Carente, ausente, temente

Perdi-me e sofri e
Em versos mudos
Escrevi, li e reli, decidi ser irreverente
E como os poetas eloqüentes, carentes,
Crentes, acreditei principalmente em mim.
Naveguei e como marinheiro, busquei novos
Horizontes;
Mergulhei como peixe que busca
Oxigênio pela sobrevivência
 Sonhei como poeta e
expressei em
Sentimentos os versos
Na busca me encantei como criança que
Anseia seu presente;
Desprendi-me dos velhos sentimentos e
Acolhi os novos;
Sorri como espectador que gargalha
Diante do espetáculo;
Como um tufão desvendei possibilidades
Dando vazão ao coração;
Como embrião abortado, renasci
Para acreditar que na vida tudo
É possível
Como doente terminal ingeri doses de
Paixão, gratidão, afeição e devoção,
Abri o meu coração;
Como criança órfã acreditei em braços e abraços,
Fatos e afagos, estendi os braços e
Aceitei os fatos;
Como o ancião cansado, gerei longevidade
E prazer de viver
 Como mendigo solitário,
pedi um ombro,
Uma mão e um coração,
Sem medo da humilhação;
Como pássaro voei, transcendi a razão
Sem medo da ilusão.
Renasci para acreditar
Que a vida é possível
 E diante dela:
Com as mãos eu afago;
Com os olhos eu aprecio;
Com os ouvidos eu ouço;
Com o corpo eu embalo;
E com o coração eu amo;
E com você me dou;
Sem receio do vôo;
Sem receio do não;
Sem receio do vão;
Amar é acreditar,
Lutar,
Realizar,
Acertar e errar,
É ter sem prender,
 É lembrar sem chorar,
É fazer de cada encontro,
De cada despedida,
Um momento único.
 Independente do tempo
Da situação
Da propagação
Sempre é tempo de sonhar,
Acreditar e amar
De fazer de seus versos mudos
A voz do seu coração.

(Suely Macedo)
2005
“É necessário realizar o possível para tocar o
impossível.”(Simone weil