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Hi ocasides em que nos sentimos dispostos @ abrir mao da satisfacio em proporgdes herdicas; em geral, porém, faze- mo-lo com a convicgo de que renunciando a um prazer imediato, iremos finalmente recuperé-lo, talvez intensificado. Estamos prepa dos para aceitar a repressio desde que ela nos ofereca alguma fem troca; mas se as exigéncias que nos so feitas forem excessivas, provavelmente adoeceremos. Essa forma de enfermidade é conhecida ‘como neurose; e como todos os seres humanos sofrem alguma repres- sio, & possivel considerar 0 homem, usando as palavras de um dos comentaristas de Freud, como o “animal neurético”. E importante ver que essa neurose & parte daquilo que em nés € criativo, enquanto raca, sendo parte também das causas de nossa infelicidade, Uma maneira pela qual podemos enfrentar os desejos que temos condigées de satisfazer € “sublimando-os”, o que para Freud significa dirigi-los para uma finalidade de maior valor social. Podemos encontrar um escoadouro inconsciente para a frustragio sexual na construgio de Pontes ou catedrais. Para Freud, € em virtude dessa sublimagio que a propria civilizagdo surge: desvi objetivos superiores, a propria hi Se Marx analisou as conseqiiéncias de nosst bathar em termos de relagdes sociais, classes sociais e formas de polf- tica que ela encerrava, Freud estudou suas implicagdes para a vida pstquica. O paradoxo ou contradi¢go em que se baseia o seu tra- balho € 0 de que apenas somos o que somos devido a uma repressdo maciga dos elementos que participaram de nossa criagdo. & claro que no temos consciéncia disso, tal como para Marx os homens, de uma forma geral, no tém consciéncia dos processos sociais que minam a vida, Na verdede ndo poderiamos, por definigdo, ter cons jéncia disso, j4 que o lugar a que relegamos os desejos que no somos capazes de satisfazer é chamado de inconsciente. Uma questo que surge imediatamente, porém, ¢ a do por que serem neurdticos justamente os seres humanos, e nfo as lesmas ou as tartarugas. E. provavel que isto seja apenas uma idealizagdo romantica dessas cria- luras ¢ que elas, secretamente, sejam muito mais neuréticas do que pensamos. Blas, porém, parecem bem ajustadas para quem as obser- va, embora haja um ou dois casos conhecidos de paralisia histérica ANALISE 165 a caracteristica que distingue os seres humanos dos outros 6 que, por motivos evolucionérios, nascemos quase que total \defesos e totalmente dependentes, para nossa sobrevivéncia, ido dos membros mais velhos da espécie, em geral de nossos is, Nascemos “prematuramente”. Sem esse cuidado imediato e i (e, nfo tardariamos a morrer. Essa dependéncia excepcional © prolongada de nossos pais & em primeiro lugar, uma questo le material, uma questo de sermos alimentados € prot — a satisfacdo do que poderiamos chamar de nossos centendendo-se. por isso as necessidades biologicamente deter- le 08 seres humanos tém de alimentacio, calor e assim por (Esses instintos de autopreservacao sé, como iremos ver, is imutdveis do que os “impulsos”, que muitas vezes modi- sua natureza.) Mas a dependéncia em relagio a nossos pais, cesses servigos, nfo se limita aos aspectos biolégicos. O bebé © seio materno em busca de leite, mas descobriré que essa ide essencialmente biolgica também & agradavel; e isso, para a primeira manifestagdo da sexualidade. A boca da crianga jo 86 um drgio da sua sobrevivéncia fisica, mas também ‘ona erégena", que a crianca poderd reativar anos depois chu- © dedo, e ainda alguns anos mais tarde, através do beijo. ico com a mae assumiu, entdo, uma nova dimensao libidinal idade nasceu como uma espécie de impulso que era a prin- nsepardvel do instinto biol6gico, mas que agora separouse dele eguiu uma certa autonomia. Para Freud, a sexualidade é, em si — 0 “desvio” de um instinto natural de jo a crianga cresce, surgem outras zonas erégenas. A fase como Freud a chama, é a primeira fase da vida sexual, estando jada ao impulso de incorporar objetos. Na fase anal, o nus .e uma zona erégena, ¢ com o prazer que a crianca experimenta defecar, vem a luz um novo contraste entre atividade e passivi- desconhecido na fase oral, A fase anal € sédica, porque a ea experimenta prazer erético com a expulsio © destruigio; mas yada ao desejo de retencao e controle possessivo, , bem como de -¢80 ow reten¢do também esté anga aprende uma nova forma de domi le outros por meio da ica” seguinte comega a focalizar a libido da \ga (ou impulso sexual) sobre os Srgaos genitais; mas ela é cha- mada “félica” e no “genital” porque, de acordo com Freud, apenas 166 TEORIA LITERARIA a menina tem de se contentar com 0 penis, e no com a vagina. (© que acontece nesse processo — embora as fases se confun- dam, e nao devam ser vistas numa seqiiéncia rigida — & uma or nizagao gradual dos impulsos no proprio corpo da crianga. Os impulsos si em nenhum sentido sao fixos como o instinto biolégico; seus objetos so contingentes € sub is, € um impulso sexual pode substituir outro, O que podemos imaginar nos primeiros anos da fda da crianga, jo € um sujeito unificado que enfrente © deseje um objeto estavel, mas um campo de forgas complexo, osci- lante, no qual o sujeito (a propria crianca) € colhido e dispersado, no qual ela ainda nfo possui nenhum centro de identidade © no qual os limites entre ela propria ¢ 0 mundo externo so indeter- minados. Dentro desse campo de forga libidinal, os objetos © os obje- tos parciais surgem e desaparecem novamente, mudam de lugat ca- leidoscopicamente; entre tais objetos ocupa lugar de destaque 0 corpo da crianga, no qual se desenvolve 0 jogo dos impulsos. Podemos falar disso também como de um Freud por vezes inclui toda a sexualidade infantil: a crianca sente prazer er6- tico com seu préprio corpo, sem ser capaz ainda de velo como um objeto completo. O auto-

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