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O OLHO QUE OBSERVA: dez versdes da mesma cena* DONALD W. MEINIG? RESUMO: HA AQUELES QUE OBSERVAM A CENA VARIADA E CONSIDERAM A PAISAGEM COMO NATUREZA; A PAISAGEM COMO HABITAT; A PAISAGEM COMO ARTEFATO; A PAISAGEM COMO SISTEMA; A PAISAGEM COMO PROBLEMA; A PAISAGEM COMO RIQUEZA; A PAISAGEM COMO IDEOLOGIA; A PAISAGEM COMO HISTORIA; A PAISAGEM COMO LUGAR E A PAISAGEM COMO ESTETICA. PALAVRAS-CHAVE: PAISAGEM E LUGAR; PAISAGEM E HISTORIA; PAISAGEM E NATUREZA; PAISAGEM € IDEOLOGIA. "Paisagem’ evoca, de imediato, uma velha prazenteira palavra da lingua vernécula, ¢ também tum termo técnico que se refere a profissdes espe- cificas', Desde quando 0s americanos se consci entizaram € se inteiraram de seus arredores ~ de seu ambiente — 0 termo passou a surgir com mais freqiiéncia em ambos os vocabulérios, 0 que pode tornar stil consideragdes, mesmo que ocasionais, sobre a inevitavel dificuldade que surge logo que tentamos nos comunicar além dos cfrculos profis- sionais mais reduzidos. Um exercicio simples poder desvelar, rapida- mente, 0 problema. Tomemos um pequeno, mas variado grupo de pessoas, com 0 intuito de olhar- ‘mos uma porcao determinada da cidade ou do cam. po. Cada qual, a seu turno, descreverd a "paisa gem" (aquela “parte do espago que é vista de um Gnico ponto", como define © dicionério), deta. Ihando sua composigio ¢ falando algo sobre o “sig nificado” do que pode ser visto. Ficaré logo evi ESPAGO E CULTURA, UER), RI, N. 13, P 35.46, JANJUN. DE 2002 EERE dente que mesmo que nos juntemos ¢ que olhe- ‘mos para a mesma diregao, no mesmo instante, néo veremos ~ no poderemos ver ~ a mesma paisa gem, Poderemos concordar, certamente, que ve mos muitos elementos de igual natureza — casas, cestradas, érvores, colinas — em termos de aspectos tais como nimero, forma, dimensio cor. Mas tais fatos adquirem significado somente a partir de as- sociagdes; cles precisam ser ajustados uns aos ou- tros de acordo com um corpo coerente de ideias, Deste modo nos confrontamos com o problema principal: qualquer paisagem ¢ composta néo ape- nas por aquilo que esté & frente de nossos olhos, mas também por aquilo que se esconde em nossas mente reconhecimento deste fato nos conduz para algumas idéias formidavelmente complexas. Nao € necessario mergulhar em termos técnicos, da 6ptica, da psicologia, da epistemologia ou da cul tura, para conversar inteligentemente sobre este t6pico. Ele € por demais fascinante ¢ importante para deixar-se fragmentar ¢ obscurecer pelo jar g80 dos especialistas. Ele merece uma atengio ampla que s6 a linguagem coloquial permite, As. sim, nos permitiremos analisar algumas maneiras diferentes com que © grupo de pessoas pode des. crever uma mesma cena. Nao estamos preocupa- dos com os elementos, mas com sua esséncia, com as idéias organizadoras que sao utilizadas para dar sentido aquilo que nés vemos. Hi aqueles que observam a cena variada ¢ con sideram A PAISAGEM COMO NaTuReza Segundo este ponto de vista todos os traba- Thos do homem sao despreziveis se comparados com os da natureza, que so os principais, os fun- damentais, 0s dominantes, os duradouros. A ‘abé- bada celeste", a “idade das rochas’, "as colinas eter nas" sio metéforas antigas que nos falam do que a paisagem realmente reflete, cla é a natureza con- troladora. O céu sobre nés, 0 cho sob nés ¢ 0 horizonte unindo os dois provéem a estrutura bi. sica, sustentada pela situagdo da terra, por seus contornos ¢ texturas, 0 clima e a luz, mudando sempre, com as horas ¢ as estagdes, afetando todas as nossas percepgdes, ¢, em todos os tempos, a notével exibigéo de forga da natureza, seus sere- nos ritmos inexordveis, o poder das marés, do mo: vimento das dguas, o imenso poder das tormentas Em meio a todas estas manifestagdes 0 homem € ‘mindsculo, superficial, efémero, subordinado. Qual- ‘quer coisa que cle execute na superficie da Terra, até mesmo seus mais grandiosos arranha-céus, re- presas ¢ pontes, so diminutos, débeis e transitéri- fs, meros arranhdes na superficie da Mae Terra, ‘Todo observador é tentado, em sua meméria visual, de remover 0 homem da cena. De res: taurar a natureza em sua condicao primitiva. De revestir as colinas com sua cobertura florestal priméria, De limpé-la dos assentamentos, De curar as feridas ¢ de restaurar a trama natural — para imaginar como a érea realmente é. Esta vi sao € antiga ¢ esté profundamente enraizada: a que separa o homem da natureza. Idcologica- mente ela esteve em voga no século XVIII, com ‘© Romantismo, na aspirag3o pelo selvagem, na visio da natureza como pura, formosa, boa, a verdadeira beleza, que teve maior impacto so- bre a ciéncia no século XIX, como o termo “ci éncias naturais” atesta Esta pode ser uma visio sedutora. Nao é dificil ver beleza ¢ poder na natureza, Alguns podem sentir o temor © a majestade até em meras repre- sentagdes da natureza, como nas fotografias de Ansel Adams ou nos livros maravilhosos do Sierra Clube. E esta pode ser uma visio que venha de nove se tornar mais comum, 8 medida em que grande nimero de pessoas comece a ver os tra- balhos do homem como espoliagao, mais pessoas passario a ver a natureza primitiva como a per- feigio, como a base segundo a qual se mede a corrupgao. A visio romantica esté, de fato, muito viva, ¢ normalmente, talvez necessariamente, expressa algum tipo de nostalgia: "Havia um tempo, na doce infancia da raga humana, em que o homem vivia préximo da natureza ... o mundo da natureza © 0 mundo do homem eram sindnimos ”. Mas isso descreve muito mais a unidade que a separagio, ¢ € perfeitamente possivel, mesmo hoje, considerar MEG aco & currura, UER), R), 8.13, P 35-46, JANJJUN. DE 2002 ‘A patsace Como Hasta Segundo essa visio cada paisagem € uma por- fo da Terra como Lar do Homem. Que nés ve~ mos através do continuo trabalho humano, crian: do uma relagio viével com a natureza, adaptando. se a seus aspectos mais gerais, alterando-a em por meios produtivos, criando recursos com os mate: riais naturais, em suma, o homem domesticando a Terra, Os padraes basicos da paisagem, os tragados dos campos, pastagens ¢ bosques, de proprieda- des rurais € de aldeias, 0 plano das cidades ¢ dos subtirbios, todos revelam a selegio consciente de solos ¢ de encostas, de elevagies e de exposigio & instalagao, de sitios ¢ de rotas, que sio forneci- dos, em principio, pela natureza, Até mesmo as formas, cores, texturas ¢ outras qualidades das coi- sas, das cercas, dos edificios, das arvores ¢ das flo- res, dos animais € passaros, refletem uma selecio humana da grande prodigalidade terrestre ¢ de seu: retrabalho, retreinamento, rearranjo, até atingir as formas desejaveis. E 0 proprio homem, de muitas maneiras, na sua dieta ¢ em seu vestudrio, nos em: blemas © nos rituais, em seu trabalho ¢ lazer did rio, que revela suas adaptacdes, freqiientemente ténues € inconscientes, & natureza Cada paisagem é, por esse motivo, uma mistura do homem com a natureza. © homem pode co- meter enganos, prejudicando a natureza, ¢ por conseqiiéncia a si mesmo. Mas, em sua longa mar- cha o homem aprende ¢ @ natureza cicatriza Mas, quando a paisagem demonstra algum de. sajuste, trata-se somente de uma fase do traba- Tho humano de domesticé-la em diregao a sim- biose, um processo no qual esté engajado ha um milhao de anos, ESPAGO E CULTURA, UER), R), N13, P3546, JANJJUN. DE 2002 ED Esta é, também, uma antiga e atrativa visio. A da ideologia da harmonia do homem com a natu: reza, da Terra como jardim da humanidade, do homem ‘como intendente, zelador, cultivador. O homem precisa se ajustar & natureza, mas a nature- za € benigna e boa, quando é apropriadamente compreendida pode prover uma morada confor- tavel e durdvel, Esta € uma visio que nao pode ser melhor deserita que nas linhas que se seguem, ¢s- critas ha mais de 65 anos por Ellen Churchil Sem: ple no seu monumental Influences of Geograpbic Envi- ronment O bomem &a crianga da Terra, pé de seu pé, a Terra foi sua mae, 0 alimentou, atribuin-lbe tarefas, direcionou seus pensamentos, confron- tou-0 com dificuldades .. criow-lbe problemas [..]eao mesmo tempo sussurrou-lhe as suges- tdes para a sua solugao [..? E uma ideologia que teve grande impacto so- bre numerosos campos, especialmente sobre os primeiros estigios da ecologia humana e da antro: pogeografia. Seu conceito central foi, de um modo ou de outro, 0 “ambientalismo", Foi forjada nas vi- ‘gorosas monografias classicas do regionalismo fran- és, em seu rico corpo de estudos sobre a Europa rural, ¢ reforgada pela admiragao com a riqueza das paisagens humanizadas do mundo agrério. Até recentemente os “fazendeiros de quarenta sécu: Jos" da China eram citados como modelos de adap- tagdo harmoniosa, ¢ 0 lavrador jeffersoniano como tuma das muitas idealizagdes correlatas do pensa mento ocidental Esta conceituagdo geral nao 6 continua viva, ‘como acumula forgas em formas mais sofisticadas, Ela se oculta, de varias maneiras, em uma parcela considerével da literatura recente que tem como temas a ecologia 0 ambiente, Mas 0 poder do homem para alterar a Terra cresceu, ele retraba Thou a natureza para que se assemelhasse menos a lum ajuste © mais a uma alteragdo fundamental, de modo a que se considere ‘A.AISAGEM COMO ARTEEATO E aquela em que as pessoas véem primeiramen te, € sempre, a marca do homem em tudo, A natu: reza é fundamental somente no sentido literal: a natureza prové um suporte. A Terra é uma plata- forma, mas tudo € resultado da aio humana e des se modo nao podem ser encontrados fragmentos dda natureza primitiva. Os solos, as érvores, 08 rios nio sio "natureza’ distinta do homem, eles sio cri- agdes profundamente humanas: solos alterados pela apricultura, ceifa, queimada, adubagio, fertlizagio, drenagem; florestas derrubadas © queimadas ¢ toda 2 complexa mudanga causada pela associagio de novas espécies, rios assoreados, canalizados, seu regime afetado por uma miriade de mudangas em suas cabeceiras. © verdadeiro formato da super. cic terrestre foi modificado por milhares de ma neiras, por cortes © pedreiras, escavagdes ¢ ater- 10s, terraplanagens, barragens, galerias, terragos, pavimentagdes. Até o clima, ¢ especialmente onde cle mais afeta ao homem, o solo, foi alterado por mudangas na superficie pelo aquecimento, pelo lixo e pelas descargas quimicas langadas no ar. Mas até 0 clima nao é, a longo prazo, muito importan- te para o homem que vive cada vez mais entre paredes, cada vez mais controlando a atmosfera Sob este ponto de vista € preciso ter sentimen: tos tolos, na América de hoje, para se falar do ho- mem adaptando-se & natureza. De fato scus edif- ios, ruas € auto-estradas se sobressaem por esta: rem localizados de forma negligente em relagio a0s contornos naturais. Uma rigida geometria li near foi implantada de modo discordante, mas implacével, sobre as variadas curvas da natureza Compreensivel ¢ poderoso tem sido o papel do homem na mudanga da face da Terra, onde toda paisagem se torna um artefato Idcologicamente, para esta visio, o homem é um criador, nao somente emancipado, mas con- quistador da natureza, Ainda que © conceito pos. sa ter profundas rafzes hist6ricas, apenas recente- mente floresceu de forma plena, Na ciéncia é mar. cada pelo homem como ser ecologicamente do- minante, O livro de George Perkins Marsh, escri- to ha mais de um século, um marco prematuro que chama a atengdo para o impacto humano*. Mas © conceito contemporaneo do homem como tec: nocrata, com a missio de remodelar a Terra para adapté-la aos seus desejos, é um expediente mais radical, concomitante com 0 crescimento do po: der penetrante do engenheiro em alterar as carac- teristicas fisicas da Terra, e do bidlogo em alterar a vida organica Mas a motivagio da ciéneia € mais profunda que este utilitarismo na sua expressio manipulaté- ria, Para o cientista, guiado pelo descjo de com- preender por intermédio de seus erros, engajado numa exploragao sem fim do mundo em que vive, de modo que se pode ver APAISAGEM COMO SISTEMA, O cientista pode ver tudo 0 que esté ao alcan. ce de seus olhos como um imenso ¢ intrincado sistema de sistemas. A terra, as drvores, as estradas, MEER Paco © cuLTura, Ue), RJ, N. 13, P35-46, JANJJUN. DE 2002 0s edificios ¢ © homem nao sio vistos como obje tos individuais, mas como um conjunto de elemen tos variados ou como classes de fenémenos, como indicios superficiais de processos subjacentes. As: sim, a mente vé 0 rio nfo como um rio, mas como um elo do ciclo hidrolégico, um meio de trans. porte que carreia um certo volume de material a certa taxa em um ciclo continuo, como uma forca que altera o formato da Terra em uma medida que pode ser calculada consistentemente. Assim, a mente vé as arvores nao em termos de espécies, dimensao, cor, nem por seus aspectos organicos mais importantes, mas como fatores quimicos po- tencializados pela luz do Sol, pontos especificos no ciclo hidrolégico, transformadores biolégicos da cnergia que € trocada entre a litosfera e a at mosfera, Para esta visio a paisagem € um equilt brio dinamico de processos interativos. O homem é, sem divida, de um modo ou de outro, uma parte inexordvel destes sistemas. Suas. estruturas mais obvias ¢ seus movimentos na paisa- em sio vistos como “fungdes"’, isto é, como pro- cessos guiados por propésitos racionais. Casas, garagens, celeiros, escritéries, lojas, fabricas, to- dos sao “estagdes de servigo" € "ponto de transfor. magio", podem ser vistos como expresses cru- as, imperfeitas, superficiais dos abstratos sistemas social € econémico Tal visio é inteiramente um produto da cién- cia, um meio de se olhar através da matéria para se compreender as coisas que nao estio aparentes a olho nu. E uma visio que esta em desenvolvimen. to vigoroso, originéria da anélise, desintezrando as coisas em partes, ¢ tornando-as sinteses cres centes, colocando as coisas sempre em uma forma que Ihes dé um novo nivel de compreensio das ESPAGO E CULTURA, UER), RI, N. 13, P 35-46, JAN JUN. DE 2007 EE interrelages. E, igualmente, a visio das ciéncias sociais, que procuram emular as ciéncias fisicas, fundamentando sua realidade nao em pessoas ou em artes idiossincr icas, mas em agregados, em comportamentos de grupo Para tais pessoas a paisagem, mais do que para outras, pode ser somente uma.fachada na qual a visio penetra para revelar a anatomia das intrinca das redes, fluxos, interagées, uma imensa matriz de inputs € de outputs. Por extensio ela pode ser entendida, ela se torna “real”, através de diagra- mas, esquemas ¢ formulas. E uma ideologia que tem £€ no homem como ser essencialmente onisciente, segundo a qual o homem, através do poder rigoro- samente disciplinado de sua mente, poderé even tualmente compreender tudo 0 que se situa peran te ele na paisagem, ou seja, em altima instancia & através da ciéncia que alcangamos a verdade Sem divida, estamos longe de conhecer o bas: tante © ha muito que a paisagem é vista como um laboratério, como uma estagao experimental. Atu- almente, devido a ciéncia, que por sua natureza demanda uma especializagao intensiva para mui- tos dos que a praticam, nenhum observador pode considerar o rol completo das questées que The sio colocadas, © nenhuma paisagem poderé servir, de modo adequado, para todos os especialistas Mas os olhos do geomorfélogo fluvial ¢ do psicé- logo social tém uma qualidade seletiva, vendo 0 geral em detrimento do particular, construindo classes similares de abstracdes para propésitos se melhantes, porque ambos necessitam realizar tes tes repetidos, © uma paisagem nao pode significar mais do que uma amostra da érea Este pode ser um caminho pelo qual o cientis ta vé basicamente uma cena, mas existem outros dotados de ferramentas semelhantes que a véem diferenciadamente, vendo sempre APAISAGEM COMO PROBLEMA a A paisagem nao é vista como um problema em seu sentido cientifico da necessidade do conheci- mento para uma melhor compreensio, mas como uma condicao que necesita de correcio. Para tal pessoa a evidéncia esté em muitas vi- sdes: colinas crodidas, rios colmatados, florestas destruidas, arvores mortas, fazendas dilapidadas, Poluigao industrial, expansio urbana, letreiros de néon, lixo € sedimentos, "fog" € esgoto, congesti ‘onamento € desordem, ¢, em meio a tudo isso pessoas empobrecidas fisicamente ou espiritual ‘mente. Para tal pessoa outras visées da paisagem sio totalmente inadequadas, Encarar a cena que esté a sua frente somente como laboratério da as- sim chamada ciéncia objetiva, que ¢ ser indiferen. te as necessidades humanas, cada paisagem evoca indignagao ¢ alarme, € um espetho dos maleticios de nossa sociedade e clama por mudangas drésticas. No entanto, essa visio da paisagem através dos olhos do ativista social pode incorporar alguma coisa de todas as outras visdes: ela evoca a reve- réncia pela natureza, um profundo sentimento re- lativo & Terra como habitat ¢ a convicgio de que temos habilidade cientifica para corrigir os erros. que € necessério € um extenso conhecimento do que esté acontecendo. E dessa forma que ten. de para um humanismo, aliado 3 politica, com a esperanga de gerar um genuino movimento pop lar contra as instituiges que sio vistas como indi ferentes, egofstas ou simplesmente inertes. Talvez a biblia deste movimento seja a obra- prima de horror intitulada "Silent Spring’, de Ra- quel Carson. E um apocalipse, um Livro da Reve- lacdo dos dltimos dias da vida na Terra. Porém, a mats poderosa evidéncia é a propria paisagem, da qual o tratado mais efetivo é um dlbum de fotogra- fias, como as de William Bronson sobre a Califér- nia intitulada "How to Kill a Golden State’ Mas esses que nos exortam a olhar com alarme € agir segundo o radicalismo politico podem re- Presentar somente a ala mais extremista dos que véem a paisagem como problema. Existe uma ou: ta posigio (de fato em grande parte clas se sobre dem), que ndo € muito mais do que um grito de cidadania, que se apresenta como um grupo inter- telacionado de profissdes para as quais a paisagem representa um “problema de design. Os proble- mas vistos por eles podem ser funcionais (conges- tionamento, perigo, usos incompativets), estéti- cos (desordem, falta de proporsées), ou ambos Sua perspectiva comum € olhar a paisagem ¢ ima- giné-la de forma diferente: uma que foi redese nhada. Nao sao todas as paisagens que estio em crise, mas cada uma € um desafio, Cada paisagem induz a um forte desejo de alteré-la de algum modo, conduzindo a uma maior harmonia ¢ eficiéncia Idcologicamente tais pessoas se expressam por um vigoroso humanismo, fundamentado na cién- cia ¢ ligado & estética, que procura aplicar suas competéncias profissionais com 0 intuito de mo: dificar a Terra, Esté, obviamente, estreitamente li- gada & visio da paisagem como artefato. A dife- renga critica esté ligada ao tipo de controle ¢ 20 planejamento compreensivo. O titulo de seu mais conhecido livro expressa isso sucintamente; Man- ‘Made America: chaos or control’ E dé surge um quadro completo de graves problemas para qualquer so- ciedade democrética: quem esta no controle? por MMI Paco © curTura, UER), RI, N13, P3540, JAN JUN. DE 2002 quais meios? em que extensio? com qual propési- to? (€ a isso se liga uma ampla justficativa para as discussdes sobre a "paisagem” em todos os niveis) Enquanto a ferramenta do ativista social € 0 folhe- to de propaganda retratando o pior que pode ser Visto na paisagem real, a do “designer” é de apre- sentar um plano, um esquema, a perspectiva da paisagem imaginada, aperfeigoada pela aplicagao da arte e da tecnologia. Tais especialistas em "design’ nao esto sozi- inhos ao imaginar “paisagens methoradas’, eles sao, de fato, guiados de longe pelos que véem A PAISAGEM COMO RIQUEZA Tais pessoas esto acostumadas a ver cada cena com os olhos de um avaliador profissional, atribu- indo um valor monetério a tudo 0 que véem E uma visio abrangente porque tudo tem ou gera valor na economia de mercado, Esta € uma visio légica ¢ sistemética, que € continuamente ajustada, de forma a manter-se de acordo com a realidade sempre mutavel: as avaliagdes do valor das propriedades sao sistematicamente testadas pelas transagdes atuais, que néo afetam apenas as que sd negociadas mas outras adjacentes ou de tipo similar. Assim como a ciéncia, esta visio pe netrante olha além da fachada para ver interna- mente, © para organizar 0 que se mantém como abstracao. Olha para uma casa ¢ vé uma metragem quadrada com determinado niimero de quartos ou de banheiros; olha um edificio comercial ¢ vé a extensio da frente, capacidade de armazenamen to, érea de descarga. E uma penetrante visio geo- grafica que reflete sobre como as coisas esti or- ganizadas atualmente na paisagem e para a qual a localizacao relativa, a qualidade da vizinhanga ca ESPAGO E CULTURA, UER), RJ, N. 13, 35-46, JAN/JUN. DF 2002 EET acessibilidade sio determinantes fundamentais do valor. Considera a idade, no que ela se relaciona com a depreciacio, a obsolescéncia, a moda, muito mais do que um interesse pela histéria como tal Propriedades piblicas ~ escolas, bibliotecas, ruas, parques, reservatérios, depésitos de lixo ~ sio considerados, pois cada uma afeta o valor de sua area em torno, assim como outras qualidades do sitio ~ rvores, colinas, vales e especialmente as “vistas’ a partir das residéncias. Outrossim, as pessoas tém lugar nesta avaliagio, porque como 0 rico € como 0 pobre vivem, trabalham, compram, se divertem e vio a escola. Sao fatores que afetam muito 0 valor das propriedades Tal visio da paisagem € orientada para o futu- ro, porque os valores de mercado estao sempre sofrendo mudancas ¢ precisam ter suas tendéncias compreendidas, Tal visio é, obviamente, a do es- peculador, mas também é a do empreendedor (de- veloper) € por conseguinte do paisagista (lands- cape designer), que usualmente considera “desen- volvimento” como “melhoramento”, ¢ que pode envolver sentimentos vigorosos de criatividade de altruismo social. O fato de que isso aumenta a fortuna pessoal do produtor fundiério o macula com 0 egofsmo, mas a vaidade pode ter uma influ encia marcante nos desenhos do planejador ¢ do paisagista, € nés devemos ser prudentes ao fazer tais distingdes invejosas Esta visio da paisagem como riqueza esté, sem divida, profundamente enraizada na ideologia americana e reflete seus valores culturais. Ela re presenta a aceitagio geral da idéia de que a terra é primeiramente uma forma de capital, ¢ s6 secun- dariamente o lar ou uma heranga familiar Toda essa terra, todos os recursos poderao ser vendidos em algum momento se 0 prego for justo. Esta espe culagao com a terra é uma maneira honrosa de se ganhar dinheiro. Tal visio € uma marca clara de uma socieda: de que € profundamente comercial, pragmética © quantitativa em seu pensamento, ¢ a prépria paisagem deve refletir em si mesma tais caracte risticas. Dessa mancira aquele que pode se sen tar no topo da colina olha para a cena ¢ vé APAISAGEM COMO IDEOLOGIA _ Assim como o cientista olha através da fa chada composta de elementos dbvios ¢ vé pro- esos em operacao, outros podem ver esses mes. mos clementos como indicios ¢ toda a cena como valores, simbolos de valores, idéias mes- tras, fundamentos filos6ficos da cultura. Onde aquele que vé a paisagem como problema vé desordem, confusio, incongruéncia, congestio, poluicio, abandono cercando 0 que reluz, © que a vé como ideologia pode contemplar distintas ‘manifestagoes das interpretagdes americanas para liberdade, individualismo, competigio, utilida- de, poder, modernidade, expansio, progresso. Isso no quer dizer que ele nao veja os proble- ‘mas, mas que ele esté mais concentrado em olhar profundamente aquilo que a paisagem representa em termos de tradugao da filosofia para caracte- risticas tangiveis Para tais pessoas, um estudo screno, reflexi vo, sobre a paisagem americana pode evocar nao 56 essas idéias, mas a de que homens esto asso. ciados a elas, ou seja, os que pairam como fan- tasmas sobre visdes distantes e que sio seus re- ais criadores. Quem sao eles? Nao haveré dois obscrvadores que visualizem 0 mesmo panteao, mas John Locke, Adam Smith, Charles Darwin, Thomas Jefferson, Frederick Jackson Turner John Dewey poderao estar li com certeza Ver as paisagens em tais termos é vé-las como filésofo social € expressar uma firme convicgio de que idéias filoséficas gerais tém importincia €m meios muito especifices. E uma visio que insiste que se nés queremos mudar a paisagem substancialmente, nés precisamos modificar as idéias que criaram e sustentam 0 que nés ve mos. E se a paisagem reflete vivamente idéias realmente fundamentais, tais mudangas reque: rem alterages profundas no sistema social Logo, por exemplo, o desprezo pelo “embele- zamento" ~ o plantio de flores na beira da estra. da — que € um cosmético que mascara a necessi dade de uma dolorosa mudanga. Ver a paisagem como ideologia é pensar so- bre como cla foi criada. Mas existe uma outra maneira de fazé-lo que € muito mais reflexiva filos6fica, © € também muito mais detalhada ¢ concreta, posto que consiste em ver ‘A PAISAGEM COMO HisTORIA Para tal observador tudo que se estende a fren- te de scus olhos € um complexo registro cumu- lativo do trabalho da natureza e do homem em um dado lugar, Em sua forma mais inclusiva cle remete a mente aos registros escritos ¢ aprofun- da-se na hist6ria natural e na geologia. Mais co- mumente recua até aos homens primitivos ¢, na América, aos primeiros colonos europeus O principal sistema organizador é a crono. logia, que nao é em si histéria, mas um sustenté culo sobre 0 qual se constréi a histéria. Assim, cada objeto deve ser datado em sua origem € MME) fsraco F CULTURA, UER), RI, N13, P 35-46, JANJJUN. DE 2002 nas mudangas significativas, subseqdentes. A datagio exata pode requerer uma pesquisa tedi- sa, mas 0 perito historiador da paisagem, tra balhando em uma érea cultural genericamente familiar, pode assinalar por aproximagao datas, de muitos itens baseado nos materiais, desenho, ornamentacio, propésito, posigao. Pela classi ficagio dos indicios de acordo com a idade, a paisagem pode ser visualizada em termos de ca- madas de histéria, que esto as vezes separadas, em reas distintas, como uma nova area de habi tagdes, mas, com frequéncia, complexamente entrelagadas. A paisagem visivel nao é um completo regis tro da histéria, mas ela poder fornecer com di- ligéncia e por inferéncia muito mais dados que um olhar casual. © historiador se torna um peri- to detetive reconstruindo com todo tipo de fragmentos ¢ pegas os padrdes do pasado. Ele aprende como determinados tragos tendem a ser indeléveis, como os da geometria bisica das es- tradas € dos lotes, € como outros podem ser mutaveis ¢ decepcionantes, como as fachadas © as fungdes. E hé muito mais a ser aprendido que mudangas cronolégicas. A fisionomia da casa, seu tamanho, forma, material, decoragio, limi tes, relagio com outros edificios posigao, i dica-nos algo sobre 0 modo como as pessoas viviam ali, Ademais, cada casa teve seu constru- tor e em cada uma vivem individuos ¢ familias diferentes, ¢ alguma coisa disso também pode ser lido na paisagem. Esta pode ser a visdo da paisagem como pro- cesso, mas com uma énfase diferente daquela do cientista. Enquanto 0 primeiro vé uma as- sociagio de classes de coisas que podem ser ESPAGO E CULTURA, UER), RJ, N. 12, 35-46, JAN/JUN. DE 2007 EXER afetadas por processos que sao generalizéveis que formam padroes gerais de eventos previst veis, 0 historiador vé efeitos cumulativos de processo operando sobre os elementos parti- culares de uma localidade. O grau com que 0 historiador relaciona © particular com o geral depende de seu propésito, mas qualquer visio hist6rica implica claramente a crenga de que 0 passado tem um significado fundamental, um destes aspectos sendo tio pervasive que pode ser facilmente percebido: 0 fato poderoso de que a vida deve ser vivida em meio ao que foi produzido anteriormente. Cada paisagem € uma acumulagio. O pasado € duravel, a marca das formas de antepassados distantes nas linhas de- marcatérias, em parcelamentos de terra, em jurisdigées politicas e em caminhos, pode for ‘mar uma matriz mais rigida mesmo em areas em processo de mudangas rapidas. A paisagem um depésito imensamente rico em dados so: bre as pessoas e a sociedade que a criaram, mas esses dados devem ser colocados no contexto histérico apropriado se 0 desejo € que sejam interpretados corretamente. Portanto, a paisa- gem é também uma grande exibica0 das con seqiléncias, embora os lagos entre as atitudes especificas, decisdes, agdes ¢ resultados espe cificos possam dificultar uma interpretagao se- gura, Em qualquer caso, se a visao histérica in. tenta servir como curiosidade, reflexdo ou ins. trugio, a paisagem fornece infinitas possibili dades Existe um complemento légico para essa vi sio da paisagem como histéria, que a recobre € a ultrapassa sendo, contudo, distinta em pers- pectiva € propésito: a visio da PAisAceM COMO LUGAR Nesta visio toda paisagem € uma localidade, uma pega individual no mosaico infinitamente variével da Terra, Tal observador inicia sendo abrangente € ingénuo: por abarcar tudo acei tar as coisas que vé como sendo de algum inte- resse. E a paisagem como ambiente, que abran. ge tudo 0 que vivenciamos € que, como conse- aiiéncia, faz com que o observador cultive a sen- sibilidade para o detalhe, para a textura, a cor, todas as nuangas das relagdes visuais, ¢ mais, Porque o ambiente ocupa todos os sentidos, tam bém os sons ¢ odores e um inefével sentido de lugar como algo proveitoso. Tal observador pro- cura apreender os aspectos comuns para apreci ar 0 sabor de tudo 0 que encontra. Esta € uma visio cultivada por viajantes cro. nistas sérios, que, com 0 auxilio efetivo da foto gratia e do croqui, exibem a fisionomia € as im- pressdes do lugar. Rigorosamente semelhante, ‘com uma grande énfase nos individuos © em seus ambientes, € a obra do novelista “local” ou “re- gional’, o melhor deles podendo evocar 0 agu do sentido da individualidade dos lugares. Tal visio € igualmente antiga ¢ fundamental para o geégrafo, cujo campo antigamente era definido como o estudo das caracteristicas dos lugares, O carro-chefe do geégrafo é 0 mapa Para ele © mapa evocava de imediato uma loca lizagao, um ambiente, uma combinagio em area, sendo esta dltima melhor representada em um mapa, um simbolo do arranjo espacial dos ele- mentos de uma localidade, As combinagdes tém forma ¢ o gedgrafo veré nas paisagens a varieda de dos padrdes dispostos em érea c das relagdes. grupos, nds, dispersoes, gradacées, misturas Isto, sem daivida, adquire significado somente quando ¢ interpretado com algum conhecimen to da historia e da idcologia, dos processos, das fungdes © comportamento, ¢ insersio em um contexto geogréfico mais amplo, E 0 ge6grafo, como 0 historiador, pode perseguir seus inte resses em duas direges: para a generalizacao ou para a particularidade Aqueles interessados em localidades particu- lares participam da erenga de que uma das gran- des riquezas da Terra é sua imensa variedade de lugares. E uma visio que transcende em muito a procura banal do turista pelo exético; os verda: deiros crentes so abrangentes: literalmente, cada lugar tem algum interesse. De fato, é uma visio que sugere que um sentido bem cultivado de lugar € uma dimensio importante do bem estar humano, Levando-se adiante, pode-se des- cobrir uma ideologia implicita de que a indivi dualidade dos lugares € uma caracteristica fun damental, com sutil e imensa importancia para a vida na Terra, € de que todos os eventos huma ros tém um lugar, todos os problemas estio |i sgados 20 lugar ¢, em tltima instancia, s6 podem ser compreendidos em tais termos, Tal visio in: siste em que nossas vidas individuais sao afeta- das em miriades de modos pelos lugares parti culares em que vivemos, que é simplesmente in. concebivel que qualquer pessoa pode ser a mes- ma em lugar diferente, Esta abertura dos sentidos para “sentir” o lu- gar esta muito préxima da visio da Paisacem Como EstErica Existem muitos niveis ¢ variedades para esta visio, mas todas tém em comum uma subordina. MME sraco & curtura, UER, RI, N13, P 35-46, JAN JUN. DE 2002 do de algum interesse & identidade © & funcao das feigdes especificas com uma preocupagao com suas qualidades artisticas “Qualidade artistica” é sem diivida uma maté- ria para uma controvérsia interminével, E sabi, do que a pintura ou o desenho da paisagem € um género particular, com tracos peculiares, para determinados periodos de determinada cultura. A verdadeira idéia da paisagem como cenério é surpreendentemente tardia na cultura ocidental, exigindo um distanciamento especi- almente consciente do observador. No género da pintura da paisagem podemos encontrar exemplos que expressam muitas das visoes dis- cutidas da paisagem: 0 poder ¢ a majestade da natureza, a harmonia entre 0 homem e a nature- za, a marca da historia sobre a terra, 0 caréter detalhado dos lugares. Cada uma delas repre- senta uma cuidadosa selegao feita pelo artista Mas a “pureza’ da forma da paisagem como esté- tica € uma abstragao, segundo a qual todas as formas especificas sio dissolvidas na linguagem basica da arte: através da cor, da textura, massa, linha, posicao, simetria, equilibrio, tensdo. As verses € variagdes sio infinitas nesta visio mais individualizada da paisagem Esta também € uma visio penetrante, que pro- cura os significados que nao sio expressos em formas comuns. Ela se apdia na crenga de que na paisagem ha algo proximo & esséncia, & bele- zac a verdade. A paisagem se torna um mistério, que retém os signi icados que nds tentamos cap- turar, mas nao alcangamos, ¢ o artista € um gnds- tico sondando estes mistérios com seus prépri- os meios, mas tentando levar-nos com cle € mostrar 0 que encontrou, Nesta visio a paisa- ESPAGO E CULTURA, UER), RI, N. 12, P. 35-46, JAN/JUN, DE 2002 EES gem estende-se plenamente além da ciéncia, retendo significados que nos ligam, na condi- a0 de espiritos, psiques individuais a um mun- do indescritivel € infinito. “ee Dez paisagens nao esgotam as possibilidades desta cena, mas podem sugerir algo sobre as com- plexidades do tpico. A identificagdo destas di- ferentes bases para as variadas interpretagdes que 1n6s vimos é um passo para uma comunicacao mais cfetiva. Para aqueles que estéo convencidos de que a paisagem € um espetho importante que pode nos dizer muito sobre os valores que nés temos ¢, a0 mesmo tempo, afetar a qualidade das vidas que levamos, existe sempre a necessi dade de amplos debates sobre as idéias, impres- sdes € preocupagdes com as paisagens que nds compartilhamos® Notas * Publicado originalmente em “Landscape Architec: ture" Vol. 66, janeiro de 1976, pag,. 47-54. Tradu. zido por Werther Holzer (UFF). Os editores agra decem & American Society of Landscape Archi tets pela autorizagdo concedida para tradugio € publicagio deste artigo. 1 Marvin Mikesell, ‘Landscape’, International En. cyclopedia of the Social Sciences, vol. 8, (New York: Crowell-Collier and Macmillan, 1968), pp. 575-80. 2. Garret Eckbo, The Landscape We See (New York McGraw-Hill, 1969), p. 42. 3, Ellen Churchill Semple, Influences of Geographic Environment (New York: Henry Holt, 1911), p. 1 4. George Perkins Marsh, Man and Nature; or, Phy- sical Geography as Modified by Human Action (New York: Scribner, 1864, reimpresso em John Harvard Library, Cambridge: Harvard University Press, 1965) 5. Christopher Tunnard e Boris Pushkarev, Man-Made America: Chaos or Control? (New Haven e Lon res: Yale University Press, 1963). 6. Para sugestoes mais explicitas ver D. W. Meinig, "Environmental Appreciation: Localities as a Hu mane Are’, The Werstern Humanities Rewiew 25 (1971); 1-14 ABSTRACT: THERE ARE THOSE WHO LOOK OUT UPON THAT VARIEGATED SCENE AND SEE, FIRST AND LAST: LANDSCAPE AS NATURE LANDSCAPE AS HABITAT; LANDSCAPE AS ARTIFACT; LANDSCAPE AS SYSTEM; LANDSCAPE AS PROBLEM; LANDSCAPE AS WEALTH: LANDSCAPE AS IDEOLOGY; LANDSCAPE AS HISTORY: LANDSCAPE AS PLACE AND LANDSCAPE AS AESTHETIC. ‘KEY WORDS: LANDSCAPE AS PLACE, LANDSCAPE AS HISTORY, LANDSCAPE AS NATURE, LANDSCAPE AS IDEOLOGY. MIG seco e curtura, ueR), 8), N13, 7 35-46, JANJJUN. DE 2002

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