © do outro menos ideologizada, preconceituosa e camulladora, Em s{ntse, ao rabalharmos voltados para are-sigaificagho das rolagbos ¢ experiéncias vividas, estaremos criando condigoos para que os individuos, de posse do una postura de indagagio 9 ‘stranhamento diante do familiar, aliada a uma compreensio de ‘mundo que ultrapasse a aparéncia, desenvolvamn uma conscién- ‘ia de si, do processo de consizucdo de st mesmos odo mundo que possibilite a construcio de projtos de vida baseedos numa con- opgio mais totalizadora. Busca-o, assim, a melhor escolha. “A melhor escolha profissional é aquela que consegue dar conta (eflexio) da maior nimero do delerminagSes para, a pair ‘elas, construe esbogos de projetos de vida profissionale pessoal (Bock, S. 001: 144) Mas como atingir estes objetivos? Qual pritica seria conse- 4quente com taisobjetivos? Apontaremos alguns aspecios que di ‘vem ser trabalhados a fim de se caminhar em diregao a esses obje- tivos. ” Vale ainda assinalar que a proposta que ora fazemos vem se conatituindo a partir de nossa experiéncia de trabalho na érea, tanto om servigos a esoolas como através dafaculdade de Psicologia {da PUC-SP, através de estigios supervisionados na érea de Orion {agéo Profssional e de experiéncias em projetos de extensio, lizados por professores da equipe de Psicologia Sécio-Histérica. A propostaeslé melhor detalhada, em suas técnicas, na dissertacio ‘de mestado de Silvie Bock (2003). as condigées concretas do grupo ou da inslituigio com a qual tabalhamos podemos adiantar que o tempo minimo lili do, até0 momento, para realizamos tal trabalho foi de 8 horas © 0 tempo méxisno fot de 30 horas. Antes de nos determos nos aspectos referontes ao objotivos econtetios, faremos uma breve apresentagso das formas de org: nlzagéo do trabalho. ( trabalho 6 realizado em grupos. De modo geal, trabalh ‘mos, ou com grupos de9 815 jovens, ou com grupos masores qua o 9 trabalho é realizado numa escols, por exemplo), cam uma ‘media de 20 30 alunos (grupo classe). Important fisar quo, do: pendendo do nimero de alunos e dos objetivas especificamente ‘olocados para aquele grupo, torna-se necessirio uma adequacto, tanto das esteagias ulilizadas como do nsmero de sesstes, ‘A primeira grande quostio a ser diseutida 6 o significado da escotha ea soguirosignfiendo da escolha profissional na vide do Individvo, Essa discussho so dé em dois momentos, por acreditar- os que os jovens precisam primer fazer uma reflexdo sobre 0 ‘opr escolher. Como se consttul, como vivem esse process, 0 ‘que o determina. A seguir propomos a discussio do significado mais especiico, da escalha profssional. Nessa fase é importante que o jovem avai o peso efative da ‘escolha profissional na detarminacao de sou futuro e reflita sobre fle. Tento na imprensa em geral como nos préprios materials de Informagio profissional, veificamos com muita frequéncia que 1@ considera que 0 individuo corre o risco de fracassar na vi ‘quando ora em sua escolha profissional. Tal vio, e nosso ver, procisa ser discutida porque procura redimir a responsabilida do sistema social na escolha o sucesso profissional do individuo, ‘encobrindo 08 determinantes socials do racasso. O individuo 6 assim considerado o inico responsével por suas escolhas pelas ‘consequencias dela Neste sentido é fundamental que se stimule a eflexto sobre ‘a mullplicidade de aspectos, ou determinapses, que constituem 0 significado atributdo pelo sueito «sua escolhs. Na perspectva de discutir ais doterminantos, introduzimos alguns outros temas, en- lendidos aqui como determinantes da escolha, tals como a rlagio ‘com familia, mercado, grupo de amigos, meios de comunicagéo, ‘4s malriaso alual emprog (em gorals6 nas oscolaspblicas tc Cada uma dessas determinagées ésignficada diferentemen- tw dependendo do grupo, da classe social, cultural da faixa etéria, No entanto,é fundamental disculi fais determinagdes, Uma es lratégia possvel para refleti, por exemplo, sobre a determinacio fomnliar 62 discussio de algumas afirmagées polémicas, que leve ‘0s jovens a refletir sobre a relagio da familia com suas escolhas. ‘través dessa discussio, pretendemos criar condicées para que 0 Jovernreflita sobre sua relago familiar, re-significandora, desve Tundo aspectos até entdo encobertos ou maleomproendides.. Com rlagio 20 mercado de trabalho, consideramos impot- lun estimular os jovons a refletir sobre até que poto se deve privlogia esse item na escolha profissional. No momento da os- ‘olla, 0 jovem tendo aidealizar a sociedad eo mercado de traba- Iho, compreencdendo esse mercado como algo imutavel, ristaliz ‘do, Nossoesforgo 6 para que ojovem compreenda o mercado como lum fendmeno conjuntural, determinado pela dindinia da socie- ‘acl capitalista, Sem civida, o mercado 6 um aspocto importante 4.x consierado, mas dase qu compreendid nessa prspct Outro aspectorelovante a ser discuido pelos jovens é deter minagio ds proprioscologas, ou do grupo de iguals. O grupo Amigos sem civida se constitui num grupo de presséo, as ve ‘mais autortério que a propria familia impondo valores scnmpur lamentos. Devemos eri espaco para que tal questioseja disc a no grupo, Os meios de comunicagio também deveréo ser discutidos ‘om fator se pressio e de grande inerferéncia nas escolhas dos Jovens: 0 trabatho atual do jovem somente se constitui em determi- ante nas camadas sociais menos favorecidas, quando os jovens 4 trbalham, Nesses casos temos observado que o traballo que estéo realizando no momento torna-se um determinante muito {orte. sso sedi a nosso ver pelo meda do desemprego, pelo med {de “no teem multas oporinidades na vide”. que os leve a ali. ‘marque é melhor garantragume cosa com aqua esto envol ‘Una caracerstica do adolescent, em nossa socndae bas tan regen eobservada por nes (rtcipalmente os Jovens de classe mdi), tentative de afrnar une grande etonomia has suas decises Se scrdia qu esclbw ovine que nada Interfere ns suas ecalhas and ser sua vonade, Dessa maneira a discusséo dos determinaates da eaclhe torna-e erull para Aue 0 jovem so detronte com tals questoos,conhecend © ‘profundando cada ver mio conhecimento de se da realidade ae a cerca, No que diz espeito ac jovem de camadas populares, 0 que tems obsorvado & expresso do umn grand impottnci,& etcepedo das condigde sos com asolutamente mpedvas de qualquer movimente de eeaiha, Asin, 0 que verfcanos € ‘outro tipo de probleme: temoso joven que do se vo com a post Uildade de esother que no eve como suelo, osm como sub ineado, Tanto num caso como em oste,apesar das diferenas, ao lidrmos com areal de ea ium, nso trabalho bse lear © jovema compreendr que a scala sim nvidual-o ma ‘mento da decisio é momento de cada um — mas, ao mesmo tem- 1, éhistorca, se constitu a partir de miiliplas determinagoes. A ‘melhor escolha seria, portanto, aque que o sueito realiza se apro- prlando o mais possivel das suas determinagoes, aquola em que percebe ocaréter social de seu processo individual ‘A segunda grande questio a ser tratada no processo de O. P.6 ‘tema Trabalho ‘As discussbes travadas nesse momento objetivam situar jo- ‘vem no imbito do trabalho, visto coma um processo soca, est ‘mullando a reflexdo sobre as condigées em que ocorre o trabalho fom nossa sociedade ‘Toms-s0 fundamental apontar para o jovem que a escolha profissional ndo 6 a escolha de uma faculdade, ou de wma cartel 4, mas de um trobalho, Para sso, dasenvolvemos algumas tenicas que os levam aima- slnar,refletis, ow mesmo vivenciar situagdes de trabalho, espagos proditivos,relagoes detraballo, de modo a compreender que qual- ‘quer trabalio implica processo, respestaanecessidads ou interes- sos soclais, organtzagio e divisdo desse processo, quo envolve vas pessoas ose insere em uma sociedade que Ihe aribui valor. 0 jovem compreande que muitas de suas divides sobre status, prestigio, remineragio, podem sor respondidas considerando-se fsa insergio social do trabalho. O terceiroe atime bloco de questoes a ser tratado € a infor ‘magi profissional ¢ mais especificamente o auloconhecimento (iflrmo mals especiicamente, pois durante todo o processo 0 fautoconhecimento esté presente), [No que diz rospeito & informagio profissional, procuramos erlarcondigoes para ques jovens possam teracesso maior quan- Uidade de informacoes a respeito das profisses: suas caracerist- fis, aplicagées, cursos, requisitos,loais de trabalho etc. Temos ‘encontrado grande dificuldade em fornecer informacoes sobre ‘curios ndo universtéras, por néo haver muitos dads disponi- ‘vols, As informagées procisam ser realists, refltiras reais condi- ‘9008 dos cursos e da pr6pria profissio. Assim, todas as informa- ‘G008 davem sor analisadas, deforma a contribuir para a constr ‘Glo do uma visio critica, io 6 daescolha do javer, mas também tie voctodade onde vive mcs orient one No quo diz respeito ao autoconhecimento, ¢ importante es ‘larecer que, ao longo de toda 0 processo, ele & tabalhado néo Simplesmente como identificacho de aptidées, interestesv carac- terfsticas da personalldade, Interessa-nos, fandamentalmento, ul- trapassara identiicacto desses aspectos pessoas e buscar a gine se do aparecimento de tas earacteristicas. Noentanto, no final do processo, vomos qu é 0 momento de jovem sintetizar, reorganizare, poderiamos até mesmo dizer, significr, sua histéria, suas experiéncias,informagoes, descobe tas vividas no processo de orientaglo, para que assim possa roorionlar-see tagar novos caminhos. Para alcancar esse objetivo, utillzamos algumas estratégias que levam’o jovem a refletir sobre si mesmo, nunca esquecendo ue através do outzo ele também se conheoe. Além disso, ecoree- sos a oulas estraldgias que possbilitam ao jovem compreender melhor seu momento de escolhe, nfo s6refletindo sobre ele, mas borganizando-oe justificando- Acreditamos que nesse processo os jovens possam ressgaifi- car suas experiénclas, informagoes, expectaivas de faturo, de for- ‘a a constitu novas formas de escolha, que levem em conta sua lidade subjetiva e socal, chegando a escolhas que poderiamos considerar mais adequadas ¢ sauddvels. ‘Vomos assim que a melhor escalha 6 aquela que @jovem rea liza a partic do um conhecimento de si como um ser particular, ‘mus a0 mesma tempo histoicoe social, éaquela em que o jovem 0,8 como um serem movimento, em transformagao, em que sas ‘escolhas também podem se transformar no process. Resta ainda frsar que o fato de vermos 0 individuo como Iilstéreo social no nos impede de con Jha como de respansabilidade do sujelto, Todas as determi so configuradas no plano do individuo, de wma forma que 6 pré- prlae singular, mas que, ao mesmo tempo, 6 histica e soc Como Silvio Bock (2001) afirma, a escolha 6 um ato de cora- gem do jovem, que escolhe, naquele momento, o que quer eo que std dlsposto a perder. & um momento importante da construgdo fo sua subjetividade, ‘Acreditamos quo esta forma de trabalho significa 0 abandono {do uma forma imodiotista pragmstica ecurativa de se fazer orien: ‘ago profissionsl, para se apresentar como um projeto social de trabalho, Fefertncas begs ABERASTURY, A. Adolosoncia, Port Alegre, Artos Médicas, 1980, KNOBEL, M Adoloscéncia normal Porto Alogre, Artes Médi- BBLASCO, J.P. Una resin dela ideo de adolescencio como etopa de ‘isis ytunbulenca. Aportaciones VII Congreso INFAD, Oviedo, 29) ‘30 malo 1907, pp. 142-150. BOCK, A.M. 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Sao Paulo, PUC-SP, 1996. cafrutoso SVBSIDIOS PARA REFLEAO SOBRE SEXUALIDADE WA ADOLESOENCA ‘dna Maria Peters Kaho Cortuaagdo A primeita determinagto do sexo seria em principio a deter ‘minagio genética ou biol6glen. No entanto, ele é consttutdo to individuo néo s6 como uma questio gonética, mas principale tecomo expressio das condigées socais, cullurais historias nas quais esse Individua est inserido. © sexo socal — portans, 0 gbsro — 6 uma das elaine srr gusta tad no mundo drm oon Bd un id oportiadey, esa tees rons, Basin ava 1879.10) Assim, temos o sexo feminine eo masculine, mas o que nos Importa so as relagies de género, pos elas nos permitem relllle sobre essa construgio sScio-histérica a partis ds diferengas bio- logicas. A sexvalidade é um processo simbélico e historico, qu ‘exprossa a consituigdo da identidade do sujito, como elo vive a questio da intimidado (publico versus privado}; da significagho ‘las normas, ca moral e da ética grupal(grapo no qual ao insoe)

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