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Clarice Lispector

(Ucrânia, 1925 - Brasil, 1977)

A proteção pungente

Ela não podia olhar para seu pai quando ele tinha uma alegria. Porque ele,
o forte e amargo, ficava nessas horas todo inocente. E tão desarmado. Oh, Deus,
ele esquecia que era mortal. E obrigava ela, uma criança, a arcar com o peso da
responsabilidade de saber que os nossos prazeres mais ingênuos e mais animais
também morrem. Nesses instantes em que ele esquecia que ia morrer, ele a
tornava a Pietà, a mãe do homem.

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