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Cegueira com Visão

Sou assim,
Moeda sem valor
Numa economia torta
cujo câmbio é a dor
Dessa gente semi-morta.

Sou indecisão,
Resvalando a lógica da razão
X, Y ouZ? o quê? Por quê?
Verdades que não se conseguem dizer
Através de simples equação.

Mas, sou força,


No meio dessa gente mole
Que dança e se sacode
ao som da causa da sua dor.
Sou Resistência e Rejeição!

Sou enigma de Delfo,


determino destinos, fatalizo.
Sou a luz que guia o cego
que, com bons olhos, sofre cegueira da visão
Quem tem um olho é semi-cego!

Tu não és Rei!
Nem mesmo és majestade!
És um louco na fogueira das futilidades.
Pensas o avesso como direito,
e o avesso, como tua propriedade.

E por que sou assim,


Bicho de dois olhos,
Combates a verdade, não a mim.
Sou mistério sem fim
Para tua Tacanha visão.

Por que não compreendes, expurgas;


Por que amas, odeias;
por que não podes ter,
vives o vazio do não-viver

Condenado estás
À eterna cegueira,
E assim te consumirás
na desprezível fogueira
Do fogo das ilusões!

(Tânia Flores.)

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