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030772015 ‘oxtine (3). Him PODER JUDICIARIO ‘ADO DO RIO GRANDE DO NORTE Juizado Especial Civel de Macaiba Ovidio Pereira da Costa, 00, Araga, MACAIBA-RN / Fone: (84) 3271-5076 E Processo n°; 0010449-25,2014.820.0121 Promovente: BRUNO PATRIOTA MEDEIROS Promovido(a): SINDICATO DOS TRABALIIADORES EM EDUCACAO PUBLICA DO RIO GRANDE DO NORTE SENTENCA Vistos ete, Dispensado o relatério, na forma do art. 38 da Lei n® 9.09/95, Trata-se de Agdo de Indenizagao por Danos Morais e Dano Imagem intentado por BRUNO PATRIOTA MEDEIROS em desfavor do SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAGAO PUBLICA DO RIO GRANDE DO NORTE ? REGIONAL DE CEARA-MIRIM, sob alegago de que seu nome ¢ sua imagem foram veiculados no blog mantido pelo réu em 16 de maio de 2014, onde, aliado a expressdes injuriosas e difamatérias, a parte ré expde fotografia do requerente equiparando-Ihe a um criminoso procurado pela justiga, ferindo sua dignidade como pessoa humana, honra e imagem. Acrescentou que niio s6 pessoal, mas também profissionalmente na qualidade de prefeito do Municipio de lelmo Marinho, os fatos ora combatidos lhe trouxeram danos imensurdveis. Deste modo, pugna 0 requerente por indenizag3o por danos morais e & imagem. Realizada audiéneia de conciliag4o, no houve acordo, pleiteando as partes pelo julgamento antecipado da lide (Evento 10). Em contestagdo (Evento 20), o réu argui preliminarmente a incompeténcia do Juizo para apreciagdo do feito, haja vista que 0 autor visa indenizagdo por danos morais diante de supostas alegagdes a si atribuidas ante 0 exercicio do cargo de prefeito. No mérito, alega que o réu ndo proferiu ofensas ao gestor publico, apenas criticas, cobrando-the 0 cumprimento dos encargos institucionais advindos das reivindicagdes dos profissionais do magistério pablico municipal. Ressalta a inexisténcia de hostilidades, injérias, chacotas ou imputagdes criminosas em desfavor do requerente, razdo pela qual inexiste dano a reparar. Em réplica (Evento 25), 0 demandante sustenta a competéncia deste Juizo para 0 deslinde da causa, considerando que as ofensas Ihe atingiram como pessoa humana, sendo o cargo eletivo apenas fator circunstancial do ato ilicito € nao o ensejador da ora pretensio, Aduz. ainda que nas matérias apostas a exordial no houve cobranga concreta de atribuigdes institucionais a serem cumpridas pelo demandante e sim veiculagdo do autor como um procurado da justiga, um criminoso, ndo havendo opinido em forma de critica sim ofensas. E 0 que importa relatar. Decido. Rejeito a preliminar arguida, haja vista que, a narrativa dos autos ndo se relaciona exclusivamente ao cargo de prefeito, mas principalmentea figura pessoal de quem exerce, cabendo no mérito analisar se ofensiva ou nao a conduta do autor ora combatida. Meritoriamente, apesar do requerente insurgir-se em razdo de ter sido nominado como "procurado? satiricamente oferecendo ?recompensa?, sendo esta, Yeducagdo publica de qualidade?, conforme publicagdes adstritas ao Evento 01, nao vislumbro em razo de tal intitulago ou apontamento, qual seja, ?procurado?, qualquer afrontaa personalidade, imagem, honra ou dignidade do requerente. flesIC:/Users1DR.FRANCINAL DOD owrioadslortine%20(3). Him! 18 030772015 cxtine (9) mt © autor, ao tempo da veiculagdo, era o prefeito municipal de [elmo Marinho/RN, fator pelo qual 0 coloca em posicdo de figura publica, alvo pretensamente de intmeras criticas e elogios oriundas da populagio da localidade gerida e até mesmo de pessoas completamente alheias a sua administragdo. Observo que nas publicagdes em tela, sob qualquer hipétese é atribuido ao autor a imputagdo de criminoso, soando a ilustrag2o exposta, como uma critica diante do fato de supostamente o requerente ndo ter sido encontrado em algumas das ocasides em que o réut buscou aprazar reunido com o requerente, na qualidade de gestor do municipio, E bem verdade que deve haver imensurdvel diligéncia no que & postado no meio fisico como também eletrénico, a fim de ndo causar lestio ao direito de outrem, Todavia para o espe: © conteiido ora versado, veiculado no blog do requerido € no encarte/banner tinha 0 escopo de atingit a honta € a imagem do promovente. Vejo que as descrigées das publicagdes, inobstante atribuirem ao autor a denominagdo de ?procurado?, tal termo esté vinculado a insatisfago do réu na condugdo pelo autor de setores da gestdo educacional no municipio, implicando em patente critica e néo em xingamento ou ofensa desabonadora & pessoa do requerente Cumpre circunscrever que 0 ato de administrar comporta responsabilidades que perpassam os interesses individuais © no que tange especificamente a Administra¢do Publica, neste caso municipal,sendo factivelas mais diversas manifestagdes de pensamento, haja vista que ao gestor publico é outorgado o poder emanado do povo, sendo aceitavel e cabivel, posicionamentos, cobrangas e fiscalizagdo por populares ou representantes de classe, desde que sem cunho depreciativo da dignidade, honra, moral ou imagem de qualquer agente politico, seja no contexto pessoal, seja profissional Consagra o art. 5° da Constituigdo Federal no seu inciso IV. 2E livre a manifestagao do pensamento, sendo vedado o anonimato? Ainda, preleciona o art, 20 do Cédigo Civil Salvo se autorizadas, ou se necessirias & administragdo da justiga ou a manutengdo da ordem publica, a divulgagdo de eseritos, a transmissdo da palavra, ou a publicagdo, a exposigdo ou a utilizagdo da imagem de uma pessoa poderdo ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuizo da indenizagao que couber, se The atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais?, Desta forma, verifico que ndo existem provas nos autos de que tenha havido excesso manifestamente prejudicial & personalidade do autor nas publicagdes vertentes apostas ao Evento 01, a fundamentar arbitramento de reparagao moral. Observe: Ementa:APELACAO CiVEL, RECURSO ADESIVO, RESPONSABILIDADE CIVIL, ACAO DE INDENIZAGAO PORDANOMORAL. CRITICAS VEICULADAS EMBLOGE SITE. NAO EVIDENCIADA A INTENCAO DE DIFAMAR. LIBERDADE DE EXPRESSAO E PENSAMENTO. AGAO PENAL ENVOLVENDO OQ MESMO FATO JULGADA IMPROCEDENTE, DEVER DEINDENIZAR QUE NAO SE CONHECE. Trata-se de recursos de apelagdo e adesivo interpostos contra a sentenga de procedéncia proferida nos autos da agdo de indenizagdo pordanomoral decorrente de publicagdes de autoria do demandado em seubloge site, quais teriam ofendido aimageme a honra da parte autora. Ainda que ndo se desconhega a independéncia das esferas civel ¢ criminal, considerando que o processo crime envolvendo o mesmo fato narrado na inicial foi julgado improcedente, inclusive com trénsito em julgado, ndo hé como manter a procedéncia da ago civel que reconheceu a ilicitude da conduta da parte ré e a condenou ao pagamento de indenizagdo pordanomoral. In casu, os textos publicados pela parte ré possuem cardter_meramente critico, condenando 0 atual método jornalistico utilizado pelos grandes veiculos de comunicagdo, sem extrapolar os limites do direito a liberdade de expresso € pensamento, ndo estando evidenciada a intengdo da parte ré de difamar 0 autor. Auséncia de ato ilicito a ensejar o dever de indenizar Apelagdo da parte ré provida. Pedido de indenizagdo pordanomoral julgado improcedente. Recurso adesivo da parte autora prejudicado, pois pretendia apenas a majoragdo do quantumindenizatério. APELACAO DA flesIC:/UsersIDR.FRANCINALDOD owrioadsortine%20(3). Him! 28 030772015 coxtne (3). Hat PARTE RE PROVIDA. APELAGAO DA PARTE AUTORA DESPROVIDA. (Apelagtio Civel N° 70043793082, Sexta Camara Civel, Tribunal de Justiga do RS, Relator: Sylvio José Costa da Silva Tavares, Julgado em 25/09/2014). Ementa:APELACAO CIVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. MATERIA JORNALISTICA. DANOS MORAIS. LIBERDADE DE INFORMAGAO. AUSENCIA DE ABUSO OU EXCESSO, MANUTENGAO DA REPORTAGEM NO SITE. REPARACAO INDEVIDA. Ao se confrontarem os preceitos constitucionais da inviolabilidade dapersonalidadeeda liberdade de manifestagdo e informagdo, em aparente antinomia, langa-se mao do principio da proporcionalidade para se chegar a uma interpretagdo justa ¢ harménica no caso concreto. Caso dos autos em que a matéria jornalistica objeto da controvérsia, publicada emblogmantido pela demandada, apenas retrata o inusitado fato de estar a autora cavalgando na orla montando um cavalo branco, bem como a posterior chegada da Brigada Militar para proibir a circulagao de cavalos na praia, por colocar em risco os banhistas, sem qualquer juizo de valor sobre o fato objeto da reportagem ou informagdo desabonadora aimagemda autora, Fotografia da autora montando o cavalo que foi por esta autorizada. Observado pelo demandado o animus narrandi, sem extrapolar o dever de informagao a liberdade do exercicio de imprensa - garantias do Estado Democratico de Direito -, inviével falar em direito a reparago por dano moral e a retirada da reportage do site. Sentenga reformada. APELO PROVIDO, UNANIME. (Apelagdo Civel N° 70057038218, Nona Camara Civel, Tribunal de Justiga do RS, Relator: Tasso Caubi Soares Delabary, Julgado em 27/11/2013) Em relagdo ao dano moral esté consagrada em nossa Carta Magna, no artigo 5°, incisos Ve X, assegurada pelo Cédigo Civil que assim preconiza: ncontrase Art, 186. Aquele que, por agi ou omissio voluntéria, negligéneia ou imprudéncia, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilicito.? Esclarece 0 mestre Nestor Duarte que ?sio elementos indispensaveis para obter a indenizagdio: 1) 0 dano causado a outrem, que é a diminuigdo patrimonial ou a dor, no caso do dano apenas moral; 2) nexo causal, que € a vinculago entre determinada ago ou omissio e 0 dano experimentado, 3) a culpa, que, genericamente, engloba o dolo (intencionalidade) ¢ a culpa em sentido estrito (negligéncia, imprudéncia ou impericia), correspondendo em qualquer caso A violagdo de um dever preexistente? (Cédigo Civil Comentado ? Doutrina e Jurisprudéncia, 2* Ed, rev. e atual., Barueri/SP, Manoel, 2008, pg. 136/137). Deste modo, por toda fundamentagdo acima esposada, no ha como ser ‘olhido o pleito autoral Diante do exposto, JULGO IMPROCEDENTE 0 pedido do autor, e EXTINGO O FEITO com julgamento, de mérito, com fulero no art. 269, I do Cédigo de Processo Civil Tsengdo de custas Certificado 0 transito em julgado, arquive-se com baixa na distribuigao. PRI MACAIBA, 30 de Junho de 2015. (documento assinado digitalmente na forma da Lei n° 11.419/06) RENATA AGUIAR DE MEDEIROS PIRES. Juiz(a) de Direito flesIC:/Users1DR.FRANCINALDOD owricadslortine%20(3). Him! 38

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