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son22015 CAPA LITERATURA PROSA POESIA CRITICA ENTREVISTA COLUNISMO Crontpios son22015 cron 80a ouvir Texto 1610712007 @ Numero de leitores: 162 Aliteratura goesa de lingua portuguesa Everton V.Machado @§ ver Pert Por Everton V. Machado Quatro séculos e meio de presenga portuguesa na india (1510-1961) deixaram marcas profundas em. Goa. Elas se refletem no mobilidrio, na arquitetura, na mdsica e no folelore locas, além do espago societal e de certas tradigdes religiosas. Isto é bastante conhecido por quem se interessa pela histéria da expanso maritima colonial lusitana, mas o mesmo no se pode dizer da literatura fruto desse encontro entre duas culturas diferentes, a crista ea hindu, para nao dizer portuguesa ¢ indiana, Esta literatura é, certamente, o fenémeno mais curioso das literaturas feitas em portugués, Primeiro, pelo fato de uma lingua falada por uma minoria constituir um corpus de obras (entre poesia, conto, romance, critica e historiografia) numericamente importante. Segundo, por ndo ter sobrevivido - ao contrério de outras literaturas praticadas em contextos coloniais (na lingua do colonizador) - a0 processo de descolonizacao, podendo-se contar nos dedos os autores goeses relevantes a escrever em portugués apés a anexagio de Goa pela Unido Indiana em 1961. ra, o amadurecimento da chamada literatura ?indo-portuguesa? coincide justamente com seu. canto do cisne, na figura do romancista Orlando da Costa (1929-2006), ademais comodamente instalado na histéria da literatura ?portuguesa? como integrante da tltima fase do movimento neo-realista. Orlando da Costa, que passou a maior parte de sua vida em Lisboa e fo! intimamente ligado & paisagem politica e cultural de Portugal, fecha o cireulo iniciado por Francisco Luts Gomes (1829-1869) - 0 autor do primeiro romance indo-portugués -, ambos tendo sido devedores mais da cultura portuguesa do que da cultura indiana, ainda {que - como todo goés educado em ambiente cristio e europeu - ?s0b o signo duma rotura?, para usar as palavras de Eufemiano de Jesus Miranda que bem definem a condlisfo do escrtor indo-portugués (Literatura indo-portuguesa dos séculos XIX e XX: um estudo de temas prineipais no contexto sécio-histérico, Universidade de Goa, 1995, p. 247). ipuhwwwcronapios.com brleorten papParigo=87058perta=cronopios son22015 Crontpios Tal rotura ? de homens divididos entre o Ocidente ¢ o Oriente ? pode ser melhor apreendida através do que dizem Vimala Devi e Manuel de Seabra em seu A Literatura Indo-portuguesa (Lisboa, Junta de Investigagoes do Ultramar, 1971, v. 1, p. 114): 2Sem divide nada mais insblito do que a coexisténcia na mesma érea de cultura do espirito democritico ocidental com o espirito teogénico indiano apoiado numa nogio de castas de origem récica e politica e justificadas pela religido; da universalidade crista com o circunstancialismo social hindu; da mentalidade pragmitica europeia com a mentalidade conceptualista indiana; da rigidez moral judaico-cristi com o espirito de tolerancia préprio de uma cultura tropical ainda de fortes raizes totémicas; do puritanismo cristo com 0 vitalismo do paganismo hindu. Nada mais insélito do que a coexisténcia de todos estes elementos paradoxais, ‘na mesma cultura e no mesmo individuo. E, no entanto, produziu-se?. 0 primeiro ponto abordado af pelos historiadores da literatura indo-portuguesa, seria, segundo os _mesmos, o responsavel direto pelo ?aparecimento de uma verdadeira expressio indo-portuguesa?, posto que, para além de inspirar os primeiros escritores que em Goa realmente nasceram (deve-se ter sempre em mente {que se trata aqui do meio cristéo), constitui tanto uma temética quanto um problema de consciéncia exclusivamente locais. Em Goa, o principio de igualdade preconizado pelo cristianismo acabou tendo que - por forca das circunstancias e dos interesses mais diversos - se adaptar ao rigido sistema hiérarquico-social indiano, levando trés padres (Francisco do Rego, Ant6nio Jodo de Frias e Leonardo Paes no século XVIII a defenderem nao apenas o conceito de casta mas ainda o grupo a que eles proprios pertenciam & luz da teologia catélica. £ com este estratagema que diz muito sobre os jogos de interesses numa sociedade em fase de constituigio que nasce a literatura indo-portuguesa. Ela vai no entanto se firmar apenas a partir da segunda metade do século XIX, quando se verifica em Goa uma certa efervescéncia cultural, consequéncia da introdugdo naquelas paragens do liberalismo e do romantismo. Publicam-se iniimeros periédicos literdrios, politicos e de ilustragao. Lé-se - parte os classicos latinos e portugueses - autores como Lamartine, Hugo, Bossuet, Proudhon, Renan, Macaulay, Carlyle e Marx. Sob o impulso de dois intelectuais portugueses aportados em Goa - 0 historiégrafo Cunha Rivara e 0 poeta ‘Tomas Ribeiro -, este periodo ficara conhecido como 7o ressurgimento cultural de Goa?, mas que nio é comparavel ao famoso ?renascimento bengali? (que lancau as bases do romance moderno na india), jé que em Goa tal movimento ficou circunscrito& lingua do colonizador: o desenvolvimento do concanim ?a lingua nativa - como instrumento de cultura literdria dar-se-4 tardiamente, nas maos de intelectuais refugiados em Bombaim (hoje Mumbai) ou na de resistentes como Balakrishna Bhagavanta Borkar e Shanai Valaulikar, para finalmente tomar 0 dessus de la scéne apés a libertagao de Goa, com um nome importante como o de Manohar Sardessai Nesta répida noticia da literatura indo-portuguesa para o Cronépios, gostaria de destacar dots autores. O primeiro, jd citado no inicio, se insere no perfodo acima evocado: Francisco Luts Gomes, que como ipuhwwwcronapios.com brleorten papParigo=87058perta=cronopios son22015 Crondpios disse foi o autor do primeiro romance indo-portugués, sobre o qual trata a minha tese de doutorado na Sorbonne. O segundo, de cuja obra me ocupei no mestrado, é um poeta, este do século XX: Adeodato Barreto (1905-1937). Francisco Luis Gomes é tido como 0 protétipo dos intelectuais goeses do século XIX. Romantica tardio, cat6lico liberal, deputado por Goa em quatro legislaturas no Parlamento portugues (uma rua em Portugal leva o seu nome), Gomes transitou pela historiografia e pela economia, colaborou em prestigiadas publicagdes portuguesas, travou amizade com Stuart Mill e Lamartine, recebeu o titulo de doutor honoris causa da Universidade de Louvain (Bélgica) e publicou em 1866 um tinico e originalissimo romance chamado Os brahamanes. Nele, Gomes desenvolve a tese da existéncia de dois bramanismos, um “moreno” (ou “pardo*) e 0 outro "branco". Os brimanes do titulo nao so apenas os membros da casta mais alta da pirimide social hindu, ‘mas também os europeus, por tratarem as racas escuras da Africa e da Asia como parias da Europa. Se 0 racismo, como o sugere a dicotomia instaurada pelo autor, é uma questdo importante levantada pela trama do livro, nao o é menos a degradacao dos valores morais e culturais de um pavo por uma poténcia colonial cestrangeira, Salvo engano meu, Os brahamanes pode ser considerado nao s6 como a primeira obra de ficcao a atacar o sistema de castas hindu mais ainda como o primeiro romance anti-colonialista da historia da literatura modema. Mas no tocante a est timo ponto, 0 discurso do “assimilado" Gomes comporta alguns problemas, se nao ambiguidade, posto que condicionado pela educagao recebida pelo escritor. A sua visio eurocéntrica (traduzida na necessidade de civilizar e no proselitismo catélico) acaba por diluir a mensagem positiva que transmite sobre a cultura indiana e o seu interesse sincero em curar@ feria aberta pela colonizagio do sub-continente indiano, Ora, ao mesmo tempo em que reclama liberdade para a india, na esteira da famosa Revolta dos Sipaios (primeira tentativa séria de emancipagdo indiana ocorrida em 1857), so. A histéria de Os brahamanes nao se desenrola na India Gomes exalta o modelo portugués de coloniza portuguesa da qual seu autor era natural mas no norte do pafs, entiio sob o jugo britinico: trata-se de uma critica a um colonialismo desumano incarnado pelo regime inglés através da defesa de valores humanistas supostamente incarnados pela dimensio cristocéntrica da expansio colonial portuguesa. Além disto, e nio obstante a sua naturalidade, o que Gomes escreve sobre a india nao escapa ao discurso canénico da Europa de seu tempo, pois repete em seu romance esteredtipos detectaveis tanto nas obras de autores oitocentistas franceses e ingleses quanto na tradigdo dos relatos de viagem europeus iniciada no século XVI. Apesar de dissertar com admiragao e respeito acerca das tradigdes culturais da India (sobretudo literdias) a sua visio no era enformada pela perspectiva hindu, ¢a exemplo de muitos condenou a pritica do sat (molagao da vitiva na fogueira do marido) e a manutengio de bailadeiras (prostitutas sagradas) nos pagodes. Como escreve Selma de Vieira Velho: 20 século XVIII marca a mudanca de interesse pelo indianismo, O exotismo perdera a novidade e os mitos e crencas sao apresentados como anacronismos a erradicar, [...] ipuhwww cronapios.com brleorten ppParlgo=87058perta=crenopios son22015 Cronipios Francisco Lu's Gomes foi um dos escritores do século XIX que usou intencionalmente do Indianismo decadente para a propaganda do liberalismo politico-social?.(? A s{ndroma do sati na literatura portuguesa?, in Actas do Quinto Congresso da Associagao Internacional dos Lusitanistas, Oxford, Universidade de Oxford, v. 5, 1998, p. 1569) E somente na tiltima década de oitocentos, com a indianizagao da literatura goesa de lingua portuguesa (que coloca em evidéncia o sentimento de ?rotura? do go8s), eno inicio do século seguinte, coma abertura dada aos hindus na sociedade local em seguida & instauragio da Repiblica em Portugal, que 20 ‘08s catélico comecou a ver na sua origem, no hinduismo abandonado séculos antes, a fonte essencial da sua consciéncia e da sua personalidade? (Devi e Seabra, vol. 1, p. 146). Se em Francisco Luis Gomes 0 que se vé é ‘uma tentativa de adaptar o seu 2lado indiano? -a cultura indiana que também Ihe era prépria - aos valores ocidentais de sua formagao, na nova fase o que no hinduismo era tido como negativo comegou a ser revisto e revalorizado, Desta missio se incumbiu sobretudo os poetas. Amudanga de ares permitiu aos escritores formados no ambiente cristéo abracarem sem complexos a ontologia arcaica derivada da mitologia hindu e assim reabilitarem no contexto portugues o que acreditavam constituira parte indiana de sua identidade Os autores mais representativos deste periodo foram Paulino Dias (1874-1919), autor de ?No pais de Stiia? (1915), e Nascimento Mendonga (1884-1926), que recriou em 7A ‘morta? (1917) a famosa histéria de Rama e Sita da epopéia sanscrita Ramayana, Porém, a despeito da conviegdo destes e outros autores do fildo nativista de estarem realizando algo visceralmente indiano, & quase impossivel para o leitor fazer abstragao na leitura de suas obras do malfadado signo do exotismo, Mas enquanto os poetas, em sua maioria, prolongario o pendor romanticista por algumas décadas ainda do século XX, na prosa, 0s ventos que sopravam do naturalismo portugués contribuiram para o surgimento de um autor como Francisco Joao da Costa (1864-1901), que sob o pseudénimo de Gip publicou Jacob e Dulce ? Cenas da vida indiana (1896), saudado no Brasil pelo Visconde de Taunay. Romance imperfeito ‘mas saborosa e divertida critica de costumes, Jacob e Dulce traz a coloquialidade para a prosa goesa e tem como alvo a média burguesia local, afoita em falar um portugues perfeito (simbolo de status) mas que no consegue mais que castigara tiltima lor do Lacio, Tal livro parece ter inspirado - assim como a obra de Eca de Queiroz ~o contista José da Silva Coelho (1889-1944), que nao deixou por menos ao desvelar 0 verdadeiro cariter de certos tipos locais, fazendo sobressair a hipocrisia reinante no meio catélico-burgués da Goa de sua 6poca, Seus contos, publicados esporadicamente na imprensa local, até hoje néo foram reunidos em livro, 0 ‘que é uma pena, por causa de sua qualidade indiscutivel, aliando humor e compaixao num estilo digno de nota Aevolugao na poesia é representada por Adeodato Barreto (apesar de autor de ‘uma s6 recotha de poemas e da qualidade irregular dos mesmos), primeiro goés a utilizar 0 verso livre e a conseguir realizar ? através dos temas que abordava - uma sintese interessante dos mundbs oriental e ocidental. Instalado em Portugal a partir de 1923, Barreto criou na Universidade ipuhwww cronapios.com brleorten ppParlgo=87058perta=crenopios son22015 Cronipios de Coimbra um instituto indiano para difundir a cultura de sua terra (particularmente a hindu), merecendo assim a simpatia de Romain Rolland e do nobelizado Tagore. Em 1936, publica Givilizagao Hindu, série de estudos onde narra para o piblico portugués a histéria da India e reflete sobre a filosofia, a literatura, a arte, as religides e ciéncias indianas. Inspirado por Gandhi e ‘Tagore, propde neste livro um projeto humanista de aproximago entre o Ocidente e o Oriente em que o ideal cristao de amor pelo préximo se mescla com o pensamento hindu. Em 1940 é publicado postumamente 0 Livro da Vida, com 33 poemas, 13 deles adaptados de composicdes de Sarvajna, Kabir, Pugliere Soma, Bhima-Kavi e Tagore ou extraidas do Kavarijamarga edo Pantchatantra . ’ém razao Devi e Seabra quando afirmam que Barreto é melhor tradutor que poeta; falta-lhe, com efeito, nos préprios poemas, o dominio que demonstra ter da arte poética ao verter autores de Iinguas indianas para o portugués, mas a aparente simplicidade de seus versos trai uma reflexao profunda sobre o devir dos seres e das coisas na linha da metafisica hindu, nao obstante a utilizagao de imagens, simbolos e prineipios da cultura crista (0 titulo de duas segdes do livro remetem a episédios da Biblia). Poemas como ?Apoteose? (que evoca a figura lendéiia de Parsurama ligada ao mito da fundagio de Goa) e ?Shivaji? (guerreiro marata que lutou contra os mugulmanos) tratam explicitamente do tema da autonomizagio da india, mas tanto sua estrutura quanto a inter-conexio dos motivos se servem, a meu ver, da nogao do eterno retorno, presente na mitologia da india desde 0 Atharva-veda, um dos quatro textos sagrados que deram origem ao hinduismo. Num momento bem posterior ao de Adeodato Barreto, aparecerao duas muito boas poetas: Judit Beatriz de Souza, com Gesto supenso (1962), ¢ a propria historiadora da literatura indo-portuguesa, Vimala Devi (1936), com Stiria (1962), Hologramas (1969) e Telepoemas (1970). Vivendo em Barcelona ha mais de quarenta anos e também autora de obras em cataldo, Devi publicou ainda um tocante livro de contos chamado Mongao (1963) - reeditado recentemente e saudado pela critica em varios paises da Europa -, que traz uma visdo a posteriori da presenga portuguesa em Goa, certamente o melhor retrato (ao lado dos romances de Orlando da Costa) do que resultou em Goa da interpenetragao das culturas portuguesa e indiana. Vale a pena ler o que diz Rosa Maria Pifiol no jornal La vanguardia de 30 de dezembro de 2002: 2EI trasfondo comin a todos los relatos ? que pueden leerse como una novela, ya que incluso algunos comparten personajes? son los problemas derivados del choque de culturas y religiones, asi como los abusos producidos en el marco de una sociedad sustentada en una ‘economia rural atin con resabios feudales. La autora retrata los estamentos sociales de Goa y el desfase histérico que significaba la existencia de ?manducares? (una especie de siervos de la gleba casi medievales que debfan entregar el producto de su trabajo) y ?batcares? (propietarios rurales con derecho a servicios y bienes gratuitos de sus campesinos). EI dificil cruce entre castas y clases ipuhwwwcronapios.com brleorten papParigo=87058perta=cronopios son22015 Crontpios sociales se refleja también en la obra. [. Esta mezcla de culturas y religiones esté tratada con gran sensibilidad por la autora, que convierte en ficcién casos reales que ella conocié: relaciones amorosas imposibles, al ser los amantes de castas diferentes; las convenciones sociales que obligaban a la mujer a casarse porque la solterfa estaba mal vista, lo que provocaba matrimonios de conveniencia y endeudamientos de los padres para pagar las preceptivas dotes; los conflictos sociales en las haciendas rurales... Aunque el tono general del libro es intimista, se percibe también en él una denuncia.? Seu Mongo e 0 excelente Os javalis de Codval (1973) de Epitacio Pais (1928), que trata da febre do minério em Goa e dos seres mintisculos da sociedade goesa que lutam por sua sobrevivéncia, sao sem davida os melhores e mais bem acabados livros de relatos breves da literatura indo-portuguesa. Pais é 0 tinico autor contemporaneo de lingua portuguesa a aparecer numa recente publicagao em portugués de contos goeses (Onde o moruoni canta, Goa, Fundagio Oriente/Third Millenium, 2003) com um texto inédito (os outros autores escrevem originalmente ‘em concanim, marata ou inglés), o que reflete bem o estado em que se encontra a literatura indo- portuguesa J4 com relacdo ao romance (género minoritdrio), a palma fica com Agostinho Fernandes (1932) ¢ Orlando da Costa (1929-2006), ambos tendo deixado Goa para ir viver em Portugal. De Agostinho Fernandes apareceu em 1962 0 sensivel Bodki (nome dado as vitivas que se recusam a se jogar na pira funerdria do marido), que conta a historia de um jovem médico da capital tentando lutar contra as superstigdes da populago de uma cidadezinha do interior. Nao faz muito, Agostinho Fernandes me confiou que uma segunda edicao do livro est por sair, além de sua tradugéo em inglés. Com Orlando da Costa, tive a alegria de dividir uma mesa-redonda em Portugal ‘hd quatro anos, na qual estava também presente o filho de Adeodato Barreto, Kalidés, ex-dirigente sindical e deputado do grupo de Mario Soares. Orlando, amigo de Nazim Hikmet e Jorge Amado, & hoje infelizmente recordado apenas como pai do ministro portugués Anténio Costa. Autor de vasta obra (que inclui poesia), ele centrou em Goa a agdo de dois romances e uma pega de teatro: 70 Signo da Ira? (1961), premiado pela Academia de Giéncias de Lisboa e censurado pelo regime de Salazar, notavel e pungente romance neo-realista sobre a vida dos curumbins (casta crista de trabalhadores rurais) e o entorno militar portugués; 2Sem flores nem coroas? (1971), dramaturgia, que trata da perda do Estado Portugués da india; e 20 iiltimo olhar de Man Miranda? (2000), que 44 testemunho dos tiltimos anos do periodo colonial portugués em Goa e foi objeto no Brasil da tese de doutorado de Regina Célia Fortuna do Vale na Universidade de Sao Paulo (o Brasil, alias, comeca a descobrir esta literatura, destacando-se o trabalho do professor Hélder Garmes da ipuhwwwcronapios.com brleorten papParigo=87058perta=cronopios 79 son22015 Cronipios mesma USP, que, para além de publicar artigos sobre o tema, orientou dois trabalhos de iniciagao cientifica sobre obras indo-portuguesas, um sobre Jacob e Dulce e 0 outro sobre Os brahamanes). Haveria ainda muito o que dizer de tal literatura ? por exemplo, sobre os raros hindus a terem escrito em portugués (os poetas R. V. Pandit e Laxmanrao Sardessai), sobre as divertidas pecas radiofonicas de Ananta Rau Sar Dessai, ou ainda sobre a figura de um Moniz, Barreto, que contribuiu para o avango da critica literdria em Portugal -, mas isto ficaré para uma outra vez. Everton V. Machado (1975) é natural de Divin6polis (MG). Apés dois anos de estudos de Direito, uma carreira no jornalismo (televisdo e imprensa escrita) e uma breve temporada na escola de cinema fundada por Gabriel Garefa Marquez em Cuba, instalou-se na Franga em 1999 para retomar os estudos, mas desta vez. em literatura. Atualmente, além de ensinar portugués e cultura brasileira, prepara sua tese de doutorado em Literatura Comparada na Sorbonne (Universidade de Paris IV). Tem trés livros de poesia publicados e é correspondente do Cronépios em Paris. E-mail: evermachado@gmail.com Everton V. Machado ipuhwww cronapios.com brleorten papParigo=87058perta=crenopios sona2015 Crondpios aes ARTIGO Da castidade e outras pedras 6 < adelingua © poeta e jemalista Everton V. Machado envia- nos poemas inéditos. Vale conferir. esa cronépi pars on V. Machat paris, Everton 8" ae confer iterate de CF __ thipshwwnwcronaios.com bricontent p?arigo=B7058perta=cronopios

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