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KRIKATI Povo Luta pela Integridade de sua Terra Maria Elisa Ladoieaoduliana Neleto DEPOIS DE UM LONGO & CONFLITUOSO PROCESSO DE REGULARIZAGAO, A TI KRIKATI FOI FINALMENTE HOMOLOGADA. NO ENTANTO, OCUPANTES NAO-INDIOS AINDA PERMANECEM NA TERRA ATTerra Indigena (TT) Krikat foi homologada em 27 de outubro de 2004 com 144.775 ha, apdis uma futa que durou 30 anos € ‘umt longo processo envolvendo virias grupos téenicos (GIS) de ‘dentiticacéo (1976,1978,1979,1980 ¢ reestudo em 1988), um process judicial movido pelos fazendeiros locals, varias tentat- vas de demarcagio — que culminaram na autodemarcacio, rea- lizada em 1997 com o apoio de alguns funciondrios da Funai ddoentro de Trabalho indigenista (CTD e de outa povos Timbira —e uma tentativa, em 1999, de redugio da area por parte do Ministério da Justica. Mas, apesar de demarcada, a TI continua ‘cupada por nao-inios, Desde sua demarcagio fisica em 1997, véris GIs foram consti- tuidos pela Funai para realizar o levantamento fundiério dos ‘ocupantes no interior da drea indigena, concluido em aprox ‘madamente 60% da terra, com tum saldo total de 870 ocupa- ces, essas ocupagées, 817 foram indenizadas com wm cus- to de R§12.880.000,00— para unna éreaestimada em 99 mil ha A maioria dos indenizados ja se retrou da terra Nos restantes 40% do territrio, entre o rio Arras e a zona rural de Montes Altos, rea ital para os Krikali estima-se que existam em torno «de 300 ocupacies. A Funai colocon em seu cronograma de 2006 aretomada dos lerantamentos eo pagamento das indenizacbes, que demandario mais de R$1.100,000,00. NOVAS ALDEIAS pds a demarcagao, os Krikati em tentando reocuparo tert Fi intgralmente por meio do estabelecimento de novasaldeias Em 1985, ainda estavam viendo em trés alas, mas, frente & ane | ands recaursrurento | stn sa pressZo da Funai e dos politicos de Montes Altos sob a juslificatva da garantia a uma assisténcia A satide e 3 educacio mais eficar 0s Krikati se umntaram fodos na Aldeia Sao José, pré- ima a Montes Altos, o que faciliton a ocupacio do teritério pelos fazendeirs lois, Atualmente, os Kika, além da Aldeia ‘io José (a mais numerosa, com cerca de 700 moradores), es- to estabelecidos na Aldea Raiz (ceca de 20 familias), formada ‘erm 1999 logo apés a retirada dos invasores no. municipio de Lajeado, limite sudeste da area. 0 préximo passo seré fundar tum aldeia na regio do ro Araias (depois da extrusio), e outra no Pindaré, sudoestee norte da, respectivamente, Novas al deias jf estio sendo discutidas entre as liderancas a partir da desocupacio integral do tertitiio. ainda uma outraaldeia, Recanto dos Cocais, bem préxima a Aldeia Sao José, com cerca de sete familias do povo Guajajara. Essa estratéga Guajajara, grupo Tupi, de ocupacéo de eriti (0 Timbira (grupo linglistico a que pertencem os Krikat) se repete também entre os Gavido-Pykobjé, na TI Governador, Nes sa terra indigena, préxima & TI Krikati,exstem trésaldeias Ga vito ets aldetas Guajajara. Os Guajajara enfrentam graves pro- ‘blemas fundidriose vém pressionando os teritrios Timbira. & importante ressaltar também que com a demarcacio daTl Kr kati, grande parte dos moradores nao-indios que foram inden ado e se retiraram da terra, foi se reinstalar no entomo da TL Governador, jd diminuta (41.644 ha), aumentando a pressio sobre el edificultando o pleito Gavido-Pykobjé em ter seu ter rit6rio ampliado, RECUPERAGAO DE RECURSOS NATURAIS Enquanto aguardam a total desintrusio de sas teras, os Krika- ti preocupam-se com a recuperagio de seus recursos natura, intensamente uilzados pelos invasores em todo 0 tempo de cocupagio de seus terrtérios, © com a vigikincia e controle de suas terras, pois a exploracio da madeira a caca e a pesca clan- FovsmolenaswoepASt 202006. NETTUTD SOSKAMEENTAL © TORTUOSO ITINERARIO ATE A HOMOLOGAGAO © pore tndigene Writ 0 long de dezeras de os, luou pte de- _marcag de suas terres no Marat, ented fda sort de dl ‘ula, licialmente,questes adnate a Puna ype a demarcagéa, pots nao havia canserso com rela acs tines tera. Em seus, sentenas jas foram deernnads pare que a dermarcagio se reatzasse de acordo comm as interests des ivasares des potas locas, sua rerngagio demo rit 2 ocorer Ducante ese pea, um poraado de nome Quisque ft Instldo entre feras Keke recebia incense Governo Esta pare que all permanecesse e 88 expands. Vrs laud antropligcas rar solicitadasereatizades, ras foram canestads,prtncpalmente bar incre exsepovoado 00 perieto i T em como fined de riagto de go, Hot tind presses de todas as odes; cure ds autoridades munca das cidades de Montes ase Sto Nowa que chegaram a impeki a cirulago dos Kaka ren urbe da ‘qelesmentipes. Buna tent vias wees reeks a denna ‘tea, recaton 3 Po Federal, e at ao fxére. as sesipré era imped de niciros taba. 05 KRIKATI VIRABE0.JOCO 4p sere atscados por pistols cantratados pelos inrasores, 03 ‘ria tomaran ut meee etc deerabaram ds tres de sustntasio de linhas de tess dé ener de Eleronrte que _passun por suas ters econdetanaram areas reallago dt demareagio destinas ainda so freqientes e assuntos quase que diftins nas reuies no patio da aldeia. Os rios Batalha e Paca, que servem delimite Tl, também sio avo de preocupacio, assim expressa nas palavras de Ladogério Krikati: “amas agora que cupent vai ‘air de dentro da nossa tera, o que adianta nds cuidarmos des- se lado do ri se ees estragam do outro lado?”. AK disso, 0s indiosreclamam da atvidade agropectdnia exercida pelos fazen- deiros nas cabeceras de outros rio, como &0 caso doo Pindaré, ‘onde essasatvidades provocaram a diminuigdo da mata citar € interferiram nas condigies ambientais adequadas para a pre servacio da sua nascent Trata-se do recurso pesqueno mais proxino da Akeia io Jos. 0s Krikati tam procursdlo novasestratégas para fazer frente a ‘esses desafios. Das antigos moxilos de criagioextensiva de gado ov olenas nO BAS 20/06-MSTITUTOS2COAMBIENTAL ‘ot eno realado um acordo ene Kenai, Eltronort Connie de Keka pars a rela da auto-dearcagto, andar a fora ‘tradicional do ral, de md adi a rea em ons, contin do pare isso com a participacio da prin comidade de outs ‘Bows indigenas que apaiaram ox Aika. despite resistin de ‘avasores,aidemarcaio, queers tie como npossel, fe ent eta ‘nun prazo recorde de trés meses, sends limites previstos no aad antopolige. Gover do Estado do Maran ni aude o proceso de demarca- _§0, combo se propa nas tado fz pare que a demancago i se ‘enel,nclasive env pitas pare ameaar que esta rea- ‘ean 0 taba. Representaes do governo esta cheparam a _propora censro de casas par false roca de sua renioea 1s dens de ends €0 porado Quiosgue Apia demarcasio, as presGes continuaram, mas. homvlogacto fo ‘fnalent assinad pelo Presiden Replies er outubro de 2004 ‘Desde ent, a Fura idenizos cerca de 80% ds fovasores,retiran- dos dT, incluindo a toalidade des maradores do powoedo Quies- (qe, cys eansrges foram odes derubadas pera que os t- os vases soja indents eretirado adem 2006 pa Fi. (Porfnie Carvalho, indigent) impostos pela Funai, buscam hoje recuperacio das condigbes ambientais necesséias para a manutengio de seu_miodo pr prio de sida. Nessa lina, por exemplo, 0 Conselho Indigena emp Calc Krikatiestéexectando, com 0 apoio do Programa de Pequenos Projetos (PPP), um projeto de repovoanento do cerrado por meio da criacio de emas. A Associagio dos fndios| Krikati da Akeia Raiz, Pohyh pry iniciaré, no ano de 2006, ma projeto de criacin de abelhas nativase beneficiamento de frutos| docerrado, com oapoio do Ministério do Meio Ambiente (MMA). ‘Também estio partcipando, em parceria com 0 CTI apoio do MMA, de um projeto de recuperacdo de dreas degradadas e for- rmagio de agentes ambientas indjgenas, que incluiacbes de re- cuperagio das nascentes mais importantes da TI, etnozonea- ‘mento, nutirdes de plantio de frutiferas nativas, dentre outras atividades. (marco, 2006) seule rocumasiavaneo | 71

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