Uma pergunta solta no ar Paira sobre minha áurea E indago-me em entrelinhas O que fui o que sou e pra onde vou. E nas frases sem orações Permuta interrogações De tudo que procurei alcançar De tudo que me entreguei E de tudo que me aprisionei Em qual parte eu me desintegrei... E nessa busca de resposta Sento-me defronte a mim Olhando-me no meu íntimo Em um monólogo de alma Chego a concluir Que de tantas procuras, Idas e vindas, o que mais Busquei Dentro de mim não correspondi E nesse falso encontro de almas Quantas estrofes e versos Ficaram sem preposições E o que mais ansiei foi o Verbo amar Para poder conjugar Despeço-me não de mim Não de você nem do pronome nós Mas de encontros cheios de desencontros De expectativas mal resolvidas De esperanças no oásis da solidão Na miragem escaldante do coração De versos e linhas De tudo que errei De tudo que deixei E tudo que busquei Dos falsos juramentos Que se tornaram tormentos Não vou esperar o corpo desintegrar A alma desfalecer Mas vou aquietar-me na viagem da vida Sem correr contra o tempo Esperar o próximo apito Do trem em compulsão. Vou esperar na próxima estação Arraigada de minha bagagem Sem peso ou atropelo sendo apenas Por fora uma velha mala sem alça Mas por dentro um grande coração