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Visao historica e conceitual da Psicologia ANTONIO JOSE PALMA ESTEVES ROSINHA Visao hist6rica e conceitual CETL E 1D * caetruco Introdugdo OBJETIVOS 1. Hentificar abjeto de estudo da Psicologia; 2. Apresentar uma visio critica sobre a evolucao histérica da Psicologia; 8, Descriminaros principais momentos e marcos hstéricos da Psicologia; 4, Posicionar a inteligéncia ¢ a personalidade como discipinas distintas, mas essenciais e complementa- res na inlerprelago do comporiamento; 5. Casilicare explcar as diferentes abordagens ao estudo da inteigenciay 6. Diferenciar a ebordagem nomolética da ideografica no estudo da inteligéncia; “7. Claificar 0 conceito de intalighncta personalidade; 8 Aaaliar © posicionar os conceitos de estabilidade e mudanga da personalidade; 9, Posicionar a Psicologia Social como base para a andse do comportamento sociale das relagies in- toxpessoais, Abordar o tema do comportamento humane e os processos que Ihe estio associados, passa ‘numa primeira fase por compreender a evolucio das concepgdes sobre o homem ¢ por po- nar aspectos centrais do seu funcionamento, o dominio cognitive — inteligencia — ‘0 dominio conativo ~ personalidade. A discusstio sobre o trabalho € evidentemente ampla demais para um sé capitulo, nfo admira que eada corrente da Psicologia Ihe tenba procu- rado dar resposta, mas é preciso elarificar que 0 comportamento do homem s6 pode ser ‘entendido nas stas idiossincrasias e pluralidade com uma visdo integrada ¢ em contexto. Para isso, comega-se pelas concep¢oes filossficas do Homem, com repercussio na Psico- logia. Posteriormente reflete-se sobre os dois grandes pilares estruturantes do individuo, inteligencia e personalidade, abordando diferentes perspectives que traduzem uma visio mais nomotética e idiossineritica do homem. Olhamos por fim, para a disciplina que na ‘tualidade mais se interliga & temtica da Psicologia das Organizagdes € das relagdes inter pessoais: a Psicologia Social. 1) AtencAo Em particular destacarrse lemalicas como 0 confermisina chediéncia as alitides, a dissonanca cogritiva Por fim conitapéonr-se a abordagom construciorista& cognavicta, enquanto vo contompordnca do homem, soGal que aponta nao para uma Psicologia cognitiza individual, mas para uma Psicologia Social psicolégica, Conceito e visao historica da Psicologia Ainterrogacio que prevalece ¢ que sempre apaixonou todos aqueles que estudam Psicologia quem sou eu? mantem-se bastante atual. Temas como o eomportamento ea conduta hnuma- 1a, que sempre cativaram os investigadores, assumicam diversos contornos ao longo dosanos.. (CY concero Mas o que € 2 Psicologia? Qual o seu objeto de estudo? ‘A Psicologia é uma discipina, um campo de pesquisa que se interessa pelo queo ser humano sents, pensa, «qu, gosta faz, como faze porque faz € por inerencia a ciéncia do homem, Diversos autores como Davidoff (2006), Vergara (2007) ¢ Bergamini (2010), entre outros, sio consenstais em aponti-la como a eiéncia do comportamento. Porém ¢ importante considerar que a Psicologia se dedica ao estudo de diversos fenémenos que nio estio di- retamente relacionados com 0 comportamento. Estuda os mundos internos ¢ externos, a consciéncia ¢ 05 eomportamentos do individuo, independentemente do que possam pen- sar e sentir. A Psicologia estuda ainda os processos mentais, ainda que tenha de usar 0 comportamento como referéncia a esses processos. Enquanto ciéncia tem como objetivo encontrar prineipios geraise nao aconte especificos referentes a uma pessoa. Parte assim de leis gerais para compreender 0 com- portamento individual. Entretanto, procurara unidade da Psicologia ¢ uma utopia, porque embora tenha o seu préprio objeto de estuclo — a mente humana — confina com outras jentos ciéncias, as biol6gicas, as sociais, a Antropologia, a Linguistica, © mais recentemente as neurociéncias a eibernétien, o que Ihe confere plasticidade e vitalidade. Mas 0 que justifica condutas tao diferenciadas nas pessoas? A Psicologia ajuda-nos a esclareceras questées das diferencas — campo central na Psico- logia Difereneial, que atende As diferencas intra e inter individuais no individuo enos grupos. € as questdes das relagées interpessoais, tio importantes na gestiio contemporinea. Estudar o comportamento significa obsens-lo no seu curso, oque envolve inximeras vari Aveis. Isto proporeiona aos prdprios estudantes uma série de aprendizagens em varios temas. A Psicologia viabiliza assim um conjunto amplo de aprendizagens acerca do autoc ‘mento, do ajustamento social, da identificagio das diferengas individuais, da aquisigio de hhabilidades sociais, da administragdo de conflitos e da gestio de pessoas, entre outras. E fato que o crescente interesse pela compreensio da conduta faz gerar um conheci ‘mento, muitas vezes compartilhado, que ndo se associa ao escopo da ciéncia psicolégica, 0 que chamamos de senso comum. 0 senso comum discute fendmenos observados, toman- do como foco explieaedes populares e, portanto, néo produzidas por pesquisas cientificas. (E97 REFLEXAO Refletir sobre o passado da Psicologia ¢ refletr sobre 0 proprio conceito de ciéncia psicoligica e fazer uma viagem pata compreender as Welas defenclilas pelos seus hterlocutores. A viagem que nos propomes captor 1] 12.= captrucot fazer lem como fio condulor os qualro momentos propostos por André Amar (in: Gauquelin e Gauquetin et al, 1987): inluéncia floséfica, a Psicologia Cieniiica, a Psicanalise, a Psicologia Fanomolagica 0 2 Psicologia cognitiva Momento | - A Influéncia Filosdfica Embora a Psicologia enquanto ciéncia seja jovem, 0 estudo do eomportamento humano, ainda que de forma néo sistemética, é tio antigo quanto a existéncia da humanidade. A maioria dos estudiosos que descrevern a histéria da Psicologia identifica as suas origens: mais remotas nas reflexes dos antigos fildsofos gregos, nos seus questionamentos sobre a natureza, 0 carétere o comportamento do ser humano. Amitologia grega, enquanto narrativa sagrada sobre a origem do desconhecido alimen- tou muitas das explicagdes sobre os fendmenos, mas tomou-se insuficiente. No inicio do século VIa.C,nasce a Filosofia, como forma earacteristica de pensar e que tomou possivel estabelecer as bases ¢ os principios fundamentais de conceitos como razdo, racionalidade, ética, polities, arte, fisiea, pedagogia e ciéneia, entre outros. Na Antiguidade, filésofos como Séetates (469/ 399 .C.), Platio (387 a.C.) € Aristoteles (335 2.0) foram os pioneiros na investigagao da alma humana, instigados pela rardo, aticu- des, erengas, diferengas de comportamento, capacidade criativa e aloueura. Para Sécrates a caracteristica principal do ser humano era 2 razdo ~ especto que peste a0 hhomem sobtepor-se 20s instintos e deica: de ser um animal traconal A verdade encontra-se no doriro nao no sor, sando um método proprio, chamado de maiutica (bazor a Luz fazor nascer), para de pergunias Fellas As pessoas, fazendo com que "izessem surgic as suas pris ideas" sobre as coisas. Para Patio, discipulo de Sécrates, falar da Psicologia esuchéloges] € far da concepe0 da alma [psyche © come do pensamento de Platzo sintotza-se no Mito da Caverns, quo trata da ascensiio do fibsolo, que sai do mundo serssvel em dirego ao mundo intligel. Pato deu um ‘grande passo ao defiir um lugar para a azo no corpo humana - a cabeca. Precursor do inatismo, defende que as pessoas nascem com saberes adoiecidos que precisam ser orgarizados para se tornarem conhecimentos vewladetos. As primeivas referencias as dilerengas indiduais dalam ftiy0 P sis o ‘cs, Hillsdale, NJ: Lantence Erlbaum Associates, 1977. STERNBERG, R. J. Intelligence and lifelong learning: Whats now and how can wo use it? chologisy 82, 1194-1 199, 197. STERNBERG, R, J. The Concept of Inieligence. In R. Sternberg (Eds), Herdibook of Ineligence(p 348), New Yorks Cambridge University Press, 2000. TINBERGEN, N. fhe sie) 0 stot Oxford: Claredon Press, 1951 human at VERGARA, Pojoioe ¢ rolativios de posquise om samiricwaeio, 8, ed, S40 Paulo: Atlas, 2007, WARBUTON, N. Sleicrfos Baisicos a Trad, Desidério Muicho. Lisboa: Graciva, p.78-79, 2007, WECHSLER, D. Veoh sor ntoligenee Seale for Chilaren, San Antonio, TX: Psychological Corporation, 1949. WECHSLER, D, The measurement nd aevaisal of adult intelligence, Baltimore: Willams, Wikins, 1958, captruot# 97 Psicologia Aplicada ao Espaco Organizacional PAOLO ROSI D’AVILA PATTEM EMV CE Be as) OTH WET Pz TH IT 30 = capiruto 2 Introdugdo OBJETIVOS 1. Definit Organizagdes 2. Conceituar Psicologia Organizacional 3, Hentificar éteas de trabalho do psioslogo nas organizagies, 4, Analisar questies relevantes no dilogo enteo individuo e a o1ganizagao Da infincia até a idade adulta as pessoas interagem socialmente ¢ integram os mais di- ferentes grupos sociais, entre os quais se podem destacar a familia, o efrculo de amizades, ‘05 colegas do ambiente escolar, o grupo de trabalho bem como outros grupos formados nas diferentes organizagoes culturais, econdmicas, filoséficas ¢ religiosas em que ima pesos possa fazer parte. Atualmente, as interagdes sociais se tornaram cada vez mais acessiveis & populagao no s6 pelas facilidades proporcionadas pelos meios de comunicagao e de trans- porte, mas também, ¢ principalmente pelo uso cada vez mais, Embora se julgue oportuno destacar a relevancia social da internalizagdo € aplicagao das normas sociais ¢ legais caracteristicas das relagdes organizacionais parao ambiente de trabalho ¢ para a produtividade, 0 foco do presente capitulo reside em identificar concci- tos ligados 2 Administragzo, hs organizagdes e em como a Psicologia pode contribuir para ‘0 espaco orgunizacional. Ao se trabalhar com o desenvolvimento de recursos humanos, € aceitivel quese estimule a expectativa social e educacional dequea compreensio de papel indido das redes sociais. social desempenhado (seja como gestor, psicélogo, integrante de determinada organiza- ‘so ou mesmo como cidado) aliado i aplicagao de prética de conhecimentos, habilidades e atitudes possa contribuir de forma mais efetiva e eficaz para as interagoes sociais no con- texto organizacional. A Psicologia no Contexto Organizacional Arelevancia da coordenacdo de pessoas em proveito da realizacao dos objetivos organizacio- nafs tem sido fortemente enfatizada (ETZIONE, 1973). Tal assertiva ¢ complementada pelo posicionamento segundo o qual *o problema das organizagées modemas¢ amaneira de reu- ni agrupamentos humanos que sejam to racionais quanto possivel e, 20 mesmo tempo, produzir um minimo de consequéncias secun dirias indesejiveis ¢ um maximo de satisfagao C.J" (ETZIONE, 1973, p.9). Assim, pode-se verificar que a coordenacio de grupos humanos consiste em uma das necessidades fundamentais para as organizagoes 0 atendimento das mesmas requer a habilidade de saber lidar com interesses pessoais ¢ organizacionais, que podem ser concordantes, mas por vezes conflitantes ou até mesmo antagonicos, Algumas eausas de conflito podem ser apresentadas, tais como: a luta pelo poder, 0 de- sejode sucesso econdmico, a busea pelo status ea exploragao humana. Considera-se que os, conilitos sejam resolvidos de acordo com um modelo de solugao de problema “ganhar-ga- ‘nhar* em alternativa ao método “ganhar perde:* o qual acarreta onerosas conscequéncias para as onganizaghes. Quando 2s partes envolvidas no conflito estiverem satisfeftas poder- sexi chegara solugdo do conilito (LIKERT, LIKERT, 1979, p. 3-8). Carvalhal (2011) realizou uma andlise sobre o processo de negociago, uma das formas, adotadas para.a solugtio de contlitos. A escolha da abordagem mais adequada para a soli do dos conflitos deve ser precedida de uma interpretago das provaveis consequéncias dos conilitos em termos de tendéneia, urgéncia e gravidade. Apés destacara habilidade de ne- _gociagdo como relevante para a solucio de conflitos organizacionais, toma:se conveniente registrar que essa solugio nao deve se constituir um fim em si mestno, mas sim reduzir eventuais prejuizos as metas e objetivos organizacionais. Assim sendo, ao voltar d atengio para as organizagées, convém reforgar a definigéo apresentada por Parsons (1960) segun- do a qual “As organizagdes sa0 unidades sociais (owt agrupamentos humanos) intencional- mente construidas ¢ reconstruidas, a fim de atingir objetivos especificos®. (p.17). Btzione (2973) se fundamenta na definigao proposta por Taleott Parsons, enfatiza a importinefa pela busca dos objetivos organizacionais. (Atencio Fxistem trés definigdes de organizacao que merecem desiaque (CARAVANTES E KLOECKNER, 2005). + Na primi digo, senior 6 dlinda como um sitar de aos pars od oa due esto intaconluent covdenala, "Aaa guna delhi rleres6 8 oxganeagi como um gro do petsoas que bilan de lors 20t dened soba orienta de un er que visa &consecciode um objeto

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