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SAGREDO — Por isso ele foi queimado! Nao faz dez anos! ALILEU — Porque ele néio podia provar nada! Porque ele 56 afirmava! [... SAGREDO — Galileu, eu sempre o conheci como homem de juizo. Durante dezessete anos em Padua, ¢ durante trés anos em Pisa, pacientemente, vocé ensinou a centenas de alunos 0 si tema de Ptolomeu, que dotado pela Igreja e é confirmado pelas Escrituras, na qual a Igroja Tepousa. Vocé, na linha de Copérnico, achava errado, mas voeé ensinava, nfo obstante. GALILEU — Porque eu nao podia provar nada. SAGREDO (incrédulo) — E vocé acha que isso faz alguma diferenga? GALILEU — Faz toda a diferenca. Veja aqui, Sagredo! Eu acredito no homem, e isto quer dizer que acredito na sua razo! Sem esta f6 eu ndo teria forga de sair da cama pela manha. 1, Sagredo adverte Galileu sobre as possiveis con. sequéncias de sua pesqui a) Quais poderiam ser elas? b) Baseado em que Galileu se mostra determina do a desafiar os dogmas da lgreja na época? =—_———_ A fungao do teatro O teatro nasceu entre os gregos, na Antigui- dade. A principal alteracao que tem experimen- tado, desde entio, € quanto a sua fungdo: tem servido para divertir, satirizar a classe politica, refletir sobre os problemas sociais, conscientizar politicamente os oprimidos, fazer refletir sobre a propria condicfio humana. Para o dramaturgo ale- m&o Bertolt Brecht, a principal fungo da ativida de teatral, entretanto, é a de proporcionar prazer. Um prazer que educa, conscientiza e diverte, 2. 0 texto teatral tem semelhancas com o texto nnarrativo: apresenta fatos, personagens, tempo € lugar. (80 Paulo Abril Cultural, 1977. p. 47-58) 2) Onde ocorre a cena? b) Quando ela acontece? |. Comparando @ estrutura do texto teatral com a dos géneros narratives, como o conto e a fabula, por exemplo, observamos que ele se constréi de uma forma diferente 2) Hé no texto teatral lido um narrador que con- ta a histéria? b)O texto nos possibilita ter uma visao acerca das personagens. Que ideia vocé faz de Gali- leu e de Sagredo? ©) De que forma as caracteristicas de cada per- sonagem nos sao reveladas no texto lido? |. Em outros géneras narrativas, como no conto, a ‘ala das personagens € introduzida geralmente depois de verbos como dizer, perguntar, excla- mar, afirmar, chamados dicendi No texto teatral escrito, as falas das personagens séo introduzi- das de forma diferente 2) No texto teatral lida, como o leitor sabe quem 6 que esté falando? b)A fala das personagens € reproduzida pelo discurso direto ou pelo discurso indireto? . © texto teatral apresenta trechas em letra de iferente ~ no texto lido, o itélica. Veja estes SAGREDO (Olhando pelo telescdpio, a meia voz) SAGREDO (aritando) GALILEU .. (Agitado) ses trechos so chamados de rubricas. Qual € 8. Qual € o suporte do texto teatral escrito, isto é, a funcao das rubricas? como ele € veiculado para atingir © piblico a que se destina? 6. Que tipo de variedade linguistica foi empregado pelas. personagenis?: 9. Retina-se com os colegas de seu grupo € Cluam: Quais sao as caracteristicas do texto tea 7. Quando um texto teatral é lido, o leitor é 0 in tral escrito? Ao responder, considerem os se. terlocutor da histéria vivida pelas personagens ritérios: finalidade do génera, perfil dos Quando o texto teatral é encenado, quem é 0 interlocutores, suporte ou veiculo, tema, estru- rlocutor? tura, linguagem, O texto estudado é uma cena de uma peca de Cn teatro. E, portanto, uma parte de um texto dramati- tor, texto e piblico co, isto 6, um texto que serve para a representacio =a satcene:senlecenioivendh co 42 trade ator, texto e publica. Um ater inter- imagine essa cena se desenvolvenda num paleo: | reac teita para abblice E entre stor © haveria um cenério (0 quarto de estudos de Galilev), —pablien & estabelecida uma cumplicidade: ame ® © dialogo entre as personagens Galileu € Sagredo os sabem que se trata de um jogo, de uma no seria contado por um narrador, mas mostrado _representaco. Por meio da razdo e da emo. Nao ha fendmeno teatral sem a conjun: pelos atores, que, representando as personagens, se cio, estabelece-se um didlogo vivo entre ator movimentariam no palco ¢ falariam. O dilogo, por- _@ piblico. Proporcionando prazer, o teatro age tanto, constitui 0 elemento dominante essencial __diretamente sobre os homens, Ele ensina, pro- no texto teatral voca, faz refletir No dilogo, manifestam-se uma oposicao e uma (@-—-——___—_____y \uta de vontades que caracterizam 0 conflito, elemento essencial para possibiltar ao leitor ou a plateia criar expectativa em relacao aos fatos que [é ou vé. No texto em estudo, a determinacao de Galileu em provar a teoria sobre o sistema solar defendida por Copérnico opde-se ao temor de Sagredo em revela-la, pois isso despertaria a ira da Igreja. O conflito , portanto, uma oposicao que acontece entre 05 elementos da histéria, criando uma tensdo que organiza os fatos narrados/mostrados e, conse- quentemente, prendendo a atencao do leitor ou da plateia Quando € encenado, o texto teatral exige autros elemento maquiagem, gestos, movimentos, etc No texto teatral escrito, esses elementos estdo indicados nas rubricas, que so trechos em letra de tipo diferente (no texto estudado, em itélico) e indicam como as personagens devem falar (rubricas de interpretacao) e se movimentar em cena (rubricas de movimento). Quando lemos um texto teatral, as rubricas cenicas procuram nos dar informacdes sobre aquilo que, na montagem, se vé no palco, Quando a peca teatral é longa, ela costuma ser dividida em partes, que sdo chamadas de atos. come cenario, misica, luz, figurine, Teatro: 0 encontro das artes ‘Além da presenca fisica do ator, 0 teatro conta com a colaborago de outras artes: a arquitetura, a pintura, @ midsica, a arte da indumentéria (0 figurino), da iluminac3o e do mobiligrio, E também com a arte literria, pois 0 autor comunica-se com o péblico principalmente por meio da palavra, que, para sua interpretacdo, precisa também de pausas, gestos, mimicas, além da postura, do olhar e do movimento que compdem a expressao corporal do ator, O teatro exige ainda outros componentes, como maquiagem, so- noplastia, contrarregra, A coordenacio de todos esses elementos na realizacao de um espetéculo € feita pelo encenador ou diretor. 0 dramaturgo € autor do texto, e o diretor, o autor do espetéculo. A literatura dramatica fica documentada em livros; os cenarios e os figurinos subsistem em fotografias 2 desenhos. 0 teatro, porém, é efémero: s6 se realiza integralmente enquanto dura o espetdculo. Talvez esteja nessa peculiaridade todo o fascinio e a grandeza da arte teatral. t — 110 PRODUZINDO O TEXTO TEATRA 'eGina-se com seus colegas de grupo e escolham uma das propostas a seguir para produzir um cto teatral 1. Escolham um dos cenérios descritos a sequir e escrevam uma cena teatral que se desenvolva nele. Se quiserem, criem outro cenério jis —_— TEs — Uma pequena praga, onde desembo- A agio se passa na sala e na biblio- cam duas ruas. Uma a direita, seguindo | | teca de um apartamento classe média a linha da ribalta, outra a esquerda, ao Ambas sao visiveis ao puiblico, separa- fundo, de frente para a plateia, subindo, das por uma porta. As outras portas sio enladeirada ¢ sinuosa, no perfil de ve- ja entrada social, a do lavabo, além thos sobrados coloniais. Na esquina da das passagens que levam & cozinha ¢ rua da direita, vemos a fachada de uma ‘aos quartos igroja relativamente modesta, com uma E final de tarde escadaria de quatro ou cinco degraus Inés, vinda da porta que da acesso Numa das esquinas da ladeira, do lado aos quartos, entra esbaforida na sala, oposto, hé uma vendola, onde também pronta para sair. Afobada ¢ atrasada, se vende café, refresco, cachaga ete: a procura pelas chaves do carro e verifica outra esquina da ladeira ¢ ocupada por tudo para ter certeza de que no se es- um sobrado cuja fachada forma queceu de nada barriga pelo acémulo de andares nao (areos Carus, Tae copor és camecer previsto inicialmente. 0 calgamento da Sto Pale: Bowed, 2021.6. 17.) ladeira 6 irregular e na fachada dos so- , brados veom-se alguns azulejos estra dos pelo tempo. Enfim, é uma paisagem tipicamente baiana, da Bahia velha e co- Tonial, que ainda hoje resiste a avalan- che urbanistiea moderna. Devem ser, aproximadamente, quatro e meia da manha. Tanto a igreja como a | vendola esto com suas portas cerradas. (as Gomes, 0 pagador de promessas 54, Rio de Janeiro: Bertrand Basi, 2023. 20) Cena de pegd Thar cogar & 55 Loucos por teatro Para aqueles que so aficionados de teatro e querem ampliar seus conhecimentos nessa area, sugeri- mos a leitura dos seguintes livros: Comédias, de Jandira Martini e Marcos Caruso (Panda Books); colecdo Palco iluminado (Scipione); Teatro para a juventude Ie Ij, de Tatiana Belinky (Ibep Nacional); Um caminho do teatro na escola (Scipione) e Técnicas dramdticas aplicadas 4 escola (José Olympic), de Olga Reverbal Off — Uma histéria do teatro, de Manuel Carlos (Globo); O que é teatro, de Fernando Palxao (Brasiliense), 200 exercicios e jogos para o ator endo ator com vontade de dizer algo através do teatro, de Augusto Boal (Civilizago Brasileira); improvisacao para o teatro, de Viola Spolin (Perspectiva); Panorama do teatro bra- sileiro, de Sabato Magaldi (Difel); Histéria concisa do teatro brasileiro, de Décio de Almeida Prado (Edusp) 111 2.0 roteiro a seguir inclui fatos, personagens, lugar e tempo. Criem uma cena de texto teatral com base nesses elementos e acrescentem outros que julgarem necessérios. Fatos: cinco amigos se retinem para preparar uma festa pré-formatura. Um dos participantes pessimista e atrapalhado, e todas as ideias so criticadas e desestimuladas por ele. Personagens: cinco amigos, vestidos de forma bem descontraida + Lugar: pétio da escola, em cujas paredes ha desenhos e quadros de avisos Tempo: épaca atual, comego da noite. 3. Criem uma cena teatral com cenério, personagens, fatos, tempo e lu Ao redigir seus textos teatrais, levem em conta as orientagdes a seguir *Discutam a caracterizacao de am cada personagem (modo de falar, temperamento, tiques, etc.) e do lugar. imaginados por vocés. +Plangjem o que vao escrever. Pensem no(s) fato(s) que comporé(40) 0 texto e como a5 acées vao se encaminhar pare criar um conflito entre as personagens. Discutam como prender a atencao da plateia e como encaminhar a(s) cena(s) para um desfecho triste ou c3: *Ao escrever, lembrem-se de indicar 0 nome das persona- gens antes de suas falas, ade quar a linguagem as personagens e ao contexto, fazer as indicacdes de cenério, de figurino, etc. ¢ inserir as rubricas de movimento e de interpretacao. Procurem dar dinamismo ao didlogo, criando uma tenso crescente entre as personagens. Facam primeiramente um rascunho do texto, Depois releiam-no, observando se ele + mostra o desenvolvimento das acdes; evidencia um conflito que possa prender a atencao da plateia, + apresenta rubricas indicativas do cenério e da movimentago dos atores no palco e se elas estao em letra de tipo diferente + apresenta uma linguagem condizente com as personagens e o contexto; sesté de -ordo com o suporte e 0 vetculo nos quais seré veiculado. Fagam as alteragdes necessarias e passem o texto a limpo ; No projeto Palavra em cena, que a classe desenvolvera no final da unidade, voc@s irao fazer a : leitura dramatica e a encenagao do texto. ; 112 aay iI TIPOS DE DISCURSO NA LINGUAGEM VERBAL } Leia 0 texto: Do que sao feitos os meninos? Bananas | Dieta da mae durante a gravidez — mais ou menos calérica — | | pode definir sexo do bebé A dieta da mae pode determinar o nascimento de meninos ou meninas. Cientistas das uni- versidades de Oxford e Exeter, na Inglaterra, entrevistaram 740 mulheres que engravidaram pela primeira vez. Queriam conhecer seus habitos alimentares no ano anterior ao da concepgao. Blas foram divididas em grupos de “altas, médias e baixas calorias", informa o Guardian. As descobertas: 56% das mulheres do grupo de refeigdes caléricas que ingeriam com frequéncia cereais e banana no café da manha tiveram bebé do sexo masculino — ante 45% da turma de | dicta mais frugal, menos rica. “Pela primeira vez mostramos uma associagao clara entre os hé- | bitos alimentares da mae e o sexo do filho”, disse Fiona Mathews, Iider do estudo. | Mais que uma questo de satide, 6 uma consequéneia das mudangas de comportamento. Os pesquisadores afir- mam que a tendéncia moderna de optar por dieta de baixas calorias pode expli- car a queda no nascimento de meninos em paises desenvolvidos, diz a BBC. As estatisticas acompanham 0 raciocinio. Nos titimos 40 anos houve um pequeno, | mas constante, declinio do nascimento do meninos em paises desenvolvidos como a Inglaterra (Revista do Semana, eno 2, #17) + Fao ou fia: S6% das mulheres que ingeriam cereals no café da manh&. > estudo, com as mesmas palavras que ela em- pregou. 1. 0 texto acima relata um estudo feito por cien- tistas das universidades de Oxford e Exeter, na nglaterra, que queriam conhecer os habitos ali- 2. Em outro trecho do texto, o jornalista conta o mentares de mulheres no ano anterior a0 da concepcao de seu filho. Identifique um trecho em que o jornalista reproduziu a fala da lider do que 0s pesquisadores disseram, mas sem repro- duzir as mesmas palavras usadas por eles. Iden- tifique 0 trecho. No texto acima, o jornalista utilizou dois procedimentos para citar o discurso das pessoas en- volvidas na pesquisa’ reproduziu textualmente a fala de Fiona Mathews, a lider do estudo (“Pela pri- meira vez mostramos uma associagdo clara entre os habitos alimentares da mée e o sexo do filho”), © chamado discurso direto, e reproduziu, com suas préprias palavras, a fala dos pesquisadores ("Os pesquisadores afirmam que a tendéncia moderna de optar por dieta de baixas calorias pode explicar a queda no nascimento de meninos em paises desenvolvidos"), o discurso indireto. 113 Em textos verbais, além do discurso direto e do indireto, existe também 0 discurso indireto livre Discurso direto E tem a historia do cara que foi consultar uma quiromante, para que ela lesse seu destino 1 de tudo, como @ quando seria a sua morte. Queria é-lo, pois tinha um plano para ludibriar a Morte. saber, aci na palma da sua m&o. Queri | saber sou futuro para poder evit A quiromante sorriu. — Ninguém pode mudar seu destino — disse. — Eu posso — disse o homem. A quiromante continuou a sorrir, alisando a palma da mao dele com a sua, — Como vocé pretende hudibriar a Morte? —Deixa comigo. $6 me diga como e quando ela vira, —0 que esta na palma da sua mao nao pode ser mudado. Se eu I morrer em minutos, vocé vai morrer em minutos. Ninguém pode negociar com a Morte. —Sabendo como ¢ quando Ela viré, pode, —Mas a Morte tem mil disfarces. Vem de vérias formas, das maneiras mai isser que voc® vai inesperadas. Nao pode ser evitada. Sé me diga 0 que vod vé na palma da minha mao e deixe o resto comigo nto a quiromante examinou a palma da mao do homem e parou de sorrir. Disse: —Vocé vai morrer em minutos, — Onde vocé viu isso? — perguntou o homem. — Aqui — disse a quiromante, cruzando a linha da vida do hor m com a sua unha enve- ) Na palma da sua mao | E 0 homem morreu em minutos. A Morte tem mil disfarces. (luis Femando Verssimo. Mais comédis pare ler na escla Sele de Marisa Lajolo, fio de janes: Objet, 2020. p. 115.) nnn Veja que, no trecho “~ Eu posso - disse 0 homem*, foram empregados dois travessées. 0 Yerbos de elocugao primeiro introduz a fala da personagem; o se- gundo separa a fala da personagem da fala do © discurso direto caracteriza-se pela pre- narrador. Em textos literarios, € mais comum o _Sen¢a de verbos dicendi, aqueles que servem para emprego do travesséo para isolar o discurso di reto; em textos jornalisticos e cientificos, é mais comum 0 emprego das aspas. Veja também que, em *- disse o home’, fo empregado 0 verbo de elocugéo dizer, cujo pa- pel é informar quem esta falando. As vezes, esse verbo, ou outro verbo de elocucdo, € omitide, mas esta implicito na situacSo: 114 introduzir a fala de outra pessoa (dizer, afirmar, responder, declarar, defini), de verbos da area semantica de perguntar (indagar, inquirir, ques- tionar, interroger) de verbos sentiendi, 0s que expressam estado de espirito, reagao psicolégica da pessoa que fala, emocées (gemer, suspiror

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