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aa: "Peace 73 < : T a Se x pacar . ; * 7*. EDICAO- “2 - , . HAs cidades no periodo colonial inicia_mais decisivamente apenas no século XX. Em 4890, a populagao bra- sileira era deI4 milhoes de pessoas, pou- co mais que © total de habitantes que moram hoje na cidade de Sao Paulo. Ha controvérsias sobre a dimensio da po- pulagao urbana, que, a julgar pelos estu- | dos disponiveis, estava entrd6,8% € 10%, Apenas quatro cidades brasileiras tinham mais de 100 mil habitantes: Rio de J | ~ Jé em 199), um século mais tarde, a populagio Brasileira chegava a_146,9 milhoes de habitantes, dos quais(75,57% era urbana. Dos municipios brasileiros, E noradores, eI -milhao Centro bistorico de Salvador (BA). Entretanto, zat a importancia dos centros urha nos durante 0s periodos colonial ¢ imperial, quando o Brasil teve algu- mas cidades de grande porte. Em 4780, Salvador tinha 32209 habitan- € incorreto despre- te5_no centro (distribuidos em dez freguesias) e 20076 moradores no subtitbio (distribuidos em onze fre guesias). Tratava-se, portanto, de uma cidade de porte razoavel mais de 50 mil habitantes Embora 0 local da atividade pro- dutiva central © dinamica fosse o cam po, as ligacées com o financiamento ¢ o comércio internacionz am feitas das cidades, que polarizavam com atrav a atividade agricola, em geral mono- cultora. Esse papel fundamental de viabilizar_os interesses mercantilistas europeus na relacao com a colénia deu as cidades coloniais, sedes do ca- pital mercantil, caracteristicas de gran. conf des centros. erindo-lhes cert descolamento ou autonomia em rela: 40 a0 conjunto do territ6rio, srott'sepura Oceano | Recast paciico § 7 oceano \ @ ATLANTICO Durante_esse_periodo,_nao_havia | colonizacio nos primeiros séculos, a for- propriamente uma rede de cidades, mas | ¢a dos engenhos produtores de agticar alguns grindes pélos que concentrivam | era tao significativa diante da incipiencia as ative burocritics ligadas adm | ch maior pare dos nficleos urbanos, ue i rgio Buarque de Hollanda usou a ex idministrativas, come a_miseria ur- relativas & produgio agroexportadont . para definir de mancira muito cla- ‘Antes do declinio da produgao | ra uma situagao na qual a unidade rural agueareira, que sustentou a rekigdo de | ert_praticamente autos en- Engenbo de cana-de-agicar com casa-grande, Obra de Barleus. wit) quanto nas aldeias era freqiiente a falta dealimentos. Em Salvador ¢ no Recife cidades pot onde se dava o escoamen- to do aguicar, entretanto, a situagao era diferente. O Nordeste era a regido mais > scculOCkVTT) urbanizada do ps V F notiivel — pode-se dizer abso- luta — a importincia da Igreja Catdlica | nos dois primeiros séculos e meio da | colonizagio, Uma estreita relagao en- tre Estado e Igreja garantia a ele legitimagio do dominio sobre as terras, descohertas e a ela a exclusividade so- bre a vida espiritual (reqtientemente | nao tio EspiritUal) desses territ6rios. A criagio dos niicléos urbanos vi- nha sempre acompanhada da constru- | Gio da_capela, que ocupava lugar de | , destaque. O pequeno nticleo de casas | ao redor da capela (também chamado de patriménio) poderia evoluir para_a situagao de pardquia ou freguesia, para depois se tornar uma vila (e mais rara- mente cidade), que deveria apresentar uma_matriz ou capela ampliada, além da Casa da Camara € Cadeia. Essa miu- danca de status envolvia caracteristicas ridico-institucionais em que o papel da Igreja eo do Fstado sé confandiam. A administragao urbana era da com- | peténcia_do_poder local, As Camaras Municipais eram controladas principal- mente_pelos proprietarios rurais que Qcupavam os cargos de vereador. Ti- I Historia ignorada |, Apesar de a populacdo indigena P ser constituida de mais d de pessoas, 0 que Significava 0 dobro V dos habitantes de Portugal, em 1500, Gaga da Co or po gies re- I prerereua asia le todo um modo 1 &e habitar é de viver em comunida. 1 des Eevidenté qué muitos babitos in- 1! digenas seriam apropriados. pelos co- Llonizadores Portugueses. Contudo, nham direito a voto os “homens bons". © que significava: de cor branca, pro, prietarios de escravos e de terra resi. dentes na cidade, de religiio catolica ¢ que n ‘assem a_nenhum ofi- cio manual —considerado desprezivel Como parte integrante da monar. quia portuguesa, o destino das terras, dos bens e mesmo dos stiditos da cold. nia_pe Coroa. Os “homens bons” ou colonos eram representantes da Coroa ¢ tinham portanto influénc sobre 0 destino das pessoas € das coi Havia uma perfeita articulagio en- tre a familia patriarcal, que funcionava como uma unidade econdmica, ¢ 0 tado absolutista. Mais do que através de contrato formal, o poder _se_exercia descentralizadamente, via _autoridade patriarcal € patrimonialista, ou seja, por aqueles que possufam escravos € terras, Estas_eram concessio da Coroa, que podia retoma-las a qualquer momento. Os colonos que aqui viviam re- solviam problemas administrativos, in- vestiam seus proprios recursos na aber tura de estradas e em melhorias de que as vilas necessitassem, decidiam con- flitos, investiam em construgdes religio- sas; enfim, seus interesses confundiam- se com os interesses locais. Esses fatos marcaram fortemente a formagao do poder local no Brasil, ao longo dos séculos. culturais e religiosos seriam tomados como referencia central e absoluta. | Os rectirsos naturais, a organizacao | espacial, a terrae a populagdo que | nela vivia foram envolvidos num mo- | vimento avassalador— determinado | belo capitalismo mercantilista—, que | ignorou a bistoria anterior a chega- | da dos europeus & colénia io} POT TTT nnn nn | 4. acdo dos colonizadores em re- 1 sacttod PO pulacao indigena, na Amie | ices fol marcada pela violOncla a mi- Bar atranes do uso da pleura e das armas de fogo)._a_ econdmica {escravizagao, destruigdo das rela- | ies tribais) ¢ a cultural (destruigao I Sas crencas, dos costiimies, dos mitos, | das tradicoes, dos ritos) | Adestruicao dos referencias que | darn sustentagao & comunidade in- | digena atingit até mesmo, a mora- dia (ocd) e@ a aldeia (taba) | Gonstruidas com folbas de palmeira | ow sapé, as ocas foram rejeitadas por I seu uso coletivo, ofensivo aos valores I religiosas e morais dos colonizadores. | A moradia coletiva era considerada | pecaminosa, Em seu lugar. os jesué- tas construiram casas separadas, Was mer Maa aa si¢do das casas nas missoes tambem negava a forma de organizagao da taba, onde as ocas se alinbavam muitas vezes em forma de circulo, re sultando num espago coletivo central. A nova organizagdo espacial im bosta— das casas, da igreja e dos de- mais edificios, além do cemitério — revelava uma ordem e uma hierar- Gia desconhecidas para os indige- nas. Além disso, a gandncia presente Tia atitude do colonizador em busca de mais ¢ mais mercadorias e do aczinulo pessoal de bens tambem era desconhecida para aquelas socie- dades. Para elas, os bens materiais eram coletivos, e seu uso se restringia as necessidades ditadas pola Sobre: véncia fisica e cultural. Os jesuttas procuraram eliminar © hdbito indigena da babitacao coletiva por considerarem-na amoral e pecaminosa. As ocas foram substituidas por casas indivtduats ¢ 4 organizagdo circular/coletiva da taba foi substitulda por um espago ‘organizado com bierarquia. | | ! ! | | 1 | 1 ! ! 1 | | | | | | | | | I | | | | | | { 1 I | | | | 1 1 1 | | | HCiclo do ouro: 0 barroco e a expansao do territério amos registrar rapidamente alguns aspectos da evolugo urbana an- terior ao sécul ja que éa nha mais importancla € Exige mais aten- Gio, Ao Tongo dos dois primeiros sécu- los coloniais, o surgimento de povoados no Brasil ficou restrito 4 costa Atlantica, sendo eles quase sempre de dimensoes modestas, Com excegio de Salvador, ca~ pital da coldnia, e de Olinda e Recife, no periodo do dominio holandés, quan- do passaram por um interessante pro- cesso de usbaniza Mauricio de N: ciclo do ouro que navi U algum destaque. Com a queda do acticar € a censio da exploragao do Ouro, dades antes concentrada ancar_para_o it © interior. A capitania de Sao Paulo foi dividida,“criando-se le Minas Gerais € Mato Grosso. - | eixo da dinimica economica desloca- se para o Centro-Sul ¢ a. capital € trans- ferida para o Rio de Janeiro 4763), por onde se di o escoamento do ouro. As atividades de mineracao, a caca ao_indio para a escravizacio ¢ a ex- pansio da pecuaria tragaram rotas (em especial através das entradas e bandei- ras), em torno das quais muitas vilas OCEANO PACIFICO => Expansto da: ‘las rides pala ativdade de minerapio “ => Rtas des pin 8 prncpais entradas bandsiras OCEANO ATLANTICO se formaram, ampliando 0 territ6rio da coldnia para além dos limites estabel cidos pelo Tratado de Tordesilhas Uma _sociedade__mais { ficada, ligadaa_ativ desenvolve-se_nos _centros ligados exploracao _aurifera: pequeno artesa nato, prestacao de servicos, pequeno | comércio ¢ comércio ambulante, ad- | ministracao civil € militar — além da | populacao pobre livre e, naturalmen- dos 08, antes quase restritos rural. SSS Vilas e cidades mais des- tacadas apresentaram significativa ma- nifestacao artistica e cultural, merecen- do destaque a obra de_Antonio Fran- O chafariz e a Igreja de Sao Francisco, localizados em Ouro Preto, sao exemplos da arte barroca no Brasil, cujo apogeu se deu como ciclo do ouro. ——— tuiam_eXxceGdes. cisco Lisboa, 0 Aleijadinho, expresso notavel do barroco no Brasil Durante periodo colonial apenas as cidades mais imponantes ti nham algum calcamento nas ruas. O sa néamento basico nunca foi preocupa- Go da Coroa portuguesa: agua recothida apuadeiros que abas ue abasteciam as moradias. As fezes eram transportadas por escra- todo 0 Em geral, a por e Gdades ligadas 20 Z io de pe eds trabalha com ésmero_incomum, além de _algumas obras de infra-estrutura (@uro Pret apresentava — e ain- da hoje apresenta — um grande nd- mero de chafarizes que mereceram tra- tamento artistico. Era neles que OS es- cravos iam buscar a 4gua necessdaria para as residéncias. A rede de agua que os alimentava era constituida de dutos de chumbo, barro cozido ou pedra-sa- bao, que também foi utilizada nas edifi- cagoes. Devido a sua consisténcia mais macia, a pedra-sabao permite um tra- | balho de cantaria semelhante ao de es- cultura em madeira. O requinte se es- tendia 4 construcao de igrejas, edificios administrativos e residénci: A auséncia de normas urbanisti- | cas para as cidades brasileiras alimen- | tou _muitas teses sobre a desordem ou o desalinhamento das tuas e casario, cujo desenvolvimento se fazia “malemolente” ou “preguicosamente”, ao sabor do acaso. As cidades de colonizacao espa- nhola, segundo esses autores, apre- sentavam uma ordem na definigao de Pracas, no arruamento e na disposi- ¢40 do casario que as cidades brasil ras nao dispunham. As ordens religio- sas tinham normas para suas edifica- ¢6es; a Coroa, nao, Uma tentativa nao muito bem-su- cedida de fixar normas para a ocupa- 40 do solo nos territérios de dominio portugues foi instituida durante a uniao das Coroas de Espanha e Portugal (1540/1640), com as chamadas Orde- nagoes Filipinas. Apenas entre 6750 ¢ 1777) entre- tanto, foi instituida uma politica de ur- banizacao, com incentivo a criagao de vilas que deveriam seguir as mesmas Hormas utilizadas no tweimitorio poru- gues. Essa politica, Tiderada pelo mar- | qués de Pombal, primeiro-ministro por- eo tugués da €poca de s¢ I, fazia par- te de um esforgo de ale maior efi administrativa por meio da cen- tralizagado, meta que Portugal aindd conseguira dar ao governo da colénia. Essa nova legislagao recomendava um sistema vidrio em que ruas ¢ pragas de- | veriam se _organizar em forma de xa- drez, instituindo também normas os lotes, quadras € fachadas, que nac deveriam mais apresentar janelas com treliga (muxarabié). A reconstrugao de | Lisboa, apos um grande terremoto, se- guido de incéndio, em 1755, serviu de modelo_pa s_cidades_brasi- leiras,, eas A existéncia de um contingente de escravos € Tibertos OCiOsOs em Ta- zao do declinio da produgao aurifera, permitiu as autoridades_publicas da- uela regiao utilizd-los nessas obra dando nova feigao aos centros urh: nos. | Nas cidades maiores — Salvador, Olinda/Recife, Rio de Janeiro, Belém, Sao Luis do Maranhao e, em menor es- cala, Paratba, Santos e Vitoria — foram construidas obras publicas, monumen- tais_edificic + piiblicos € fagianse significativos edificios comerciais. Os conjuntos arquitet6nicos cons- truidos sob a inspiragao do urbanismo barroco, presentes em Salvador (cais Dourado e cais da Amarra), Rio de Ja- neiro (Patio do Carmo, atual Praga XV), Vila de AlcAntara, no Maranhao (praca Principal), além dos conjuntos de edi- ficios assobradados de Belém e Sao Luis do Maranhao, s40 uma mostra impor- tante da mudanga do cardter da monumentalidade urbana. Se antes ai pe- Nas os edificios do clero, do Estado e da aristocracia apresentavam mona- mentalidade, a ascensao da burguesia Vista panordmica do Largo do Pago (RJ), obra de Leandro Joaquim. ‘mercantil_ mostray; 2 con S_ur- bangs (nao apenas edifi lados), de uso comercial ou residencial, pode- | riam apresentar qualidade. G79) moravam. No fim do sécul:XVIM) o Brasil contava com aproximadamente/2 Ihoes de habitantes, tis. T- muitas diferencas, quase dois 7 I A industrializagao e as cidades 1 | Ofim do século XVILfoi marca. 1a..As cidades, locus da producaoin- | | do pela crise dos regimes absolutis- Tusirial, passariam 1 por verdadeira | | tas na Europa. Cidedrio Tiberalse reviravolta, a comecar pelo intenso | | opunha ao Estado centralizado e mento demografico decorren- | | interventor. O liberalismo se baseou te da forca de trabalho que vinha do | | #0 livre mercado, no pensamenio campo. As_relagoes emergentes 1 1 propriedade da terra na patria do ca- 1 | Bilal industrial ocasionaram a dis- 4 | pensa de camponeses, que, disponi- I veis, Pumaram para as Clqades, Cons- intuindo forga de rabalho abundan- | | te para a industri O Bra-|1 | Se periodo, a In a | silvivérid a relacao entre proprieda-\L | ja havid iniciado sua Revolucao In- \ de da terra/indusirializagao/urbani- | dustrial, com a ascensao da burgue- | Zacao, com dlgumas semethancas e | | 4 HSéculo XIX— mudancas que preparam a urbanizacto m £808, desembarca no Rio de Ja- neiro, fugindo de Napoleao, a fa- milia real, acompanhada por mais de (Q_mi) pessoas, Boris Fausto des creve 0 séquito de acompanhantes: mi- nistros, conselheiros, juizes da Corte Su- prema, funciondrios do Tesouro, alto clero, exército, marinha, tesouro real, arquivos, maquinas impressoras, biblio- tecas € Outras pessoas € objetos com fungdes menos objetivas, A acomoda- ao de tanta gente no Rio de Janeiro foi problemitica. As melhores edi- ficagoes foram desocupadas para rece- ber a familia real. Suas_portas eram marcadas com as letras P.R., que signi- ficavam Principe Regente, ou, na_ver- silo dos cariocas, “prédio roubado™, ou “ponha-se na rua”. “O_impacto sobre a vida da cold- nia, € em especial sobre a cidade do Rio de Janeiro, foi muito forte. A co- mecar pela Gbertard Gos Ponds, que trouxe 0 fim das restrigdes que visa- vam proteger as mercadorias aqui wazidas por Portugal Tuja Tabricacio era proibida). A_produgao_ industrial também foi finalmente liberada, rom- pendo-se o estatuto colonial, Embora a pressio dos produtos ingleses sobre © mercado brasileiro tenha constituido grave fator de inibigio da produgio ma- nufatureira local, iniciou-se a partir dai © desenvolvimento de varios campos varios campos | de Medicina na Bahia ¢ no Rio de Ja lusgia ea noe ‘Aciéncia moder- na, que causou impacto_na Furopa no no século, XIX com a vinda da familia Oensino superior ale entao proi- bido, foi instituido. Criaram-se escolas « neiro, academias de Direito em Olinda e Si0 Paulo. Organizaram-se expedi- Ges cientificas a partir de 1817, suprin- do finalmente a lacuna de documenta- Go existente sobre a sociedade. a fauna ea flora brasileira. A engenharia ga- nha grande impulso devido & mudan- ¢a da colénia, transformada em Reino Unido, e devido também as grandes conquistas tecnolégicas da época — maquina a vapor, maquina de tear, fer- rovia, avango da metalurgia. etc A imprensa nacional, antes proibi- da, tambem foi criada nesse periodo: fundam-se as Academias Militar e da Ma rinha e inaugura-se 6 Banco do Brasil. Teatro. biblioteca, academmias litersria¢ Gientifica também. sao inaugurados. A Cidade do Rio de Janeiro, enquanto sede do reino, € 0 local principal para aco- Iher as principais iniciativas. Ha um no- tivel desenvolvimento das artes. Em NISIOX criada a Academia de Belas-Ar teS, que recebe a Missao Francesa, com- posta de pintores, escultores, muisicos € arquitetos estrangeiros. A populacdo carioca pes de 50. mil para 100 m habitantes. A cidade ganha mais vide € se diversificg. Em compensagio. foipre- ciso arear com os altos custos da met tengio de_um até entio inédito apartto administrative © burocritico, além de uma multidio de ociosos A-ampliagio do consumo part # manutengao da realeza no foi acomp | hada do aumento. proporciontl_& ca tee! Snte - produgio. A combinagio 4 16 . inflagao com 0 endividamento externo ira acompanhar a historia_do_pais_a partir de entao. ~ “Knglaterra, que dera protecao militar a transferéncia da familia real portuguesa, passou a controlar, agora de perto e diretamente, 0 comércio bra- sileiro. A Revolucao Industrial nao po- dia conviver com os monopdlios mer- cantilistas, e a Inglaterra se coloca con- tra qualquer tipo de restrigao 4 comer- Gializacao de seus produtos. Pelo mes- mo motivo, ela Vai Sé opor 4 manuten- cao da mao-de-obra escrava. E nesse_contexto que se_deu_no Brasil a passagem de col6nia para pais ingencilens, pecs oe Ge mo envolveu grandes rupturas. A primeira Constituigao brasileira evidencia a per- manéncia da elite como dona do poder € a conseqiiente inviabilizagad das uto- pias de _igualdade, liberdade e frater- nidade. O direito de voto era condicio- nado a posse de uma renda minima esta- belecida pela Constituicao, bem como 0 direito para ser eleito, Qs direitos indivi- duais eram filtrados pela condi¢ao_pa- timonial. A Tibewlade de expressio Te al convivia com assassinatos impunies € coma imensa massa de escravos. Era cl- dadao_quem tinha GossesyA Cacao da Guarda_Nacional, oe 83),_ampliara ainda mais o poder dos grandes produ- tores rurais, que passaram a ser chama- dos de (Coronéis tendo_praticamente poder de vida e de morte sobre a popu- lacao, Apesar disso tudo, a Constitu deis24 reconheceu a legalidade de al- gumas praticas correntes: extinguiu_as corporacoes de oficio e também a proi- bia bicgao de os artesdos se elegerem para as Camaras Municipais. m oy © Brasil tinha_doze_nt- _ Cleos clasificados como cidades._Ainda Jue no se tenha passa oF rupturas importantes, foi durante o periodo_im- | perial que comecaram a ser_gestadas as_mudancas fundamentais_responsa- veis pelo deslanche do processo de ur- banizagao no Brasil. As disputas politi- | cas que se estenderam por todo o Im- pério (1822 a 1889), culminando com a (ei de Terras (1850)) a aboligdo da escravic jao (1888) e a proclamacao lamagao da i 9}, compoem _um_con- junto de medidas e acontecimentos que viabilizariam as condigdes para_a in- dustrializagao/urbanizacao no final daquele século. As re isténcias as mu- dangas foram muito expressivas, € €S- tas resultaram de acordos que bu: vam_acomodar interesses dominantes ‘Tnovos € antigos. ~~ Valea pena refletir um pouco mais detidamente sobre esses dois fatos — 0 fim da escravidao com a emergéncia do trabalho livre e a institucionalizacao da terra como propriedade privada — para melhor compreender um processo que esta na raiz do desenvolvimento urbano. WDa mio-de-obra escrava para 0 trabalhador livre ° eria_absolutamente impossivel en- tender a cidade colonial ou_impe- tial sem_o trabalho escravo. Os cravos, dentre muitas outras funcoes, eli- minavam os dejetos (carregando barris cheios de fezes, que no Rio de Janeiro, por exemplo, eram jogados nas praias); abasteciam _as casas de agua, uma vez que a canalizagao era inexistente, abaste- Joxé Chriatano de Freitas Henrique J. es ciam de lenha a cozinha, eliminavam o lixo. Tanto 0 transporte de mercadorias como O na Ci eram feitos porescravos. Gilberto Freyre faz referén- cia 4s _obesas matronas senhoriais que utilizavam os escravos para Os menores movimentos_e chegavam a_entrar_nas igrejas carregadas em suas liteiras. A co- municacio era em grande parte feita pe- los meninos de recado. Até mesmo no comeércio e nos servi¢os urbanos, os pro- prietirios buscavam extrairalguma ren- da de seus escravos, que eram alugados OU prestavam servigos_ em estabeleci- mentos para tal fim: comércio, barbearia | © pequenas cirurgias, sapataria OU outras | atividades artesanais, € até a prostituicao. Estes foram denominados escravos de ganho, especialmente importantes no Rio de Janeiro do século XIX, em cujas ruas podiam ser encontrados vendendo 7, quitutes, frutas, etc. ei, ' movidas | importincia vai além disso: o escravo Amao-de-obra escrava tinha muitas coutras fungdes. A ConstruGao de edificios © demais obras do periodo colonial ou imperial foi baseada no trabalho do escra- Vo, Com exceqao de Vilas ou Cidades mais pobres. como 340 Paulo, que utilizavam. nas construcoes, a forca de trabalho indi- ena. por falta de recursos para a Compra fricanos. Até mesmo na Guerra do Paraguai_ os escravos foram enviados (com promessas de recompen- sas como a alforria, caso retornassem vi- Vos) para compor as tropas comandadas por brancos mais endinheirados. Nao era, portanto, apenas no lati- fandio rural que o tabalho escravo cons- tituia o motor da col6nia e mais tarde do Império. As cidades também eram r esse tipo de trabalho. Sua constituia também uma espécie de ~ca- pital”. ACTED a tera nao Servis como objeto de hipoteca para a realizagao de empréstimos, mas os escravos. sim. Eles eram fonte de renda e, portanto. de in- vestimento. E importante lembrar que até essa época a terra nado mereceu tri- tamento juridico mais elaborado no Bri- sil. Isso aconteceu apenas quando o tri fico_de africanos foi proibido por lei Nao obstante a proibicao eny Sat, a nao surtiu feito € o comércio de_ne- gros continuou ilegalmente, e até com a participagao de autoridades publi- cas. Foi s6 em1850que nova lei no mesmo sentido foi aprovada, passan- do a ser cumprida, apesar das resis téncias. mana _ separa essa lei e outra que Ura- tava da propriedade da terra. Esta con- tinua sendo um privilégio das parce- las mais ricas, que podiam adquiri-la, bis a_propriedade baseada na ocu- pacao ou na cessao publica, como Se ‘sesmarias, nao mais é permitida. Os es- cravos sao substituidos pela terra como condigao para o exercicio do poder € o controle da producao. juridicamente, 0 escravo negro era considerado: Goisa) € nao pessoa. Mesmo a Igreja, especialmente a Companhia de Jesus, que fez forte oposigao a escra- izagao_dos indios, nao foi conira_a local onde os escravos eram castigados publicamente, era o simbolo formal da autonomia municipal. Diversas cartas ré- gias, que concederam autonomia muni- cipal_as_vilas brasileiras, fixaram_entre outras indicacdes a indispensavel cons- trugao do pelourinho. Simbolo da auto- nomia_administrativa, era também _sim- holo da autoridade e do poder calcado na violéncia do trabalho compulsério, sem oquala col6nia e os colonos ou “homens bons”, representantes da Coroa no muni- cipio, nao poderiam atender aos interes- ses mercantilistas portugueses. Nem mesmo a abolicao da_escravatura, consumada apenas em(1888>significou 0 fim_da_discriminacao sofrida pelos negros africanos ou pelos negros nascidos aqui. Grande parte dos escravos li- bertados, especialmente _nas tegiOes que _apresentavam * declinio da_cultura_do café, no vale do Paraiba, tomaram 9 rumo das cidades e ai ofe- receram sua forga dé traba- Iho, agora livre, concorrendo em desigualdade de condi- ¢6es com os brancos pobres € Os imigrantes que aqui che- Gavam. Essa foi a alternativa onde a cultura cafeeira se expandia. Parte dos imigrantes se estabeleceu nas cidades, criando uma oferta mais abun- dante de trabalho nesses centros urba- nos a partir do final do século XIX. Se o crescente preco dos escravos, devido a proibigao do trafico em 1850 e 4 Lei do Ventre Livre em 1871, acarretou mudangas_progressivas no sentido de romper com a dependéncia do trabalho servil, foram as reformas urbanas do fi- nal do século XIX € comeco do século XX_entretanto, que definiram mais for- temente a nova face da cidade republi- cana ou da sociedade “sem _o escravo. Nela, a massa trabalhadora pobre e em especial os negros desempregados_se- rao “varridos para baixo do tapete”, oul seja, serao expulsos das areas centrais, como veremos adiante. Qs capitais urbanos, antes empre- | gados no trifico de escravos, buscarao novas fontes de rendimento farto. encontrada por parte da elite Para resolver a questao da mao-de-obra, particularmen- te nas regiGes paulistas para Os escravos faziam o servigo de abastecimento de dgua, eliminavam os esgotos e 0 lixo, transportavam pessoas, cargas, lenba para o fogdo, levavam recados; enfim, imposstvel entender a cidade colonial ou imperial sem eles. a rada nexo central de exploragdo e que deve, para a libertagdo dos pro- letarios, ser abolida. Nas doutrinas da Igreja Catolica, @ propriedade privada da terra pas- sa de um tratamento conservador (1846, 1864, 1891) para um trata- mento que revela maior sensibilida- ocial (Pio XIlem 1946 e Mater et Magistra em 1961). O conceito de “fun¢do social da propriedade’, que contrapée o inte- PT TT Tee As mesmas regras que vigiam para | a concessao de sesmarias em Portugal foram transferidas para 0 Brasi!-Colé- | nia. Ja observamos que a monarquia portuguesa conservou sob seu contro- le as terras e as atividades econdmicas, ambas dependentes de concessao. A concessao de terras era feita me- resse coletivo ao interesse indivi- dual, caracteristico da propriedade absoluta, é citado por Auguste Comte jd em 1850, mas sua aplicacdo, como forma de restrigao ao direito de propriedade individual, vai se dar apenas no século XX, na Europa. A “funcdo social” passa a se sobrepor ao direito absoluto individual, que acaba sendo relativizado gracas ao aumento do poder de Iuta dos tra- baihadores nas cidades europé 4 A concessao da autonomia munici- pal era acompanhada da concessao de terra para 0 uso coletivo e expansao da vila ou cidade que era sede do munici- pio. OCrossio) como era chamado esse patrim6nio municipal composto por uma porgao de terra contigua a vila ou cida- de, destinava-se a fornecer lenha para 0 diante uma clausula que permitia retor- | no a Coroa, caso alguma exigéncia nao Fosse satisfeita (ocupar, produzir © pa- gar os tributos), 0 que relativizava € condicionava essa concessao. ‘A abundancia de terras_desocupa- das no Brasil, contudo, dispensou 0 rigor na aplicagao das regras que regulavam as | concessoes, O latifindio resultante da con- | cessio de sesmarias foi fundamental para a economia da Coroa portuguesa © Ce- is para o Império brasileiro, mas o que contava mais que a terra era a Cal acidade: “de ocupa-la_e nela_produzir: dada_pelo trabalho escravo. Assim, a propriedade de escravos era tao importante quanto a ter- ra, ou mais. A ‘dependéncia dos peque- Tos proprietirios em relacao ao latifiindio principalmente na rodugao. Lem- enhor rural nos propric era indiscutivel, comercializagio. das bremos mais uma vez que 0 5 era autoridade municipal e depois tornou- se também autoridade militar, com a Guar- fogo, madeira para as construg6es, pas- administradores locais tinham a com- peténcia de doar terras — as datas — a quem as solicitasse, a fim de morar ou produz as datas eramgfatuitas, com a condicio de ocupagao, producao e pa- gamento de@izimoyTal pratica se pres- tou ao exercicio arbitrario do poder dos burocratas e grandes proprietarios. No- vamente aqui se constata a falta de fron- teiras entre 0 ptiblico e o privado, rela- cdo que marca toda a nossa histéria. O sistema de concessao de ses- marias continuou a vigorar até 1822 quando o pais se torna independente de Portugal. José Bonifacio de Andrada e Silva, ministro do Império, justificou sua ie na ocupagao da terra: populagao vi- le na ocupacao da terra: populacso | vendo sem civilidade embrenhada nas vendo_sem CVn. matas, agricultura estagnada devido ao iftindlio, que, s went | A predominar essa forma de colonizat responsiivel pelo atriso da técnica na pro- | GO, at hist6rit subseqitente do pais se Bonifacio, que defendia a demare: venda de proprieckides menores, detinir uma ordenagio paraa questio da tern. Essa_definigto, todavia, como a questo da mdo-de-obni escriva, ndo cra simples do poder durante muitos anos, ,_com at indefinigao do Estado emTrelagao a ocupagio da ter ra, esta se dé_de forma _ampla e indis criminada. ; } Nesse periodo que se con- solida de fato_o latifindio brasileiro — com a expulsio de pequenos possciros, que_antes_tinham_o habito de ocupar terras virgens — e sua _substituigao por poderosos proprietarios rurais. A demo- rida tramiltagio do projeto de lei que iria propriedade da terra se devia ao medo ey ta a re ras_confirmadas. Rejeitaram também _o | imposto territorial que constava na pri- -meira redagao do anteprojeto de Tei Di- visto de Terras e Colonizacao, de 18: Na verdade, do projeto liberal que pre- P vada_a_ca , tendia utilizar as terras devolutas (terras do Estado) para com sua venda finan- ciar uma colonizacao branca Cimigragao de europeus), baseada na pequena pro- priedade, pouco_sobrou, senao_uma pomposa e avancada exposicio de mo- tivos fundamentada ne virtudes do pro- gresso das relagdes capitalistas. ‘Nio houve muito espaco para a colonizagao combinada & pequena pro- priedade, como iria_vingar apenas no Sul do pais. As experiéncias de nucleos \s experiences coloniais com imigrantes curopeus, le- 0, viabilizou_a_fundagao de varias _cida- des, como Sao ono) Ido fundada por alemaes em 1824), Bento Goncalves e aribaldi (fundadas por italianos em 1875), todas elas no Rio Grande do Sul. ria outra. Mas os imigrantes cram dese jados_principalmente_como_mao-de- obra_parao latittindio. O facil acesso 2 Propriedade dkterra inviabilizaria a dis- portbilidade da forga de teibatho que’ bstituir os escravos, especialmen- fazendas de café. Por isso Toram r “ACESSO ATCT e essas experiencias de cofonizagao, ‘A demarcaglo das terras devolutas: encontrou resisténcias_no_poder local, dominado pelos “coronéis”, que Tespon- deram com imprecisdes as solicitagoes do governo central sobre a sitagao Cas terras. Um vasto patrimdnio do Estad urbano e rafal, passou entio para a es- fera privada. A antiga forma corriqueira de acesso a terra — COnCESSIO ariel ria ou Qcupa iria si ranc:t livre ficaria sem terra, dependente dos latifundiarios para Sua Sobrevivencia. —X promulgacao daLet das Terra teve, contudo, maior imineto- sobre a ordenagdo das ruas_€ casarios nos nti- cleos urhanos, ja que ela distingue, pela Esolo publico € 0 que € solo privado. Exige-se uma demarcagao mais preci- sa_dos_espagos_que sio_propriecde privada: a dimensio € a FEMATTAGIO, dos lotes é mais bem definida, Exige-' se também a fixagao mais rigoros limites entre 0 espaco publico_€ 0 pri- vado — 0 alinhamento das fachadas, cadas € das ruas passat a obede- cer a um tragado mais preciso. 3 ‘A generalizagao da compra e€ ven- da da terra nao se implantou, porem. imediatamente apos_a aprovagao da Lei das Terras, de(1850) Murilo Marx lembra que até(1oTaCamara de 8 nicipais. Apenas em go Civil e a proibigao dessa pritica, ela se consolida em algumas cidades de inde _crescimento. Em outras, como Salvador, metade das terras municipais fo or _diversos motivos, Sua privatizacao se deu a partir de entao. privatinegao se den 4 partir de eniio processo_de_industrializacao_no Brasil deu-se integrado & expansao 7 da_cultura doCafé} que toma im- pulso a partir deZi830) As_primeiras in- desenvolvimento iria_se_concentrar no Ceniro-Sul, regio de produgio cafecira fuGio Industral do Rio de Ja- neiro e de Minas Gerais suplantava a pro- dugio paulista em 1907, que era equiva- lente a do Rio Grande do Sul, Em (920) entretanto, Sao Paulo supera em mais do dobro a produao de cada um dos outros Estados. de favorecida pelo capi tal acumulado coma e7 ao do café, tal acumulado coma expomacio do café a sndusmalizagio seria feada, até a se- Sunda meat seulo XX por uma teresses da burguesia cafeeira, dos inter- nos — comerciantes e financiadores —, somados aos interes- . que implicavam ampliar o | | importadas para mercado para seus produtos industriais Kexcegio de produtos de consumo po- pular cotidiano, em especial tecidos ¢ ali- mentos, os demais produtos, como, por exemplo, materiais de constragao (exce- | toareia, cal ¢ tijolos), vinham de fora. Ate _restaram puiblicas até meados do sécu- mesmo portas e esquadrias em pinho-de- riga, madeira européia, foram fartamente s mans nos nobres paulistanas. Outros produtos para@xportag iriam se mostrar importantes Na Ssegun- da metade do século XIX, como borra- cha, agticar,algodao, couros & peles, mas foi o(caféque domiinou e marcou fortemente por mais de um século a brasileira, a ponto de definir irecao do desenvolvimento urhano e regional. Seu cultivo teve inicio na Baixada Fluminense, logo se estenden do pelo vale do Paraiba. Q declinio do do café representaram uma _certa per da de prestigio das cidades, provocan do um recuo em relagao a politica ur bana pombalina e também em rela is trocas regionais que tinham sc in tensificado naquele period. Con isso, o império do latif se rime café, porém, s Ss cidades «i ssouras, Areias, Bananal, Muriac Leopoldina, Juiz de Fora, Cataguases Carangola, e seu_dedlinio se di_junts mente com 0 da produgao do cle ns Teaito, no final do Império, A decadén cia € 0 abandono dessas cidades que conheceram apogeu e declinio a0 ft tro do café Torun iratados por Monicit Lobato no Tivro Cidades moras Ra segunda fase. 0 cule sc 1 i de para 9 oeste paufisia, no ume ferrovias: Jai, Ribeirao Preto. Prin Sao José do Rio Preto e Bauru fori!" 08 principais centros. Essas cic! criadas_na_medida da expans produgio cafeeita (IBS 1880) 40 va ater I Ms Planta da regiao central de Bauru. sentaram um tragado inicial regular, na forma do tabuleiro de xadrez. A_predominancia do Centro-Sul, para onde 0 eixo econdmico se deslo- cara_a partir do ciclo do ouro, se con- 0_transferidos do Nordeste ssa_regiao, entre 71850 € 1880) Melhora a comunicacao entre os cen- tros urbanos de Sao Paulo, Rio dé ja- \eiro € Minas Gerais. favoravel_da_ex- portagao, do café e também da_borra- cha, do cacau, do mate e do fumo na balanca comercial, a divida externa con- one todo o excedente, O servico da divida, o Ppagamento de dividendo e a femessa de Tucros das empresas estran- &ciras comprometem a economia do Pals, perigosamente embasada em pou- are OS AETTCOES _expOrIVEs ¢ SLakcncins le meados do sé AUX, deficits Sao Pee | ¢ ficultava ainc ainda mais a Tae enemas as ose: tra = a de_uma poli voltada_para_a_indus- tri a A spac do capital financeiro e comercial estrangeiro com 0 capital agricola nacional acabou determinando a drenagem de recursos para © exterior, sobretudo _para_a Inglaterra, para onde do, se havia um desinteresse do capital estrangeiro em relagio a indt em seus primérdios, os investimentos exter- nos em infra-estrutura foram significati- vos, resultando em fator muito impor- tante no desenvolvimento do pais: fer- rovias, usinas elétricas, portos, transpor- te marifimo, agua, esgotos, etc. Esses in- ‘Yestimentos visavam atender dem das regides com maior di ndmico, onde_se_verifica Jeno Sn da Muitos fazendeiros 2 BReptiblica— arrancada para 0 Brasil urbano oi, portanto, sob 0 dominio abso- | luto do café que o crescimento ur- bano/industrial se inicia, geran- do Uma sociedade mais diversificada, cOm_0 aparecimento da dasse_média, formada_por profissionais liberais, jor- nalistas, militares. Esse segmento social Tutou pela ampliagio do ensino (ape- sar de limitar-se ainda a uma minoria), | tendo sido fundamental _para_a expan | (© das nogées dos direitos que acom- panharam a nova etapa da hist6ria poli- tica do pais: luta por maior representa- tividade politica dos cidadaos, direitos ¢ garantias individuais, descentralizacao federativa, etc. A rigor, a_base politica continuava sendo constituida pela mes: ma elite agriria, aliada aos intermedia- rios urbanos, que havia séculos domi- fava o pais. Mas parte dela tinha incor- © porado 0s @lOFES POSTS) de co- *" nhecimento técnico ¢ racionalidade, re- fletidos no slogan que seria adotado | pela Reptiblica: Ordem e Progresso. Com a Constituigao republicana (inspirada na americana), pela i sora vez 0 voto € direto € universal (nao | se_menciona a mulher com direito a0 _ voto porque estava_implicito que ela nao votaria!). Estado e Igreja sao sepa- | rados, e 0 registro civil de nascimento e casamento € instituido. | Apesar de tudo, no final do sécu- | I6XIXD80% dos trabalhadores brasilei- | 26} ros estavam no campo, 13% no setor de servicos (a maior parte em empre- gos domésticos) e 79) jue da uma dimensao de como 0 s rural ainda era dominante. Mas a industria ni s 0 local das atividades ad- | mir is, financeiras, culturais. Elas comecam a ser também \ © local da produgio, Os imigrantes que zona rural (ou FO tratamento sado aos escravos), 05 es- s € os trabalhadores bran- - consti- foram aos poucos se ¢ tuindo em uma massa urbana, que, por sua vez, passou a.demandar produtos industriais para sua sobrevivéncia ‘Atabela a seguir mostra que, a ex- cegio de Recife, algumas grandes ci- dades apresentaram crescimento inten- so no final do século XIX, em especial Sao Paulo e Rio de Janeiro. O Fstado dé $20 Paulojseria 0. mais bem-sucedido na tarefa liderada pelos cafeicultores de atrair a_mao-de-obr. imigrante. Entre 1887 € 1900 nele en- traram 599 426 )pessoas, que vinham principalmente da Europa. A cidade de Sao Paulo cresceu, 3% entre 1872 e 1886, @%)entre 1886 € 1890 e 14% en- tre 1890 e 1900. Q processo imigratorio era tao intenso que, em 1920, a maio- ria absoluta da populacao da cidade de Sao Paulo era italiana’ No Rio de Janeiro, para onde acor- reram muitos dos escravos libertos das fazendas decadentes, a populacao qua- se dobrou entre 1872 € 1890. O cresci- mento urbano acarretou uma deman- lia, transporte ¢_demais da por moradi servicos urbanos até entao inédita. Em 86. 5 21 929 pessoas, de uma popule ote es io de Fanci "sikador 1 109 Recife 146671 11 556 Wim rttatcn seen cos. Em | g20 colonial que inam conviver com 2 9, esse_niimero fol para 46 680, A | nova orem. As relagdes de trabalho 1 eo Je pabiva. a ausénca | quardavam Took da antiga olen se $Pancamento hisico, o desemprego, _nhorial, Algumas conquists tsa es de criminalida- | tsi trfome, 08 altos ind mise gyms sm te anos apas as primeieas xreves tos indices de criminalids ear demas, a incaluinidate e 0 | dev naomi otek RAPTORS $e ationamenoTaiacional poner | Que saa Vos Ue Tora Dam diversa | ser uma das priicipats demands liga Seas Gejenies classes sockals, com fa da condigao de vida. ae tiam tanto os jornats de vabalha- clone ora eS qianto Os Tocumentos oficals “s $e ihmos se refer aos cOrtcos e ae © NOdkeme progres oa) came maane CefOrMas Urbanas Exemplo, sofre profi gragas aos trabalhadores especializados, Tomego do sécul, os opera ‘onstrugao civil estavam entre Os amas ‘organizados, informadios ¢ em-pugos, mentalidade repubticana, aspiran: no final do século XX. Ms naior con- | ae ow nbuigho-tlver estivesse no seu Seevinlamemo Geelacio de favor © Sifodinacio-que-marcurs_a Forca de iabalho no Brasil. As greves operirias do comeco- do século XX mostraram og restuicion esctavistas do passat. (que o Brasil chegar a dourbano edo cap mmantendo, por nie 02 Reve jae Pe 1POs,_procurou_comStFUir et para se legitimar Cente. As reformas urbanas se in toria e a atrair os capitais externos que Xo do café requeria. Elas im iS Fadicais, sobretudo na cidade do Rio de Janeiro: —y * ampliagao da capacidade do porto, or € mais importante do Bra- sil, que, entretanto, nao comporla- va navios de maior pone; — * ampliagio da capacidade de arma- dori > * ampliagio do sistema _viirio desti- nado a circulagio de mercadorias, dos entroncamentos Ferroviirios 10 porto. (Essa circulacao era bastante dificultada pelas estreitas © conges- tionadas ruas do Rio de Janeiro.) © presidente Rodrigues Alves in- dicou para prefeito do Distrito Federal (cidade do Rio de Janeiro) 0 engenhei- ro Francisco Passos, em 29 de dezem- bro de (50 O préfeito teve poderes ditatoriais “inconstitucionais na época) para desa- - proprias, demolit, contratar, construir, sem possibilidade de contestacao por parte de qualquer cidaclio que se sen- eee aingido. Foram consiratdos 120 90 gar da S90 /prédios velhos em apenas vinte meses. As fami- lias pobres eram. “despejadas sem complacéncia dos corti ‘cos_ou_“cabecas-de-porcos” (Ghar cojos cSmodos em repartidos por varias famt- lias) localizados nas areas centrais. 7 © rapido _crescimento , Populacional urbano sem_o ‘acompanhamento de servigos Sade saneamento foi a causa de ‘amarela —que tomavam con- ta da cidade. Uma politica higienista s- neadora também fol empreendida nese periodo, com determinagio € raciTenda Se as obras de ampliacao do sistema via- fio atingiam apenas uma parte da pope jacao pobre que en expulba, a camp | hg da vacina atingia a todos. Foi em | Good que o sanitarista Oswaldo Cruz che- | Foc uma campanha_ governamental tagho da cidade demonstrasse todo 0 seu descontenkamento com sua situagio de penriae com os govemantes de origem lista, que representavam a offgarquia cafeeira. As medidas tomadas para a re- Guperagio da economia brasileira (que sofrera uma bancarrota em 89 .gencia dos banqueiros ingleses ¢ alemaes — enxugamento da liquide2, equilibrio fiscal, novos impostos ~ ram au- mento _do desemprego ©, mente, das dificuldades par vénca da miss pobre. Por casio dt campanha da vacinagio e saneamento do Ii, a populago se nevollu € s¢ pr rou com pus ¢ pedis para enfrentar forgas do governo. Sdtira a Ostealdo Criez na época da Revolta da Vacite ee » A Revolta da Vacina, que transfor- mou as ruas do Rio de Janeiro em palco de batalhas durante varios dias, foi 1 primida duramente. nipregadc ints, pessoas sem ntos) foram anidos para 0 Acre. reform do Rio de Ja inspirado na reforma de Paris, executada pelo urbanista barao de Haussmann, sobo comando de Napoleao Il, entre 1850 ¢ A avenida Central, ‘tual Rio Branco, 10 Rio de Janeiro, antes e depois da reforma no comeca deste século, 1870. Manaus, Belém. Porto Alegre, | | Curitiba, Santos, Sao Paulo, passam pelas obras que conjugaram saneamento com: embelezamentocsegregdicio iernional.O Ko tinha com res, mendigos ° Tisew estilo de vida Eo embelezamento consistia em dara es- sas areas Umm Tratamiento GiGiico © paisa- gistico que pressuptinha a inexisté pobreza. A soluciio do problema c diadam a trabalhadora pobre, entrets to, nao fazia parte desses piojetos dé relor- ma urbana, - HA construcao da grepacao territorial iria se consolidar durante todo 0 se ‘durante todo 0 sé- iE culo XX_no Brasil ar yrasil: a_moderniza cao exdudente_ ou seja, 0 investimen- i nas areas que constituem 0 cenario naugura-se assim © urbanismo que a consequente segregagao € d Gagao acentuada na ocupagao do solo € na distribuigao dos equipamentos ur- Banos Se_na cidade imperial os escravos viviam junto a seus. proprietirios, a cida- de da Republica separa o trabalho do Scio, Expulsa 0s negros © brancos po- bres para _as periferias, para os Subtr- Bios, para os morros Ou para as varZeas. Os edificios, lojas € servigos na cidade republicans escondem 0 triba cana escondem o traba- - Iho das cozinhas, das oficinas. A cida- > de oculta 0 trabalho e segrega o traba- Ihador. Trata-se de uma nova concep- do urbana para uma nova sociedade, com uma nova disciplina espacial, éti- c@e-cultural, como nota o historiador | Nicolau Sevcenko. E um equivoco pensar que essas mudancas se restringiram aos aspectos ideolégicos, formais, culturais. Na bare > de toda a transformacio estava 0 cesso que tora as edificacdes uma mer- , cadoria Capitalista, apropriada de for- ma distinta pelas classes ou grupos so- ciais, A_propriedade privada da terra ‘era a primeira condigao para que al- guém pudesse ter acesso a essa merca- doria_ Mas ela nao era suficiente. | SmI Tea ot jicios edificios cOmeca a ser instituid a ser instituida Os| COdigos de posturas municipas. que| regulamentam consiracao e reforma de édificios, com exigéncias de_plantas, responsavel pela ‘obra, posse legal do terreno, etc, terao um papel fundamen tal na estruturagao do mercado imobili rio, Dessa forma, estavam excluidos os am condigdes para cons- fa posse legal da terra, que nao: truir (0 que exigi capital financeiro, conhecimento técni- co, etc.) nem recursos para comprar uma mercadoria assim definida lega mente. A atividade empresarial imobi- lidria é regulamentada nos primeiros dias da Republica. Os codigos de posturas de Paulo (886) e do Rio de J Janeiro 1889) tomam proibitiva a construgao de cor, as dreas centrais, que proliferam tigos ent TOS subiirbios ja existentes, 20) io da ado da pratica da autoconstru moradia. As favelas, que Sirao ‘marcar realidade urbana do Rio de Jane deo comego até o final do nosso sécu- lo, instalam-se, inicialmente, nos mor- io rio foi fundamental para viabilizar 0 as, sentamento residencial da_populagio Rio _de Janeiro ou_de Sao Paulo. Os transportes, somados as obras de infra- estrutura — energia, agua, esgotos —, combinaram-se com a consolidagao do. Joteamento residencial, que poderia se destinar_a0s ricos ou aos pobres. Q preco da terra é alto na restrita rea urbana servida por infra-estrutu-_ ra, Em meio a caréncia generalizada e sendo locais onde se concentram a Bol avimentagao, OS Wansportes, a Agua, OF eagotos, a energia elcirica, ra “as € 8 jardins, estabelece-ye_assi una. grande diferenca de pregos. Esse fato favorece OS proprictirios das areas: centrais. Como parte desse valor ver dos investimentos publicos aplicados nas obras urbanas, & fundamental, par i nascente capital imobilidrio, o contro- construgao das obras urbanas_coleti- vas, as cMpreliciray que comecam a Substituir profissionais autOnomos ga- rintiam, Ireqientemente, o Tnancia mento. Inicia-se uma artic > qual_passario, rOximas décadas, as mais importantes decisoes sobre a prodclo do-espago_urano, Ft vin- veis, capilais i ino Tios, © ras, parkamentares © governaitc concessionarias de servigos pablicos Controladas por | 10 problema da habitacio roblema_da_habitagao como sscimento, urbana acentuado <1 da_mio- tou em mudancas acentuadas na_con- digio da moradia. Ja lembramos que 65 escravos Substituiam a rede de es- gotos, a rede de aguas, a coleta de lixo, ’faziam a limpeza doméstica, a cocgao dos alimentos, produziam 0 sab’io, as cor velas, € ainda tinham a “funcio” de guindaste, elevador, ventilador, meio de transporte, etc. Os edificios de cinco Pavimentos (altura equivalente a um. edificio’ atual de dez andares), construidos em Recife ¢ Salvador_no século XVII, nao team funcionamen- to vidvel sem 0 trabalho excravo. No Pimeiro piso ficava 6 comércio; no segundo, 0 escritério © as acomoda- Ges para caixeiros-viajantes; no tercei- ro € nos demais andares eram distri- buidas as atividades familiares, ¢ zinha, que exigia 0 transporte de agua, Jenha para o fogio, alimentos, etc., fi- cava no tltimo andar, como nos Mos- tra 0 historiador Nestor Goulart Reis. ‘A moradia colonial era chamada de “fogo", segui ac ‘guesa, para a qual o fogo (fogao) ena local central da vida familiar. No Brasil, 1a mais quente, 0 fogo € expulso para fora de casa, A cozinha foi localizada inicialmente no exterior: no quintal ou alpendre, Na ea com poueos edmodos, onde as funge m (d mer, fogo ficava no interior du casa. cao dessa tradigao deter- neia de duas cozinhas para_os servicos mais sujos ¢ demora- dos, fora de casa. Mesmo apos a aboligao, a abun- dancia da oferta de trabalho manieve a tradigao da empregada cdoméstica — da classe média para cima, Essa a raiz de ima caracteristica impar verificavel nas moradias burguesas € pequeno-bur- guesas no Brasil: a separagio entre a entrada social ¢ ade servigo, além do oneanmento verificado no interior jndoma em fe ser- age ue possi- vig, social ¢ intima. Sempre que Po “ vel, a moradia proletaria_ite adequar a essas divisoes, oo mero de pessoas por ‘comodo 7 um Obsticulo a esse mines My so ‘Até a chegada da familia | aa Brasil, as técnicas € os materia ws cos_predominavam nas constr . : 5 edi- com excecio, € claro, de parte dos edi ficios religiosos ou institucionais. A (ai- pa de pilao (écnica de consirucao com barro socado em formas de madeira), © x’adobe (bloco de argila crua, palha € €s- trume) ou o pau-a-pique (armacao ou gaiola de madeira preenchida com bar- ro) se combinavam a telha de barro ou @ palha e sapé nas construgdes mais simples. Pedra e cal, s6 nas construcdes mais importantes, Esse quadro come¢a. a apresentar alguma mudanga com a abertura dos portos em(1808devido A entrada_de novos materiais no Brasil Nesse perfodo € introduzido 0 vidro has construgdes, 0 qué Vid modificar completamente a com figao de ilumina- ¢ao no interior das tesidéncias. A tevolucao industrial que se de- , Senvolvia na Europa jogava no mer- cado uma quantidade inusitada de no- YOs materiais que interesses in, sleses faziam chegar ao Brasil. A crescente incorporagao de vidros, tintas, metais &_seramicas a _construgio ermite a mudang¢a dos habitos familiares, pois Possibilita, embora ont | | “TAS edificaces colon; al y ara, ak nidos num Unico espace + an Ef gados 4 cozinha- jai sentavam fachadas estreitas a Dre nos muito compridos, com, ag» te. de telhado para a frente e pany dos, passaram por mudangas 4 |“ de meados do século XIX, con, obrigatorios frontais e late; grantes introduziram novos Prog i. mentos na construcao, em Special 44 disseminacao do uso do tij jOlo. Mas até aPrimeira Guerra Mundial o BRsil eg auto-suficienté apenas em tj jolo, cae area, nO que $€ refere a materi. construcao. A importagao 8eneralizada de materiais € componentes da cong, (Ao chega até as modestas mMoradias po- pulares, mas era nas Mans6es senho- tiais e burguesas que o ecletismo te. sultante dessa Pratica iria se mostrarno. tavel. A. construgao acompanhava cabulrio francés, a overnanta alema, a_louca in; lesa, etc. A momentines escassez de bens industriais durante a Primeira Guerra Mundial obriga o pais 4 um esforco de substituir os produtos I gados a consinugao. O fim da guerra, er {retanto, novamente trarla a pressio dx importados sobre o mercado inten O historiador Carlos Lemos lem que nesse periodo tem inicio a intro S@0 na moradia brasileira de produtosay® Pair OM recip. ais. OS | liam de fato revolucionar a vida dome AO século XX; (s eletrodoméstics”™ Meito © ridio, apds a Primeira nn ‘IepOis © refrigerador, o liquidificad* a qbitidor, a batedeira, apos a Seg! Guerra: A maquina de lavar roupasst™? \ maquina de lavar roupas® Mesmo na favela, os eletrodomésticos estdo presentes. nos anos 50 € pouco depois o aparelho que iia centralizar, quase absolutizar, © bitos familiares: @ televisao, A pressao dos chamados bens mo- demos nao exclui a moradia proletaria Enquanto vive em _condigdes minimas de conforto ambiental (saneamento ba- sico, salubridade, ntimero de morado- tes por cémodo, seguran¢a fisica) na precaria habitacao proletaria urbana, a Populacio carente desfruta de cletro- domesticos, “que passam a ser produzi- dos_no Brasil _por_multinacionais_que “qui se _instalam a_partir_do_final dos anos 40, no_periodo conhecido-como desenvolvimentista. Embora as necessi- dades basicas populares nao estejam “Sseguradas, o perfil industrial do pais “sultante da expansao do capital inter- ‘onal sobre o mercado interno brasi- “To resultara num cenario que combi- 2moderno ¢ o arcaico € que ficara dente No interior da Casa ar. ‘WCarencia habitacional e ‘mercado imobilidrio pesar_de incentivos do governo brasileiro para que empre: 5 pitalistas produzissem habitagao popular no inicio do Século, 50 nao “aconteceu. As empresas no consegui- | tam vente? F CORCOTEMCT ET peel. | (40 informal, alimentada pelo baixo | poder aquisitive da populacio. Asem- | Presas capitalistas imobilidrias de maior \ ‘porte investiram no parcelamento do | solo e comercializagio de lotes (quase | ‘nunca destinados ao mercado popular), enquanto 0 pequeno capitalista — prin- A City, companbia de origem inglesa, organizou varios loteamentos na capital paulista, a como o Jardim América, representado nesta planta. cipalmente 0 comerciante imigrante — investiu_na_producao de nticleos pe- S Cavenidas, vilas, cor- Renede a redores de casas) pata aluugar. Coube ao capital estrangeiro os investimentos em infra-estrutura, como luz, telefone se TuTos Indisrais investicam em vilas habitacionais para seus operarios, dando-lhes seguranca de controle da alificada, uma vez que 05 trabalhadores ficavam sujeitos As normas estabelecidas pelos patroes quanto a0 uso dessas MOradiasA autoconstrucio também passa a Sor uma altemaiiva combiaata- con os loteamentos nos subirbios. As pretel- turas instituem plantas-padroes — casa_operiria — contendo trés cOmo- dos. A elite brasileira importou da Eu- ropa a idéia modernista da casa higié- nica, dividida em funcdes hem defini- das, como expediente de controle do trabalhador urbano. Como se tor habito, a proposta do Estado ficou lie mitada ao plano d lagao de leis, ou de fachada ocupava 0 Tugar das acoes. Além do@luguely nenhuma dessas ternativas mostrou-se_significativ ponto de vista quantitativo. A crise de tioradia persist. SSS Nos ahOS Ayo crescimento domi: ciliar_ € menor que_o crescimenio Temografico, o que significa mais pes- 50as morando no mesmo domicilio. O. aumento dos alugueis, combinado com aS dificuldades ¢ os baixos salarios en- frentados pelos trabalhadores, condu: Jo descontentamento que se evidencia através de movimentos sociais compos- tos prineipalmente por OPErIROS. Em aria idéias ¢ da formu zia na condugao da economia brasilei- (1920, a Liga dos Inquilinos e Consumi- “Jores do Rio de Janeiro sea greve-dos inguilinos. Fm (922 € apro- vada a primeira lei do ine fas_inumeras medida: destinailas ao controle dos aluguéis. O Estado deci- deintervir no conflito formado por di- : inquilinos revolta- dos, industriais descontentes com o pes0 do aluguel nos salirios € ganan- cia dos proprietaric in Entre outras medidas, aumenta_a_regulacio sobre 6 uso do solo e a construcao de edificacdes, de modo a. garantir cone Ges para a viabilizacao-do capital de promocio imobilitia (monopolizacao sobre a terra), que dava seus primeiros yassos com a_construgio de edificios le escritorios € apartamentos. Entred920 € 1933; sas de loteamento passam a construir apartamentos na Zona Sul do Rio de Janeiro. O apartamento comeca a ser ‘aceito como forma de moradia pela caseméda.—— BCom o populismo nasce a politica social de habitacao uitos_historiad ideram 1930)a data do inicio mais ‘fetivo do processo de urbaniz: o/industrializagio no Brasil. De fato, com_a Revolugao de 1930, uma mu- danca politica fundamental da a0 pro- cesso. a 7a, Finalmente a burguesia agrario-ex- portadora perde sua hegemonia, O Es- tado interfere decisivamente na promo- Go da indusaizagIo aes i sstrutura (aco, petroleo, Tadovas etc} € de BUbsidios 20 capi tal industrial e ao desenvoliinenta: do mercado interno. ssa mudanga nao se da, nova- mente, com 0 total sacrificio dos seto- res arcaicos. Os interesses do setor agro- exportador serao relativamente poupa- dos — a base fundidria agraria perma- nece intocada, a reforma agraria € ig- norada € 0 trabalho rural nao € regula mentado, como ocorrerd_com o trabi Tho urbano, na oc: © Estado mantém uma_postura s da bur- guiesia “agraria e os da burguesia_in- dustrial. E a ambigilidade nao parava éncia do populismo consist em reconhecer a qu mas dando a éla um tratamento pater nals ¢ simblieo, que nega a aulo- jensa propa no © das “benesses” que institTeyo da Previdencias praMITIAGI0 da CLD — Gonsolidagao das Leis do Trabalho ixaca (0 do salario minima: Getu- argas, que ocupou a Presidéncia , da Reptiblica entre 1930 e 1945, © . primeiro de seus dois periodos de governo, era conhecido como “pai dos pobres’ (© crescimento urbano se di, ago- ra, principalmente pela migracto_in- tesna no pais. Partindo do Nordeste, . uma imensa _massa_busca trabalho nas cidades. (conceal Fonte TBGE reconhecia Pela primeira v oficialmente (com a ajuda das lideran- cas entpresariais industriais) que o mer- cado privado nao tinha condicbes de resolver o problema da moradia ¢ que © Estado tinha a responsabilidade de jo, Os empresarios queriam cli- minar a pressao que 0 aumento dos > alugueis fazia no sentido de forcar © aumento dos salarios. Era preciso fam- bem dar alguma resposta aos protes- tos dos trabalhadores. Nessa época, 0 govern propos, praticamente pela pri- meira vez, uma politica social de ha- bitagio, promovida pelos Institutos de Aposentadoriare Pensoes, que em 2 rae Pensoes, que em 27 Aposenta anos (de 1937 a iWiam Tinanciar ja construgao de(140_milmoradias, a major parte das quais destinada ao alu- guel. Muita publicidade para umares- posta modesta do as_puibli- fe habitagao. Os Parques Proletd fos, destinados a _transferéncia_de favelados, também nao Tograram mu- dar uma sitiagao de agravamento das condigées de moradia, Oa ae erect Soe vengao rio: a Tei de conge guéis, Se ela co guéis. Se_cla constituiu_um_aiivio ‘urt prazo para © bolso do tabalha Gundou em imOveis_como fonte ou com mentacio de renda. ~ Em (946 criou-se_a Fundagao da Casa Popular, que em dezoito anos di existencia financiou apenas 16 964 mo- fadias, Mais promessas, muita ambigti- dade © pouca realizado. Nem 0 mer. ‘ado privado respondia as demandas cao de aluguel declinava, nem o Esta- do cumpria sua promessa de resolver © problema, As alternativas encontra- das pela populagio trabalhadora pela massa pobre que vinha para as cida des liberaram capitalistas ¢ Estado da solugao do problema. Um verdadeiro ardil foi o que significou o desestimulo far, ae pela exaltacac pria, que, entretanto, nao era oferecida nem pelo Estado nem pelo mercado: ‘CQ ioteamento irregular na perife- ria, ou_a pura e simples ocupagao ile- gal_de_terras (ou mangues), e a auto- construgao da moradia tornaram-se as opcdes mais importantes para a sao de moradia dos migrantes nas gran- des _cidades. ~ A substituigao do transporte sobre is virludes da casa pro- rovi- trilhos pelo dnibus, nos anos 40, ofere- ceu_as_condigdes_ para que 0 parcela- mento da terra prosperasse sem 0 acom- panhamento da ubaninagto (pavimes ago, digua_esgato. Tluminacao) Z " va assegurar a chegada do transporte ue a terra fosse loteada € os Totes ven- ‘didos. QO Q onibus Gnibus era, par para isso, bi flexivel € viabilizou a ocupacio extensi- va, e inicialmel la rbanas. O_trindmio loteamento ilegal/ construgao/servico de Snibus foi res ponsivel pela formacao das extensas periferias_urbanas durante, no minimo, periferias urbanas durante, no_minim | meio século. HAnos 50: classe media, apartamento € automovel desenvolvimento dos anos 50, que Sustentou 0 processo de acumula- 40 _no Brasil, teve por ain- tistria de bens duraveis Cautoméveis, maquinas, eletrodomésticos), que com- binava tecnologia importada, ¢ avan- cada para os padroes bra ‘ileiros, com nte rarefeita, das periferias | baixos salarios. duraveis foi_acompanhs A producao dos bens _do_apro- dirigia_o mercado imobiliirio_privado. Todos os bens duriveis de consumo pri- vado trouxeram uma grande mudanga para a sociedade brasileira, mas nenhum deles causou tanto impacto nas cidades quanto o@utomével. As transformacdes passou a estrutura urbana ndo a adequar 9 @ sisiema vidio a0 au- prioridade do investimento ptiblico_em todas as cidades brasileiras mais impor tantes, com raras excecdes. Com o mo- delo_desenvolvimentis | extrativo-exportadora nunca deixou de contar para a economia brasileira, O crescimento industrial do periodo desenvolvimentista, a partir de um mo- delo de substituicao das importagdes, entretanto, foi realmente notavel. > ¢ indepe! dlitica ena, paradigma do periodo- Romipen os padroes urbanisticos usuiais ¢ ins randoSe To MOvIMIENto modernista, o | generoso plano de Brasilia nega a Togi- | ca do crescimenta urbano basea | tripe quarteirio/rua/lote. © desenrolar dos acontecimentos se encarregou de negara igualdade pre- tendida_de_juntar_na_mesma_super- aden um mesmo tipo deaparamen- ‘o-candango (operirio de constru- G0) © 0 senador da Replica. A se~ 37 iil “Anbangabaii, no centro de Sao Paulo, no inicio dos anos 40 ¢ atualmente: a cidade em dois tempos e em dois ritmos. ao entre a cidade oficial ¢ a pe- fo que em qual- | gu c juer outra cidade brasileira, Brasilia esta | no plano piloto, ¢ ada_pela_urbanizagao_convencio- mio _historico. 3g ia Qid irio urbanistico modernista a utopia construida pelos arquitetos de rentes funges, passou a ser incorpo- ido ao urbantenio brasllelio por inter inédio das Teis de Zoneamento © pla- nos diretores, consolidando nas das Seguintes um conjunto de “idéias fora do lugar to nos gabinetes gover enquan- a “organiza Te n0s tex 105 das leis, a concretude revelava que grande par te da popula ‘luidos do mercado imo- biliério_priv ya_o solo ilegalmente construindo Sua propria Casa com seus patcos re ocupa if cursos técnicos ¢ finan. ceiros, €@ velozmente A periferia cres: Mesmo em cidades como Salva. As duas faces de Brasflia: 0 plano piloto ¢ as 39 dor, que apresentou um atraso no cres cimento urbano em relagao a Sao Pa’ lo e Rio de J. iro no _séc XX.2 scupacao da periferia é explosiva nos anos 30. No final dessa mesma década equacao desenvolvimentista havia atin seu limite. Os cor cidades-satélites. afloraram tinham nas massas rurais € — SFH — e do seu urbanas alores bastante mobilizados que — central, o Banco Nacional da Habitacao cobravam as realizagdes das reformas | — BNH.A partir dai, as cidades brasi- de base. © ramo que os acontecimen-_Igiras passaram por grandes mudancas fos tomaram, entretanto, nao Ihes foi fa- Gee teat ama alse st vorivel. Em 4964) um golpe de Estado taco da habitacdo e das cidades bra- alquer espaco de participacio _ sileiras, no final do século XX, convém politica. Tem inicio eniio um periodo — conhecermos melhor os agentes que dis- de forte intervencao estatal na_produ- putam o controle do espaco urbano, de Zo da habitagao ¢ do espago urbano, — seus iméveis, de seus equipamentos € com a criagao do Sistema Financeiro da _ servigos Compreendendo 0 texto . Quais foram os motores do processo de urbanizagao no Brasil? . Qual a relacdo entre o fim da escravidao a propriedade privada da terra? . Quais as diferencas fundamentais entre a cidade colonial ¢ a cidade da _ Repiblica? b4. Como nasce a segregacao urbana? . Em que contexto surge a politica social de habitaga0?

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