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COMO CONSTRUIR UM TELESCOPIO Hélio Brandéo Setor de Instrumentacto Optica FUNBEC cart) @# saturno Com a aproximacéo do cometa Halley, nota-se _leigo. com um minimo de informagées @ recursos. um grande interesse sobre a questéo de como Forneceremos aqui as instrugdes necessérias & ‘observé-lo em maiores detalhes. isto pode ser feito _construgo do telescdpio e alguns dados que per- com a utilizagao de um telescdpio simples que _mitiréo ao leitor conhecer suas principais caracte- pode ser total ou parcialmente construido por um _risticas épticas. Revista de Ensino de Ciéncias N:11— Dezembro 198453 CARACTERIZACAO OPTICA DE UM TELESCOPIO A fungao do telescépio é de aumentar a dimen- sao aparente de um objeto distante, Para isso, 0 telescépio apresenta ao olho do observador uma imagem que subtende um angulo maior que o do objeto, como indica a figura 1 Os telescépios séo geralmente constituidos por uma objetiva @ uma ocular. A fungao da objetiva é formar, do astro que esta “no infinito”, uma ima- gem préxima ao observador. A fungao da ocular é formar a imagem virtual definitiva observada pelo olho. Essa imagem 6 formada no “infinito” para evitar a fadiga visual do observador. © aumento de um telescépio € calculado pela razo entre os angulos de saida ae de entrade @ da luz (Fig. 1) a ito = ‘Aumento =: —E Entretanto, existe um limite para o aumento real- mente util de um telescépio. O limite superior de aumento istil € determinado pelo chamado “‘critério de Rayleigh”’, que afirma 0 seguinte: apesar de ser possivel conseguir um au- mento maior do objeto como um todo, nao se conseguird ver maiores detalhes se o aumento for maior do que 0,43 x D, onde D representa 0 diame- tro itil da objetiva. Outra caracteristica importante do telescépio 6 a sua abertura relativa, definida como: Distancia focal da objetiva Abertura relativa = Diametro util da objetiva ‘A abertura relativa é importante porque dela depende a luminosidade da imagem. A luminosida de 6 inversamente proporcional ao quadrado da abertura relativa. Quanto menor a abertura relativa, maior a luminosidade. Portanto, um telescépio de abertura 10 6 4 vezes mais luminoso do que um de abertura 20. ‘Luz proveniante do objeto e que val entrar na objetiva Luz que sai do telescdpio e vai ‘antrar no olho do observador Be Fig.? 0 TELESCOPIO DE NEWTON 0 telescépio mais simples de ser construido é 0 “telesc6pio refletor”, que utiliza, como objetiva, um espelho ao invés de lentes. A vantagem desse tipo de instrumento € que ele reduz muito 0 proble- ma conhecido como “cromatismo”, que consiste na separagao de cores quando a luz passa através das lentes. Entre os telesc6pios retletores, o de construgao mais simples, além de mais pratico, é o telescépio 54 Revista de Ensino de Ciéncias N: 11 —Dezembro 1984 newtoniano. Sua principal caracteristica é a posi- ‘go da ocular num eixo perpendicular é diregéo em que a luz penetra no telescépio (Fig. 2). Como indica a figura 2, depois de penetrar por uma extremidade do telescépio, a luz percorre to- do 0 comprimento do tubo e incide sobre o espelho ‘cOncavo que esta na outra extremidade. Reflete-se nesse espelho, incide sobre um espelho plano co- locado a 45° com 0 elxo do telescépio, reflete-se nesse espelho e penetra na objetiva. Espeiho plano CONSTRUGAO DO TELESCOPIO Na figura 3, temos 0 esquema basico de um telescépio newtoniano. Em principio, todos os componentes mecanicos do telescépio podem ser improvisados em uma modesta oficina doméstica. Por exemplo, 0 tubo principal pode ser de PVC, os suportes dos espe- thos podem ser de madeira e os parafusos podem ser encontrados em qualquer casa de ferragens. ‘Os componentes épticos ndo podem ser impro- visados. Sera necessdrio adquiri-los em lojas espe- cializadas. O preco desses componentes & relativa- mente alto, s6 acessivel a um grupo grande de alunos ou amadores de astronomia que se cotizem para a compra Os componentes épticos sao. um espelho esférico céncavo de 100 mm de dia- metro e 1.000 mm de disténcia focal uma ocular de 25 mm de distancia focal uma ocular de 15 mm de distancia focal um pequeno espelho plano de (20 x 20) mm Esses elementos permitem construir um telesco- pio com duas possibilidades de aumento: Espeiho céncavo| Sistema do ajuste do espe!ho ‘eéncave. Fig. 3 Revista de Ensino de Ciéncias N11—Dezembro 1984 55 ‘com a ocular de 25 mm: aumento = 1000 _ 33, = 40x ‘@com a ocular de 15 mm: aumento = 1000 1000 — ¢7; $e 7 ome Teremos ainda uma: abertura relativa = 1000 _ 19 100 Um telescépio com essas caracteristicas ¢ ideal para iniciantes, pois, apesar de nao ser muito gran- de, 0 que facilita muito sua montagem. permite a observacao da maioria dos astros e de fendmenos interessantes Na figura de abertura deste artigo séo mostradas as dimens6es aparentes da Lua e dos quatro plane- tas mais faceis de se observar (Vénus, Marte, Ju ter e Saturno), quando vistos no campo da ocular, de 15 mm (aumento de 67x). O circulo escuro, representa o campo da ocular. ‘Além dos astros mencionados, um telescépio com as caracteristicas descritas permite a observa- SINAL FECHADO Lucinda Campbell A professora Verenice (de Fisica) ia em seu carro por uma das avenidas da capital paulista. Em certo momento, o sinal fechou e ela sentiu que alguém se aproximava da janela, um menininho sujo, des- ses que fazem ponto nos sinaleiros. — Dona, da um dinheiro? A professora Verenice tirou da carteira Cr$ 100,00 e entregou-Ihe, perguntando: — Para que voce quer este dinheiro? — Para comprar material escolar, respondeu ele. E continuou: — Sabe 0 que eu tenho aqui (num saco pléstico encardido)? A professora Verenice (que é mée), fazendo um ar de muita expectativa, respondeu: — Nao néo sei, o que 6? ‘go de estrelas duplas, aglomerados estelares, ne- bulosas e galaxias, contanto que as condicéos at- mostéricas sejam favoraveis. Atim de tornar a observacao mais interessante proveitosa, recomenda-se que seja realizada em locais afastados das cidades, para evitar os incon- venientes da alta luminosidade. A alta concentra- ‘go de vapor d'agua na atmosfera também deve ser evitada. Com esses cuidados minimos, a observa- ‘go dos astros tornar-se-4 numa atividade fasci- nante. Se observarmos, por exemplo, a estrela Alfa do Centauro que, a olho nu, parece ser uma tnica trela, veremos que, na realidade, ela 6 uma estre- la dupla, Se observamos 0 aglomerado estrelar visivel na constelacdo de Touro, no qual, a olho nu, 86 se distinguem sete estrelas — as Piéiades — conseguiremos distinguir um numero muito maior de estrelas. © mesmo acontece se observarmos as Nuvens de Magalhées que sao duas galaxias veis nas constelag5es de Tucano e Dorado. AIBLIOGAAFIA HECHT. E.@ ZAIAG. A Ootics Fiipinas, Adcisor-Wesley. 1977. MOURAO. RAF. Alias Celeste. Alo de Janeiro, Chilzacdo Brasileira, 1973 ANUARIO ASTRONOMICO. Instituto Astronémico © Geotsico da Universicace oo Sto Paulo. —Um TELESCOPIO. — Ah, um telescépio? —é. E retirou do saco de plastico um pedaco de microscépio. A professora Verenice, comovida, perguntou: — Onde vocé achou? Eo menininho, como que contando um segredo, respondeu: —Achei numa galeria (de aguas pluviais), SINAL fechado para o carro, mas, para o menininho, AINDA aberto para 0 UNIVERSO... 56 Revista de Ensino de Ciéncias N: 11 — Dezembro 1964

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