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O valor do dinheiro
no tempo
3. Planilhas eletrônicas
5. Exercícios propostos
Apresentação
Uma parte delicada na elaboração do plano de negócios de um empreendimento é a realização do
plano financeiro. É a hora de expressar tudo em valores, isto é, em dinheiro. É preciso fazer as contas
para ver, por exemplo, qual o volume de recursos necessários para viabilizar o negócio.
Mas as perguntas não param por aí... O negócio vale o dinheiro aplicado nele? Será que há melhores
alternativas para a aplicação dos recursos? Como calcular o retorno do empreendimento? Como se
comportarão as receitas e os custos no decorrer do tempo? Quanto tempo levará para recuperar
os recursos investidos? Qual a contribuição de cada unidade vendida para a formação do resultado
da empresa? Haverá um nível mínimo de vendas a partir do qual as receitas superam os custos e as
despesas? Custos e despesas são coisas diferentes, ou melhor, têm conceitos diferentes? Qual o nível
mínimo de vendas a partir do qual as receitas superam os custos? Quais os principais indicadores
econômico-financeiros que devem ser acompanhados? Como calcular o valor dos recursos necessários
para a implantação e a manutenção das atividades da empresa? Qual a importância do capital de giro?
Será preciso responder a essas e outras perguntas semelhantes da melhor maneira possível. Muitas
vezes, será preciso fazer hipóteses de como se comportarão a economia, os fornecedores, os clientes,
a tecnologia, a política etc. E todos nós sabemos o quanto é arriscado tentar prever o desenrolar dos
acontecimentos. Mas é preciso agir de maneira racional, afinal você está aplicando recursos próprios
e de terceiros. Aliás, quem estará disposto a financiar seu empreendimento, se você não for capaz de
responder com objetividade a questões como essas?
Para respondermos tais perguntas de maneira adequada, precisamos enfrentar inicialmente a seguinte
questão: será que o valor do dinheiro muda no tempo? Sim ou não? Provavelmente você respondeu que
sim. Mas, sua resposta continuaria a mesma caso não houvesse inflação? Vamos começar a entender o
que está em jogo, nos familiarizando com uma ferramenta importante: a matemática financeira.
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10 :: Finanças para novos empreendimentos :: João Evangelista Monteiro
Estamos acostumados com a idéia de que o valor do dinheiro muda no tempo. Afinal, sempre
convivemos com alguma inflação. Nesse caso, depois de algum tempo, a quantidade de bens e serviços
que determinada soma em dinheiro pode comprar diminui. Por exemplo, com um salário de R$1.000,00
e o preço de uma cesta de produtos a R$200,00, um trabalhador teria a capacidade para comprar cinco
cestas de produtos. No entanto, caso o preço da cesta aumentasse para R$250,00, o poder de compra
do salário de R$1000,00 seria reduzido para 4 cestas.
O valor da moeda nacional também pode variar em relação ao de outras moedas. A taxa de câmbio –
o valor da moeda nacional em relação ao de outras moedas – é uma variável importante, na análise das
relações comerciais e financeiras no âmbito internacional. O comportamento da taxa de câmbio tende
a influenciar os preços dos produtos e serviços nacionais em relação aos estrangeiros.
Mas se não houvesse inflação ou variação cambial? Nesse caso, ainda assim, ocorreria a mesma coisa.
Quem empresta dinheiro abre mão de consumir no presente para consumir no futuro. Por isso, faz jus
a uma compensação. Chamaremos capital, o valor que foi emprestado ou aplicado, e juros, o valor da
remuneração devida pela utilização do capital. Por sua vez, a taxa de juros pode ser definida como a
proporção entre os juros pagos e o capital.
Exemplo:
O estudante André emprestou R$10.000 para o colega Pedro, a uma taxa de 30% ao ano, para ser
quitado no final de um ano (numa única prestação). Qual o valor dos juros pagos pelo Pedro ao André?
= R$ 3.000
Ao final de um ano o Pedro terá que pagar R$ 13.000, sendo R$10.000 de capital (valor do empréstimo)
e R$3.000 de juros.
Juro
Além dos juros que remuneram o Capital, os outros fatores de produção também são remunerados.
A teoria econômica convencional define os seguintes fatores de produção: terra, trabalho e capital. Cada
um desses fatores, quando aplicados ao processo produtivo, recebe remunerações específicas, assim
denominadas, respectivamente: aluguel, salário e juro. Ou seja, nesse contexto, o juro é a remuneração
devida ao fator capital.
Aula 1 – O valor do dinehrio no tempo :: 11
Regimes de capitalização
O comportamento do capital no tempo depende do modo como foi aplicado, ou seja, do regime de
capitalização. Podemos classificar os regimes de capitalização da seguinte forma:
Contínua
Capitalização Simples
Descontínua
Composta
Trocando em miúdos, imagine que você aplicou uma determinada quantia na caderneta de
poupança. O que vai fazer no final do ano? Vai retirar os juros ou mantê-los aplicados? Se retirar os juros
seu dinheiro vai crescer de acordo com o regime de capitalização simples, ou se mantê-los aplicados
haverá capitalização composta.
A Tabela 1.1 mostra a evolução de uma aplicação de $ 1.000,00, por cinco anos, a uma taxa de juro
nominal de 10% ao ano.
Atenção
O Gráfico 1.1 mostra com mais clareza o que já sabemos: se não mexermos na aplicação, o capital
cresce mais rápido do que quando retiramos os juros.
12 :: Finanças para novos empreendimentos :: João Evangelista Monteiro
$
Composto
Simples
1100
1000
n
1
É importante ressaltar que, no regime de juros simples, apenas o capital é reaplicado. Dessa forma, a
cada período, para saber o valor total dos juros devemos considerar a seguinte equação:
J = Cin
Onde:
J = juros;
C = capital;
i = taxa de juro;
n =número de períodos.
Assim, no exemplo acima, o valor dos juros sobre um capital de $1.000,00, aplicado a uma taxa de
10% a.p (ao período), apresentará a seguinte evolução:
J1 = Ci = 1000x0,10 = 100
Como o montante, a cada período, é igual à soma do capital com os juros, a equação básica em juros
simples, relacionando o montante, o capital, o número de períodos e a taxa de juros, será de:
S = C(1 + in)
Aula 1 – O valor do dinehrio no tempo :: 13
Onde:
S = montante;
C = capital;
Assim, a equação que relaciona os juros, o montante, o capital, o número de períodos e a taxa de
juros, é a seguinte:
S = C(1 + i)n
Onde:
S = montante;
C = capital;
Atenção
A apresentação das fórmulas tem como objetivo visualizar as relações entre as variáveis, portanto, o
mais importante é o entendimento das mesmas.
Exercícios resolvidos
1 – Sabendo-se que, a fim de expandir o seu negócio, um empresário
solicitou um empréstimo no valor de R$ 50.000,00, pagando uma
taxa de juros de 20% ao ano, em regime de juros simples, durante
o período de cinco anos... De quanto será o valor pago ao final do
contrato de empréstimo?
RESOLUÇÃO
Informações:
C = R$ 50.000,00
n = 5 anos
S = R$ 50.000,00 (1 + 0,2x5)
S = R$ 50.000,00 (1+1)
S = R$ 50.000,00 x 2
S = R$ 100.000,00
Informações:
S = R$ 150.000,00
n = 2 anos = 24 meses
i = 5% ao mês
C=?
RESOLUÇÃO
C = S [1/ (1+i)n]
(+)
setas orientadas para cima
indicam entrada de caixa
Utilizando um diagrama de fluxo de caixa, podemos, por exemplo, representar da seguinte maneira
a operação de compra de um bem, no valor de $1.000,00, para pagamento, com juros e sem entrada,
em quatro prestações mensais de $ 300,00:
1000
1 2 3 4 meses
0
300 300 300 300
Planilhas eletrônicas
Atualmente há várias planilhas eletrônicas disponíveis para nos ajudar na solução de problemas
de matemática financeira. A mais utilizada é a Excel® da Microsoft®, mas qualquer uma delas facilita
bastante o trabalho de quem não tem maiores interesses em soluções algébricas, e sim na solução de
seus problemas financeiros do dia-a-dia.
Função Representando
Atenção
S e você estiver usando uma planilha com versão na língua inglesa, considere as
seguintes funções:
Função
PV Present Value
FV Future Value
Rate Rate
NPER Number of periods
PMT Payment
16 :: Finanças para novos empreendimentos :: João Evangelista Monteiro
OBSERVAÇÃO
a.a. - ao ano,
a.s. - ao semestre,
a.q. - ao quadrimestre,
a.t. - ao trimestre,
a.b. - ao bimestre,
a.m. - ao mês e
a.d. - ao dia.
Exercícios Resolvidos
1.Ao fim de quatro meses, que taxa de juros faz com que um capital inicial de $1.000,00 transforme-
se em um montante de $1.464,10?
RESOLUÇÃO
Importante lembrar!
Todos os problemas de matemática financeira necessitam de pelo menos três valores conhecidos.
Nesse caso nós conhecemos as três informações necessárias: o número de períodos (4 meses), o
valor presente ($1.000,00) e o valor futuro ($1.464,10).
1.464,10
1 2 3 4 meses
1.000
Aula 1 – O valor do dinehrio no tempo :: 17
OBSERVAÇÃO
Você pode acessar as funções da planilha através do menu suspenso “Inserir” e selecionar a
opção “Função”, ou clicar no botão referente à “inserir função”, que está representado ao lado.
Depois devemos selecionar a categoria financeira e acionar a função TAXA da planilha eletrônica.
IMPORTANTE
Observe que o valor presente foi digitado como um valor negativo. Nas planilhas eletrônicas os fluxos
de caixa devem ser fielmente representados. Qual seria a lógica nesse caso? Devemos considerar que,
a aplicação de $1.000,00 significa uma saída do mesmo valor; mas, ao resgatarmos a aplicação, isso
significará a entrada de um novo valor, tal como aparece representado no diagrama de fluxo de caixa.
RESPOSTA: Ao clicar no botão OK, você obterá como retorno, na planilha, o valor da taxa de juros:
0,1, ou seja, 10%.
2. Quanto tomei emprestado, uma vez que, após cinco meses, paguei o montante de $1.500,00,
e a taxa combinada era de 4% a.m.?
RESOLUÇÃO
São três os valores conhecidos: a taxa, o tempo e o valor futuro. O que você procura é o VP, ou seja, o
valor emprestado. Veja o problema representado no diagrama abaixo:
VP=?
1 2 3 4 5 meses
1.500,00
Aula 1 – O valor do dinehrio no tempo :: 19
Lembre-se de colocar os valores corretos! O empréstimo é representado como uma entrada de caixa,
e seu pagamento como uma saída.
Você pode usar o mesmo procedimento do exercício anterior: primeiro, abra uma planilha no
Excel; segundo, acesse as funções da planilha através do menu suspenso “Inserir”, selecionando
a opção “Função” ou clicando no botão referente à “inserir função”
Atenção
N este caso, precisamos calcular o valor presente, portanto, você deve selecionar a
categoria financeira e acionar a função VP da planilha eletrônica.
3. Qual o montante a ser pago por um empréstimo de $1.000,00, contratado por dois anos, à taxa
de 5% a.m.?
RESOLUÇÃO
1.000
5% a.m. 24 meses
VF=?
Os três valores necessários são conhecidos: o valor presente ($1.000,00), a taxa (5% a.m.) e o tempo (24
meses). O que se procura conhecer é o valor futuro, ou seja, quanto será pago ao final do empréstimo.
Devemos digitar tais informações na função VF da planilha de acordo com o quadro a seguir.
Atenção
N esse caso, você deve calcular o valor futuro, para tanto, selecione a categoria
financeira e acione a função VF da planilha eletrônica.
Aula 1 – O valor do dinehrio no tempo :: 21
RESOLUÇÃO
http://www.sxc.hu/photo/1072482
Embora não pareça à primeira vista, os três valores necessários à operação estão dados. Basta lançar
um Valor Presente e o dobro deste para o Valor Futuro, tal como segue na informação abaixo:
Observe que um dos valores deve ser positivo e o outro negativo, pois um deles representa uma
entrada, enquanto o outro uma saída de recursos.
A planilha informa que o tempo necessário para duplicar um capital à taxa de 2% a.m. é de
aproximadamente 35 meses.
24 :: Finanças para novos empreendimentos :: João Evangelista Monteiro
ATIVIDADE
7.
Mês 0 Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6
1.000,00 1.050,00 1.100,00 1.150,00 1.200,00 1.250,00 1.300,00
8.
Mês 0 Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6
1.000,00 1.050,00 1.102,50 1.157,62 1.215,51 1.276,28 1.340,09
Finalizando...
Nesta aula você foi apresentado aos conceitos de juro e capital. Agora, já sabe, também, o que são
os regimes de capitalização simples e composto. Aprendeu a elaborar um diagrama e fluxo de caixa e a
resolver problemas de matemática financeira utilizando recursos computacionais.
COELHO, Luiz. Matemática financeira. Rio de Janeiro: Papel Virtual Editora, 2005.
SALIM, C. S. et. al. Construindo planos de negócios. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
SAMSÃO, W.; MATHIAS, W.F. Projetos: planejamento, elaboração e análise. São Paulo: Atlas, 1.
ed, 21. reimpr., 2007.
SILVA, André L. Carvalhal da. Matemática financeira aplicada. São Paulo: Atlas, 2005.
SOUZA, Antônio de. Gerência financeira para micro e pequenas empresas: um manual
simplificado. Rio de Janeiro: Elsevier: SEBRAE, 2007.