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A CRÍTICA DE NIETZSCHE A TRADIÇÃO DO CONHECIMENTO SOCRÁTICO-


PLATÔNICA.

Angelo José Sangiovanni∗

RESUMO: O trabalho parte do pressuposto de que Nietzsche é o pensador que se rebelou contra a
tradição do pensamento surgido na Grécia Antiga. O pensamento tinha unicamente, como guia a
razão. Nietzsche, a partir da análise da tragédia antiga, inaugura um caminho para a superação da
visão. Visão que tem o conhecimento centrado na razão, num otimismo científico que nega a condição
do ser humano porque, ao estar submetido a regras da razão, o ser vive na ilusão, num otimismo que
inviabiliza e nega a sua vontade. Assim, o objetivo deste trabalho centra-se no papel da tragédia antiga
e da música no pensamento de Nietszche e na sua crítica e superação do modelo de conhecimento que
Platão e Eurípides representam.

PALAVRAS–CHAVE: tragédia grega, razão, sentimentos, arte.

ABSTRACT: This study reflects Nietzsche as the thinker who dared to deny the Ancient Greek
tradition of thinking. Well, Nietzsche proposes a new way of overwhelming vision through his studies
on ancient tragedy. In fact, this vision for him his its centre on reason, which reveals this scientific
optimism that happens to deny human being’s condition as he or she, when is ruled by laws of reason,
he or she tends to live under illusion that may deny his or her will due to his or her optimism. In short,
the aim of this work is to study the role of either ancient tragedy or the music on Nietzsche’s thinking
and his criticism and how he managed to overcome Plato’s and Euripides’s models of knowledge.

KEYWORDS: Greek tragedy, reason, feeling, art.

AS ORIGENS

As origens do pensamento ocidental surgem na Grécia antiga e podemos considerar


que o filósofo Platão é o marco da racionalidade ocidental. Racionalidade que na época
pretendia o distanciamento de qualquer sentimento ou subjetividade, a verdade era una,
imutável e, portanto, não poderia habitar este mundo imperfeito mutável e finito.

Platão opõe-se a uma visão da cosmologia ligada aos elementos da natureza e a


substitui pela do mundo das idéias, no qual a verdade habita e orienta o nosso mundo aparente
e imperfeito. O mundo das idéias que expressa a teoria do conhecimento de Platão é um


Mestre em Filosofia. Professor da Faculdade de Artes do Paraná (FAP). Membro do Grupo de Pesquisa
Interdisciplinar em Artes.
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mundo inacessível para quem não saiu da caverna1. A caverna representa o mundo do visível
e mutável que percebemos pelos sentidos, o mundo real não é esse, é um mundo superior que
independe para existir deste mundo aparente. O acesso a esse mundo exige um grande esforço
e abdicação dos prazeres corpóreos é preciso buscar a verdade e a correta virtude enquanto
cidadão, a verdade e o agir moral não estão separados. Platão cria a dicotomia entre razão e
sentimentos e acusa a segunda de afastar-nos do caminho do bem que é causa de tudo que é
justo e belo.
A ruptura que Platão criou no livro X da República entre arte e conhecimento, para a
constituição do seu projeto de sociedade perfeita, exclui a arte da cidade por promover a
mímesis, a imitação. A arte era um simulacro da verdade e afastava o cidadão do caminho da
verdade por falar ou mostrar coisas falsas, como sendo verdadeiras. A poesia, entendida como
toda a cultura oral ou escrita que não seja a filosofia, enganava quem não tivesse o antídoto
que é o de conhecer o caminho da verdade.

- A de não aceitar a parte da poesia de carácter mimético. A necessidade de a recusar em


absoluto é agora, segundo me parece, ainda mais claramente evidente, desde que
definimos em separado cada uma das partes da alma.
- Que queres dizer?
- Aqui entre nós (porquanto não ireis contá-lo aos poetas trágicos e a todos os outros que
praticam a mimese), todas as obras dessa espécie se me afiguram ser a destruição da
inteligência dos ouvintes, de quantos não tiverem como antídoto o conhecimento de sua
verdadeira natureza. (PLATÃO, 1980, p.451)

Assim, surge no século IV antes de cristo, a dicotomia que bane a arte do reino do
conhecimento. Uma vez que, Platão no decorrer do Livro X mostra que a escultura, a pintura
e a poesia são mímesis. A escultura deforma a realidade ao não seguir as proporções; a pintura
mostra um ângulo que não representa o real; a poesia sofre a crítica mais dura ao ser
considerada como não educadora afastando o cidadão do caminho da verdade e da virtude e
ressaltando os sentimentos mais infantis.

- Assentemos, portanto, que, a principiar em Homero, todos os poetas são imitadores da


imagem da virtude e dos restantes assuntos sobre os quais compõem, mas não atingem a
verdade; mas, como ainda há pouco dissemos, o pintor fará o que parece ser um
sapateiro, aos olhos dos que percebem tão pouco de fazer sapatos como ele mesmo, mas
julgam pela forma?
- Precisamente.
- Do mesmo modo diremos, parece-me, que o poeta, por meio de palavras e frases, sabe
colorir devidamente cada uma das artes, sem entender delas mais do que saber imitá-las,
de modo que, a outros que tais, que julgam pelas palavras, parecem falar muito bem,
quando dissertam sobre a arte de fazer sapatos, ou sobre a arte da estratégia, ou sobre
qualquer outra com metro, ritmo e harmonia. Tal é a grande sedução natural que estas
têm, por si sós. Pois julgo que sabes como parecem as obras dos poetas, desnudadas do
colorido musical e ditas por si. Já assentaste nisso, de algum modo. (PLATÃO, 1980, p.
463-464)

1
Alegoria apresentada no Livro VII da República, no qual Platão supõe pessoas acorrentadas desde o
nascimento no interior de uma caverna, onde a realidade são as sombras projetadas no seu interior.
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A posição de Platão pode parecer absurda para muitos, no entanto, o problema


permanece: A arte é um conhecimento? E se for, enquadra-se nos modelos tradicionais das
teorias do conhecimento? A resposta para a primeira pergunta depende de esclarecermos o
que é conhecimento. Se considerarmos a posição que surge com Platão, que condena tudo o
que não se adequou aos moldes tradicionais do conhecimento em oposição aos sentimentos e
ao subjetivo, então, a arte está condenada a ser um simulacro do que consideramos verdadeiro
ou real, portanto, não pode ser considerada conhecimento. A resposta para segunda pergunta
é, não, pois a arte não pode ser submetida a critérios de verdade que somente diferencie o
verdadeiro do falso.
A visão tradicional do conhecimento científico-filosófico foi quem sempre definiu o
que pode ser considerado o real. A não submissão aos critérios deste modelo condena os
insurgentes ao reino da ilusão. A arte na sua ânsia de reconhecimento pretende transfigurar-se
em ciências ao vestir o manto científico - filosófico. Todavia, apesar de sua crítica negativa à
Arte, Platão percebeu algo genial no século IV AC, a saber: que a arte não representava o real.
Para Platão o real era a Idéia e, por exemplo, quando um marceneiro faz uma cama ele
segue a idéia, na execução do objeto cama a técnica e a finalidade são cumpridas - não se
afastando do real. No entanto, quando o pintor pinta uma cama na parede ele afasta-se da
utilidade e deturpa a finalidade da cama. Por este motivo Platão o condena o pintor a ser o
executor da mímesis, do simulacro do real, a ilusão.
Platão percebeu que a arte não se submetia ao critério científico-filosófico recém
criado, a menos que o trabalho do pintor se transforma no do marceneiro. A oposição entre
arte e conhecimento continuou até o século XIX quando Nietzsche resolve fazer uma crítica
radical ao modelo científico-filosófico.

A POSIÇÃO DE NIETZSCHE

Nietzsche, pela primeira vez na história do pensamento humano, ataca o cerne da


condenação Socrática platônica da arte ao considerá-la como o caminho que originou uma
sociedade ocidental cujos membros têm uma vida tão vazia de propósito. A oposição razão
sentimentos, para Nietzsche, foi o grande erro deste pensamento ocidental, não somente
condenando a arte, mas, também, o ser humano a uma vida submetida a normas racionais e
morais que lhe são alheias.
Para Nietzsche, Sócrates representa uma nova forma de existência até então nunca
vista pelos gregos, que ele chama o homem teórico, e afirma “[...] o homem teórico tem um
deleite infinito com o existente, qual o artista, e, como ele, é protegido, por esse
contentamento, da ética prática do pessimismo e de seus olhos de linceu2, que só brilham na
escuridão”. (NIETZSCHE, 2003, p. 92). Assim, esse novo conhecimento é uma ilusão, pois o
ser é submetido a normas que lhe são exteriores a sua própria vida, como os dualismos entre
verdadeiro e falso e o bem e o mal.
Nietzsche (2003) não admite que o ser humano se submeta às normas exterioras à
vontade humanas. A arte é a manifestação da natureza, somente pela arte o ser humano pode
superar a sua condição niilista. A razão não é o guia para o conhecimento, muitas das
atividades dos seres humanos são guiadas por impulsos necessários a sobrevivência. A arte e
o trágico são expressões da natureza humana a serem resgatadas pela música. No século XIX
2
Um dos argonautas, cuja vista era tão aguda que ele podia enxergar através da terra e distinguir objetos situados
a distâncias incríveis.
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a ópera de Wagner é o caminho para a superação do otimismo socrático, pois em Tristão e


Isolda os elementos música, palavra, imagem estão unidos. A Música é a linguagem universal
por meio da qual a arte e a cultura humana se manifestam, possibilitando a coexistência de
Apólo e Dionísio.
Nietzsche apresenta a sua crítica de modo incisivo nas seções 12, 13, 14 do
Nascimento da Tragédia acusando Sócrates e seus principais seguidores Platão e Eurípides de
terem destruído o mundo trágico dos gregos. O otimismo socrático com sua estética, “[...]cuja
suprema lei soa mais ou menos assim: “Tudo deve ser inteligível para ser belo”, como
sentença paralela à sentença socrática: “Só o sabedor é virtuoso.” (NIETZSCHE, 2005,
p.81)”.
A esse princípio socrático seguiu-se outro: Eurípides se encarregara como também
Platão o fizera, de mostrar a contraparte do poeta “irracional”; o seu princípio estético, “tudo
deve ser consciente para ser belo”. (NIETZSCHE, 2003, p.83). Eurípides, amigo de Sócrates,
torna-se o crítico cuja razão supera o modo trágico da tragédia grega. Segundo Nietzsche
(2003), Eurípides se afasta da tragédia de Ésquilo e Sófocles, autores que mostravam a
condição grega, o ser grego, em suas obras, por exemplo: Prometeu acorrentado e Édipo rei.
Aos olhos de Nietzsche Eurípides comete um sacrilégio ao abandonar o mito, que foi
substituído pela razão e pela consciência. Nietzsche faz um ataque literário metafórico onde à
paixão e os sentimentos pretendem superar a razão.

E por que abandonaste Dionísio, por isso Apolo também te abandonou: afugenta
todas as paixões de seu covil e as conjura em teu círculo, afila e aguça como se
deve uma dialética sofística para as falas de teus heróis - também os teus heróis
têm paixões arremedadas e mascaradas e proferem apenas falas arremedadas e
mascaradas. (NIETZSCHE, 2003, p. 72).

Portanto, a maneira de superarmos esta condenação, imposta por uma nova visão da
condição humana, a saber, não mais guiada pelo mito e pela conjunção entre Apolo e Dionísio
e sim pela razão e a consciência, é resgatarmos o modo trágico dos gregos. Os Gregos sabiam
da condição trágica da vida e a suportavam pela cultura dionisíaca do teatro. A arte é elevada
à condição de único caminho para uma existência humana: a cultura trágica substitui a razão e
as normas morais.
A partir do resgate da Grécia antiga, Nietzsche realiza a crítica à razão ocidental. A
questão fundamental para Nietzsche é explicar como os gregos conseguiram superar o
pessimismo que se origina com a própria condição humana de ser finito e habitar um mundo
assustador. Nietzsche, recuperando a sabedoria popular dos Gregos, o mito de Sileno, ilustra
esta condição.
Reza a antiga lenda que o rei Midas perseguiu na floresta, durante longo tempo, sem
conseguir capturá-lo, o sábio Sileno, o companheiro de Dionísio. Quando, por fim, ele
veio a cair em suas mãos, perguntou-lhe o rei qual dentre as coisas era a melhor e a mais
preferível para o homem. Obstinado e imóvel, o demônio calava-se; até que, forçado
pelo rei, prorrompeu finalmente, por um riso amarelo, nestas palavras: - Estirpe
miserável e efêmera, filhos do acaso e do tormento! Por que me obrigas a dizer-te o que
seria para ti mais salutar não ouvir? O melhor de tudo é para ti inteiramente inatingível:
não ter nascido, não ser, nada ser. Depois disso, porém, o melhor para ti é logo morrer.
(NIETZSCHE, 2003, p.36)
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De que forma os gregos conseguiram superar a visão pessimista de Sileno? Por que
continuar vivendo em um mundo tão assustador? Superaram esta condição ao criarem o
mundo dos deuses olímpicos e substituindo a “[...] primitiva teogonia titânica dos terrores, se
desenvolvesse, em morosas transições, a teogonia olímpica do júbilo, por meio do impulso
apolíneo da beleza[...]”(NIETZSCHE, 2003, p.37). A condição exposta por Sileno é
contornada, no sentido que a morte deve ser evitada e a vida preservada ao máximo. Neste
sentido, “Os deuses e heróis apolíneos são aparências artísticas que tornam a vida desejável,
encobrindo o sofrimento pela criação de uma ilusão. Essa ilusão é o princípio de
individuação”. (MACHADO, 2005, p.7)
Nietzsche faz a análise de três momentos na história da cultura grega antiga: teogonia
titânica, teogonia olímpica, tragédia grega. Esta análise pressupõe duas noções fundamental
Apolíneo e Dionisíacos, termos que se originam do deus Apolo e Dionísio. As duas noções
são tratadas, primeiramente isoladas. Na teogônia titânica Dionísio reina até seu
despedaçamento pelos titãs. Dionísio despedaçado da origem a individuação e ao sofrimento
que somente a arte, a música, pode torná-lo suportável.

Da essência da arte, tal como ela é concebida comumente, segundo a exclusiva categoria
da aparência e da beleza, não é possível derivar de maneira alguma, honestamente, o
trágico; somente a partir do espírito da música é que compreendemos a alegria pelo
aniquilamento do indivíduo. Pois só nos exemplos individuais de tal aniquilamento é
que fica claro para nós o eterno fenômeno da arte dionisíaca, a qual leva a expressão a
vontade em sua onipotência, por assim dizer, por trás do principium individuationis, a
vida eterna para além de toda aparência e apesar de todo o aniquilamento.
(NIETZSCHE, 2003, p101)

Nietzsche quer restaurar o mundo trágico grego e considera as tragédias de Ésquilo


como o modelo que expressava a condição da vida grega trágica. Na tragédia de Ésquilo o
coro fazia parte do todo. Independente do lugar que ocupavam no teatro, os participantes
pertenciam ao coro, eram coreutas. A tragédia de Ésquilo não era uma representação, os
gregos viam a sua própria condição humana trágica e diluída num coletivo único. Dionísio é o
mentor da tragédia.
Apolíneo e Dionisíaco são duas noções que não se submetem aos moldes tradicionais
do conhecimento. Nietzsche resgata algo que normalmente é relegado ao segundo plano ou
deixado de lado pela tradição, a saber: os sentimentos, no sentido dionisíaco, o corpo, à
vontade, as necessidades viscerais tão opostas à razão.

Sócrates estava estreitamente relacionado à tendência de Eurípides, pois segundo a


lenda ateniense o primeiro ajudava o segundo em seu poetar. “...a estreita afinidade existente
entre Sócrates e Eurípides; neste sentido convém lembrar que Sócrates, como adversário da
arte trágica, se abstinha de freqüentar as representações da tragédia e só se incluía no rol dos
espectadores quando uma nova peça de Eurípides era apresentada.” (NIETZSCHE, 2003, p.
84). A recusa de Sócrates a arte trágica já indica o caminho a ser seguido por seu discípulo
Platão de excluir a poesia da cidade grega.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Na área de Teatro algumas reflexões a partir da estética permitem aprofundar o papel


do coro na tragédia antiga ligando a este tema a crítica a uma razão que exclui do mundo do
conhecimento qualquer concepção artística. Na Música temos questões técnicas e conceituais
que surgem por ela ser considerada uma linguagem universal por Nietzsche (2003), o
exemplo é a ópera de Wagner Tristão e Isolda, na qual, o texto, os atores e a música mantêm
um equilíbrio que inaugura e/ou restaura o espírito perdido dos gregos antigos.
Neste sentido nos séculos XVIII e XIX, a visão de conhecimento começa a romper
com a tradição do dualismo platônico razão/sentimento e os une numa questão ampla que de
certa forma lança as bases do pós-modernismo. Essa questão tem como ponto a incapacidade
da razão socrática ser o guia da condição humana, por isso, é necessário uma razão que não
exclua o sentimento ou o instinto que é essencial para compreendermos a mudança de
percepção dos objetos e nós mesmos.
A visão tradicional do conhecimento científico-filosófico foi quem sempre definiu o
que pode ser considerado o real. A não submissão aos critérios deste modelo condena os
insurgentes ao reino da ilusão. A arte na sua ânsia de reconhecimento às vezes transfigura-se
em ciência ao vestir o manto cientifico - filosófico.
Camargo (2007) mostra o choque na “cultura letrada” nos tempos atuais originado
pelo “surgimento das mídias audiovisuais, que não comunicam apenas conteúdos, mas a
expressão sensacional das formas particulares se transformou no vaticínio de um amargo
retrocesso: do alto dos conteúdos abstratos e universais (lógicos) representados pelas palavras
e números, para a degenerescência das formas imagéticas e sonoras, matrizes de
particularidades, acidentes e diversidades concretas (estéticas)”. A conclusão do autor é que o
que separa as ciências da arte é a gradação de mais lógica ou mais estética. Portanto, podemos
concluir, que não há uma barreira entre a arte e a ciência.
Podemos dizer de modo semelhante que a visão nietzschiana ainda choca não por
considerar a arte como uma área a mais da estética. Choca por sua não aceitação dos
parâmetros científicos e morais que submetem a arte a categorias que lhe são estranhas.
Neste sentido, o que está em jogo não são diferenças gradativas, e sim a redução ou
não da arte aos moldes tradicionais. A nossa resposta é a de que o conhecimento científico-
filosófico não consegue resolver as questões contemporâneas da arte e muito menos reduzi-las
ao aparato epistemológico tradicional.
A arte neste contexto histórico até hoje se encontra perdida entre o fazer e o pensar.
No meio acadêmico é inegável o seu rebaixamento. Por um lado, temos o motivo histórico
que desde o surgimento do pensamento ocidental a arte surge como uma técnica que imita ou
não pertence ao mundo da razão. Por outro lado, os próprios detentores da arte recusam-se a
discuti-la deixando está tarefa para as outras áreas chamadas de reflexivas. Também, o estudo
da arte em outros campos, tais como: filosofia, história e sociologia, apresentam para o
pesquisador a dificuldade epistemológica e tarefa obscura de definir a arte e delimitar o seu
campo de ação. O percurso esbarra na questão da arte se apresentar como um problema
filosófico: a arte não é ilusão e muito menos o real no sentido de dar conta do mundo dos
fenômenos. Parafraseando Danto(2005) a arte é a transfiguração do lugar comum.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CAMARGO, M. A arte é Insignificante. 2 Seminário de Pesquisa em Artes da FAP. Curitiba:


Faculdade de Arte do Paraná, 2007.
DANTO, A A transfiguração do Lugar-Comum. São Paulo: Cosac Naify, 2005.
MACHADO, R. Nietzsche e a polêmica sobre O nascimento da Tragédia. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editor, 2005.
______.O nascimento do trágico: de schiler a nietzsche. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,
2006.
NIETZSCHE, F. A Filosofia na Idade Trágica dos Gregos. Rio de Janeiro: Elfos, 1995.
______. O Nascimento da tragédia ou Helenismo e Pessimismo. São Paulo: Companhia das
Letras, 2003.
______. A visão Dionisíaca do mundo. São Paulo: Martins Fontes, 2005

PLATÃO. A República. 3 ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1980.


______. Fedro. São Paulo: Martin Claret, 2004.

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