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2 EXPERIMENTO 02 MEDIDAS E ERROS 2.1. Introdugio 0 método cientifico é um conjunto de regras bisicas para desenvolver uma experiéncia fim de produzir novo conhecimento, bem como corrigit ¢ integrar conhecimentos pré- existentes. E iniciado com observagdes que podem ser qualitativas (pode-se observar, por exemplo, que a cor da oxidagdo do ferro € siraplesmente marrom avermelbada) ou quantitativas (pode-se observar qual a massa obtida de wm produto numa reagiio) ‘A sintese do método cientifico pode ser resumida como mostra o diagrama abaixo: ‘oBsERVAGAC : HIPOTESE TEORIA ate Nentuma ciéncia pode progredir sem se valer de observagGes,quantitativas; isto signifiea que devemos fazer medidas. Um processo de medida envolve, gerelmente, a leitura de nimeros em algum instrumento, em conseqiiéncia, tem-se quase sempre alguma Jimitaydo no mimero de digitos que expressam um determinado valor experimental Cada medida, no importando 0 grau de cuidado com qual ela é feita, esta sujeita a erro experimental, A magnitude desse erro pode ser expressa, de um modo simples, usando- se algarismos significativos. 2.2 Grandezas ‘As grandezas fisicas fundamentais so aquelas a partir das quais todas as outras grandezas fisicas so definidas. As grandezas derivadas so combinagoes das grandezas fndamentas. O valor de qualquer medida fisica ¢ expresso como 2 combinagao de dois fatores: @ unidade eo nimero dessa unidade. Tempo comprimento sao tidos como grandezas fundamentais. Velocidade: mvs é unidade derivada da razio entre as unidades fundamentais metro e segundo. Para o estabelecimento de um sistema de unidades é necesséria uma terceira grandeza fundamental, que pode ser a massa ou forga. Aqueles sistemas, que apresentam 2 massa como a terceira grandeza fundamental, so conhecidos como sistemas de unidade absoluta, enquanto aqueles que tém a forga como unidade fundamental, sao chamados sistemas de unidade técnicos. Existem também sistenias unitérios usados na engenharia que consideram comprimento, tempo, massa e forga como grandezas fundamentals, Tabela IL1 Grandezas Fundamentais - Unidades Basicas do SI GRANDEZA NOME SiMBOLO Comprimento metro m Massa quilograma kg Tempo segundo s Intensidade de corrente z elétrica ee ef ‘Temperatura kelvin K (Quantidade de substancia mol mmol Intensidade luminosa candela ed Uma grandeza sempre pode ser considerada um produto de um valor numérico com uma unidade: Grandeza = nimero x unidade Q1) aplos: A massa m de um corpo € m=25,3 g, 0 volume de um baldo volumétrico ¢ 50 sal, Em quimica as principais grandezas 40: ‘Tabela II.2 - Grandezas basicas em Quimica ‘Grandera basica Unidade (SD) Comprimento Quantidade de substancia Algarismos significativos ¢ suas incertezas Cada medida que realizamos envolve certo grav de incerteza ou erro. A dimensio desse erro dependera da natureza € da grandeza da medida, do tipo de instrumento de medida eda nossa habilidade para usé-lo. Para cada medida efetuada devemos indicar 0 grau de incerteza associado. Esta snformagdo é vital para realizar experimentos e julgar suas precisbes. Indica-se a preciso de uma medida em termos de seus algarismos significativos. Para se conhecer quantos algarismos foram utilizados em uma determinada medida, sao considerados os seguintes itens: © Zeros entre digitos diferentes de zero sdo significativos; © Zeros além do ponto decimal no final de um mimero sao significativos; «Zeros que precedem o 1° digito diferente de zero néio sao significativos | Valor medido Algarismos significativos | 8,80 3 | 8,08 3 8,008 4 800,80 5 0,008 1 0,00808 3 | 0,00800 3 8x 10° 1 8,12 x 107 3 8,00008 x 10° 6 OBS 1.: Quando quantidades experimentais sto adicionadas ou subtraidas, o nimero de algarismos significativos apés a virgula decimal no resultado € igual ao da quantidade com o menor mimero de algarismos significatives apés a mesma. 23,0 + 13,3 = 36,3 23,0+13=36 15,07 - 3.21 = 11,86 = 11.9 OBS 2.: Quando grandezas experimentais so multiplicadas ou divididas, 0 total de algarismos significativos no resultado é igual a0 da grandeza com 0 menor nimero de algarismos significativos. 2,00 x 3,00 = 6,00 2,00 x 3,0 = 6,0 6,000 / 2,00 = 3,00 30 Os mimeros podem ser exatos ou aproximados. Numeros exatos so aqueles com nenhuma incerteza (s40 as constantes fisicas ou quimicas), j4 os ntimeros aproximados so mais comuns, resultam de medidas diretas ou indiretas apresentam algum grau de incerteza. Dois so 0s termos que descrevem a confianga de uma medida numérica: a exatidio e a preciséo. ‘Nao é preciso mas é exato Nao € preciso-e nao ¢ exato ‘A exatiddo € relativa ao verdadeiro valor da quantidade medida; e a preciso ¢ relativa a reprodutibilidade do mimero medido, isto é tem um desvio médio absoluto pequeno, 2.4 Formas de Medi¢ao Os instrumentos comuns de medida de volume de liquido sio de dois tipos: os que medem volumes varidveis (e para tanto possuem uma escala graduada) ¢ os que medem_ volumes definidos ( para tanto possuem apenas um riseo ou marca). 3r a ima Bureta 50 mL Nao definida | 01 0,05 Pipeta graduada Sm Nao definida | __OL 0,05 Proveta graduada(i) | __10mL__| Néodefinida_|__O.L 0,05, Proveta graduada(2) | __SOmL __| Naodefinida | _0.5 0.25 ai Proveta graduada(3) | 100mL | No definida |__1L0 05 Baldo volumétrico 50. mL Nao definida Definida. Definida Pipeta volumétrica Smb Nao definida | Definida | Definida ___Béquer 100mL | Naodefinida | __- S [Batanga MARTE) | 2 1610g on | 00s Desvio avaliado = Precisio ‘enerot divisdo) Q2) Tabela I1.4- Exemplos de instrumentos 7 Baldes Volumétricos Pipetas Volumétricas Capaci vas a ee | Limite deErro | Capacidade (ml) | Limite de Erro 25 0,05 s 0,006 50 0,10 5 0,01 100 0,15 10 0,02 200 0,20 25 0.03 300 0,25 50 008 500 0,30 100 0.08 1000 0,50 200 010 ev eID ae 2000 0 » ‘A medida de volumes de Iiquidos, em qualquer um dos instrumentos mencionados, implica numa comparagdo da altura do Iiquido com uma divisto da escala graduada ou com a marca. A altura do liquido é definida por um menisco, que geralmente é céncavo. E a leitura do volume deve ser feita colocando-se 0 olho perpendicular ao menisco inferior na coluna de liquido, como mostra a Figura 2.1. G09 (758ml ineorreto HT if. incorret 17S ml.— correto ton 200 Figura 2.1: Téenica de leitura de volume A parte inferior do menisco deve ser usada como referéncia nas medidas de volume (para solugGes transparentes).. O regime de escoamento para qualquer dos instrumentos mencionados para medidas de volume no é total, sobrando sempre liquido na ponta ou em suas laterais. Para obter medigdes mais precisas, 0 que fica do volume nos instrumentos, no deve ser transferido, pois essa quantidade jé é levada em conta pelo fabricante. No caso de pipetas, existem dois tipos disponiveis no mercado: « Pipeta de um trago - é necessério soprar o volume residual; ‘« Pipeta de dois tragos - nao é necessério soprar o volume residual. E de responsabilidade de o técnico conferir o tipo de pipeta que esti sendo utilizado. Quando medimos a massa, medimos a quantidade de matéria que @ amostra contém. Uma vez que a aceleragao da gravidade é constante para um local determinado da superficie terrestre, 0 peso ¢ proporeional massa [P = m x B]. yj ® instrumentos de medida de volume: (a) pipeta volumétrica, (b) pipeta graduada, (c) balio volumétrico, (d) bureta e (e) proveta ou cilindro graduado Figura 2.3: Balanga analitica de braco para laboratorio 2.5 Erros Enro é a diferenca entre o valor encontrado em uma medida e o valor real desta medida. Erro = Medida real — Medida experimental O valor verdadeiro, entretanto nem sempre é conhecido. Existem alguns tipos de erros: 2.5.1. Erro grosseiro: E aquele cometido por um engano grossciro, como, por exemplo, ler 154 e registrar 145. 2.5.2. Erro sistemdtico: E © tipo de erro devido a uma causa sistemética, como erro da calibragdio do equipamento, ou erro do operador. Este erro é repetitivo ¢ dificil de ser detectado. Uma forma de encontri-lo é medir uma amostra de valor conhecido ¢ certificado, denominada: material de referéncia ou padrio. 2.5.3. Erro aleatorio: Sao os erros que interferem na preciso de um experimento ¢ fazem com que 0 resultado flutue em tomo da média (11), conforme mostra a curva de distribuigao de Gauss (que reflete esta variagio) da Figura 2.4. Figura 2.4: Distribuicdo de probabilidade de Gauss (“curva na forma de sino”) ‘A expressao erro € comumente empregada como desvio, mas rigorosamente, considera Se como erro a diferenga entre o valor verdadeiro da medida de uma grandeza e a medida obtida por medigdes. Para expressar os erros ou desvios, usamos de algumas ferramentas estatisticas para determind-los. + Média Aritmétiea ou valor mais provével da medida de uma grandeza (M) — Chamando de my, ma, ms,..., mp, as n medidas de uma grandeza, dignas de mesma confianga. 3) * Desvio Absoluto (DA) ~ Em relago a média, cada uma das medidas possui um desvio, (positivo, negativo ou nulo) chamado desvio absoluto(DA). O DA de cada medida é dado por: DA = medida - M (24) + Desvio Relative (DR) ~ 0 desvio rlativo de cada medida é o seu desvio absoluto dividido pela média: DA Dee 25) * Desvio Percentual (DP) ~ A medida mais precisa é aquela que possui menor desvio percentual DP =|DR x100)% 26 * Desvio Médio Absoluto (DMA) — A média aritmética dos valores dos desvios absolutos € chamado desvio médio absoluto (DMA). Devem-se considerar todos os desvios, inclusive os nulos, e dividir pelo mimero de medig6es realizadas, DM Ag So aEDAR EA EDA (2.72 * Desvio padrao (DP) ~ E uma medida da dispersio dos “n” resultados em relag&o a0 valor médio. n250 (2.8) n<50 2.9) * Expresso Correta (EC) — A mancira correta de expressarmos a medida é dada por: EC =M£kDP (2.10)

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