Se justifica, se te pagarão por isso Trabalhar feito um asno toda a vida Justifica-se, se é pra isso que te pagam Mas sonhar, sonhar não Isso não vale um puto
Onde neste mercado existe um humano inteiro?
Quem, sem esse uniforme foi um dia criança E sonhou de graça sonhos que eram seus?
Velhos impotentes de 20 e poucos anos
Somos clientes de escolas, de academias de clínicas, de televisões, de tudo que é fácil Castrados aos 30, enterrados vivos aos 50 Consumimos igrejas e religiões em sacos plásticos
Nossos estômagos estão cheios de inconformidades
Nossos agendas estão cheias de nomes Que contradição é esta em nos sentirmos vazios?
Andamos seguindo rastros até um abismo
Mastigamos a vida e ela parece amarga Nos vomitamos de nossa própria identidade Temos pudores inúteis e mãos trêmulas Somos mendigos dentro de casa E sentimos frio para sentirmos algo