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LIVRO Pesquisa e Metodo
LIVRO Pesquisa e Metodo
METODOLOGIA CIENTÍFICA
OS CAMINHOS DO SABER
compilação de
SIMÃO DE MIRANDA
Pesquisa e Método - Os Caminhos do Saber- Simão de Miranda
"Há uma idade em que se ensina o que se sabe; mas vem em seguida outra, em que
se ensina o que não se sabe: isso se chama pesquisar". Roland Barthes
SUMÁRIO
CAPÍTULO I .................................................................................................................................. 9
A CIÊNCIA ................................................................................................................................... 9
Medo, Misticismo e Ciência ............................................................................................. 9
A evolução da ciência ...................................................................................................... 9
Definição de Ciência ..................................................................................................... 11
As Vantagens do Método Científico .............................................................................. 12
O método científico e suas variáveis ............................................................................. 12
Tipos de Investigação Científica ................................................................................... 13
Classificação Quanto aos Objetivos ................................................................ 13
Classificação Quanto ao Tempo ...................................................................... 14
Indução: ........................................................................................................................ 15
Dedução: ....................................................................................................................... 15
Análise e Síntese: .......................................................................................................... 15
MÉTODO .................................................................................................................................... 16
TÉCNICA .................................................................................................................................... 16
NA ANTIGUIDADE .................................................................................................................... 19
O CONHECIMENTO ................................................................................................................. 21
CONHECIMENTO VULGAR .......................................................................................... 23
CONHECIMENTO CIENTÍFICO .................................................................................... 24
CONHECIMENTO FILOSÓFICO ................................................................................... 24
CONHECIMENTO TEOLÓGICO ................................................................................... 25
INVESTIGAÇÃO ........................................................................................................................ 27
OBSERVAÇAO ......................................................................................................................... 29
CLASSIFICAÇÃO ...................................................................................................................... 29
GENERALIZAÇÕES .................................................................................................................. 29
CAPÍTULO II ............................................................................................................................... 37
A PESQUISA .............................................................................................................................. 37
ENTREVISTA ................................................................................................................ 49
OBSERVAÇÃO .............................................................................................................. 50
REGISTROS ICONOGRÁFICOS: ................................................................................. 50
ANÁLISE DE CONTEÚDO ............................................................................................ 50
HISTÓRIA DE VIDA ....................................................................................................... 51
TESTES: ........................................................................................................................ 51
A Internet: ................................................................................................................................... 51
JUSTIFICATIVA ......................................................................................................................... 55
METODOLOGIA ........................................................................................................................ 55
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 56
GLOSSÁRIO ............................................................................................................................. 56
PAPERS ..................................................................................................................................... 62
RESENHA ................................................................................................................................ 62
EXERCÍCIOS ......................................................................................................................... 73
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................... 75
Pesquisa e Método - Os Caminhos do Saber- Simão de Miranda
CAPÍTULO I
“A história das ciências, como a de todas as idéias humanas,
é uma história de sonhos irresponsáveis, de teimosias e de erros”.
Karl Popper, filósofo britânico de origem austríaca
A CIÊNCIA
Medo, Misticismo e Ciência
A evolução da ciência
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Entre todos os animais nós, os seres humanos, somos os únicos capazes de criar e
transformar o conhecimento; somos os únicos capazes de aplicar o que aprendemos, por
diversos meios, numa situação de mudança do conhecimento. Somos os únicos capazes de criar
um sistema de símbolos, como a linguagem, e com ele registrar nossas próprias experiências e
passar para outros seres humanos. Ao criarmos este sistema de símbolos, através da evolução
da espécie humana, permitimo-nos também ao pensar e, por conseqüência, a ordenação e a
previsão dos fenômenos que nos cerca. Os egípcios já tinham desenvolvido um saber técnico
evoluído, principalmente nas áreas de matemática, geometria e na medicina, mas os gregos
foram provavelmente os primeiros a buscar o saber que não tivesse, necessariamente, uma
relação com atividade de utilização prática. A preocupação dos precursores da filosofia (filo =
amigo + sofia (sóphos) = saber e quer dizer amigo do saber) era buscar conhecer o porque e o
para que de tudo o que se pudesse pensar. O conhecimento histórico dos seres humanos
sempre teve uma forte influência de crenças e dogmas religiosos. Mas, na Idade Média, a Igreja
Católica serviu de marco referencial para praticamente todas as idéias discutidas na época. Leia
o livro O Nome da Rosa, de Umberto Eco ou veja o filme sobre o livro. A população não
participava do saber, já que os documentos para consulta estavam presos nos mosteiros das
ordens religiosas.
Foi no período do Renascimento, aproximadamente entre os séculos XV e XVI (anos
1400 e 1500) que, segundo alguns historiadores, os seres humanos retomaram o prazer de
pensar e produzir o conhecimento através das idéias. Neste período as artes, de uma forma
geral, tomaram um impulso significativo. Neste período Michelangelo Buonarrote esculpiu a
estátua de David e pintou o teto da Capela Sistina, na Itália; Thomas Morus escreveu A Utopia
(utopia é um termo que deriva do grego onde u = não + topos = lugar e quer dizer em nenhum
lugar); Francis Bacon escreveu A Nova Atlântica; Voltaire, a Micrômegas, caracterizando um
pensamento não descritivo da realidade, mas criador de uma realidade ideal, do dever ser.
No século XVII e XVIII (anos 1600 e 1700) a burguesia assumiu uma característica
própria de pensamento, tendendo para um processo que tivesse imediata utilização prática. Com
isso surgiu o Iluminismo, corrente filosófica que propôs "a luz da razão sobre as trevas dos
dogmas religiosos". O pensador René Descartes mostrou ser a razão a essência dos seres
humanos, surgindo a frase "penso, logo existo". No aspecto político o movimento Iluminista
expressou-se pela necessidade do povo escolher seus governantes através de livre escolha da
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vontade popular. Lembremo-nos de que foi neste período que ocorreu a Revolução Francesa em
1789.
O Método Científico surgiu como uma tentativa de organizar o pensamento para se
chegar ao meio mais adequado de conhecer e controlar a natureza. Já no fim do período do
Renascimento, Francis Bacon pregava o método indutivo como meio de se produzir o
conhecimento. Este método entendia o conhecimento como resultado de experimentações
contínuas e do aprofundamento do conhecimento empírico. Por outro lado, através de seu
Discurso sobre o método, René Descartes defendeu o método dedutivo como aquele que
possibilitaria a aquisição do conhecimento através da elaboração lógica de hipóteses e a busca
de sua confirmação ou negação.
A Igreja e o pensamento mágico cederam lugar a um processo denominado, por alguns
historiadores, de "laicização da sociedade". Se a Igreja trazia até o fim da Idade Média a
hegemonia dos estudos e da explicação dos fenômenos relacionados à vida, a ciência tomou a
frente deste processo, fazendo da Igreja e do pensamento religioso razão de ser dos estudos
científicos.
No século XIX (anos 1800) a ciência passou a ter uma importância fundamental. Parecia
que tudo só tinha explicação através da ciência. Como se o que não fosse científico não
correspondesse à verdade. Se Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Giordano Bruno, entre outros,
foram perseguidos pela Igreja, em função de suas idéias sobre as coisas do mundo, o século
XIX serviu como referência de desenvolvimento do conhecimento científico em todas as áreas:
na sociologia Augusto Comte desenvolveu sua explicação de sociedade, criando o Positivismo,
vindo logo após outros pensadores: na Economia, Karl Marx procurou explicar a relações sociais
através das questões econômicas, resultando no Materialismo-Dialético; Charles Darwin
revolucionou a Antropologia, e feriu os dogmas sacralizados pela religião, com a Teoria da
Hereditariedade da Espécies ou Teoria da Evolução. A ciência passou a assumir uma posição
quase que religiosa diante das explicações dos fenômenos sociais, biológicos, antropológicos,
físicos e naturais.
Definição de Ciência
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O uso do método científico agrega vantagens específicas ao saber por ele produzido,
incluindo: a produção de um conhecimento prático e aplicável, que pode ser usado diretamente
para a previsão e/ou controle de fenômenos e ocorrências; o uso de uma expressão objetiva e
detalhada não apenas do saber que é produzido, mas também do modo como se chegou até ele,
permitindo um conhecimento: amplamente compartilhável e transmissível independente do
conteúdo; verificável e passível de quantificação do grau de confiança que se pode ter nele;
redução ou minimização dos vários tipos de viés que podem surgir na observação e
interpretação dos diversos fenômenos que se pretende estudar; fornecimento de suporte
metodológico ao pensamento, permitindo o uso de ferramentas sócio-culturais e tecnológicas
que favorecem a transcendência das limitações individuais do pesquisador em suas análises e
sínteses.
Assim, fazer ciência é um processo complexo, demorado e de difícil execução, porém o
seu uso é justificado pelos benefícios que traz em termos de praticidade, transmissibilidade,
verificabilidade, solidez e alcance.
A pesquisa científica tem por objetivo a produção de hipóteses, modelos, teorias e leis,
o que pode ser feito de duas formas:
A Análise Exploratória: É a coleta de dados e informações sobre um fenômeno de interesse
sem grande teorização sobre o assunto, inspirando ou sugerindo uma hipótese explicativa;
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Existem dois tipos distintos de relacionamento com o tempo que podem ser adotados por
um estudo científico:
Estudo Transversal: O pesquisador coleta os dados de cada caso ou sujeito num único
instante no tempo, obtendo um recorte momentâneo do fenômeno investigado;
Estudo Longitudinal: O pesquisador coleta os dados de cada caso ou sujeito em dois ou
mais momentos, havendo um acompanhamento do desenrolar do fenômeno considerado.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
O Método Científico
MÉTODO INDUTIVO
Parte do particular para o geral; Observação do fenômeno; Análise quantitativa do fenômeno;
Elaboração de hipóteses; Verificação das hipóteses; Generalização do resultado obtido na
experiência.
MÉTODO DEDUTIVO
Parte do geral para chegar ao particular; Reformula de modo explícito a informação.
MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO
Toda pesquisa tem sua origem num problema para o qual se procura uma solução; através de
tentativas (conjecturas, hipóteses, teorias) e eliminação de erros; Chamado "método de
tentativas e eliminação de erros".
MÉTODO DIALÉTICO
Tudo se relaciona; Tudo se transforma; Tudo é processual; Tudo é contraditório.
MÉTODO FENOMENOLÓGICO
Utiliza-se da hermenêutica (arte de interpretar as palavras); Usa da descrição do fenômeno.
TÉCNICAS DE RACIOCÍNIO
Indução:
Observação do fenômeno; Análise dos elementos constituintes do fenômeno e
estabelecimento das relações quantitativas entre eles; Indução de hipóteses a partir da análise
das relações dos elementos; Verificação da veracidade das hipóteses através de sua
experimentação; Generalização do resultado obtido na experiência para disso obter uma lei que
parta da confirmação das hipóteses. Exemplo de raciocínio indutivo: “eu morrerei. Eu sou
homem. Logo, todos os homens morrem.”
Dedução:
Compõe-se de uma lei ou premissa geral; de um princípio racional que norteia o pensamento e
que pode ser formulado assim: "tudo que se afirma de uma proposição geral, afirma-se
igualmente das proposições particulares que ele encerra". Exemplo de raciocínio dedutivo:
“Todos os homens morrem. Eu sou homem. Logo, eu morrerei.”
Análise e Síntese:
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A análise parte do mais complexo para o menos complexo. A síntese parte do mais simples
para o menos simples. Podem ser "experimentais" ou "racionais". Experimentais são aplicáveis
aos fatos concretos, materiais ou imateriais. Racionais são aplicáveis a fatos abstratos, como os
conceitos, as idéias muito gerais etc...
MÉTODO
Conjunto de etapas ordenadamente dispostas, a serem vencidas na investigação da verdade, no
estudo de uma ciência ou para alcançar determinado fim.
TÉCNICA
É o modo de fazer de forma mais hábil, mais segura, mais perfeita algum tipo de atividade, arte
ou ofício.
O método científico
É um instrumento utilizado pela ciência na sondagem da realidade, formado por um conjunto de
procedimentos, mediante os quais os problemas científicos são formulados e as hipóteses
científicas são examinadas.
investigação.
- Nem todas as investigações são experimentos, mas todos os experimentos são investigações.
- É importante, portanto, distinguir os experimentos de outros tipos de investigação.
Genericamente, podemos dizer que a investigação não experimental se baseia no senso comum.
O desenvolvimento da ciência consiste na conversão do senso comum em ciência por meio de
procedimentos metodológicos específicos. Trata-se de converter a experiência, no sentido de
prática de vida (tentativa), em experimento, para comprovar a veracidade da proposição ou sua
probabilidade de ocorrência. O que define uma investigação científica é:
- O tipo de problema investigado, ou seja, o objeto.
- Como esse problema é investigado - o método.
- A experimentação é uma investigação controlada e considerada científica.
O processo de pesquisa no campo das ciências humanas e sociais toma por base os
procedimentos das ciências fatuais. Analisando os diferentes procedimentos de pesquisa é
possível identificar, por analogia e de acordo com os objetivos, onde se encaixa a pesquisa
específica que se pretende realizar, de modo a permitir uma adaptação dos procedimentos das
ciências fatuais ao contexto das ciências humanas.
Quando trabalhamos com pesquisa partimos de uma teoria, de uma idéia que fazemos a
respeito dos fatos. Nenhum trabalho de pesquisa inicia-se sem que haja uma teoria que
fundamente a ação do pesquisador, mesmo que essa teoria não apareça explicitamente no
trabalho. Seguem abaixo alguns elementos básicos de uma teoria:
A. Conceito: idéia ou definição que constitui a unidade básica da teoria.
B. Definição de conceito: para cada conceito há uma definição. Podemos aprender o significado
de um conceito por meio de sua definição. Quando não existe conhecimento anterior que
permita definir um determinado conceito, esse passa a ser denominado conceito primitivo, isto
é, algo que não é definido, e por isso serve para definir outros conceitos, os denominados
conceitos derivados. Assim sendo, os conceitos dividem-se em: primitivos e derivados.
C. Axiomas: toda teoria possui um conjunto de afirmações das quais se deduz novas
afirmações e que constituem, como já visto anteriormente, postulados ou axiomas. Trata-se de
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princípios gerais aceitos que formam afirmações que dão origem a outras sem que necessitem
de demonstração.
D. Hipótese: também são afirmações, mas se diferenciam dos axiomas porque derivam deles.
As afirmações que iniciam o cálculo dedutivo são axiomas; as que o terminam são hipóteses.
E. Regras de inferência: elas permitem, partindo dos axiomas, chegar às hipóteses. Cada teoria
tem um conjunto sistemático de regras de inferência que permite fazer deduções.
Genericamente, podemos dizer que axioma e hipótese são relações entre dois ou mais
conceitos.
O trabalho científico caracteriza-se, portanto, por um conjunto sistemático de
procedimentos realizados pelo pesquisador a partir de uma teoria ou de uma idéia acerca da
realidade, visando comprovar, por meio de levantamentos de dados (quantitativos, qualitativos),
as hipóteses formuladas sobre o comportamento provável dos fenômenos, hipóteses essas que
derivam de postulados ou de axiomas.
MÉTODO DIALÉTICO
A dialética é por definição a arte de discutir e, segundo a filosofia antiga, a argumentação
dialogada. É evidente que a sua simples definição não explica a importância que lhe atribuem os
filósofos nos últimos séculos.
Zenão, filósofo grego tido como o pai da dialética, formulava seus argumentos
procurando demonstrar as contradições daqueles que defendiam teses contrárias.
Defendia a tese da unidade e imobilidade do ser. Os seus argumentos tinham como
objetivo, então, mostrar as contradições daqueles que defendiam a pluralidade e mobilidade do
ser, ou seja, defendiam as suas idéias a partir da negação dos argumentos contrários.
É uma dialética negativa no sentido de não construir uma tese, mas sim de destruir a do
oponente. Para tanto, parte das premissas admitida pelos seus adversários, não importando se
eram verdadeiras ou falsas.
NA ANTIGUIDADE
A dialética socrática tinha como objetivo levar o seu adversário a se contradizer,
mediante perguntas. Com isso, conseguia levar ao ridículo os sofistas, que se utilizavam da
palavra para justificar as mais variadas situações. Com tal comportamento, Sócrates pretendia
estabelecer a verdade.e, para tanto, exigia definição das palavras usadas pelos seus
adversários, motivo -pelo qual se pode denominar esse método dialética positiva.
Para Aristóteles, a dialética é um método que permite argumentar acerca de qualquer
problema proposto, partindo de premissas programáveis, e evitar, quando se sustenta um
argumento, dizer seja o que for contrário a ele. Sendo a dialética nesse caso um método
secundário sem valor científico, pois parte de premissas prováveis para provar a tese, nada mais
é que um silogismo.
Para Descartes, a dialética é empregada como sinônimo de lógica, especialmente de
lógica formal. As deduções são feitas mecanicamente, pois partindo-se de proposições dadas
chegam-se a outras proposições que delas derivam necessariamente.
DIALÉTICA HEGELIANA
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DIALÉTICA MARXISTA
O materialismo de Kalr Marx nada mais é que uma oposição ao idealismo e nada tem
a ver com a oposição ao espiritualismo. Para Hegel, idealista, a idéia é que comanda todo o
processo de desenvolvimento, ou seja, são as idéias que governam o mundo. Para Marx, ao
contrário de Hegel, o mundo das idéias é apenas o mundo material transposto e traduzido no
espírito humano.
Marx vai acentuar a importância das condições econômicas na formação e evolução das
idéias filosóficas, morais e religiosas. É o materialismo histórico, que procura explicar a.história a
partir da luta de classes. Como os motivos econômicos explicam o avanço das idéias, a
existência da contradição na sociedade, da burguesia de um lado e do proletariado de outro,
deve ser superado mediante a luta de classes.
Para Lênin, a dialética é o estudo das contradições na própria essência das coisas.
Considerando que toda verdade é provisória e reformável, é importante que o cientista ou o
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pesquisador tenha sempre um pensamento dialético, pois o homem avança quando se esforça
para superar a si próprio
O CONHECIMENTO
conhece acaba por, de certo modo, apropriar-se do objeto que conheceu. De certa forma,
"engole" o objeto que conheceu. Ou seja, transforma em conceito esse objeto, reconstitui-o
em sua mente. O conceito, no entanto, não é o objeto real, não é a realidade, mas apenas uma
forma de conhecer (ou conceber, ou conceituar) a realidade. O objeto real continua existindo
como tal, independentemente do fato de o conhecermos ou não.
Há duas maneiras de se conhecer um objeto, de nos "apropriarmos" mentalmente
dele. Uma é mediante os nossos sentidos, através da nossa sensibilidade física; a outra é
mediante o nosso pensamento, através do nosso cérebro. O conhecimento que adquirimos por
meio de nossa sensibilidade física diz respeito aos objetos físicos. Por exemplo: conhecemos
uma cor porque nossos olhos vêem a cor; conhecemos um som porque nossos ouvidos sentem
a vibração que produz o som; conhecemos um gosto porque as terminações nervosas que
constituem o nosso paladar distinguem o gosto. Disso podemos concluir que o conhecimento é
sensível quando obtido mediante uma informação prestada pelos nossos sentidos (a cor excita
os nervos ópticos que informam nossa mente; o som, os nervos auditivos etc.).
A outra forma de conhecimento é puramente intelectual. Mesmo sem qualquer
informação da visão, audição, olfato, paladar ou tato, podemos conhecer uma idéia, um principio,
uma lei. E claro que se você assiste a uma conferência, seus nervos auditivos entram em ação.
Eles são atingidos pela voz do conferencista, mas você fica conhecendo as idéias expostas
mediante um processo intelectual. A voz do conferencista é apenas um veículo. Ela só interessa
na medida em que transporta o conteúdo da conferência. O conhecimento desse conteúdo — ou
seja, a "apropriação" das idéias — é intelectual.
Nem sempre essas duas formas de conhecimento — sensível e intelectual — ocorrem
isoladamente. Ao contrário, com freqüência combinam-se para produzir conhecimento misto, ao
mesmo tempo sensível e intelectual. Você pode, por exemplo, conhecer-se. Seus sentidos lhe
informarão sobre a cor de sua pele, sobre seu cheiro, sua estatura, enfim, sobre suas
características físicas.
Mas será a mente que lhe informará sobre seus próprios pensamentos, sobre sua
maneira de agir ante determinado problema, sobre o tipo de entretenimento que você prefere
etc. E todas essas informações estão relacionadas a um mesmo objeto: você.
O conhecimento leva o homem a apropriar-se da realidade e, ao mesmo tempo, a
penetrar nela. Essa posse confere-nos a grande vantagem de nos tornar mais aptos para a ação
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onde furar um poço para obter água, quando cortar uma árvore para melhor aproveitar sua
madeira e se a colheita deve ser feita nesta ou naquela lua.
Ele pode, inclusive, apresentar argumentos lógicos para explicar os fatos que conhece,
mas seu conhecimento não penetra os fenômenos, permanece na ordem aparente da realidade.
Como é fruto da experiência circunstancial, não vai além do fato em si, do fenômeno isolado.
Embora de nível inferior ao científico, o conhecimento vulgar não deve ser menosprezado. Ele
constitui a base do saber e já existia muito antes do homem imaginar a possibilidade da Ciência.
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
CONHECIMENTO FILOSÓFICO
"saber" e não sua posse. Tratando de compreender a realidade dos problemas mais gerais do
homem e sua presença no universo, a Filosofia interroga o próprio saber e transforma-o em
problema. E, sobretudo, especulativa, no sentido de que suas conclusões carecem de prova
material da realidade. Mas, embora a concepção filosófica não ofereça soluções definitivas para
numerosas questões formuladas pela mente, ela se traduz em ideologia. E como tal influi
diretamente na vida concreta do ser humano, orientando sua atividade prática e intelectual.
CONHECIMENTO TEOLÓGICO
CARACTERÍSTICAS DA CIÊNCIA
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INVESTIGAÇÃO
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os eventos; o que ela busca são leis nas quais basear as previsões isoladas. O alvo da ciência é
ordenar o exemplo particular, articulando-o em um esqueleto de lei geral.
OBSERVAÇAO
Todas as pessoas observam os fatos à sua volta. Essa observação, entretanto, não é
realizada de maneira sistemática. Mesmo quando procuramos sistematizar as observações nos
deparamos com uma série de dificuldades. Quando observamos precisamos considerar que:
A. É quase impossível descrever a totalidade das ações que ocorrem em um mesmo contexto.
B. Cada observador tende a descrever os fatos com base em suas vivências anteriores; dessa
forma, teríamos, para cada fato, tantas observações quantos forem os observadores.
C. Como não podemos descrever a totalidade das ações, o que vai definir a observação
sistemática é sua finalidade.
D. O principal critério orientador da observação deve ser a relevância do fato ante a finalidade
proposta para a observação.
CLASSIFICAÇÃO
Terminada a observação é preciso organizar as informações obtidas de tal modo que as
relações constatadas entre os fatos possam ser comunicadas e utilizadas. A necessidade de
comunicar os resultados exige que eles sejam classificados de maneira coerente e sistemática.
Todo processo classificatório é um meio de agrupar objetos, ações, atitudes, crenças ou
quaisquer outras espécies de fenômenos, que precisam ser colocados juntos para auxiliar na
compreensão de uma situação complexa. É preciso identificar todos os componentes de uma
determinada situação, classificando-os conforme sua participação no resultado final, que é
registrado por intermédio da observação.
GENERALIZAÇÕES
O papel da metodologia científica passa pela distinção de três aspectos relevantes, que
se referem ao conhecimento científico produzido, às atividades responsáveis por sua produção e
ao uso ou às aplicações do conhecimento produzido. Ou seja, é preciso:
Distinguir o produto (conhecimento científico) do trabalho científico.
Distinguir a atividade que gera este produto.
Distinguir quais são as aplicações do produto dessa atividade, isto é, as aplicações da
ciência.
Percebe-se que existe na sociedade uma espécie de crença mágica na ciência que tem
origem nos resultados obtidos com a aplicação dada aos conhecimentos científicos produzidos.
Neste trabalho estamos interessados na produção, não na aplicação da ciência, embora essa
seja uma questão de grande importância para toda a sociedade. Do ponto de vista da
metodologia, a aplicação dada aos resultados obtidos é irrelevante; na realidade, a aplicação da
ciência é um subproduto que não interessa à metodologia. O papel da metodologia, portanto,
concentra-se na distinção do conhecimento científico das demais formas de conhecimento e,
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OBJETIVOS DA CIÊNCIA
O primeiro objetivo da ciência é a busca da coerência, isto é, produzir um conjunto de
afirmações sobre um objetivo que sejam mutuamente compatíveis. O segundo objetivo da
ciência é a correspondência entre a afirmação e os fatos. O terceiro objetivo da ciência é a
compatibilidade com o conhecimento anterior.
Existem também outras formas de conhecimento que buscam a coerência, como, por
exemplo, o conhecimento religioso, mágico etc. Porém somente o conhecimento científico
precisa ser empiricamente verdadeiro, ou seja, o conhecimento científico deverá,
necessariamente, partir do aspecto perceptível, sensível e classificável dos fenômenos. Mesmo
quando o cientista trabalha com conceitos abstratos é preciso estudá-los de forma empírica,
identificando estímulos ou características representativas de tais conceitos.
Outro aspecto a ser considerado quanto à cientificidade do conhecimento é sua
integração com o padrão de conhecimento anteriormente existente. Nesse sentido, a ciência é
conservadora: apenas os conhecimentos produzidos de maneira articulada com as teorias
existentes são considerados científicos.
Um conhecimento empiricamente verdadeiro, mas isolado, não é ciência. Só existe
conhecimento científico quando esse está inserido em uma teoria. Sempre que um novo evento
aparece, o cientista desenvolve um esforço de reflexão para explicá-lo dentro das teorias
existentes. O primeiro momento da interpretação é a tentativa de deduzir explicações que
esclareçam os fatos observados. À medida que os fatos resistem às explicações e que novas
teorias surgem.
Para entendermos a atividade de produção de conhecimento é preciso ter consciência
do modo como esse conhecimento científico organiza-se (coerência). A metodologia científica é
uma análise da atividade do cientista e dos problemas que essa atividade possui.
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Podemos dividir as ciências em formais e fatuais com base na natureza dos seus
objetos, métodos e critérios de verdade.
A. O objeto das ciências formais são ideais, seu método é a dedução seu critério de
verdade é a consistência ou não na contradição d seus enunciados. Todos os seus enunciados
são analíticos, isto deduzidos de postulados e de teoremas.
B. O objeto das ciências fatuais são materiais, seus métodos são observação e a
experimentação e seu critério de verdade é verificável. Os enunciados das ciências fatuais são
predominantemente sintéticos, embora haja enunciados analíticos.
A. Não empíricas: são as que comprovam suas proposições sem recorrer à experiência.
Exemplo: Lógica, Matemática.
B. Empíricas: exploram, descrevem, explicam e formulam predições sobre os
acontecimentos do mundo que nos rodeia. Suas proposições devem ser confrontadas com os
fatos e só têm validade se verificadas experimentalmente.
Por sua vez, as ciências empíricas são classificadas em:
A Ciências naturais: Física, Química, Biologia etc.
A Ciências sociais: Sociologia, Economia, Administração, etc.
NATUREZA DO CONHECIMENTO
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Nos vários campos da filosofia ou das ciências particulares, o ser humano contenta-se
momentaneamente com as conclusões obtidas. Mas o espírito humano não deixa de perguntar
enquanto não tiver chegado à causa suprema, à razão derradeira que explica tudo; somente
então declara-se satisfeito. Essa busca incessante é que leva ao conhecimento filosófico.
CONHECIMENTO INTUITIVO
CONHECIMENTO RACIONAL
CONHECIMENTO INTELECTUAL
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
a ti mesmo", procura fazer com que os indivíduos percebam que toda atitude consciente é um
saber. Ele faz a distinção de duas ordens de conhecimento, o sensível, que para ele não é objeto
da ciência, e o intelectual, que é o inteligível, o conceito que se exprime pela definição.
Em oposição às conclusões sofistas, que afirmavam a impossibilidade absoluta e
objetiva do saber, Sócrates define que o objeto da ciência é o inteligível, isto é, a reflexão.
Platâo, discípulo de Sócrates, estende-se a outros valores que não somente os objetos práticos,
os valores e as virtudes, mas também o conhecimento científico relativo às outras atividades, tais
como as do estadista, do filósofo, do poeta, que possuem conhecimento prático. A relação entre
o conceito e a realidade é a base da sua filosofia. A ciência é objetiva, o conhecimento certo
deve corresponder uma realidade. Isso significa que, além do mundo fenomênico, das
aparências, existe um outro mundo de realidades objetivamente dotadas dos mesmos atributos
dos conceitos que as representam.
A NEUTRALIDADE CIENTÍFICA
É sabido que, para se fazer uma análise desapaixonada de qualquer tema, é necessário
que o pesquisador mantenha uma certa distância emocional do assunto abordado. Mas será isso
possível? Seria possível um padre, ao analisar a evolução histórica da Igreja, manter-se afastado
de sua própria história de vida? Ou ao contrário, um pesquisador ateu abordar um tema religioso
sem um conseqüente envolvimento ideológico nos caminhos de sua pesquisa?
Provavelmente a resposta seria não. Mas, ao mesmo tempo, a consciência desta
realidade pode nos preparar para trabalhar esta variável de forma que os resultados da pesquisa
não sofram interferências além das esperadas. É preciso que o pesquisador tenha consciência
da possibilidade de interferência de sua formação moral, religiosa, cultural e de sua carga de
valores para que os resultados da pesquisa não sejam influenciados por eles além do aceitável.
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CAPÍTULO II
"Na ciência é impossível abrir novos campos
se não deixarmos o ancoradouro seguro da doutrina aceita
e enfrentar um perigo de um salto à frente em direção ao vazio".
Werner Heisenberg, físico alemão.
A PREPARAÇÃO DA PESQUISA
A PESQUISA
cavando um buraco com uma picareta; precisar-se-ia de uma pá. Da mesma forma não se
poderia fazer um buraco no cimento com uma pá; precisar-se-ia de uma picareta. Por isso a
importância de se definir o tipo de pesquisa e da escolha do instrumental ideal a ser utilizado.
Existem dois fatores principais que interferem na escolha de um tema para o trabalho de
pesquisa. Abaixo estão relacionadas algumas questões que devem ser levadas em consideração
nesta escolha:
Fatores internos
- Afetividade em relação a um tema ou alto grau de interesse pessoal. Para se trabalhar
uma pesquisa é preciso ter um mínimo de prazer nesta atividade. A escolha do tema está
vinculada, portanto, ao gosto pelo assunto a ser trabalhado. Trabalhar um assunto que não seja
do seu agrado tornará a pesquisa num exercício de tortura e sofrimento.
- Tempo disponível para a realização do trabalho de pesquisa. Na escolha do tema temos
que levar em consideração a quantidade de atividades que teremos que cumprir para executar o
trabalho e medi-la com o tempo dos trabalhos que temos que cumprir no nosso cotidiano, não
relacionado à pesquisa.
- O limite das capacidades do pesquisador em relação ao tema pretendido. É preciso que o
pesquisador tenha consciência de sua limitação de conhecimentos para não entrar num assunto
fora de sua área. Se minha área é a de ciências humanas, devo me ater aos temas relacionados
a esta área.
Fatores Externos
- A significação do tema escolhido, sua novidade, sua oportunidade e seus valores
acadêmicos e sociais. Na escolha do tema devemos tomar cuidado para não executarmos um
trabalho que não interessará a ninguém. Se o trabalho merece ser feito que ele tenha uma
importância qualquer para pessoas, grupos de pessoas ou para a sociedade em geral.
- O limite de tempo disponível para a conclusão do trabalho. Quando a instituição determina
um prazo para a entrega do relatório final da pesquisa, não podemos nos enveredar por
assuntos que não nos permitirão cumprir este prazo. O tema escolhido deve estar delimitado
dentro do tempo possível para a conclusão do trabalho.
Pesquisa e Método - Os Caminhos do Saber- Simão de Miranda
TÉCNICAS DE PESQUISA
Pesquisa Experimental: São investigações de pesquisa empírica que têm como principal
finalidade testar hipóteses que dizem respeito a relações de causa e efeito. Envolvem: grupos de
controle, seleção aleatória e manipulação de variáveis independentes. Empregam rigorosas
técnicas de amostragem para aumentar a possibilidade de generalização das descobertas
realizadas com a experiência.
Assim, podemos discriminar com relação à pesquisa experimental:
A. Objetivo: verificar hipóteses de pesquisa à procura de generalizações empíricas.
B. Procedimento: manipulação experimental de uma ou mais variáveis independentes.
C. Características: uso de grupos de controle e emprego de seleção aleatória, dentro de
critérios estatísticos, para assegurar que os grupos experimentais e de controle possam ser
considerados equivalentes.
D. Tipos: a pesquisa experimental pode ser realizada no laboratório e no campo:
A Pesquisa de laboratório: utilizada para testar hipóteses relacionadas a teorias.
APesquisa de campo: empregada em estudos que visam avaliar ações ou interferências
realizadas no âmbito social. É o caso, por exemplo, de estudos que procuram avaliar a eficácia
de programas ou de técnicas adotadas para auxiliar indivíduos ou instituições.
No experimento controlado, nas ciências humanas e sociais, separam-se dois grupos
semelhantes (potencialmente iguais) para comparação final dos resultados, denominados:
- Grupo de controle: no qual não se realiza intervenção.
- Grupo experimental: no qual a intervenção é realizada.
Pesquisa e Método - Os Caminhos do Saber- Simão de Miranda
Pesquisa Documental: é realizada a partir de fontes primárias, como documentos escritos ou não
(arquivos públicos ou particulares e fontes estatísticas).
Pesquisa Bibliográfica: é realizada a partir de fontes secundárias, livros, boletins, jornais, teses,
dissertações, monografias, outros (leitura, elaboração de fichas, ordenação e análise das fichas).
Pesquisa Exploratória: são investigações de pesquisa empírica que têm por finalidade formular
um problema ou esclarecer questões para desenvolver hipóteses. O estudo exploratório
aumenta a familiaridade do pesquisador com o fenômeno ou com o ambiente que pretende
investigar, servindo de base para uma pesquisa futura mais precisa. São também utilizados para
esclarecer ou modificar conceitos. As descrições, nesse caso, tanto podem ser qualitativas
quanto quantitativas. Os métodos de coleta de dados também podem variar da pesquisa
bibliográfica e documental ao uso de questionário, entrevista ou observação.
Esses estudos não necessitam de amostragem e utilizam de modo bastante freqüente os
procedimentos da observação participante e a análise de conteúdo. Podemos discriminar com
relação à pesquisa exploratória:
A. Finalidade: refinar conceitos, enunciar questões e hipóteses para investigações
subseqüentes.
B. Procedimento: pode utilizar tanto métodos quantitativos quanto qualitativos, como:
A Revisão da literatura: pesquisa bibliográfica e documental para elaboração de resenha da
ciência social afim, assim como de outras partes pertinentes da literatura que tenham relação
com o objeto que se pretende estudar.
Os três tipos de pesquisa existentes — experimental, descritiva e exploratória — não são
exclusivos. Embora tenha sido efetuada, em termos didáticos, uma divisão, a fim de dar uma
idéia geral dos procedimentos que ocorrem com certa regularidade na prática, as pesquisas
podem utilizar-se de todos os tipos para esclarecer a questão que está sendo investigada. O que
define a adoção dos procedimentos adequados são os objetivos e a finalidade da pesquisa. O
pesquisador precisa conhecer todas as técnicas para utilizar o critério adequado na escolha do
método.
Quando trabalhamos com pesquisa partimos de uma teoria, de uma idéia que fazemos a
respeito dos fatos. Nenhum trabalho de pesquisa inicia-se sem que haja uma teoria que
fundamente a ação do pesquisado e mesmo que essa teoria não apareça explicitamente no
trabalho. Seguem abaixo alguns elementos básicos de uma teoria:
Pesquisa e Método - Os Caminhos do Saber- Simão de Miranda
6 Análise dos Resultados: o processo de análise inclui codificação das respostas de entrevistas,
observações, tabulação dos dados, cálculos estatísticos. Com exceção dos estudos exploratórios
é sempre possível estabelecer antecipadamente os esquemas básicos de análise dos dados.
PESQUISA QUALITATIVA
O PROBLEMA DE PESQUISA
É ele que vai direcionar toda a pesquisa. Toda investigação nasce de um problema
teórico ou prático, e dirá o que é relevante ou irrelevante observar, os dados que devem ser
selecionados. A partir desta seleção, se definirá uma questão que servirá de guia ao
pesquisador, um problema e uma sentença interrogativa. Um problema científico deve conter
duas ou mais variáveis (Exemplo: Os comentários do professor provocariam um
desenvolvimento dos alunos? Variável 1= comentários do professor e Variável 2= desempenho
dos alunos)
Formulação do problema: colocação de uma questão, com probabilidade de ser
solucionada e de apresentar-se frutífera, com o auxilio do conhecimento disponível.
1) Critérios para Formulação de Problemas
1 — o problema deve expressar uma relação entre duas ou mais variáveis (A está relacionado
com B?)
2 — o problema deve ser formulado claramente e de maneira não ambígua na forma
interrogativa.
3 — o problema deve ser formulado de tal forma que permita o seu teste empírico (Problema que
não é possível testar: “Quantos camelos pode entrar no fundo de uma agulha?”)
Variável é algo que “varia’, que muda, que contém valores Na pesquisa quantitativa, a
variável deve ser quantificada, na pesquisa qualitativa, deve ser descrita.
Variável é um valor que pode ser dado por quantidade, qualidade, característica, magnitude,
variando em cada caso individual.
O Problema e as Hipóteses de Pesquisa são constituídos de variáveis, logo sem as
variáveis não se tem uma pesquisa completa. As variáveis dão consistência ao problema de
pesquisa. Elas permitem a repetição da pesquisa por outros pesquisadores. As variáveis podem
apresentar diferentes atributos. As variáveis são os instrumentos conceituais básicos de
pesquisa. Elas representam os fatos empíricos.
Tipos de Variáveis:
Independentes (determinantes): são as variáveis explicativas e atuam sobre as variáveis
dependentes. São manipuladas pelo pesquisador.
Pesquisa e Método - Os Caminhos do Saber- Simão de Miranda
O PROJETO DE PESQUISA
objetivos gerais. Deve-se tomar cuidados com o uso dos verbos nos objetivos gerais e
específicos, pois os que forem empregados nos objetivos gerais devem ser de maior significado
e amplidão. Os verbos utilizados nos objetivos gerais devem ser de maior significado que os dos
específicos. Exemplos de objetivos – “verificar quais os benefícios pedagógicos da aula
expositiva na educação superior...”, “observar, descrever e interpretar como se dão as relações
entre professor e aluno no curso de administração da Faculdade JK de Taguatinga-DF”
Abertura de capítulo: captar o interesse do avaliador, pode-se usar fatos ou estatísticas
surpreendentes, questões provocativas, episódio vivenciado pelo autor. Exemplo para início do
texto – “Já há algum tempo...”
Justificativa: relacionar e classificar informações, argumentar sua opção pela pesquisa.
Apresentar motivos relevantes que originaram a decisão de pesquisar o assunto. Exemplos para
início do texto – “movido pela intenção de...” “Além do interesse pessoal pelo assunto, o tema se
impõe pela necessidade de...” Qual a utilidade da contribuição ofertada.
Delimitação do problema: optar pelo aprofundamento e não pela extensão do assunto.
Evitar assuntos extensos que não possibilitem melhor aprofundamento. Indicar o prisma sob o
assunto será focalizado.
Referencial Teórico: todo trabalho deve ter como ponto de partida um referencial teórico
internacionalmente escolhido para este fim. Para isso se faz necessária uma pesquisa
bibliográfica ou exploratória, para definir o estágio em que se encontra o assunto, uma
caracterização inicial do problema, sua classificação e de sua definição.
REVISÃO DA LITERATURA
breves, podem ser inseridas no próprio texto Quando longas (a partir de três linhas) devem ser
destacadas, mediante afastamento da margem. As citações podem ser sob a forma de
transcrição, em que se reproduz o texto, ou de paráfrase, em que se usa a citação livre do texto,
sem reprodução. As citações podem ser diretas, quando reproduzem diretamente o texto original
ou citação da citação, quando são retiradas de uma fonte intermediária.
O Levantamento de Literatura é a localização e obtenção de documentos para avaliar a
disponibilidade de material que subsidiará o tema do trabalho de pesquisa. Este levantamento é
realizado junto às bibliotecas ou serviços de informações existentes.
Sugestões para o Levantamento de Literatura
Locais de coletas: determine com antecedência que bibliotecas, agências
governamentais ou particulares, instituições, indivíduos ou acervos deverão ser procurados.
Registro de documentos: esteja preparado para copiar os documentos, seja através de
xerox, fotografias ou outro meio qualquer.
Organização: separe os documentos recolhidos de acordo com os critérios de sua
pesquisa. O levantamento de literatura pode ser determinado em dois níveis:
a - Nível geral do tema a ser tratado: relação de todas as obras ou documentos sobre o
assunto.
b - Nível específico a ser tratado: relação somente das obras ou documentos que contenham
dados referentes à especificidade do tema a ser tratado.
JUSTIFICATIVA
A justificativa num projeto de pesquisa, como o próprio nome indica, é o convencimento de
que o trabalho de pesquisa é fundamental de ser efetivado. O tema escolhido pelo pesquisador e
a hipótese levantada são de suma importância, para a sociedade ou para alguns indivíduos, de
ser comprovada. Deve-se tomar o cuidado, na elaboração da justificativa, de não se tentar
justificar a hipótese levantada, ou seja: tentar responder ou concluir o que vai ser buscado no
trabalho de pesquisa. A justificativa exalta a importância do tema a ser estudado, ou justifica a
necessidade imperiosa de se levar a efeito tal empreendimento.
METODOLOGIA
A Metodologia é a explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e exata de toda ação
desenvolvida no método (caminho) do trabalho de pesquisa. É a explicação do tipo de pesquisa,
Pesquisa e Método - Os Caminhos do Conhecimento- Simão de Miranda
ESTRUTURA DE UM TRABALHO
- capa (*)
- folha de rosto
- dedicatória (*)
- agradecimentos (*)
- sumário
- texto: introdução / desenvolvimento / conclusão
- anexos ou apêndices (*)
- referências bibliográficas
- glossário (*)
- capa (*)
(*) - Elementos adicionados de acordo com as necessidades (opcionais). O demais
elementos são obrigatórios.
Pesquisa e Método - Os Caminhos do Conhecimento- Simão de Miranda
OBS.: A Associação Brasileira de Normas Técnicas não determina a disposição destes dados na
folha. Esta distribuição deve ser definida pelo professor ou pela Instituição, para uniformização
de seus trabalhos acadêmicos.
Folha de Rosto: deve conter
- As mesmas informações contidas na Capa e o texto de exigência (finalidade do trabalho)
Dedicatória: Tem a finalidade de se dedicar o trabalho a alguém, como uma homenagem
de gratidão especial. Este item é dispensável.
Agradecimento: É a revelação de gratidão àqueles que contribuíram na elaboração do
trabalho. Também é um item dispensável.
Sumário: "Enumeração das principais divisões, seções e outras partes de um
documento, na mesma ordem em que a matéria nele se sucede". Ver ABNT NBR 6027. O título
de cada seção deve ser digitado com o mesmo tipo de letra em que aparece no corpo do texto.
A indicação das páginas localiza-se à direita de cada seção.
Texto: É a parte onde todo o trabalho de pesquisa é apresentado e desenvolvido. O texto
deve expor um raciocínio lógico, ser bem estruturado, com o uso de uma linguagem simples,
clara e objetiva.
Desenvolvimento do Texto: O corpo do trabalho é onde o tema é discutido pelo autor.
As hipóteses a serem testadas devem ser claras e objetivas. Devem ser apresentados os
objetivos do trabalho. A revisão de literatura deve resumir as obras já trabalhadas sobre o
mesmo assunto. Deve-se mencionar a importância do trabalho, justificando sua imperiosa
necessidade de se realizar tal empreendimento. Deve ser bem explicada toda a metodologia
adotada para se chegar às conclusões.
Anexos ou Apêndices: É todo material suplementar de sustentação ao texto (itens do
Pesquisa e Método - Os Caminhos do Conhecimento- Simão de Miranda
questionário aplicado, roteiro de entrevista ou observação, uma lei discutida no corpo do texto
etc.).
Referências: É o conjunto de indicações que possibilitam a identificação de documentos,
publicações, no todo ou em parte. As obras são identificadas na seguinte ordem. Ver ABNT NBR
10520/JUL 2001.
Glossário: é a explicação dos termos técnicos, verbetes ou expressões que constem do
texto. Sua colocação é opcional.
Organização do Corpo do Texto: Citações (NBR 10520), quando se quer transcrever o
que um autor escreveu.
Citação Direta Curta (NBR 12256) - com menos de 3 linhas - Deve ser feita na
continuação do texto, entre aspas.
Ex.:
Maria Ortiz, moradora da Ladeira do Pelourinho, em Salvador, que de sua janela jogou água
fervendo nos invasores holandeses, incentivando os homens a continuarem a luta. Detalhe
pitoresco é que na hora do almoço, enquanto os maridos comiam, as mulheres lutavam em seu
lugar. Este fato levou os europeus a acreditarem que "o baiano ao meio dia vira mulher" (MOTT,
1988, p. 13).
Obs.:
MOTT - autor que faz a citação.
1988 - o ano de publicação da obra deste autor na bibliografia.
p. 13 - refere-se ao número da página onde o autor fez a citação (NBR 10520).
b) - Citação Direta Longa (NBR 12256), com 3 linhas ou mais - As margens são recuadas à
direita, em espaço um (1).
Ex.:
Além disso, a qualidade do ensino fornecido era duvidosa, uma vez que as mulheres que o
ministravam não estavam preparadas para exercer tal função.
Citação de Citação: É a citação feita por outro pesquisador. Ex.: O Imperador Napoleão
Bonaparte dizia que "as mulheres nada mais são do que máquinas de fazer filhos" (apud LOI,
1988, p. 35). Obs.: apud = citado por.
Citação Indireta: É a citação de um texto, escrito por um outro autor, sem alterar as
idéias originais. Ou então: eu reproduzo sem distorcer, com minhas próprias palavras, as idéias
desenvolvidas por um outro autor. Pode ser chamada também de paráfrase.
Ex.: Somente em 15 de outubro de 1827, depois de longa luta, foi concedido às mulheres o
direito à educação primária, mas mesmo assim, o ensino da aritmética nas escolas de meninas
ficou restrito às quatro operações. Note-se que o ensino da geometria era limitado às escolas de
meninos, caracterizando uma diferenciação curricular (COSENZA, 1993, p. 6).
Localização das Citações
a) No texto: A citação vem logo após o texto, conforme nos exemplos acima.
b) Em nota de rodapé: No rodapé da página onde aparece a citação. Neste caso coloca-
se um número ou um asterisco sobrescrito que deverá ser repetido no rodapé da página.
c) no final de cada parte ou capítulo: As citações aparecem em forma de notas no final
do capítulo. Devem ser numeradas em ordem crescente.
d) No final do trabalho: Todas as citações aparecem no final do trabalho listadas em
ordem numérica crescente, no todo ou por capítulo.
Paginação: Existem dois níveis para numeração das páginas
Antes do Sumário: conta-se a partir da Folha de Rosto e os números são em algarismos
romanos. A numeração em romanos termina quando começa o texto (Sumário). São contadas
na numeração, mas não recebem números a folha de rosto, a primeira página do texto (página
1) e as páginas que iniciam um capítulo.
Depois do Sumário: As páginas são numeradas em algarismos arábicos, colocados no
canto superior direito, a um espaço duplo acima da primeira linha. A numeração em algarismos
arábicos inicia-se a partir da Introdução (página 1). São contadas na numeração, mas não
Pesquisa e Método - Os Caminhos do Conhecimento- Simão de Miranda
Espaçamento: as referências devem ser digitadas, usando espaço simples entre as linhas e
espaço duplo para separá-las.
Margem: As referências são alinhadas somente à margem esquerda.
Pontuação:
1)Usa-se ponto após o nome do autor/autores, após o título, edição e no final da referência;
2)Os dois pontos são usados antes do subtítulo, antes da editora e depois do termo In:;
3)A vírgula é usada após o sobrenome dos autores, após a editora, entre o volume e o número,
páginas da revista e após o título da revista;
4)O Ponto e vírgula seguido de espaço é usado para separar os autores;
5)O hífen é utilizado entre páginas (ex: 10-15) e, entre datas de fascículos seqüenciais (ex:
1998-1999);
6)A barra transversal é usada entre números e datas de fascículos não seqüenciais (ex: 7/9,
1979/1981);
7)O colchetes é usado para indicar os elementos de referência, que não aparecem na obra
referenciada, porém são conhecidos (ex: [1991]);
Pesquisa e Método - Os Caminhos do Conhecimento- Simão de Miranda
8)O parêntese é usado para indicar série, grau (nas monografias de conclusão de curso e
especialização, teses e dissertações) e para o título que caracteriza a função e/ou
responsabilidade, de forma abreviada. (Coord., Org., Comp.). Ex: BOSI, Alfredo (Org.)
Maiúsculas: usa-se maiúsculas ou caixa alta para:
9)Sobrenome do autor;
10)Primeira palavra do tíítulo quando esta inicia a referêência ( ex.: O MARUJO);
11)Entidades coletivas (na entrada direta);
12)Nomes geográficos (quando anteceder um órgãão governamental da administração: Ex:
BRASIL. Ministério da Educação);
13)Títulos de eventos (congressos, seminários, etc.).
Grifo: usa-se grifo, itálico ou negrito para:
14)Título das obras que não iniciam a referência;
15)Título dos periódicos;
16)Nomes científicos, conforme norma própria.
ARTIGO CIENTÍFICO
Pesquisa e Método - Os Caminhos do Conhecimento- Simão de Miranda
A NBR 6022 da ABNT define artigo como “texto com autoria declarada, que apresenta e
discute idéias, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento.”
“Artigo – escrito de extensão variável, que trata de determinado assunto, geralmente destinado a
uma publicação periódica.” E SALVADOR (1997:24) define como: “Os artigos científicos, que
constituem a parte principal de revistas, são trabalhos científicos completos em si mesmos, mas
ENSAIO CIENTÍFICO
origem. Originalmente, era um comentário breve, informal e subjetivo, não concludente, o que se
denomina, nos dias atuais, de crônica. Ensaio, hoje, passou a ser sinônimo de um estudo bem
desenvolvido, formal, discursivo e concludente. Contudo, guarda ainda algo de seu significado
primitivo, já que não se constitui num estudo em definitivo. É uma primeira tentativa de
PAPERS
publicação em atas ou anais do evento em que foi apresentada, podendo apresentar somente o
resumo ou a obra integral em questão. É traduzido, nas obras de documentação, por artigo, o
que não corresponde a seu significado real, e segue as normas de trabalhos escritos em geral,
RESENHA
É uma descrição minuciosa que compreende certo número de fatos.” (LAKATOS, 1986:
Pesquisa e Método - Os Caminhos do Conhecimento- Simão de Miranda
217) “Resenha, revista de livros ou análise bibliográfica, é uma síntese ou um comentário dos
livros publicados feitos em revistas especializadas das várias áreas da ciência, das artes e da
filosofia” (SEVERINO, 1986:180): “Resenha – tipo de resumo crítico, contudo, mais abrangente:
permite comentários e opiniões, inclui julgamento de valor, comparações com outras obras da
mesma área e avaliação da relevância da obra com relação às outras do mesmo gênero”.
(ANDRADE, 1999:78) Apesar de intensa pesquisa bibliográfica, não foi possível encontrar, nas
Normas Técnicas), uma definição precisa de resenha. Sendo assim, tomaremos por base os
TIPOS DE RESENHA
Alguns autores, como Antônio Joaquim Severino, estabelecem a distinção entre resenha
informativa e resenha crítica: “Uma resenha pode ser puramente informativa, limitando-se a
apud ANDRADE, 1999:76) “A resenha crítica é, pois, a apresentação do conteúdo de uma obra,
acompanhada de uma avaliação crítica. Na resenha crítica, expõe-se claramente e com certos
detalhes o conteúdo da obra, e, tendo em vista o propósito da obra, os leitores aos quais se
dirige e o método que sugere, faz-se uma análise e uma apreciação crítica do conteúdo, da
disposição das partes, do método, de sua forma ou estilo e, se for o caso, da apresentação
Científica, nos leva a concordar com ANDRADE (1999:76), quando declara que: “resenha crítica
é no mínimo redundante”.
Pesquisa e Método - Os Caminhos do Conhecimento- Simão de Miranda
FINALIDADES
as idéias da obra, avaliar as informações nela contidas e a forma como foram expostas e
justificar a avaliação realizada.” Para SEVERINO (1986:181) “a resenha pode ter finalidade
puramente informativa, expondo o conteúdo do texto de maneira mais objetiva possíveis. Porém
as mais úteis são as que, além de informativas, realizam comentários críticos e interpretativos:
discutindo, avaliando, comparando”. ANDRADE (1999:80), comenta que “(...) resenha não é
apenas resumo ou resumo crítico, à medida que não se limita ao conteúdo da obra resenhada,
IMPORTÂNCIA DA RESENHA
Devido à resenha trazer comentários sobre a obra, ela possibilita uma rápida impressão
texto integral. Com a atual explosão documental, em que um número elevado de publicações
são lançadas no mercado científico, devemos atentar para o fato de que nem sempre essas
produções são de boa qualidade e relevância científica, e nesse sentido, a resenha além de
emitir juízo de valor sobre as obras, ela ainda traz indicações das demais obras que discutem o
Pesquisa e Método - Os Caminhos do Conhecimento- Simão de Miranda
mesmo assunto. Bem como auxilia na economia de tempo e dinheiro em possíveis leituras
ELABORAÇÃO DE RESENHA
d) Independência de juízo para ler, expor e julgar com isenção de preconceitos, simpatias, ou
antipatias (...)
1. Referência Bibliográfica
Autor (es)
Título (subtítulos)
Número de páginas
2. Credenciais do autor
3. Conhecimento
4. Conclusão do autor
Quais foram?
Modelo teórico
6. Apreciação
a) Julgamento da obra:
b) Mérito da obra
c) Estilo
Linguagem correta?
Ou o contrário?
d) Forma
Lógica sistematizada?
e) Indicação da Obra
MODELO DE RESENHA
1. Obra
d) firma publicadora
e) ano de publicação
j) preço
2. Credenciais da autoria
a) nacionalidade
c) títulos
d) cargos exercidos
e) outras obras
3. Conclusões da autoria
a) quer separadas no final da obra, quer apresentadas no final dos capítulos, devem ser
sintetizadas as principais conclusões a que o autor da obra resenhada chegou em seu trabalho
4. Digesto
5. Metodologia da autoria
de opinião etc.)
funcionalismo etc.)
b) modelo teórico (teoria da ação social, teoria sistêmica,teoria da dinâmica cultural etc.)
pelo autor ou, ao contrário, pela sua formação científica, possuir outro. É necessário a
explicitação do quadro de referência do resenhista, pois terá influência decisiva tanto na seleção
dos tópicos e partes que considera mais importantes para a análise quanto na elaboração da
8. Crítica do resenhista
b) Mérito da obra:
- originalidade
- contribuição para o desenvolvimento da ciência, quer por apresentar novas idéias e/ou
c) Estilo empregado
9. Indicações do resenhista
Pesquisa e Método - Os Caminhos do Conhecimento- Simão de Miranda
Outro modelo mais sintético é apresentado por BARRAS (1979: 139) apud ANDRADE (1999:
80), onde a resenha deve ter início com referências bibliográficas da obra; no corpo do trabalho,
“De que trata o livro? Tem ele alguma característica especial? De que modo o assunto é
abordado? Que conhecimentos prévios são exigidos para entendê-lo? A que tipo de leitor se
dirige o autor? O tratamento dado ao tema é compreensivo? O livro foi escrito de modo
interessante e agradável? As ilustrações foram bem escolhidas? O livro foi bem organizado? O
leitor, que é a quem o livro se destina, irá achá-lo útil? Que resulta da comparação dessa obra
com outras similares (caso existam) e com outros trabalhos do mesmo autor?”
EXEMPLOS DE RESENHAS
RESENHA DE ARTIGO
Resenhista: Simão de Miranda
Neste artigo, espec ialmente cria do para o comem orativo núm ero 80 do s Cadern os de Pes quisa, a
Pesquisa e Método - Os Caminhos do Conhecimento- Simão de Miranda
autora faz um oportuno retrospecto do que se discutiu acerca da pesquisa educacional na ocasião em
que o referid o perió dico com pleta 20 anos. E la conta biliza 42 artigos que vêm abordar este tema e
destaca os mais eviden tes.
Já no primeiro número (julho de 71) aparece em destaque o texto de Aparecida Joly Gouveia, que
não só faz um a recup eração histórica d a pesq uisa educacional no Brasil, como um mapeamento das
temáticas e das m etodo logias. A mesm a autor a comp lemen ta este tra balh o em 1976 e Bern adete Gatti o
retoma em 1983. Go uveia, em 1971, já ap ontava a d escontinuid ade dos p rograma s de pesq uisa.
Doze anos depois, 1983, Gatti mostra que, apesar dos esforços de implantação dos m estrados e
doutorados em educação, a constituição de equipes de pesquisa com uma duração m aior de vida e ra
ainda uma meta não atingida. Aponta, também, que prevalecem as pesquisas individuais, portanto de
escopo limitado, o que prejudica a acumulação de experiência e a continuidade, necessárias a uma
maturação no trato com os problemas educacionais brasileiros. Sofia Vieira, em 1985, aborda algumas
especificidades do desenvolvimento da pesquisa no nordeste brasileiro, lançando a pergunta: “como
passar da pesquisa solitária à pesquisa solidária?”
As informações atualizadas que me chegam via internet reforçam esta preocupação dos
pesquisadores. Consultando a Home Page da Universidade de São Paulo – USP, vê-se claramente que a
pesquisa é a condição sine qua non para a sobrevivência da pós-grad uação, e q ue obtém o importan te
bene fício adquirido da expansão dos programas de mestrado e doutorado. É importante saber que desde
o alvorecer da déca da de 70 há uma atenção permanente sobre a pesquisa. É no âmbito dos programas
de pós-graduação que se desenvolve a maior parte das pesquisas geradas na USP.
As questões de teoria e método estão abordadas em um conjunto de trabalhos discutidos em
semin ário do CNP q sobre Alte rnativas Me todológicas para a Pesquisa Educacional, publicados nos
Cadernos em 1982. Os três tem as: a) pesq uisa/res ponsa bilidade social, onde Rosemberg chama atenção
para a vinculação entre conhecimento e poder; b) pesquisa/intervenção, onde Mello trata do significado
da ação de pesquisar; e c) pesquisa/teoria, onde Rezende destaca a grande diversidade de métodos
para o conhecimento da realidade.
As preocupações metodológicas trazidas à tona nestes artigos são concretizadas, no que se
refere à pesquisa na escola, no trabalho de Tonucci, em 1982, com comentário de Joel Martins, no
mesmo ano. Oya ra Esteves, em 1984, de bate a crise com que se depara a pesquisa educacional, quer
na seleção de problemas para estudo, quer pela inadequação metodológica, quer pela fragmentação dos
resultados, justamente pela falta de uma perspectiva mais apropriada do fenômeno educativo. Propõe
que é preciso reorientar a pesquisa no caminho de uma “praxiologia educacional” que significa “uma
ciência da e ducação onde teo ria e prática são interligadas, um a reflete a ou tra no proce sso educa cional”.
O problema d a interdisciplina ridade, levan tado nos a rtigos da década de 70 e início de 80, virá à
tona com Frigotto, em 1985. Em seu artigo sobre a questão metodológica do trabalho interdisciplinar,
apresen ta reflexõe s a partir d e uma experiê ncia de pesqu isa com uma e quipe “interdisc iplinar”. E le
mostra que a visão simplista de inte rdisciplinaridad e resvala nu m ecletismo infrutífero, porqu e não pe rmite
avanços metod ológicos.
Acerca desta questão, penso que já é hora de empreender-se um estudo mais atualizado sobre o
que vem se fazendo nos últ imos dez anos. Sabe-se que o tema interdisciplinaridade tem sobrevivido às
diversas correntes pedagógicas que se sucederam neste período, ora atropeladamente, ora até com
sucesso. É até uma suge stão ao professo r Frigotto que, ele próprio , acomp anhe esta pro blemá tica, já
que possui todo um arsenal de dados que o habilitam a realizá-la.
A discussão relativa às questões de teoria, método e objeto na pesquisa em educação, quer sob o
ângu lo do produto das pesquisas, quer sob o ângulo de seus fundamentos. Refletindo essa tendência,
Luna, em 1988, aborda o falso conflito entre tendências metodológicas; e Franco, no mesmo ano,
argumenta que o conflito entre estas tendências não é falso.
Finalizando este artigo, Warde pondera, em 1990, que se atribui ao stricto sensu a função de ser
Pesquisa e Método - Os Caminhos do Conhecimento- Simão de Miranda
foco produtor de pesqu isa, mas sua estrutura é de foco produtor de disserta ções e tese s, grifos meus , e
que boa parte das pesq uisas não se mostram como eixo s referenciais para os discentes. E Cunha, em
1991, declara-se mais otimista que Warde ao defender que foi de dissertações e teses dos programas d e
pós-graduação que saíram quase tod os os livros que constituem a recente b ibliografia de E ducação , que
vem incorporando dezenas de novos títulos a cada ano.
Raciocino qu e seria basta nte válida, po r parte da au tora, a inclusão de uma a nálise onde pud esse
conceituar e diferenciar, com im poluta clareza, os termos grifados no parágrafo anterior. No meu
entendim ento posso contemplar a p esquisa quando elaboro uma tese ou dissertação. Não entendo como
criar uma tese ou dissertação sem estar mergulhado na pesquisa.
À luz de uma avaliação geral, o artigo vem prestar um relevante serviço ao pesquisador e também
ao aluno dos programas de pós-graduação, em especial ao do mestrado e doutorado.
RESENHA DE LIVRO
Resenhista: Simão de Miranda
Piaget, Jean. A Formação do Símbolo na Criança – Imitação, Jogo e Sonho, Imagem e Representação.
Rio de Jan eiro, Za har, 19 71. 370 págin as. Traduzido da 3ª edição do original suíço, publicada em 1964,
“La Form ation du S ymbole C hez L’Enfa nt – Imitation, Jeu et Rêve, Ima ge et Rep résentation ”.
Credenciais do Autor
Renoma do teórico suíço, autor de ma is de 70 livros e mais de 200 artigos, faleci do em 1980, aos
84 anos. Entre outras atividades, dirigiu o Instituto de Ciência s da Educação de Genebra e lecionou
Psicolo gia Experimental, Psicologia Infantil e História do Pe nsamento Científico na Universidade da
mesma cidade suíça . De formaç ão inicial em B iologia, teve preocupa ções emin enteme nte
epistemológicas, tendo d edicad o a ma ior parte do seu tem po ao e studo d e como o ser hu mano constró i o
conhecimento.
A Quem Intere ssa
A estudantes de pedagogia, pedagogos e professores que lidam com crianças na faixa etária de
dois a oito anos. Podendo interessar, igualmente, aos pais que tenham filhos neste intervalo de idade.
Por Que Interessa
Porque, partir da obra, é possível compreender como se origina o pensamento representativo da
criança na evolução que vai da fase sensório-motora à operatória, dando-se grande valor ao papel da
linguagem. Pressupo ndo-se qu e esta é uma constru ção da inteligên cia sensório-motora, prepa rada passo
a passo, até se concretizar na fase pré-ope ratória . A obra permite um conhecimento mais aprofundado
das relaçõe s entre a criança, a imitação , o jogo e a cognição. Com base no exposto, o trabalho em
questão favorece o acompanhamento e a orientação às crianças inseridas neste intervalo etário. Faz-se
necessário, todavia, alguma aproximação antecedente à obra piagetiana.
O Que Contém
A obra está dividida em três partes, escrita de modo objetivo, claro e coerente. Na primeira,
travando um acalorado embate com Wallon, Piaget esclarece como se origina a imitação, estabelecendo-
a em seis fases pro gressiv as e encadeadas entre si. O autor traça uma evolução, etapa por etapa, que
vai desde um estado de preparação para a imitação - primeira fase - à imitação plena (que ele dá o nome
de imitação diferida ) - sexta fas e. A seg unda parte, a m ais longa do livro, é dedicada ao estudo do jogo,
seu nascimento, classificações, evolução e aspectos simbólicos. Na terceira parte, ele analis a -
principalmen te - como se dá a passagem do esquema sensório-motor para o esquema dos conceitos na
criança e suas representações cognitivas. Para a elaboração do trabalho, o autor realiza observações
dos próprio s filhos (Jacque line, Lucienn e e Laure nt) e, a partir daí, con strói as teorias corre sponde ntes.
Importâ ncia Pa ra a Pe dago gia
A riqueza do un iverso infantil é inco mensurá vel. E o ped agogo, o privilegiado a gente orien tador e
acompanhador da evolução deste universo. É da mais alta importância para este profissional, ou para o
futuro profissional, entender os princípios e processos da comunicação infantil, pois é por meio deles que
a criança interage com o m eio, construindo-se e reconst ruindo-se. É por onde perpassam os processos
de ensino e a prendizag em. É de suma imp ortância com preende r as matizes d a persona lidade infa ntil, do
Pesquisa e Método - Os Caminhos do Conhecimento- Simão de Miranda
ponto de vista das afirmações, satisfações e sentidos. É de vital importância situar a imaginação pueril no
seu contexto de desenvo lvimento cognitivo. Dar conta destes e outros meca nismos apresentados por
Piaget neste trabalho é condição sine qua n on para a realização se gura do trab alho do p edagog o. Este
trabalho de Piaget, assim como seus demais livros, durante todo o seu decorrer, propicia respostas
pedagó gicas, emb ora não p ossua a p reocupa ção em e nsinar “com o fazer”.
EXERCÍCIOS
BIBLIOGRAFIA:
ANDRADE, Maria Margarida de. Como preparar trabalhos para cursos de pós-
graduação: noções práticas. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1999. 144p.
REY, Luís. Como redigir trabalhos científicos. São Paulo: Edgard Blücher, EdUSP, 1972.