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A Mensagem Lusíadas Mensagem Pessoa Clecio
A Mensagem Lusíadas Mensagem Pessoa Clecio
Cf. SILVA, Anazildo Vasconcelos da. A potica do alegorismo: Martim-Cerer. In: ----. et alii
Desconstruo/construo no texto lrico. Rio de Janeiro, 1975, p. 53.
precisamente nos versos de abertura de O infante, poema com que se inicia a segunda
parte, Mar portugus. Aqui tambm o que se sucede primordial vontade divina
justamente o sonho do homem que, de imediato, precede a ao:
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, j no separasse.
Sagrou-te e foste desvendando a espuma.
N' Os lusadas, a Carncia da conquista por parte do homem oriental a ser
dominado aparece na fala do Ganges que, na narrativa do Gama ao rei de Melinde
funciona como justificativa da ideologia expansionista. Diz o rio no seu discurso de
verdadeiro ofertrio:
Ns outros, cuja fama tanto voa,
Cuja cerviz bem nunca foi domada,
Te avisamos que tempo que j mandes
A receber de ns tributos grandes.
Ao final de sua fala, contudo, o Ganges antecipa a Provao por que tero de
passar os navegantes conquistadores antes da vitria final. Trata-se, pois, de uma
predio do que explicitamente advertir o Velho do Restelo e ainda de uma antecipao
dos perigos que se representaro no Adamastor:
Custar-te-emos, contudo dura guerra;
Mas insistindo tu, por derradeiro,
Com no vistas vitrias, sem receio
A quantas gentes vs pors o freio.
Em Horizonte, segundo poema do Mar portugus da Mensagem, Fernando
Pessoa faz eco a estas palavras do rio-velho Ganges quando, logo na evocao
apostrfica contida na primeira estncia, faz referncia aos mticos medos ancestrais que
a perigosa ao dos navegadores transformou em realidade:
mar anterior a ns, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerrao,
As tormentas passadas e o mistrio,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidreo
'Splendia sobre as naus da iniciao.
E no falta ao poema de Pessoa a reconfigurao do sonho de D. Manuel nem
mesmo a retomada da referncia que o Ganges faz aos tributos grandes A receber,
quando, na sua estrofe final afirma que
O sonho ver as formas invisveis
Da distncia imprecisa, e, com sensveis
Movimentos da esp'rana e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A rvore, a praia, a flor, a ave, a fonte -Os beijos merecidos da Verdade.
3. As alegorias da Provao:
3
Lus., IX, 2O
Lus., IX, 61
Lus., IX, 45