Nos primeiros sculos depois da oficializao do cristianismo, essa
primitiva pintura crist divide-se em dois grandes ramos um oriental, outro
ocidental. O ramo oriental a bizantina. Expressa-se, sobretudo, na tcnica dos majestosos e cintilantes murais de mosaicos, feitos de pequenos cubos de pedra ou artificiais, embutidos na parede com argamassa; e nos conos, quadros religiosos pintados a tmpera ou encustica, com incrustaes de pedras preciosas, metais valiosos e matrias raras. Na pintura a tmpera, as tintas so dissolvidos num adstringente, cola ou casena de vo, para que possam aderir melhor superfcie. Na encustica, numa soluo de cra quente. Quando a cra quente. Quando a cra esfria e endurece, a pintura adquire certo brilho de verniz. Tambm posta a servio da religio, num regime teocrtico, a pintura bizantina obedece lei de Frontalidade, sob formas diferentes da egpcia. Dsse modo, tambm uma arte dirigida. Na execuo dos mosaicos, afrescos ou conos, os artistas obedeciam a verdadeiros formulrios prescritos pelos padres e aprovados nos conclios, pois a pintura tinha por principal finalidade a propagao das verdades da f e da Histria Sagrada, entre as populaes iletradas da Idade Mdia. A pintura bizantina desenvolve-se praticamente por mil anos por todo o vasto imprio de Bizncio, finalmente destrudo pelos turcos, em 1453. Influencia as artes na sia Menor, Grcia, frica do Norte, Rssia e pases balcnicos. O ramo ocidental da primitiva pintura crist a pintura romnica, assim chamada, como as lnguas italiana, francesa, espanhola e portuguesa, que provm do latim, por derivar das formas artsticas romanas. So as formas eruditas romanas tratadas como verdadeiros dialetos artsticos pelos povos outrora chamados brbaros e postos de incio sob o domnio de Roma. uma pintura sobrecarregada de expresso pela interveno de fortes sentimentos religiosos e, por isso mesmo, bastante deformadora das imagens visuais, rudimentar de tcnica, muitas vezes ingnua e de inspirao popular. Desconhece a perspectiva e o claro-escuro, no representando incialmente a iluso de espao e de volume por meio desses processos conhecidos na antiguidade. Destinada a traduzir especialmente sentimentos, distingue-se pela vivacidade do colorido. Sua tcnica mais generalizada a do mural afresco, no interior das obscuras e pesadas Igrejas romnicas. (Carlos Cavalcanti)