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“Leis Naturais” de Quem? As COISAS caem para baixo, e ndo para cima, O leitor sabe o que the aconteceria se pulasse da janela. Os fisicos nos fize- ram um favor de explicar isso. Newton formulou a lei da gravi- dade, uma de uma série de leis naturais que, segundo nos infor- mam. descreve 0 universo fisico. O conhecimento dessas leis. naturais nos permite planejar nossas agGes e atingir um objetivo desejado, Agir na ignorancia delas, ou sem leva-las em conta, pode ter mas conseqiiéncias. Do mesmo modo os economistas da época da Revolugdo In- dustrial desenvolveram uma série de leis que. diziam, eram tao validas para 0 mundo social e econdmico como as leis dos cien~ tistas para o mundo fisico. Formularam uma série de doutrinas que eram as “leis naturais” da Economia. Estavam convencidos. de suas verificagdes. Nao discutiam se as leis cram boas ou mas. Nao havia por que discutir, Suas leis eram Tixas, eternas. Se os homens fossem inteligentes e agissem de acordo com os princi= plos que expunham. muito bem: mas se no, e agissem sem res- peito as suas leis naturais, sofreriam as conseqiiéncias. Ora, pode ser ou ndo verdade que esses economistas, em sua busca da verdade, fossem sublimemente indiferentes aos resul+ tados praticos de suas pesquisas. Mas eram homens de carne osso, que viviam num certo lugar e numa certa época. Isso sig- nifica que os problemas por eles tratados eram os mesmos que surgiam naquele lugar ¢ naquela época. FE suas doutrinas atingi- ram poderosos grupos na sociedade, que conseqiientemente as “LEIS NATURAIS” DE QUE! aceilavam ou rejeitavam, de acordo com seus interesses, e viam a “verdade” aquela luz. Tal como a ascensao da classe dos negociantes, aps a Re- volugdo Comercial, trouxera consigo a teoria do mercantilismo, assim como as doutrinas dos fisiocratas, acentuando a importan- cia da terra como lonte de riqueza, se desenvolveram na Franca agricola, assim a ascensdo dos industriais durante a Revolugado Industrial na Inglaterra trouxe consigo teorias econdmicas bas- eadas nas condigdes da época. Chamamos as teorias da Revolu- cdo Industrial de “Economia classica”. O leitor ja esta familiarizado com algumas das doutrinas de Adam Smith, considerado © fundador da escola classica, Outros economistas destacados dessa corrente sdo Ricardo, Malthus. James Mill, McCulloch, Senior ¢ John Stuart Mill, Nem todos. concordam com Smith ou entre si, Mas esto de acordo sobre certos principio. gerais fundamentais. EF sinceramente de acordo com tais principios estavam os: homens de negocios da epoca. Por uma excelente razao: a teoria classica se adequava admiravelmente as suas necessidades par- ticulares. Dela podiam acolha, com grande facilidade. as leis naturais que justificassem completamente seus atos Os homem de negocios estavam atentos as grandes oportu- nidades. Estavam desejosos de lucros, Vieram entdo os econo= mistas classicos, dizendo que era isso exatamente que devia acontecer. E havia mais. Havia um conforto ainda maior para o homem de negocios empreendedor, Diziam-lhe que. ao pro- curar seu lucro, estava ajudando tambem ao Estado. Adam Smith disse isso. Fis aqui, por exemplo. um remédio perfeito para 0 ambicioso negociante que pudesse passar as noites em claro. as voltas com Sua consciéncia perturbada: “Toda pessoa esta continuamente empenhada em encontrar 0 emprego mais vantajoso para o capital de que dispde. FE sua vantagem pes- Soal. ha renlidade endo a da sociedade, 0 que tem em vista Mas 0 estudo de sua vantagem pessoal, naturalmente, ou me- Ihor, necessariamente 0 leva a prelerir © emprego mais vante joso para a sociedade~ ** Perceberam? O bem-estar da sociedade esta ligado ao do individuo, Dé a todos a maior liberdade. diga-lhes para ganharem o mais que 38 Adam Smith, op. cit., Vol 1, p. 419 212 HISTORIA DA RIQUEZA DO HOMEM puderem, apele para seu interesse pessoal. e veja. toda a socie= dade melhorou. Trabalhe para si mesmo, e estara servindo ao bem geral. Que achado para os homens de negécios. ansiosos em se langarem na corrida dos lucros cada vez maiores! Abram 8 sinais para o trem especial do laissez-faire! Deveria 0 governo regulamentar os horarios e os salarios dos trabalhadores? Isso seria uma interferéncia na lei natural. e, portanto, inutil — diziam os economistas classicos. Qual, entdo, a fungao do governo? Preservar a paz, proteger a propriedade. nao interferir. A concorréncia devia ser a ordem do dia, Mantinha baixos 0S pregos ¢ assegurava o éxito dos fortes ¢ eficientes. livrando- se ao mesmo tempo doa fracos e ineficientes, segue-se que o monopolio — dos capitalistas para elevar os pregos, ou dos sindi- catos para elevar os salarios — era uma violagao da lei natural Esses amplos conceitos, como o leitor se lembrara. foram delineados por Adam Smith em resposta a regulamentagao, res- trigdo e contencdo mercantilista, Escreveu seu grande livro em 1776, exatamente no inicio da Revolugiio Industrial. Os econo- mistas classicos, que se assenhorearam dessas doutrinas, am- pliando-as e¢ popularizando-as, escreveram que a Revolugdo In- dustrial, do ponto de vista do aumento da produgao de mereado- rias e ascensdo ao poder da classe capitalista, estava fazendo um ande progresso. Acrescentaram outras “leis naturais” de sua autoria, que se adaptavam as condigdes da epoca. An Essay on the Principle of Population,. de Thomas R Malthus, foi um dos livros mais famosos do periodo, publicado primeiramente em 1798, em parte como resposta a um livro de William Godwin, sogro de Shelley. Godwin, em seu Enguiry Concerning Political Justice, escrito em 1793, afirmava que to- dos 0s governos eram um mal, mas que 0 progresso era possivel ea humanidade poderia chegar a felicidade pelo uso da razio. Malthus desejava combater as perigosas crengas de Godwin: queria provar que um grande progresso no destino da humani« dade era impossivel — 0 que seria uma boa razdo para que to- dos vivessem contentes, com o que havia, ¢ ndo tentassem uma revolugdo como a da Franga Malthus ataca Godwin da seguinte forma: “O grade erro em que elabora o Sr.Godwin em todo o seu livro esta na atribuigaio de quase todos os vicios e misérias existentes na sociedade civil as instituigdes humanas. As regulamentagées politicas e a admi- “LEIS NATURAIS” DE QUE! nistragdo da propriedade existente sdo para ele as fontes de todo o mal, o bergo de todos os crimes que degradam a humanidade. Se assim realmente [osse, nao seria tarefa impossivel afastar to- talmente o mal do mundo; a razdo parece ser o instrumento pro- prio e adequado para realizar to grande objetivo. A verdade, porém, é que embora as instituigdes humanas paregam ser as causas evidentes e Obvias de muitos males da humanidade, na realidade sao ligeiras e superficiais, sio como simples penas que flutuam na superficie, em comparagdo com as causas pro- fundas de impureza que corrompem as, fontes e tornam turvas as aguas de toda a vida humana.” >” Quais sdo essas “causas profundas” que fazem a miséria da humanidade? A resposta de Malthus é que a populagdio aumenta mais depressa do que o alimento para manté-la viva. O resulta- do — haverd uma época cm que 0 numero de bocas sera muito superior ao alimento existente para alimenta-las. “A populacgado, quando nao-controlada, aumenta numa razio geométrica. A subsisténcia aumenta apenas em proporgao aritmetica... ..Isso significa um controle forte e constante sobre a populagao, pro- vocado pela dificuldade de subsisténcia. Essa dificuldade deve recair nalguma parte ¢ deve necessariamente ser fortemente sen- tida por grande parte da humanidade. “A populacao da Ilha [Inglaterra] é de cerca de sete milhdes. Suponhamos ser a produgao atual suficiente para sustentar esse numero. Nos primeiros 25 anos, a populagao sera de 14 milhde: eo alimento dobrando também, os meios de subsisténcia serao iguais a esse aumento, Nos 25 anos seguintes a populagado sera de 28 milhdes; e os meios de subsisténcia suficientes apenas para o sustento de 21 milhdes. No periodo seguinte, a populagdo sera de 56 milhdes, e os meios de subsisténcia suficientes para metade desse numero, FE na conclusdéo do primeiro século, a po- pulacdo seria de 120 milhes, e os meios de subsisténcia sufici- entes apenas para o sustento de 35 milhdes. Isso deixaria uma populagdo de 17 milhées totalmente sem abastecimento.” ™" Isso. diz Malthus, nao acontece na realidade. Porque a morte (na forma de “epidemias, pestes e pragas e fome”) age e recolhe sua taxa de crescimento demogratico, de forma que 2°T_R. Malthus, An Essay on The Principle of Populations, J. John= son, Londres, 1798, pp. 176-177 4" Ibid, pp 14,23, 14 214 HISTORIA DA RIQUEZA DO HOMEM este se harmoniza com o suprimento de alimentos. “O cresci- mento superior da populacao & contido, e a populagao real se mantém em nivel com os meios de subsisténcia pela miséria e pelos vicios,” #4" Assim, a razdo pela qual as classes trabalhadoras eram po- bres, disse Malthus. nao estava nos lucros excessivos (razdo hue mana) mas no fato de que a populagao aumenta mais depressa do que a subsisténcia (lei natural). Nada se poderia. porém fazer para melhorar a situagao dos pobres? “Nada”, disse Malthus na primeira edicdo de seu livro: “E sem divida um pensamento muito acabrunhador. o de que o grande obstaculo a qualquer melhoria extraordinaria da sociedade seja uma natureza impos- sivel de superar.” ? Mas na segunda edigdo, publicada em 1803, ele achou uma solugdo. Além da miseria e do vicio. um terceiro controle da po- pulacao era possivel — 0 “controle moral”, Greves, revolugdes, caridade, regulamentagdes governamentais, nada disso poderia ajudar os pobres em sua miséria — eles ¢ que deviam ser res- ponsabilizados, porque se reproduziam tio rapidamente. Impe- ga-se que casem tao cedo. Pratiquem o “controle moral” — nao tenham familias tao grandes — e assim poderao ter esperangas de se ajudarem a si mesmos. Quem servia melhor a sociedade —a mulher que se casava e tinha muitos filhos, ou a solteirona? Malthus achava que era a segunda: “A matrona que criou uma familia de 10 ou 12 filhos, que talvez estejam lutando pela pa- tria, pode achar ques a sociedade Ihe deve muito... ...Mas se a questdo for imparcialmente examinada, e a matrona respeitada tiver seu peso aferido na escala da justig¢a. em relagdo a desprezae da solteirona, é possivel que a matrona leve a pior?”*8 Boa noticia para os ricos, a de que os pobres eram os tinicos culpados de sua pobreza. Depois de Adam Smith, 0 mais importante dos economistas classicos foi David Ricardo. Era um judeu londrino que fizera grande fortuna nas agdes da Bolsa. Seu livro The Principles of Political Economy and Taxation. publicado em 1817. € cons derado por muitos como o primeiro a tratar a Economia como uma ciéncia. A Wealth of Nations de Adam Smith é leitura fa- Ibid, p. 141 248 Ibid. p. 346 MS Ibid. 2 ed., p. 549. “LEIS NATURAIS” DE QUE! cil, em comparagdo com o trabalho de Ricardo. Uma das ra- z6es: Smith é muito melhor como eseritor. Outra, e talvez mais importante, é a objetividade de Smith, sua citagdo de exemplos familiares para ilustrar suas idéias. Ricardo, por outro lado, é abstrato e usa exemplos imaginarios que podem, ou nao, ter alguma aparéncia de realidade. Os livros cientilicos sao, de modo geral, dificeis e monétonos. Ricardo nao constitui exce- gao. Nao obstante o que tinha a dizer era tremendamente impor tante, e ele se classifica como um dos maiores economistas do mundo. Em nosso limitado espaco sé podemos examinar algumas de suas doutrinas, € muito rapidamente. A primeira é conhecida como “a lei férrea dos salarios”. O que os trabalhadores ganha- vam pela sua atividade ja recebera a atengdo de autores antes de Ricardo. Em 1766, Turgot num pequeno livro intitulado Re/le- xions on the Formation and Distribution of Wealth, dizia: “O trabalhador simples. que depende apenas de sua maos e sua in dustria, nao tem sendo a parte de seu trabalho de que pode dis- por para os outros, Vende-a a um prego maior ou menor, mas esse preco alto ou baixo nao depende apenas dele: resulta de um acordo que fez com a pessoa que o emprega. Esta lhe paga o menos possivel. e. como pode escolher entre muitos trabalhado- res, prefere o que trabalha por menos. Os trabalhadores so por 0 obrigados a reduzir seu prego em concorréneia uns com ous tros. Em toda especie de trabalho deve acontecer. ¢ na realidade acontece, que os salarios do trabalhador se limitam apenas ao que é necessario a mera subsisténcia.” >“ Turgot nao foi além. Ricardo desenvolveu a idéia, e por isso a lei de férias dos salarios esta ligada a ele. Assim. afirma que 0 trabalhador ganha apenas o salario necessario, para manter vie vos a ele e a familia. “O preco natural do trabalho... depende do prego do alimento, necessidade e conveniéncias necessarias a manutengao do trabalhador e sua familia. Com um aumento no preco dos alimentos e das necessidades, o prego natural do tra+ balho se eleva. Com a queda o prego natural do trabalho cai.” Mas eu ¢ 0 leitor sabemos que ha épocas em que os traba- Ihadores recebem mais do que 0 necessario para viver, e outras M. Turgot, Reflections on the Formation and Distribution of Wealth (1766), E. Spragg, Londres, 1789 481). Ricardo, The Principles of Political Economy and Taxation 216 HISTORIA DA RIQUEZA DO HOMEM em que recebem menos. Ricardo leva isso em conta. Distingue entre 0 “preco do mercado” do trabalho e seu preco natural: “O preco do mercado do trabalho € 0 prego realmente pago por ele, resultado da operagdo natural da proporedo entre a oferta ea procura: o trabalho é caro quando escasso, e barato quando abundante. Por mais que o prego do mercado do trabalho se possa desviar de seu prego natural, ele tem, como as mercado- rias. a tendéncia de se conformar a ele.” Para mostrar a exatidao dessa ultima frase, de que o prego do mercado tende a se conformar ao prego natural, Ricardo toma emprestada uma folha do Livro de Malthus. Diz que quan- do o prego do mercado ¢ alto, quando os trabalhadores recebem mais do que o bastante para a manutengdo de suas familias, en- tio a tendéncia é¢ aumentar o tamanho dessas familias. E 0 aue mento do numero de trabalhadores reduzira os salarios. Quando © prego do mercado & baixo, quando os trabalhadores recebem menos do necessario para manter as familias, entéo seu niimero se reduz. F um ntimero menor de trabalhadores eleva os sala- rigs. Essa. pois, a lei de salarios de Ricardo — com o tempo, os trabalhadores ndo poderao receber mais que o “necessario para lhes permitir... ...viver e perpetuar a raga, sem aumentar nem di- minuir.” 47 Para melhor compreensado da lei da renda. a mais famosa das doutrinas de Ricardo, devemos examinar a controvérsia so- bre as Leis do Trigo, que varria a Inglaterra na época em que apareceram 0s Principles de Ricardo. Os antagonistas da dispue ta eram os donos de terras e os industriais. As Leis do Trigo eram uma espécie de tarifa protetora do trigo. O trigo nao poderia ser importado enquanto o prego do produto nado atingisse. internamente, determinado nivel. que va- riava de tempos em tempos A finalidade disso era estimular seu cultivo, para que a Ine glaterra tivesse bastante sortimento dele, em caso de emergén= cia. O cultivo foi estimulado assegurando. ao agricultor inglés um bom prego, Nao precisava temer a concorréncia externa, porque nenhum trigo entraria no pais até que o produto interno tivesse atingido certo prego. Isso significava bons lucros, a me- > Ibid Ibid “LEIS NATURAIS” DE QUE! hos que a colheita interna fosse excessiva para o consumo — o que nao ocorria na Inglaterra desde 1790. Devido as guerras napolednicas, 0 trigo teve seu prego ele= vado e uma area de terras cada vez maior foi dedicada ao seu plantio. Os agricultores queriam © prego alto, porque isso repre- sentava maior renda, e mais dinheiro no bolso, Os industriais nao queriam o prego alto, porque isso representava um aumento no custo da subsisténcia dos trabalhadores. e. portanto, descor tentamento, greves, e finalmente salarios mais altos, ou seja. menos dinheiro em seu bolso. Travou-se uma polémica, os do- nos de terra pedindo protecao e os industriais defendendo o co- mercio livre. Ricardo estava no meio dessa luta. Suas simpatias eram dos industriais, pois pertencia a classe da nascente burguesia. Nao é de surpreender. portanto, que entre outras coisas. as leis naturais por ele descobertas expliquem a natureza da renda, mostrem que “todas as classes, portanto, com excecao dos donos de ter ras, serao prejudicadas pelo aumento do prego do trigo”. 7* Como chegou a essa conclusao? Provando que quanto mais alto o prego do trigo, tanto mais altas as rendas. Aumentam estas. argumenta Ricardo, porque o solo é limitado e sua fertilidade di- fere. “Se toda a terra tivesse as mesmas propriedades, se fosse ili- mitada em quantidade e uniforme em qualidade. nao seria possi vel cobrar pelo seu uso... ...portanto, somente porque a terra ndo é de quantidade ilimitada nem de qualidade uniforme e porque, de- vido ao aumento da populagdo, terra de qualidade inferior... ...€ posta em cultivo, que se paga renda pela sua utilizagao. Quando, ha evolugdio da sociedade, terras de segundo grau de fertilidade so postas em cultivo, a renda imediatamente comega a ser co- brada pela terra de primeira qualidade, e 0 total dessa renda de- pendera da diferenga de qualidade nessas duas partes da terra. “Quando a terra de terceira qualidade é posta em cultivo, a renda imediatamente comega na segunda, e ¢ determinada, como antes. pela diferenga em sua capacidade produtiva Com os aumentos da populagdo, que obrigarao o pais a recorrer a ter ras de pior qualidade para que consiga o volume de alimentos *® Ibid Ibid 218 HISTORIA DA RIQUEZA DO HOMEM de que necessita, a renda sobre a terra mais fi co brada.” 4” Segundo Ricardo. as Leis do Trigo, elevando 0 preco do produto. fizeram os agricultores procurar terras mals pobres para seu plantio. Quando isso ocorreu. pagaram-se arrenda- mentos pelas terras mais férteis. Com o passar do, tempo. o solo mais pobre foi sendo cada vez mais cultivado e os arren- damentos subiram. Tal renda ia para os donos da terra nao por- que trabalhassem. Nada faziam — e mesmo assim a renda sue bia. “O interesse do dono de terra esta sempre em oposicao ao do consumidor e do fabricante. O trigo sé pode destrutar per- manentemente um preco alto porque um trabalho adicional é necessario para produzi-lo, porque seu custo de produgdo au- menta. O mesmo custo invariavelmente aumenta a renda: ¢ portanto do interesse do dono da terra que o custo da producdo do trigo aumente. Isso, porém. nao interessa ao consumidor: para ele é desejavel que o trigo seja barato em relagdo ao di+ nheiro ¢ as mercadorias, pois ¢ sempre com mercadorias ou di- nheiro que o trigo é comprado. Nem é do interesse do fabrican= te que o trigo tenha prego alto, pois o alto prego provocara au- mento de salarios, mas ndo aumentara o prego de suas merca- dorias.” Esse ultimo ponto é que era o problema, naturalmente. En- quanto os trabalhadores fossem obrigados a um salario de sub- sisténcia, segundo a lei mesma de salarios de Ricardo, ndo Ihes importava que 0 prego do trigo fosse alto ou baixo — seus salée rios subiam quando 0 trigo subia, caiam quando trigo caia. Mas importava aos industriais que néo podiam vender suas mercado- rias por mais apenas por ser mais caro 0 trigo, e com isso se ele varem os salarios, Ricardo continua, comparando os servi¢os: prestados pelos industriais ¢ pelos donos de terra, constatando a inutilidade destes: “Os negocios entre o dono de terra e 0 pibli- co nao sao iguais as relagdes do comercio, pelas quais tanto vendedor como comprador tém de ganhar, pois no caso deles a perda recai totalmente sobre uma das partes, ¢ o lucro totalmen- te sobre a outa.” *! Os industriais acrescentaram as leis naturais de Ricardo a suas armas contra a protegao, Queriam a aboligao das Leis do til comecara a ser 250 “Ibid Ibid “LEIS NATURAIS” DE QUE! 219 Trigo e o comércio livre. O Parlamento. porem, era controlado pelos donos de terra, e por isso aquelas leis duraram muito, até 1846. Enquanto isso, alguns donos de terra, que no viam qual= quer vantagem para o pais em ter trigo barato, comecaram a se preocupar com a condigdes de trabalho e os horarios das fabri- cas, Humanitarios, que gritavam pela correo dos males do ine dustrialismo, viram-se ajudados pelos poderosos latifundiarios, que desejavam vingar-se dos industriais — sua hostilidade as Leis do Trigo. Nomearam-se Comissées Parlamentares para examinar a condigdes fabris ¢ apresentar relatorios. Houve ten- tativas de aprovar leis. reduzindo as horas de trabalho. A oposi- ¢do por parte dos industriais foi, naturalmente, tremenda, pois previam a ruina se seus trabalhadores nao continuassem presos as maquinas, tal como antes, Mas os esforgos conjuntos dos trae balhadores. humanitaristas e donos de terra tiveram éxito, e Leis Fabris, limitando as horas e regulando as condicdes, foram aprovadas, E a agitagdo em prol de mais restrigdes e regulamen- tos continuou Um dos economistas classicos. Nassau Senior, elaborou uma doutrina provando que as horas ndo podiam ser mais redu- zidas, porque o lucro obtido pelo empregador vinha da ultima hora de trabalho — tirada esta, estaria eliminado o luero, e des- truida toda a industria. “Sob a lei atual, nenhuma fabrica que emprega pessoas com menos de 18 anos pode trabalhar mais do que 12 horas por 5 dias na semana, e 9 aos sibados, Ora, a and- lise seguinte mostrara que numa fabrica sob tal regime o lucro liquido é obtido da tiltima hora. °° ‘A analise de Senior baseava-se num exemplo. puramente imaginario, no qual a aritmética estava certa, mas as conclusdes erradas. Isso se provou sempre que uma fabrica reduzia suas ho- ras de trabalho — e continuava em funcionamento. Muito mais prejudicial aos trabalhadores do que a ultima hora de Senior foi a doutrina do fundo de salario. Foi mais pre- judicial porque foi adotada e ensinada pela maioria dos econo- mistas. O principio da ultima hora foi empregado para combater a agitagdo em favor do menor dia de trabalho: a doutrina do N. W. Sénior, Letter on the Factory as it Affects the Cotton Mante facture (1837), 3" ed., Londres, 1844, pp. 4 220 HISTORIA DA RIQUEZA DO HOMEM fundo de salario foi usada para combater a agitagdo em favor de salarios mais altos. Os trabalhadora formavam sindicatos ¢ faziam greve porque desejavam um aumento de salarios. “Pura tolice”, diziam os economistas. Por qué? Porque havia um certo fundo posto de lado para pagamento de salarios. E havia um certo numero de assalariados. O total que os trabalhadores ganhavam em salarios era determinado por esses dois fatores, Era isso. E os sindicatos nada podiam fazer. John Stuart Mill assim explicou a coisa: Os salarios nao de pendem apenas do total relativo de capital e populagdo, mas nao podem, no regime de concorréncia, ser afetados por mais nada. Os salarios... ..ndo podem elevar-se. a ndo ser pelo aumento dos fundos conjuntos empregados na admissao de trabalhado- res. ou na diminuigdo do numero de concorrentes a admissao, nem podem cair, exceto pela diminuigdo do fundo de pagamen= to do trabalho, ou pelo aumento do ntimero de trabalhadores a serem pagos,” 23 Muito simples. Nenhuma esperanga para trabalhadores, a menos que 0 fundo de salario aumentasse ou 0 numero de tra- balhadores diminuisse. Se qualquer dos trabalhadores fosse teimoso e insistisse em que salarios mais altos eram necessa~ rios para que se pudessem manter yivos. podiam dar-lhe uma lig&o de Matematica elementar: FE. inutil argumentar contra qualquer uma das quatro regras fundamentais da Aritmética. A questao dos salarios é uma questao de divisdo. Reclama-se que © quociente é muito pequeno. Bem. entdo. quais sdo as formas de torna-lo maior? Duas. Aumente-se o dividendo, permane- cendo o divisor 0 mesmo, € 0 quociente sera maior, reduza-se o divisor, permanecendo o dividendo 0 mesmo, e@ 0 quociente sera maior.” 74 A ilustragdo dessa lig menos assim: 0 de Aritmética poderia ser mais ou J. S. Mill, Principles of Political Economy (1848), vol. 1, Parker & Son, 1842. p. 409 24 prof, Perry. citado em The Wages Question, por Francis A. Walk- er, Henry Hoit and Company, Ine.. N. York, 1891, p. 145 “LEIS NATURAIS” DE QUEM? 22 salirios para 0s trabalhadores FIGURA 2 Tudo muito simples, Duas formas de conseguir maiores sa- larios. A segunda forma “reduza o divisor isto &, decresga o numero de trabalhadores — era um velho conselho. Malthus Ihe dera o nome de “restrigdo moral” A primeira forma, “aumente 0 dividendo”, isto é aumente o volume do fundo de salarios, poderia ser realizada, segundo Se- nior, “permitindo que todos se empenhassem da forma que pela experiéneia. Ihes parecesse mais benéfica: libertando a in- HISTORIA DA RIQUEZA DO HOMEM dustria da massa de restrigdes, proibigdes ¢ tarifas protetoras com as quais a Legislatura por vezes, numa ignorancia bem intencio- nada, por vezes com pena, € por vezes gracas a um ciume nacio- nal, tem procurado esmagar ou dirigir mal seus esforgos”. ** Deixem os negécios em paz € o resultado sera mais dinheiro no fundo reservado aos salarios, Os homens de negocios concor davam A teoria do fundo de salarios era a resposta pronta dos in dustriais ¢ economistas as reclamagdes dos trabalhadores ¢ sin- dicatos, Os trabalhadores ndéo se importavam com cla, porque sabiam-na falsa. Sabiam que a agdo dos sindicatos Ihes conquis- tava melhores salarios, Simplesmente nao acreditavam haver um fundo fixo reservado antecipadamente ao pagamento de sa~ larios. O que haviam aprendido na pratica foi confirmado na te- oria por Francis Walker, economista norte-americano que escre- veu em 1876. Walker destruiu a teoria do fundo de salarios com este argumento: “Uma teoria popular de salarios... ...baseia-se na suposigdo de que os salarios sdo pagos com o capital, com os resultados obtidos pela industria no passado. Portanto. argue menta-se, 0 capital deve constituir a medida dos salarios. Pelo contrario. sustento que os salarios sio pagos com o produto da atual industria, ¢ portanto que a produgdo constitu a verdadeira medida dos salarios.. ..Um empregador paga salarios para comprar trabalho, nado para gastar um fundo que passa ter......0 empregador compra o trabalho com o objetivo de ter o produto desse trabalho: e 0 tipo e o total do produto determinam quais os salarios que pode pagar... ...E, portanto, para a produgdo fir tura que os trabalhadores sao empregados. e ndo porque o em pregador esteja de posse de um fundo que deve gastar. E é 0 va- lor do produto que determina o total de salarios que pode ser pago, e nao o total de riqueza que o empregador tenha ou possa comandar. F:, portanto, a producao, ¢ n&o o capital. que fornece © motivo do emprego ¢ a medida dos salarios.~ Prova excelente. a favor da exatiddo do argumento de Walker, de que os salarios ndo sdo um adiantamento pago ao trabalhador pelo capital, € proporcionada pela pratica comum hoje na industria téxtil do Japao e¢ India, onde os salarios N. W. Sénior, Three Leitures on the Rate of Wages, 2 ed., prefie cio, John Murray, Londes, 1831, Prefacio. 28 Walker, op. cil.. pp. 128-130. “LEIS NATURAIS” DE QUE! “retidos”. No Japao, “os salarios ganhos pelas mocas que traba Tham na industria da seda ou na pequena industria do algodao sao habitualmente pagos diretamente a seu pais Esses sald rios podem ser pagos semestralmente. ou. no caso da industria da seda. no fim de um ano de trabalho, [e na India] os salarios sao pagos com um més ou seis semanas de atraso.... ... As Fabri« cas chegam a cobrar 9% de juros no caso de fazerem peque- nos adiantamentos sobre o proximo pagamento, e isso de sala- rios ja ganhos”, 37 Mas nao foi necessario aguardar a prova, dada no século XX. da falsidade da teoria do fundo salarial. A classe trabalhadora a denunciou desde 0 comego como contraria a sua experiéncia. Walker deu em 1876 numerosos exemplos da vida norte-ameri= cana para provar que nao havia nenhuma exatidao na teoria E sete anos ates que lancasse a Ultima pa de terra no caixdo do fundo salarial, até mesmo os economistas admitiam que essa lei natural nado era absolutamente uma lei. John Stuart Mill fora o homem cujo Principles of Political Ecenomy, publicado em 1848. muito contribuira para popularizar a doutrina. Ao comen- tar um livro para a Fortnightly Review, em maio de 1869, publi- cou sua retratagao doutrina até agora ensinada por todos, ou pela maioria dos economistas (inclusive eu proprio), negando a possibilidade de que as combinagdes comerciais pudessem ele var os salarios, ou que limitassem suas operagdes a esse respeito a obtencao, um tanto anterior, de um aumento que a concorrén= cia do mercado teria produzido sem elas — essa doutrina é des tituida de base cientifica, e deve ser posta de lado.” ** Foi um ato de coragem de J. S. Mill. Cometera um erro e 0 confessava honestamente. Mas para os trabalhadores. era tarde demais — essa denuncia de uma doutrina que os perseguira por mais de meio século. De pouco thes servia uma ciéneia que pro- porcionava ao inimigo todo um arsenal, sempre que os trabalha- dores procuravam conseguir algum progresso: de pouco lhes servia uma ciéncia que praticamente nao lhes olerecia esperanga de melhorar de vida; de pouco thes servia uma ciéncia que a todo momento servia aos interesses da classe patronal F. Utley. Lancashire and the Far East, Allen and Unwin, Ltd., Lone dres, 1931, pp. 110, 387 JS. Mill, Principles of Political Economy, Longman, Green and Co., Londres, 1909, p. 993 224 HISTORIA DA RIQUEZA DO HOMEM Um dos mais destacados adeptos da escola classica. 0 Pro- fessor J, FE. Cairnes, admitia que os trabalhadores tém razdo de desconfiar da Ciéneia da Economia. Em seu Essay in Political Economy, publicado em 1873, Cairnes assinalava que a Econo mia se tinha tornado uma arma da classe burguesa: “A Econo- mia Politica surge muito freqientemente. em especial quando aborda as classes trabalhadoras, com a aparéncia de um codigo dogmatico de regras rigidas, como um sistema de promulgar de- cretos ‘sancionando” uma disposigao social, “condenando’ ou- tra, exigindo dos homens nado exame, mas obediéncia. Quando examinamos a espécie de decretos que sao ordinariamente da- dos ao mundo em nome da Economia Politica — decretos que julgo poder dizer constituem apenas uma ratificagdo da forma de sociedade existente como se fosse mais ou menos perleita — poderemos entdo compreender a repugnancia, e mesmo a oposi- ¢ao violenta, manifestada em relagdo a ele pelas pessoas que tém razSes proprias para nao participar daquela admiragao t+ mitada pela atual organizagdo industrial. experimentada por al- guns expoentes populares das chamadas leis econdmicas. Quan- do se diz a um trabalhador que a Economia Politica “condena® as greves. olha com desconfianga as propostas de limitagdo do dia de trabalho, mas “prova’ a acumulagao de capital, e “sancio- na’ a taxa de salarios do mercado, nao parece uma resposta im- prevista que “como a Economia Politica é contra o trabalhador, compete a este ser contra a Economia Politica’. Ndo parece absurdo que esse novo cédigo venha a ser considerado com des- confianga, como sistema possivelmente concebido no interesse dos empregadores, e que é dever dos trabalhadores esclarecidos simplesmente repudiar e negar.” *” Era verdade ser a Economia Politica contra o trabalhador. Era também verdade ser ela a favor do homem de negocios — parti+ cularmente o da Inglaterra. Os ensinamentos dos economistas classicos difundiram-se pela Franca e Alemanha, e no primeiro quartel do século XIX os livros famosos de Economia publicados nesses paises foram. em sua grande parte. tradugdes ou exposi- ces dos trabalhos dos economistas classicos ingleses. Mas tor= Nou-se aos poucos evidente aos pensadores de ambos os paises que a doutrina classica no era apenas a doutrina do homem de negdcios, mas sob certos aspectos era peculiarmente uma doutri- JE. Cairnes, Essays in Political Economy, pp. 260-261. Macmillan and Company, Londres, 1873 “LEIS NATURAIS” DE QUE! na do homem de negécios da Inglaterra, Nao que os economistas classicos estivessem conscientemente dispostos a ajudar o ho- mem de negdcios inglés. Isso nao seria necessario. Pelo fato de viverem na Inglaterra numa época determinada, suas doutrinas ti- nham de refletir 0 meio. Isso ocorreu, ¢ os economistas ¢ homens. de negdcios de outros paises logo o descobriram ‘Tomemos, por exemplo, 0 comércio livre. Adam Smith o defendera. e Ricardo e outros que o seguiram, também. Eram partidarios de um comércio mundial livre, nao so as barreiras internas deviam ser climinadas, mas também as barreiras entre paises. Ricardo defende muito simplesmente o intercdmbio in- iernacional livre: “Num sistema de comércio perfeitamente li- vre, cada pais naturalmente dedica seu capital ¢ trabalho aos empreendimentos que Ihe sdo mais benéficos, Essa busca de vantagem individual esta admiravelmente ligada ao bem univer sal do todo. Estimulando a indlistria, recompensando a enge- nhosidade, e usando da forma mais eficaz os poderes atribuidos pela natureza, ela distribui o trabalho com mais eficiéncia e mais economicamente: ao mesmo tempo, aumentando a massa geral de produgao, difunde o bem geral ¢ une, pelo lago do inte= resse comum e do intercdmbio. a sociedade universal das na- ges por todo o mundo civilizado. F esse principio que determi- na ser o vinho [eito na Franga e Portugal, que o trigo seja culti- vado na América e Polénia, e que as mercadorias de ferro e ou- tras sejam manufaturadas na Inglaterra.” >“ Ricardo pode. nesse trecho, estar certo ou nao quanto ao va- lor de troca livre e internacional de mercadorias. Mas nao ha divida de que estava absolutamente certo para a Inglaterra na poca em que escreveu. A Revolugdo Industrial ocorreu ali prie meiro: os industriais ingleses comegaram antes dos industriais do resto do mundo, estando a frente deles em meétodos. em ma- quinas, em facilidades de transporte. Os ingleses podiam e esta vam prontos a cobrir a terra com os produtos de suas fabricas. Portanto. 0 comércio internacional livre Ihes servia. Por essa razdio mesma nao servia aos homens de negdcios de outros paises. Alexander Hamilton, na América, instituiu um sistema de tarifas protetoras na administragdo de Washington: Outros paises também tinham barreiras tarifarias, mas sob a ine fluéncia da Economia inglesa classica, estavam comegando a namorar as idéias do comercio livre * Ricardo, op. cit, p. 81 226 HISTORIA DA RIQUEZA DO HOMEM Em 1841, no momento em que os louvores ingleses as virtu- des superlativas do comércio internacional livre se estavam tor nando populares em outros paises, Friedrich List publicou seu Sistema Nacional de Economia Politica, atacando-o. List era alemao, e na Alemanha da época a industria era ainda jovem e subdesenvolvida. Passara alguns anos nos Estados Unidos. onde verificara ocorrer 0 mesmo na industria americana. Viu que. se © comércio internacional livre fosse estabelecido, seria necess& rio as industrias dos dois paises. atrasadas em relagdo a Inglater- ra. um longo tempo para alcanga-la — se conseguissem, Disse ser a favor do comércio livre. mas somente depois que as na- ges menos avangadas igualassem as mais adiantadas. “Qual- quer nacao que. devido a infelicidades, esteja atras das outras na industria, comércio e navegagdio, embora possua os meios men- tais e materiais para desenvolver-se, deve acima de tudo fortale= cer sua capacidade individual, a fim de poder entrar na concor réncia livre com nagées mais adiantadas.” Disse que os pregos baratos nao eram tudo. ¢ que coisas ba- ratas podiam custar caro. O que tornava grande um pais nao era seu estoque de valores em determinado momento, mas sua ca- pacidade de produzir valores. “As causas da riqueza sio total- mente diferentes da rigueza em si, Uma pessoa pode ter rique- za... ...Se, porém, nao tem o poder de produzir objetos de valor superior aos que consome, torna-se mais pobre... ...O poder de produzir riqueza 6. portanto, infinitamente mais importante do que ariqueza em St. Isso é mais valido para as nagdes do que para as pessoas particulares.” List sugere que a Inglaterra, tendo atingido a grandeza antes que 0 comercio livre se tornasse seu lema, tentava agora tornar impossivel as outras nagées progredir: “E um recurso muito co- mum e muito esperto que ao se atingir o cume da grandeza se lance fora a escada pela qual subimos, a fim de impedir aos ou- tros os meios de subir atras.” 7 List, portanto, defende a protecdo, as muralhas tarifarias. atras das quais a industria incipiente. tendo assegurado 0 mercado domestico, pode crescer até ficar de pé sozinha. Somente depois “IF. List, Prefiicio ao Sistema Nacional de Economia Politica, 1841 2° Ibid > Ibid “LEIS NATURAIS” DE QUE! que reunisse forgas suficientes. ela poderia aventurar-se no co- meéreio mundial livre, para lutar. List foi um expressivo expoente do sistema nacional, em oposicado ao sistema internacional, em economia. Suas idéias tiveram grade influéncia, particularmente na Alemanha e Estados Unidos. Ele foi, com sua forte defesa da Protegdo contra o Comercio Livre de Adam Smith e seus seguidores um dos numerosos des- crentes da infalibilidade da escola classica. A Economia classi- ca. tio popular e poderosa na primeira metade do século XIX. comegou a perder um pouco de sua forga na segunda metade. Naquela época, comecaram a surgir os trabalhos de um homem que. embora aceitando alguns dos principios expostos pelos classicos, levou-os através de caminhos diversos até uma conclue sao muito diversa. Também ele era alemao. Seu nome: Karl Marx.

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