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G R I T O O S I L Ê N C I O
Antes da poesia
J. Filipe P. Lamelas
G R I T O O S I L Ê N C I O
Encontrei
Com a tua ajuda
Um suave caminho
Macadamizado
Sem sulcos
Sem fendas
Trilhei os passos
Do meu futuro
Com o presente
Das tuas mãos
Vês a verdade
Quando a vida não te ajuda
No olhar desaparecido
De quem te fez
Crer
O ver
Vês a mentira
Das palavras inócuas
Na boca desviada
De quem te fez
Crer
O ver
De quem te fez
Crer
O ver
Vês a falsidade
Do estar
De quem se aproxima de ti
Pelo interesse do fungível
De quem te fez
Crer
O ver
Quanto mais
Procuro
O quanto
Solto
O grito
Encontro
A voz
De vós
Mas não ouço
O meu coração
Em vós.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Olhei o tempo
Só vejo a dor
E o escuro da noite
No folhear do momento
Nem as âncoras
Dos filhos, amigos, pais
Me prendem à força do tempo
Desejo a paz
G R I T O O S I L Ê N C I O
Que só encontrarei
Na
despedida
do meu ser
Vazio
Inconstante
Sofrido
E amargo
Desejo o
adeus da dor
Mas não o
desejo
De vos perder
Desejo um grito
Para não perder
O que sou.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Choro lágrimas
Nem deuses
Nem Deus
O querem permitir
Mas a força do desalento
Perturba
A alma mais sensível
Escondo
Quando o sol
Que a mesma
Aqueça o teu desengano
Que a mesma
Proteja a tua dor
Agarra a voz
Do meu cuidado
Que o mesmo
Solte o teu desespero
Que o mesmo
Te firme que aqui estou
Alegria
A alegria encontra-se
Na flor esquecida
Que oferece a sua cor mais bela
Nas mãos
Nos gestos
No sorriso desinteressado
A alegria aparece
Aos simples
Aos desprovidos
Aos infortunados
No caule da empatia
De uma alma nobre
A alegria cresce
De quem solta
O grito da sobrevivência
Na vida que a quis negar
No momento que a quis perder
A alegria aparece
A quem não fez o nada
Do nada
Que faz uma vida
De valor
E de amor.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Não sei
Na sílaba do tempo
Sem correr atrás do vento
A fugir
Do medo
Do sentir
Penso na palavra
Sem o (des) interesse
No sentido
E no ver.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Vã glória
Sentas-te no conforto
Do que achas
Que és
Subestimas no olhar
O que
Pensas que és
Continuas sentado
À espera que o mundo
Te sublime
Continuas
Com a falsa glória
Do que és
Enganas
Ou pensas que
O tempo foge-te
De uma verdade
Que é só tua
Regador
Da flor
No teu olhar
Humedece
O azul
Do teu ser
Com a água
Da alma
Que jorra
Por ti
Por nós
Por vós
Alegra-te a felicidade
De seres feliz
Quando o és
Faze-lo nos outros
O outro
Que contigo caminham
Deixa-te
Na paz
Deixa-te
No divã do teu sentimento
G R I T O O S I L Ê N C I O
Recebe
Esta água
Do regador
De almas
De sonhos
De amor
Da flor.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Desejava
Desejava nascer
Todos os dias
Com um sorriso para o sol
Sou o porquê
Muitas vezes
Da tua dor
Sou a razão
Talvez
Do teu inconformismo
Sou aquele
Que um dia
Nasceu para ti
Num dia
Pleno de sol
Onde a estrela
Que és tu
Brilhou só para mim.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Quanto
Lá
Aqui
Hoje
Amanhã
O ontem
Já foi
No presente
Estou
Contigo.
G R I T O O S I L Ê N C I O
(des)UNE…
Talvez
Espero
Desespero
Na verdade de sentir
O desejo de ver
O que
Nos (des)UNE…
G R I T O O S I L Ê N C I O
Impossível
Sentimos o impossível
Do possível
Vivemos o momento
Constrangido ao ontem
Dos nossos passos
Sentado
Sentado
Perscruto o sentido do ser
Ser do ser
Ser do estar
Ser do ter
Ser do amar
Entendo a dor
Que enfrentas
Com o ser de ficar
Ou não estar
O ser por ser
Ser e estar
Ser e amar
Ser e voar
Mas apenas
Ser
E deixar.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Não entendo
Não entendo
Nada deste mundo
Desgovernado
Que é o meu
O teu
O nosso
O vosso
O meu porquê
Perdido
Esquecido
Moribundo e inclinado
Não entendo
A dor
Deste momento
Que me faz do pranto
O sentido
De uma vida
Desbussolada
E
Errante
Não me entendo.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Olho
Olho o sol
Que me dá a luz
Vejo as estrelas
Que me brilham a vida
Solto a paz
Que agora me envolve
Sinto o ardor
De um cantinho de Deus
No coração
Que é o meu
Agarro a flor
Que me vem à mão
E recebo
Uma efusão de cor
Vejo
O que nem sempre
Vi.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Corro
Corro a vida
Num desejo de chegar à meta
Cumprindo a missão
De ser
Talvez
Aquele
Aquela
Que fazem
Trabalham
Sofrem
Choram
Mas lutam
Por ti
Por mim
Por vós
Por nós
(in) condicionalmente
Na esperança
De devolver
O equilíbrio do que é o ser
Na fruição do saber
Numa existência
Nem sempre fácil
Quão difícil por vezes
Umas sentidas
E com o sentido
De uma total
Verdade.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Mais um dia
Mais um dia
Ainda que cinza morno
A vida vai jorrando
Num arco-íris de cor
Vamos correndo
Com as mãos enlaçadas ao vento
Do infinito
E chegados ao Polo da razão
Deitamo-nos no leito da esperança
Caminhamos para o horizonte de mais um dia
Cinza morno.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Percorres
Percorres a estrada
Numa vida
De uma vida
Com o sentido
Perdido num rumo
(In)feliz
Sozinho
Acompanhado
Só
Com camarada
Com companhia
Tens o vigor de um projeto
Que nem sempre se alcança
Mudas a vida
A vida de ti
Mudas o rumo
O rumo de ti
No escuro do vazio
De ti
Dos outros
Foges
Paras
Mas o grilhão do engano
Não te deixa caminhar
O caminho que vês
Que deixas de ver
Mesmo estando a olhar.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Desejo
Inverno frio
O rosto de Deus
Fórmula
Laboratório da vida
Numa alma esquecida
Formula
A fórmula perdida
(O elixir da questão)
O amor será solução
Solúvel
Nos corpos esbatidos
Esquecidos
No tempo
No paradigma
Do ser
Numa existência
Inexistente
Reinvente-se a vida
Amor é a Panaceia
Amor é a solução.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Dizer o quê
O que te move
O que te faz andar
O que te faz viver
O quê
Motor da tua vida
Impulsionado
Pela vontade
De ser.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Olhar o vento
Olhar o vento
Que passa sem nada dizer
Olhar o vento
Que diz sibilante
Não percas o tempo
Olhar o vento
Que te transforma
Às vezes
Em nada
Ou em tudo
Olhar o vento
Que espalha o odor
Do teu conhecimento
Olhar o vento
Que trespassa
Olhar o vento
Que também mata
O tempo desenganado
De passar.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Digito mania
Digitas a rotina
Digitas o movimento inócuo
De nada escrever
Digitas mecanicamente
A vontade involuntária
De nada poder fazer
Digitas a sombra de ti
Digitas palavras sem alma
Digitas a falsa razão
De seres
Um ser digital
Digitas e não falas
Digitas e não escreves
Digitas a solidão
De ti mesmo
Perdida na frieza
De um sonho adormecido
Digitas o vazio
De um coração destroçado
Digitas
Por que digitas.
G R I T O O S I L Ê N C I O
MÃE e mulher
Estás presente
Mesmo sem o ver
Mesmo sem o saber
Mesmo sem o desejar
Aquele ou aquela
G R I T O O S I L Ê N C I O
Por que tu
És mãe e mulher.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Hoje
Hoje escrevi
Mais uma história
De mim
Hoje chorei
As lágrimas secas
De um olhar efémero
Que pereceu em nós
Hoje fugi
De um mundo que não vi
E que saltei pelo muro do medo
Hoje senti
A fungibilidade do que sou
Não soube ser
Que errei no saber
Que não sou
Hoje sentei-me
No ombro da escuridão
G R I T O O S I L Ê N C I O
Hoje falhei
Na vida que ainda não escrevi
Mas que desejo recuperar
No dorso de um novo vento
Hoje (des)cinzelei-me
Da ira de um destino
Que se riu de mim
Hoje libertei-te
Do grilhão da impotência
De te querer
Hoje morri
No ontem
Para tentar
Renascer no amanhã.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Partida
Aproximas-te na sombra
Acendes a escuridão
Abres o caminho
Que queres
E navegas
Por duas moedas
Apenas
Levas
Sem favor
Deixando o mistério
No ser.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Os ouvidos cansam-se
Os ouvidos cansam-se
De ouvir o vazio
Os olhos choram
Por não verem o que devem
Sentes
Sentes a pressa
Da vontade de não o ser
Sentes a pressão
De te perderes no que não és
Sentes a espera
Do que desejas
Sentes o azedume
Pelo que não conseguiste
Sentes o ferimento
Não cicatrizado de um tempo infeliz
Sentes a dor
Abissal de um dia que foi
Sentes que vais
E não voltas
Sentes que a alma
Te foge
Sentes a incerteza
De ti.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Só e cansado
De estar
Letargia demorada
Presa a uma dor
Dorida
Tremenda
Que anula o que sou
Só de rasgar
A folha em branco de mim
Vazio de nada
Sem a letra
Da minha palavra
Só,
Enfim!
G R I T O O S I L Ê N C I O
Aleluia
Chronos autorizou
A sinalização nas Calendas
Da vida
Que brotou em ti
Nasceste para mim
Para nós
No coração que nos preenche
Bendito o Deus
Que te criou
Fortuna para quem te recebeu
Perdura e vive
Com a alegria de Apolo
Num sorriso que é o teu
Presente fresco
Que nos inebria
Sê sempre
A sinédoque da nossa alma
Aleluia
Por que és.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Dream day
Sonho
O sonhar acordado
Sem o crepúsculo do tempo
Movido pelo vento
Da alma
Permitindo o caminho do impossível
Alcançando a vontade do ser
Porta de sol
De um mundo novo
Barrando o insucesso
De não poder
Ter
Sentir
Fazer
Sonho aberto
De um caminho
De todos
E por todos.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Sol nascente
Tomo o pequeno-almoço
Da vontade
Encontro-me comigo
Evoco palavras de agradecimento
Em mais um dia
De sol nascente.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Jano
De vós
Face da glória
Face do (des) concerto
A máscara dissimulada
Do que somos.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Pénia
Quando na alma
Ofuscas os olhos
E Matas os ouvidos
Buraco na existência
De quem não agarra
A dignidade da vida
Pobreza e incúria
Da folha de uma vida
Queimada pela falta
De tudo
E do nada.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Mamon
Avidez de algo
Avareza de tudo
Matéria imaterial
E pouca metafísica
Ignorância (in)feliz
Da áurea mortal
Riqueza que a alma não tem
Fortuna desaparecida
De mãos marcadas pela vida
Desigual
Elo brilhante
Alimentado
Na ambiguidade de sermos.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Sem querer
Sem querer
Vivi
Sem querer
Chorei
Sem querer
Rejubilei
Um pedacinho de ti
Fez toda a diferença
Não pelo muito de ti
Mas pelo todo de ti
Nas palavras
Que me marcam
Que me doem
Que me fazem sentir bem
Um pedacinho de ti
Deu-me o alento da vida
Que rotinada se esqueceu
Permitiu-me mergulhar no fundo do meu ser
E sentir a essência do que sou
Um pedacinho de ti
Faz-me correr o mundo
Sem cansaço , sem desejo
Um pedacinho de ti
Transformou o meu silêncio
O meu sofrimento
O meu deserto de injustiça.
G R I T O O S I L Ê N C I O
O mundo me enganou
Perguntei ao mundo:
Onde estás ?
Respondeu-me:
Não sei!
Gritei ao mundo
A dor da tua parte infinda
Da tua presença sentida
E o mundo continuou:
Não sei!
Novamente,
Perguntei ao mundo
Onde estas?
E o mundo
Não sei!
G R I T O O S I L Ê N C I O
A Porta
A porta abre-se
Na incerteza do teu destino
Sentes-te só
Ultrapassado pela razão
do teu sentimento
Até quando
Quero ir
Mas não posso
Quero
Gritar e não consigo
Até quando?
G R I T O O S I L Ê N C I O
Falo contigo
Falo contigo
Sempre que o quiseres
Digo-te
O sempre da eternidade
Procuro
No abrigo do infinito
A certeza
Do teu querer
Falo contigo
Sempre que o quiseres
Exorto o hoje
Para que o amanhã
Não fuja
Falo contigo
Sempre que o quiseres.
G R I T O O S I L Ê N C I O
A vontade
Não há movimento
Sem vontade
Existe a inércia
Da mesma forma
Que a vontade para a contrariar
A vontade
Move montanhas
Escala o céu
Permite-nos o Infinito
A vontade
Leva-nos ao Absoluto
Pois é Neste
O culminar de Tudo
A vontade
Inventa o segredo da vida.
G R I T O O S I L Ê N C I O
Lágrima
Uma lágrima
Me caiu
E não a pude apanhar
No solo
Germinou uma flor
Vestida de azul celeste
E
Na tua imagem de Infinito
Uma lágrima
Que se transformou
Em vida
E na vida por te Dar
Quem
Quem?
G R I T O O S I L Ê N C I O
Quinquagésimo
Quiasmo enobrecedor
Unido ao Absoluto Ser
Ambiguidade à razão
Génese da existência
E éter dos deuses
Sinergia cuidada
Na ideia de um mundo
Marcado pela (in) diferença
Escrita pós-poética
Agradecimento
Biografia (breve)
Ficha técnica
Ano: 2017
Edição de Autor
ISBN
G R I T O O S I L Ê N C I O