NO PARECIA CO Antnio Torrado escreveu e Cristina Malaquias ilustrou
Acreditem ou no acreditem, a verdade que, uma
vez, h muitos anos, eu tive um co to felpudo, to peludo, to cabeludo que, ao v-lo, a gente mal se convencia que fosse co. Ao certo, ao certo, no parecia nada, no parecia coisa nenhuma. S com muita boa vontade que se acreditava que, dentro daquele rolo de plos, devia haver bicho, provavelmente um co. Mas de que lado teria ela a cabea? Nessas alturas, era necessrio agitar um osso, um bocadinho de carne ou uma bolacha, perto daquela coisa confusa, que parecia um co. O lado que ficasse mais perto do osso, do bocadinho de carne ou da bolacha era, sem sombra para dvidas, a cabea. Esta experincia s dava resultado quando o co tinha apetite. 1 APENA - APDD Cofinanciado pelo POSI e pela Presidncia do Conselho de Ministros
Nas outras ocasies, que fazer? Esperar que o co tivesse
vontade de passar por uma rvore E se o co no tinha apetite nem vontade de fazer chichi? Em tais casos, a coisa complicava-se. Ou se arranjava um gato para o co lhe ladrar ou nada feito. Bichinho gato! Bichinho gato! Anda c fazer um jeitinho gente. Mas os gatos so pouco amigos de prestar favores. J imaginaram um gato a caar por conta de um caador? No faz sentido. Os gatos trabalham, pois trabalham, mas s por conta prpria. Portanto e por este lado, o dos gatos, nada feito, isto , se continussemos na dvida sobre qual o lado da cabea e qual o outro lado do co felpudo, s havia uma soluo. Qual era? Ia-se buscar uma grande tesoura e dizia-se assim ao co felpudo: No h remdio. Temos de tosquiar-te. Ento, o co felpudo, ao ver a tesoura e ao ouvir o que ela prometia, apanhava um susto to grande, to grande, que ficava com os plos todos em p. Conseguia-se assim e finalmente descobrir de que lado ele tinha a cabea.
FIM
2 APENA - APDD Cofinanciado pelo POSI e pela Presidncia do Conselho de Ministros