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BRENDA AYRES

uns am res
entre outros
T

E TODAS AS MINHAS

FASES DO AMOR
uns am res
entre outros
BRENDA AYRES
T

S
dedico esta obra a todas aquelas pessoas
apaixonadas pelo amor ou pela ideia de amar
Sumário

I FASE

II FASE

III FASE
I
fase

amor, primeiro amor


Uma última vez

Sei que já havia dito para Deus e o mundo que


superei
Que estou bem, e nem me importo mais
E de fato,
Talvez não doa mais tanto quanto antes
Talvez não haja mais aquele mesmo frio na
barriga
Não existe mais aquela chama ardente

Mas ainda há uma última parte de mim que te


pertence

Ainda há um último olhar que pertence a ti


Um daqueles que a gente dá quando olha algo
que gosta muito
Que a pupila dilata e que faz o coração
acelerar
Daquele que é verdadeiro
Que carrega todas as palavras que não podem
ser ditas

Ainda há uma última aceleração do meu


coração
Uma daquelas que basta ouvir um nome e já
dispara
Que faz todo o corpo arrepiar, e estremece até
a alma
Daquelas que a gente pensa que vai morrer
Mas é só mais uma reação do corpo ao ouvir
falar de você

Ainda há um último sorriso de felicidade


Um daqueles que é verdadeiro
Que diz tudo sem dizer nada
Daqueles que a gente dá quando não consegue
conter o sentimento no peito
Que se une ao olhar apaixonado e é carregado
de toda alegria do mundo

Ainda há um último pensamento sobre você


Um daqueles que faz a gente vagar pela
imaginação
Que nos leva a um lugar utópico de onde não
queremos mais sair
Daqueles que nos faz corar por pensar em
algo tão imoral
Mas que seria tão bom se acontecesse
Ainda há uma última borboleta
Que mesmo depois de tanto tempo
Ainda resiste à morte
Que luta para sobreviver a qualquer custo
Que faz aquele frio da barriga acontecer
Que faz o meu olhar se direcionar a ti

É uma daquelas que tem força para acelerar o


meu coração
E que faz o meu melhor sorriso aparecer
É daquelas que mexe com todos os átomos do
corpo
E que consegue assumir todo o comando do
meu ser

É uma daquelas que luta uma guerra diária


sozinha
Que veste a armadura mais pesada
E que não sabe se vai voltar viva depois da
batalha
Porque todo dia pode ser o último

-Há essa última borboleta que ainda não morreu


Presentes

Eu poderia te dar a Lua


Te daria as estrelas se pedisse
Eu te daria o oceano
Até mesmo o Universo

Mas te dei algo muito menor


Com menor valor também
Eu te dei o meu coração
O meu amor
Acho que foi por isso que você não ficou

Não é grande o suficiente


Tem buracos
É defeituoso
Não é bonito

Talvez você quisesse mais


Você merecia mais

Mas eu ainda queria que você tivesse ficado


Eu queria que preferisse essas lacunas
Queria que você escolhesse essas imperfeições
Que se apaixonasse por elas

Talvez eu realmente tenha errado


Teria sido mais fácil te dar algo intocado
Que tivesse mais valor
Algo que você pudesse amar
Ou que quisesse amar

Mas às vezes...
Eu só queria que você tivesse escolhido me amar
A beirada do abismo

A dor que exalam das minhas lágrimas


É sofrida em silêncio
Porque minhas palavras me condenam
Se forem ditas boca a fora
Por isso são transcritas em versos
De uma poesia fuleira
Sem pé nem cabeça

Rogo aos céus por uma resposta


Espero enquanto choro
Choro enquanto espero
Aguardando uma solução
Para essa amarga dúvida que me ronda
Enquanto tenho um coração na mão

Os braços que me abraçaram


Soltaram as amarras
Que eu desconhecia que tinha
Mas com elas novamente estou
Não pelo mesmo motivo antes
Mas pelo mesmo motivo de sempre

Quero falar tudo


Enquanto não posso falar nada
É besteira, é besteira
Isso não está certo
Eu não tenho esse direito
Ele nunca foi meu
Palavras somem tão rápido quanto surgem
São como as lágrimas que aparecem e somem
Somem e aparecem
Mantidas no secreto
Porque se forem vistas podem assustar
Assim como eu me assustei na tarde de outrora

Mas é uma dor só?


Ou uma e outras três?
São um combo de incertezas talvez?
É uma dúvida aqui
Um sentimento ali
Uma angústia também
E uma ausência de alguém

São tantas dores meu bem


Que você se perderia em loucura
Assim como eu
Nessa poesia fuleira
Sem pé nem cabeça
Porque se trata de você

Eles olham e olham


Mas não dizem nada
E quando dizem são palavras chulas
Mas não quero o teu olhar
Não quero teu questionamento

Quero que me mostre quem tu é


O que tu sente por trás dessa mentira
Por que está se escondendo?
Não preciso que tu digas uma palavra
Mas eu quero que diga

Hoje somos mais do que já fomos um dia


Eu sei disso
Tu sabes disso
Então por que?
Qual a razão dessa tua fuga incessante?

Pare de perguntar como os outros


Seja você e mostre que me conhece
Você sabe bem o que se passa
Mas finge que não
Maldito

É por isso que te odeio tanto


Odeio a forma como me trata
Como me promete o mundo
E tira ele de mim
Odeio como você demonstra se importar
Mesmo que não possa

Maldito seja você


Que só por falar em ti
Já quebrei os padrões nessas estrofes
Talvez seja por ser você
Porque somos apenas nós
Porque não existem regras

Vou te esperar
Incansavelmente
Até o momento que você se decidir
Porque mesmo te odiando tanto
É você o dono do meu amor

-E de todas as células do meu ser


Afogamento

Caindo
Caindo
Caindo

Sempre mantendo o ritmo


Nunca deixando de olhar o chão
Despencando em queda-livre
Indo de encontro ao meu coração

Ali está
Tão frágil
Tão vermelho
Tão despedaçado

Coitado
A coisa está morrendo
Não há muito o que fazer
Só esperar para ver o fim

Não sei porque você se foi


Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar

Os versos ecoam
A mente parece uma caixa
A estrofe toca repetidamente
A loucura subindo enquanto caio

Amor
O que esta merda não faz?
Após uma noite de choro
A noção logo é perdida

Enquanto a água se aproxima


Penso em você
Amor
O que somos? O que já fomos?

Uma última vez


Diga que me ama
Antes que eu seja apenas pó
De onde vim e para onde vou
Você marcou na minha vida
Viveu, morreu na minha história
Chego a ter medo do futuro
E a solidão que em minha porta bate

Os beijos que não te dei


Revivo antes da morte
Pensei em você antes
Penso em você agora

Saia
Saia
Saia

Quero um adeus em paz


Que você sinta a saudade
Não eu
Não, você

Apenas quero voltar


A sanidade, preciso dela
Mas ela não volta
Assim como você

E eu
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você

Acabou
Acabou
Acabou

A água chegou
Ela entra em meus pulmões
Perdão por não avisar antes
Que te amava

Que te amo

Agora encerramos
A dor permanece
E até que me salvem
Permaneço nessa água fria

Congelando

Esperando

Chorando
Olhares

Aqueles olhos
Não tão inconfundíveis olhos
Não tão vibrantes olhos
Nem calorosos olhos

De que adianta a beleza do olhar?


Se ele não prende
Para que a cor exuberante?
Se ela de nada vale

São só olhos...
Não são galáxias
Nem um universo todo
São só olhos...

De que valeria esses elogios?


Se em outros olhos posso me perder
Eles não são a verdade verdadeira
Nem a mentira mentirosa

"Os olhos não mentem"


Mas não falam a verdade
Olhares são olhares
E apenas olhares

Porém, são esses olhos


Que marcaram a minha mente
É desse olhar que eu lembrarei
Quando pensar em Olhos

Porque são os teus olhos


E eles são inesquecíveis olhos
Girassol

Chorando de felicidade
Em meio a conversas e vídeos
As lágrimas de alegria
E um tanto de dor

Finalmente entendi
Percebi que acabou
Nosso amor
Meu amor

Foi lindo enquanto te amei


Foi o sentimento mais incrível que já senti
E a alegria que era estar perto de ti
Mas agora a alegria é diferente

Tornei-me girassol
Independente do teu Sol
Com as pétalas amarelas
A cor da minha felicidade

Porque agora abriu um espaço


Para novos começos
Novas pessoas
Novos amores

Porque você se foi


E eu finalmente entendi
Que você não voltará
E agora sou livre do que idealizei

O que foi amor


Virou dor
E agora
O tempo finalmente curou
Obrigada meu antigo Sol
Por tudo o que fomos
e pelo o que não fomos
Porque não era pra ser

Obrigada pelos versos que me rendeu


pelos sorrisos e pelas lamentações
Obrigada pelo carinho que tu tens
e pelo tempo que tu me deras pra te esquecer

Brilhe para o teu novo (nem tão novo) girassol


Que eu irei atrás de outra galáxia
Com um novo Sol para me acolher

Porque finalmente acabou


o que não era pra ser
E nessas últimas linhas, quero me
despedir de você e desse sentimento que
me acompanhou até aqui.
Que eu viva sempre em sua memória,
assim como você viveu em meu coração.
-Adeus amor, primeiro amor
II
fase

amor, não tanto amor


Decifrar-te

Vejo-me perdida
Nesses teus miúdos olhos
Que são hipnóticos para mim
De um castanho vivo e vibrante
Que cativa tudo em meu ser

A beleza do teu sorriso me fascina


Sinto-me presa ao teu olhar
Porque tu que exalas magnetismo
Faz eu sentir-me como um ímã
Que se atrai por ti

Cada toque teu me arrepia


E também me conforta
Tu és quem sana a tempestade
Que ocorre dentro de mim
É o silêncio depois do trovão

É difícil descrever o que é isso


Sei que é uma luz na minha escuridão
Uma paz nessa loucura
Algo indecifrável
Que quero desvendar

Não sei o que somos


Ou o que viremos a ser
Mas sei que gosto disso
Dessa sensação nova
Do calor novo que vem de você

-gosto da ideia do que poderemos ser


Simplesmente, você

Inconscientemente
Me vejo tentando escrever
Escrever o que?
Não sei
Escrever sobre o que?
Você

A forma como tu preenche meus pensamentos


O arrepio que o teu simples toque me causa
A beleza dos teus olhos aliados ao teu sorriso
O conforto que tu exala com a tua presença
Poderia escrever tudo sobre você
Poderia escrever sobre como eu quero você

Mas onde elas estão?


Cadê essas palavras?
Por que há apenas um sorriso?
Ele simplesmente não some
Fica aqui junto com meus pensamentos
Que se repetem a todo momento

Você

Você

Você

Você

Você

Você
V
O
C
Ê
Mesmo que eu tente
As palavras se resumem a isso
A um simples substantivo
Que rouba todo o meu vocabulário
Mas que diz tanto sobre o que se passa
Acho que enlouqueci

Parece até uma acusação


Talvez até seja
VOCÊ
Acusado de tirar meu fôlego
Acusado de me fazer rir como boba
Acusado de roubar o resto da minha sanidade

Pode parecer uma música também


Que é composta por um único verso
Que se repete alternando a melodia
É o refrão mais divertido
Que exala alegria
É o puro sentimento

Acho que é isso que você é


Uma confusão bonita
Uma bagunça divertida
Uma incógnita a ser desenvolvida
A loucura em sua forma mais pura
Você é minha nova dúvida

-que eu espero ser respondida em breve


Resgate (Afogamento II)

Viva
Viver
ida

Sinto o ar preencher meus pulmões


Novamente posso respirar
O fôlego está retornando
E a mente voltando ao lugar

Sinto mãos abarcarem meu corpo


Não é ele, é você
Me arrastando de volta a margem
É um resgate

Enquanto raciocino, você sorri


Me perdi nos pensamentos
Algo em ti me mudou
O que está se passando?

Os versos não ecoam mais tão altos


E eu gostava tanto de ...
De quem? Dele? De você?
Não sei mais

Eu nunca mais quero outra vida


É, eu ando um bocado mudado
Eu nunca mais quero outra vida, eu não
Olha só como eu tô bem tratado

Há uma nova melodia surgindo


É bonita, diferente, esperançosa
A mente para de trabalhar
Está se concentrando nela

Acho que algo está mudando


Esse resgate, me tirou daquele abismo
Que abismo? De amor?
Sei lá, agora estamos aqui (nós)
Sorrindo
Sorrir
Sorrisos

É isso que há entre nós


Sorrisos bobos depois do desespero
O que há em nós?
Isso que é a loucura do amor?

Chorar e sofrer
Depois amar novamente
Um novo alguém, diferente
O que esta merda não faz?

É que os tempos mudaram


E agora eu ando muito bem acompanhado
(É, eu ando, sim)

Subitamente parece que o tempo muda


(não tão súbito assim)
De todos eu nunca imaginei você
Mas é você

Os teus olhos parecem me acalmar


Florestas, densas, bonitas, puras
Parece que estamos loucos
Aqui, largados, abraçados

Surge uma nova esperança em mim


E tu pareces saber como alimentá-la
E tu gostas disso
Gosta de tomar o lugar do outro, e fazer dele teu

Gosto de querer te ter


E de tu me quereres
Gosto do que tu me falas
E de como me cuidas

Carinho
Carinhoso
Carícias

Agora a gente só vive grudado


Pela rua aos beijos e abraços
Todo mundo repara
E mesmo os meus amigos mais canais
Me dão razão quando eu falo
Ao menos parece que cai?
Que o abismo um dia existiu?
Que a escuridão já me cercou?
Nem sei mais, só sei que há você

E aqui nessa borda de mar


Olhando para ti
Sorrindo para ti
Sinto como se estou salva

Livre
Liberta
Libertada

Que eu nunca mais quero outra vida


Me machucar pela pessoa errada
O amor tem cartas já marcadas
E eu nunca tive vocação pra otário
É, os tempos mudaram
E agora eu ando muito bem acompanhado

A água se foi
Saiu dos meus pulmões
Foi bom não ter avisado antes
Que te amava

Que te amo (quase não mais)

E o que era o fim, virou começo


A dor também está indo
Alguém me salvou
Sai daquela água fria

Agora há apenas

Calor

Esperança

Sorrisos
Despreocupações

Oi moreno
Desculpa se te magoei
Porque pensei que tu fosse otário
No final foi só neurose minha

Ou não
Cê realmente é o que é
E eu quero te gostar assim
Meio doido, sem esforço

Se for pra ser a apaixonada


Que eu seja apaixonada então
Só quero um pouco de Carpe Diem
Viver o momento e para o momento

Quero ser tua


Até quando os beijos durarem
Quero ser tua
Até quando os toques se manterem

Que o momento da despedida


seja breve e não doa
Mas que o anterior a isso
seja longo e apreciado

Que a minha maluquice


não nos prive do que fomos
Quero beijar-te de novo
Quero abraçar-te de novo

Isso não é um pedido de desculpas


Só estou te dizendo
que se dane o resto do mundo
Vamos nos apreciar loucamente

Seja meu e eu sou tua


Mesmo que por um instante
Vamos nos afirmar
como alguéns que se pertencem

-sem se pertencer
Quando tentei falar das flores
Me faltaram palavras para mencioná-las
Tudo parecia tão inapropriado
Parece que não sou poetisa de natureza

Acho que minha flora é outra


É aquela que a gente sente
A floresta do coração
Confusa, bonita, incógnita

Posso não falar do trinar dos pássaros


Mas falo da melodia do amor
Essa que vem tocando aqui dentro
Desde o dia que reparei em ti

Para que falar das cores da mãe natural?


O castanho do teu olhar me intriga mais
Ele, junto ao rosado dos teu lábios
E ao bronzeado da tua pele

O que é o toque da brisa dos ventos


Comparado aos teus toques
Calmos e sedentos
Carinhosos e arrepiantes
Contradições bonitas

Tava te olhando
Observando teu passo lento
Esse teu quê de despreocupado
tem um charme fascinante
Mesmo sendo tão contrário
aos meus passos apressados

Logo eu, obcecada pela pressa


Que quer tudo na mesma hora
Tive que aprender a esperar
Porque teu amor é de lentidão
Se mostra com rapidez
Mas progride devagar

E é nesse contrário
Que a gente se encontrou
Tentando juntar nossas contradições
Que se completam do jeito
imperfeito mais perfeito
E cambaleam rumo ao amor
Eu demonstro
Tu demonstras
Demonstramos
Nos matamos
Não acertamos
o que somos
Nos jogamos
Nos prendemos
Arrependemos
Cairemos
E de novo...

Até quando isso irá ser salvação


Até quando eu não tornarei a morrer
Ou até quando não vamos nos afundar
nessa nossa loucura imatura

Até que ponto iremos


Passaremos disso?
Seremos só isso?
O que somos afinal?

Ser só abraços?
Posso abraçar outro
Ser só beijos?
Posso beijar outro

Quero essa intensidade


que tu demonstras
Mas quero verbalizada
Quero que sejam as tuas palavras

Que a mentira que me chegou


Não seja criação tua
Que seja invenção deles
Não tua

Quero tua sinceridade


Porque não vou esperar
para me afogar mais uma vez
Talvez o amor seja uma droga mesmo
Que vicia, alucina, consome, entorpece...
Uma droga boa e ruim
Que te deixa louco assim que prova dela

Isso não era pra ser amor


Não é pra ser amor
Então por que?
Qual o sentido desse tormento?

Parece que estou perdendo o controle


E meus sentimentos se tornam como água
Não porque são líquidos e irreais
Mas porque escorrem pelas minhas mãos
Tarde das ruínas

De tantos "sei lá"


Comecei a me perder na insensibilidade
Chamei o amor de bom
E agora só quero desistir dessa droga

Talvez ele não seja pra mim


Ironia da vida
A poetisa do amor
Que acha que amor não serve

E nessa loucura de amar e não amar


De querer suportar e de querer largar
É que eu me vejo mais uma vez afundada
Em dúvidas cruéis que consomem

É nessa nova poesia fuleira


Sem pé, cabeça, pescoço ou corpo
Sem nada de nada
Que eu me perco nesses devaneios

Reflexões ridículas sobre o amor


Em uma tarde calorenta
Que atacou minha alergia
E para melhorar, vi o que não deveria

Maldita mania de investigar


De me importar com o que dizem
E de ficar assim, aparentemente
apática, estranha

Um dia eu te quis
Quis lutar por ti e por nós
Mas hoje, não quero mais
Quero jogar as traças e te deixar

Mas tem uma parte


Uma pequenininha
Que não quer isso
Quer estar do teu lado
Maldita sensibilidade
Mesmo que eu tente não te sentir
Eu sinto, e vou me consumindo
E vou me deixando que você permaneça aqui

Contudo, por hora não a sinto


Apenas quero largá-lo
E ficar nessa apatia (que me lembra a Santiago)
Quero ver até quando essa decisão vai durar

-talvez até o final desses versos (agora)


Dentre os finais
os piores são quando nao existiu um começo
quando tudo sempre foi dúvida e incertezas
idealização de um amor inconstante

Quando tudo acabar


vou lembrar do nosso amor sem início
lembrar dos nossos sorrisos de canto
das nossas trocas de olhares

Quando tudo acabar


vou lembrar do que não fomos, mas podíamos ter sido
lembrar da vermelhidão dos teus olhos castanhos
e como aqueles miúdos podem carregar galáxias

Quando tudo acabar


vou lembrar desse amor não vivido
vou lembrar dos teus braços fortes
do calor que eles emanavam quando me tocavam

Quando tudo acabar


a minha promessa de não me apaixonar
vai se tornar uma falácia mal contada
que eu inventei porque já estava apaixonada
Quando finalmente percebi
em uma dessas madrugadas da vida
no meio de lágrimas silenciosas
que era o momento de ir

O adeus que é escolhido,


refletido e raciocinado
Percebido num momento de fraqueza
É a hora de partir

Você foi o que não foi


Mas foi tudo o que deveria ter sido
Foi uma alegria,
um calor de verão (não era verão)

Agora seremos um eterno "e se"


mais um desses que já sou acostumada
Sem arrependimentos e cheia de gratidão
novamente vivendo as vivências repetidamente
Mesmo que não tenhamos vindo a ser amor,
você foi crucial para me tirar daquele
abismo de dor.
-Obrigada amor, não tanto amor
III
fase

dear loves
Maldições

Malditos sejam os poetas


Malditas sejam as palavras
Que saem de suas bocas
Que preenchem o vazio do papel
Que nos tocam sem tocar
E que sabem o que falar

Maldito seja o amor


Maldita seja a paixão
Que invadem as nossas almas
Penetram o nosso ser
Penetram nas lacunas do coração
E que nos dilaceram

Malditas sejam as noites


Malditas sejam as madrugadas
Que trazem o melhor dos piores e o
pior dos melhores
Fazem as dores virem à tona
Fazem as mágoas ressurgirem
E que abrem as cicatrizes

Maldita seja a ansiedade


Maldita seja a angústia
Que machucam como facas
Por não poder te dizer o que sinto
Por ter que me esconder em um
labirinto
E que me prendem em um constante
vazio
Garoto de azul

Aqueles olhos castanhos


Que foram de encontro aos meus
Contrastantes com o rubor que se instalou em mim
Mexeram com todos os átomos do meu ser
Que até Deus pôde perceber
As faíscas que saíram de nós

Foi surreal como você me tocou


Não havia tato
Eram as nossas almas dançando
A dança mais bonita que já vi
A melodia era linda
Mas nós éramos a atração principal

Eu estava decidida
Mas te conhecer mexeu comigo
Garoto de azul
O teu sorriso me hipnotizou
Não sei se quero sair desse transe
Quero permanecer admirada por ti

Te quero, mas não te quero


Te odeio, mas te venero
Sempre fui muito sincero
Mesmo não sabendo o dia de amanhã

Só espero que você esteja lá


Que seja o meu amanhã e aprenda a me amar
Garoto do kimono preto

Ao te olhar novamente
Naquela noite de quarta-feira
Parece que voltamos ao início
Naquela primeira troca de olhares

Os meses que se passaram


desde a última vez que nos vimos
Pareceram ter sido bem mais que isso
E agora, parecem nunca ter existido

Nossos olhares se encontraram


novamente
Pequenos sorrisos e acenos de cabeça
Uma valsa de cumprimentos
Um "Olá" não pronunciado

"Que fizeste?"
Quero saber
"Um pouco de tudo, um pouco de nada
E você?"

"Eu?"
Eu não pensei em você
Mas agora, depois de te ver
Há uma pontadinha de felicidade

Parece que não mudamos


Ou mudamos demais
Você permanece com o mesmo
encanto
Aquele charme de malandro

O sorriso bonito
O corte militar
A estatura grande
Os músculos

As brincadeiras infantis
A postura impecável
O jeito de lutar
E o jeito de falar
Ah, meu querido
Agora podemos sentar e conversar
Me conte em quais tatames você
esteve
Nesse tempo que não nos víamos

E eu te conto das minhas mudanças


Das minhas palavras
Dos meus amigos
Das minhas loucuras

Vamos fazer deste reencontro


Uma alegria de reviver o passado
Mas do jeito do presente
E quem sabe nos levar ao futuro
A vida com um quê de divertida

Nessas banalidades diárias


de conversas confusas
de poesias, amores e artes
parei para escutar a vida

O trinar dos pássaros na janela


mais parecia uma conversa de foliões
debatendo quem seria o próximo
a se divertir nesse carnaval da vida

As buzinas dos carros pareciam uma


reunião no bar
conversando futilidades e rindo como
loucos
até o momento que um deles perde o
controle
fala uma besteira, e BUMM, fez-se a
confusão

Os latidos dos cães na rua


me lembraram os circenses
brincalhões
rindo alto e fazendo graça
mas se desafiando nas cordas-bambas
da vida

Por um momento a vida pareceu mais


divertida
muito além do que um trem sem volta
mais do que todas aquelas futilidades
de tecnologia e mundo moderno

Me concentrei novamente
agora percebi umas vozes diferentes
que ecoavam músicas altas
em um batuque contagiante

Elas diziam que queriam se desligar


pastorear em montanhas
fazer queijos grandes e fedidos
cuidar de uns cabritos (neurônios)
Eram as vozes do inconsciente
que brincavam alegremente entre si
parecendo crianças felizes e
despreocupadas
que riam abobadas com as descobertas
da vida

Finalmente elas me olharam


sorriram e deram tchau
disseram que queriam brincar mais
se libertar das prisões desse mundo

Eu não mando nelas,


elas que mandam em mim
que então seja feito assim!
estão livres as criaturas

Até o momento que a mãe consciente


chamar
vocês podem brincar e cantar
ouvir o trinar dos pássaros-foliões
as buzinas-beberrões, os latidos-
brincalhões

Sejam livres criancinhas


e vejam como é divertida essa tal de
vida
quando ela perde as preocupações
que mantem a diversão contida
Lendo sobre poemas
Sobre os poetas e suas manias
Vi o quão poetisa eu sou
E como me perco nesse papel
Para a lápide do homem

Embaixo desta lápide encontra-se


um dos maiores escritores já vistos
Com palavras bonitas, ele escrevia
Sobre o que? Tudo

Não fazia distinção de temas


Tudo o que pudesse, viraria poema
Nas mãos de Santiago Gardênio,
palavras eram armas

Tinham uma filosofia de vida banal


mas era sábio mesmo que louco
Um amante do álcool
Não um alcoólatra: Boêmio

Em nossas conversas
Ideias insanas eram pautas de debates
Dos conselhos que me dera, raro ousei
seguir
Tinha medo, e tu eras absurdo

Agora, depois de tua morte


Quem sabe não ouço as palavras
deste meu amigo poeta
Que tanto me ouviu em meio aos
devaneios

Para quem um dia me chamou de moça-


lua
Nomeou uma constelação de Ayres
E que depois me tornei apenas a poetisa
Obrigada poeta, pelas tuas maravilhas
versadas

Que contigo se enterre


Nossas confidências e segredos
Meus corações partidos e reconstruídos
Tudo vai à terra neste momento

Lembrar-me-ei de ti meu amigo


até quando for a minha morte
Da pele preta e do sorriso branco
Tu eras maravilha da miscigenação
brasileira
Se lerem isso, é porque tu se foi primeiro
E por isso, não há teus versos em minha
lápide
Sendo assim, vazia ela há de ficar
Restando apenas: "Aqui encontra-se
poetisa do amor, que esperava para ir
encontrar o Pai"

Agora creio que deva me despedir


Não há lápide tão grande para que eu
estenda estes versos
Que tu descanses em paz
Nao digo isso ao poeta, mas ao homem:
Gustavo Salgado

Que onde estiveres haja livros


Mesmo que talvez almas não leiam
E que seja como um campo de girassóis
Que contrastarão o amarelo de suas
pétalas com o moreno poeta que tu foste

Sendo assim me despeço, adeus Salgado


Porque o homem se vai
Mas o Poeta vive
(Santiago)

Que os vermes da terra comam a sua


carne
Mas não comam suas palavras

Nota: meu amigo não está morto,


apenas coloquei este poema como
homenagem a alguém que ainda está
vivo, porque é em vida que devemos
demonstrar gratidão
Hoje ouvi que o amor não acaba
Se ele acaba é porque não era amor
Amor não é substantivo
Amor é sujeito incompreendido
Não comprovado cientificamente
Mas comprovado por ser uma decisão

Dos amores que já tive


Tanto tenho pra falar
Não sei se de fato foram amor
Ou se mantiveram na paixão
Mas existe algo que me questiono
Eu sei amar?
Agradecimentos

aos garotos mencionados nestes versos, porque foram


vocês, queridos, que me fizeram descobrir mais sobre esse
sentimento incrível (amor)
às minhas melhores amigas e minha prima (também melhor
amiga) que me aguentaram noite e dia falando sobre esses
amores confusos e me apoiaram quando mais precisei
novamente à minha prima que me incentivou e ajudou na
produção desta obra
ao meu amigo poeta que acompanhou e avaliou a produção
de grande parte destes versos
às grandes mentes culturais que inspiraram trechos de
alguns destes poemas, tais como: Cazuza, IVYSON, Dom M,
Tim Maia, e, ao grande autor Machado de Assis
e, principalmente, à minha mãe que me consolou diversas
vezes quando chorei desamparada em seu colo porque
acreditei que a dor do coração partido seria o fim do mundo
(e não foi)
entre corações
partidos e
reconstruídos;
afogamentos e
resgates;
mágoas e
recomeços;
o desejo de amar
permanece

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