Você está na página 1de 8
CONCEPGOES DE LINGUAGEM E ENSINO DE PORTUGUES* Jo&o Wanderley Geraldi Na realidade, toda palavra comporta duas faces. Ela é determinada tanto pelo fato de que procede de alguém, como pelo fato de que se dirige para alguém. Ela constitui justamente 0 produto da interagao do locutor edo ouvinte. Toda palavra serve de expresso a um em relagao ao outro. MIKHAIL BaKHTIN O haixo nivel de utilizagao da lingua N? inventdrio das deficiéncias que podem ser apontadas como resultados do que jé nos habituamos a chamar de “crise do Jistema educacional brasileiro”, ocupa lugar privilegiado o baixo nivel “de desempenho lingiiistico demonstrado por estudantes na utilizagao “da lingua, quer na modalidade oral, quer na modalidade escrita. Nao falta quem diga que a juventude de hoje nao consegue expressar seu pensamento; que, estando a humanidade na “era da comunicagio”, hd incapacidade generalizada de articular um juizo e estruturar lin- _giiisticamente uma sentenga. E, para comprovar tais afirmagGes, os exemplos sao abundantes: as redagoes de vestibulandos, 0 vocabulirio da giria jovem, o baixo nivel de leitura comprovavel facilmente pelas baixas tiragens de nossos jornais, revistas, obras de ficgao, etc. Apesar do rango de muitas dessas afirmagGes e dos equivocos de algumas explicagdes, é necessdrio reconhecer um fracasso da escola e, _no interior desta, do ensino de lingua portuguesa tal como vem sendo praticado na quase totalidade de nossas aulas. Reconhecer e mesmo partilhar com os alunos tal fracasso nao significa, em absoluto, responsabilizar 0 professor pelos resultados insatisfatérios de seu ensino. Sabemos e vivemos as condigoes de * Este texto retoma e desenvolve idéias expostas em “Subsidios metodoldgicos para o ensino de lingua portuguesa”, Cademnos da Fidene, 18, 1981. As mesmas idéias foram também publicadas em “Possiveis alternativas para o ensino da lingua portuguesa”, na revista Ande, 4, 1982. 9 40 rofessor de primeiro no do profess especialment® a educagao “tem muita abalho do F 0s = crabal en ainda, sabemo aw a professores mal Pagos und 7 : © se aplicadas com tal falta d le pes sido relega' . deri mal remunerados> Jogic® do sistema poderia exp), racionalidade que ne cat” (Mello, 1979). a autora citada, a “premissa de Aceitamos, com 3 mesm mica garante a igualdade de pu apenas 6 igualdade soa eneficiOs educacionais”. Mas es dices Pa tno incerio" das contradigdes que sé presentifican, me prtica efetiva de sala de aula, poderemos buscar um espaco de atuagao profissional em que se delineie um fazer agora, na escol, que temos, alguma coisa que nos aproxime da escola que quere. mos, mas que depende de determinantes externos aos limites da agao da e na prépria escola. Nesse sentido, as questdes aqui levantadas procuram fugir tanto da receita quanto da deniincia, buscando construir alguma alternati- va de aco, apesar dos perigos resultantes da complexidade do tema: da a inércia ensino da lingua materna. Uma questao prévia: a op¢ao politicae asalade aula. Antes de ideraga on fualauer consideragao especifica sobre a atividade de ee. Preciso que se tenha presente que toda e qualquer gia de ensino articula uma opcio politica — que envolve uma teoria de compreensio ej preensao ¢ inter 4 a pretacdo i aeeneean mos utilizados em sala de aula, a realidade~ com os mecanit: Assim, os contetidos en: ee sinado: s stratégias de trabalho ; 0 enfoque que se da a eles, 8 te ; com os al ibli pond de avaliagio, o a a bibliografia utilizada, 0 sis lerd, nas nos: ir lento com os alt sas s alunos, res Por que optamos, Ea ividades concretas de sala de aula we Q ‘ink bee. > a al Prévia—

Você também pode gostar