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Curso Superior de Estética e Cosmetologia – UNISUAM - ISBF

CURSO SUPERIOR
DE ESTÉTICA E COSMETOLOGIA
2º e 3º períodos

COSMETOLOGIA I e II
(ESTUDO E REVISÃO)

Profª Célia Regina Fernandes de Carvalho


Graduação em Química e Química Industrial,
Pós Graduanda em Docencia Superior

UMA PUBLICAÇÃO

Rio de Janeiro – 2003

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Curso Superior de Estética e Cosmetologia – UNISUAM - ISBF

CURSO SUPERIOR
DE ESTÉTICA E COSMETOLOGIA
2º e 3º períodos

COSMETOLOGIA I e II
(ESTUDO E REVISÃO)

Copyrigth © da Autora
Profª Célia Regina Fernandes de Carvalho
Graduação em Química e Química Industrial,
Pós Graduanda em Docencia Superior

É proibida a reprodução total ou parcial deste texto, sejam quais forem os meios empregados (
impressão, mimiografia, fotocópia, datilografia, gravação, reprodução em discos, fitas, CD ou
DVD), sem permissão por escrito do Titular da Obra. Aos infratores aplicam-se as sanções
previstas nos artigos 122 e 130 da lei 5.988 de 14/12/83.

Esta obra foi publicada e editada pelo convênio entre o ISBF- Instituto Brasileiro de
Estudos e Pesquisas da Saúde, da Beleza e da Forma e o Centro Universitário Augusto
Motta

Direitos de Publicação ©

Publicado em Julho de 2003


Rio de Janeiro – RJ - BRASIL

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ÍNDICE GERAL

Legislação Brasileira e a Cosmética ...................................1

Química Geral .................................................................... 2

Química Orgânica................................................................4

Carbono ..............................................................................5

Funções Orgânicas ........................................................... 5

Bioquímica......................................................................... 7

Citologia............................................................................10

Fisiologia da pele............................................................ .14

Formulação Cosmética.............................................................. .19


- Emulsões ........................................................................ .19
- Géis....................................................................................28
- Líquidos ............................................................................ 31
- Pós ................................................................................ ...31
- Vetoriais ....................................................................... .... 32

Princípios ativos ...........................................................................34

Aditivos..........................................................................................43

Utilização prática dos cosméticos ................................................50

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COSMETOLOGIA
INTRODUÇÃO
Os produtos cosméticos são formulações elaboradas com a finalidade de uso tópico.
Quando utilizados adequadamente sobre a pele sadia, assim como nos cabelos,
proporciona resultados satisfatórios não interferindo nos processos normais do
metabolismo celular e sim colaborando para que estes ocorram de forma a melhorar,
satisfatoriamente, a qualidade da pele, seus anexos e dos cabelos.

A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E A COSMÉTICA


As leis Brasileiras que regem a preparação e comercialização de produtos
cosméticos são:

Lei 6360/76, Decreto-Lei 79094/77 e Portarias


Essas normas foram estabelecidas pelo Sistema de Vigilância Sanitária e são
coordenadas pela Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS),que atende ao
Ministério da Saúde (MS). Entre outras determinações estabelece que:

A obrigatoriedade de registro no Ministério da Saúde, recebendo, após avaliação


e aprovação do produto, um número específico acompanhado da sigla MS e esse
registro deverá constar em cada unidade do produto fabricado;
Matérias-primas, aditivos, agentes antimicrobianos, protetores solares etc,
permitidos para uso em cosmética, assim como suas quantidades e limites de
aplicação;
A classificação dos produtos cosméticos, por categorias, levando-se em conta,
principalmente, a natureza química dos compostos envolvidos na elaboração do
cosmético e ainda o seu usuário.

Código de Defesa do Consumidor – Lei 8078/90


Essas leis são acompanhadas pela Secretaria Estadual de Educação de Defesa da
Cidadania. O fabricante é obrigado a informar ao consumidor, no rótulo do produto
cosmético, a respeito de:
Composição química do produto – Nomenclatura ou abreviações universais das
substâncias que entram na composição da formulação cosmética. Caso seja
mencionada a função específica de determinada substância (princípio ativo), a
quantidade deve constar na embalagem em percentuais (%) ou mg/g.
A data de fabricação do produto e o prazo de validade.
O modo de uso e as devidas precauções que devem ser tomadas, em caso de
necessidade.

Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia e Normatização e Qualidade Industrial.

Esse órgão exige a especificação da quantidade em massa ou volume contida na


embalagem do produto.
Controla a embalagem que deverá estar adequada ao produto contido.

Cetesb – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental.

Responsável pelo meio ambiente, controla a poluição causada pelas fábricas.


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• NOÇÕES DE QUÍMICA

Para melhor compreensão da cosmetologia, é necessário que se faça uma


abordagem sobre alguns conceitos fundamentais de química geral, orgânica e
bioquímica.

QUÍMICA GERAL

o Matéria – É tudo aquilo que tem massa e que ocupa lugar no espaço, ou
seja, tem volume. (exemplo – plástico, madeira, água etc). Toda matéria é
constituída por átomos.
o Átomo – É a menor porção da matéria, ou seja, toda matéria é constituída
por minúsculas partículas chamadas átomos. Os átomos são formados
por duas partes fundamentais: O núcleo e a eletrosfera.
o Núcleo – O núcleo é a parte central do átomo, constituído por prótons
(partículas que têm massa e carga elétrica positiva) e nêutrons (partículas
que têm massa e não têm carga elétrica).
o Eletrosfera – É o espaço existente em volta do núcleo, onde giram os
elétrons em órbitas conhecidas por camadas eletrônicas. As órbitas de
todos os átomos se agrupam em sete camadas eletrônicas, denominadas
K, L, M, N, O, P e Q. Cada uma dessa camadas suporta um número
máximo de elétrons ou uma quantidade fixa de energia, conforme mostra
o esquema abaixo.

Camada Eletrônica-----------------Nº máximo de elétrons


K ------------------------------------2
L-------------------------------------8
M-----------------------------------18
N------------------------------------32
O------------------------------------32
P------------------------------------18
Q-------------------------------------2

o Elétrons – Praticamente não possuem massa, pois a massa do elétron é 1.836


vezes menor que a massa do próton, sendo, portanto, desprezível. Entretanto,
os elétrons têm carga elétrica negativa e se distribuem nas camadas eletrônicas
de acordo com o número máximo de elétrons que comporta cada camada.
o Camada de Valência – É a última camada da eletrosfera de um átomo. Os
fenômenos químicos apenas “arranham” os átomos, pondo em jogo somente os
elétrons da última camada, onde normalmente ocorrem as ligações químicas.
o Número Atômico – É o número de prótons existentes no núcleo de um átomo.
o Número de Massa – É a soma do número de prótons e de nêutrons de um
átomo. É também chamado de massa atômica. Por exemplo: O sódio tem 11
prótons, 11 elétrons, 12 nêutrons. Tem-se então para o elemento sódio: Nº
Atômico = 11 e Nº de Massa ou Massa Atômica = 23
o Elemento Químico – É o conjunto de todos os átomos com o mesmo número
atômico.
o Neutralidade do Átomo – O átomo é eletricamente neutro, porque o número de
prótons (carga positiva) é igual ao número de elétrons (carga negativa).

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o Substância Química – É a reunião dos diferentes tipos de átomos das mais


variadas maneiras, formando uma infinidade de agrupamentos diferentes. Cada
substância é representada por uma abreviação denominada Fórmula Química.
As substâncias podem ser simples (formadas por átomos de um mesmo
elemento) ou compostas (formadas por átomos de elementos químicos
diferentes). Exemplo:
- Enxofre – Reunião de oito átomos do átomo de enxofre, e é
representado pela fórmula S8.
- Cloreto de Sódio (sal) – Reunião do átomo de Sódio com o átomo de
Cloro, e é representado pela fórmula NaCl.
o Molécula – É a menor parte de uma substância química.
o Peso Molecular – É a soma das massas atômicas de todos os componentes
atômicos que constituem uma substância química.
Exemplo:
- Cloreto de Sódio (sal)
- Massa Atômica do Sódio = 23
- Massa Atômica do Cloro = 35,5
- Peso Molecular do Cloreto de Sódio = 58,5 u.m.a (unidade de massa
atômica)
o Íons – Um átomo pode ganhar ou perder elétrons da eletrosfera, sem sofrer
alterações em seu núcleo, resultando daí partículas denominadas íons. Quando um
átomo ganha elétrons ele se torna um íon negativo (ânion) e quando o átomo perde
elétrons se torna um íon positivo (cátion).
o Mistura ou dispersão – As substâncias podem se apresentar misturadas de uma
infinidade de maneiras diferentes, formando assim as misturas, onde cada substância
envolvida conserva sua individualidade. As misturas podem ser homogêneas (ou
soluções) e heterogêneas.
o Misturas Homogêneas – Ocorre sempre a dispersão de uma substância em outra.
Tem-se, desta maneira, o agente disperso e o agente dispersante ou ainda o soluto e o
solvente. Por exemplo: água com açúcar. A água é o solvente (o que dissolve, ou
ainda, o agente dispersante) e o açúcar é o soluto (o que está dissolvido ou disperso).

As misturas homogêneas podem ser:

o Soluções moleculares – Não conduzem a corrente elétrica. Por exemplo: água com
açúcar.
o Soluções iônicas – Também chamadas de eletrolíticas, quando as partículas
dispersas são íons e, portanto, conduzem a corrente elétrica. Por exemplo: cloreto de
sódio dissolvido em água. Na realidade, os íons já estão presentes nos compostos
sólidos e se separam naturalmente ao dissolverem-se na água (dissociação iônica).
o Soluções coloidais – Apresentam partículas dispersas no solvente. O diâmetro das
partículas varia entre 10 A° a 1000 A°. Os colóides podem ser: moleculares – formados
por macromoléculas, e iônicos – formados por íons gigantes, que quando colocados em
água se dissociam, formando íons, ou seja, são soluções polares.
o Soluções Aquosas – São as soluções iônicas (eletrolíticas) e os colóides iônicos,
são polares e por isso podem ser ionizadas.

Observações importantes:

1 – A substância polar é aquela que apresenta uma diferença de eletronegatividade


em sua estrutura molecular, gerando, assim, uma assimetria na distribuição das

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cargas elétricas da molécula, criando dessa maneira pólos positivos (pela falta de
elétrons) e pólos negativos ( pelo excesso de elétrons). Tais substâncias são
facilmente ionizáveis através da corrente elétrica.
A molécula apolar apresenta uniformidade na distribuição eletrônica ao longo da
cadeia.
2 – A polaridade da água é devido a diferença de eletronegatividade entre o
Hidrogênio (2,1) e o Oxigênio (3,5), sendo facilmente dissociada pela passagem da
corrente elétrica, formando cátions de Hidrogênio (H) e ânions Hidroxilas (OH).
3 – Vale ressaltar a premissa química que semelhante dissolve semelhante, logo as
substâncias polares dissolvem substâncias polares e sendo assim todas as
substâncias aquosas são ionizáveis.

o Misturas Heterogêneas – Também chamadas de sistemas heterogêneos. Tratam-se


de misturas onde podemos ver as substâncias a olho nu ou ao microscópio comum e
tendem a sedimentarem-se; são separadas por filtração. Quando não ocorre
sedimentação, a mistura é comumente tratada como um colóide devido à estabilidade da
suspensão.
o Emulsão – Sistema heterogêneo onde ocorre a mistura das fases aquosa e oleosa
somente através de agentes emulsionantes/tensoativos. Tem-se nas emulsões uma fase
dispersa na outra em forma de microesferas. As fases da emulsão são chamadas de:
- Fase externa ou contínua;
- Fase interna, descontínua ou dispersa
Mais adiante abordaremos com mais detalhes as emulsões devido à sua
relevância em cosmetologia.

Observação:
Ao contrário das substâncias puras, as misturas:
- não têm composição constante;
- não têm propriedades e características bem definidas.

QUÍMICA ORGÂNICA

A química orgânica é de fundamental importância para o estudo da cosmetologia. É


grande o número de matérias-primas orgânicas utilizadas nas formulações
cosméticas, tanto para o preparo de veículos cosméticos, como princípios ativos,
sejam eles hidratantes, nutritivos, umectantes etc.
Química orgânica é a química dos compostos de carbono. A denominação
“enganosa” é relíquia dos dias em que se acreditava que os compostos de carbono
se originavam apenas dos organismos vivos (animais e vegetais). Presentemente, a
maioria dos compostos de carbono são preparados por síntese, embora a maneira
mais fácil de obter muitos deles seja isolá-los a partir dos organismos vivos de
animais e vegetais. O que tem esses compostos de especial para que sejam
destacados da química? A razão parece ser, pelo menos em parte, devido ao grande
número de compostos e suas respectivas moléculas que podem atingir grandes
dimensões e complexidade. Tal fato está relacionado, principalmente, a
tetravalência do átomo de carbono, ou seja, o átomo de carbono precisa ligar-se a
quatro outros átomos (iguais ou diferentes) para estabilizar-se quimicamente. Além
disso, o carbono forma ligações simples, duplas e triplas. Assim, tem-se cadeias
saturadas e insaturadas. Essas últimas são mais frágeis, logo, os compostos

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insaturados reagem com maior facilidade devido ao rompimento da dupla ou tripla


ligação.
O carbono liga-se a vários outros elementos químicos, sejam eletropositivos ou
eletronegativos, formando assim uma grande variedade de compostos com cadeias
abertas ou fechadas, saturadas ou insaturadas.

RESUMINDO:

O CARBONO:

Possui quatro elétrons disponíveis para formar quatro ligações químicas;

As quatro valências do carbono são iguais, logo, têm a mesma força;

Forma múltiplas ligações com outros elementos e com o próprio carbono;

Forma cadeias abertas (compostos acíclicos ou alifáticos) e cadeias fechadas


(aromáticos e alicíclicos);

As cadeias abertas e fechadas podem ligar-se formando novos compostos.

Não admira, pois, que o estudo desses compostos constitua por si só domínio
especial da Química, sendo de extraordinária importância para a tecnologia de
produtos. A química orgânica é a ciência da vida, pois excluída a água, os
organismos vivos estão formados principalmente por compostos orgânicos. É a
química da indústria farmacêutica, da medicina, da biologia, do papel, dos
plásticos, tintas, vernizes, alimentos, do nosso vestuário etc.

• FUNÇÕES ORGÂNICAS

O grande número de compostos orgânico nos obriga a agrupá-los em famílias.

Função orgânica é um conjunto de substâncias com propriedades químicas


semelhantes, denominadas propriedades funcionais.

Abordaremos as principais funções orgânicas necessárias ao estudo da


cosmetologia.

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QUADRO DAS PRINCIPAIS FUNÇÕES ORGÂNICAS

GRUPO
FUNÇÃO FUNCIONAL EXEMPLOS OBSERVAÇÃO
HIDROCARB óleo mineral, butano,
ONETO (CH) propano,vaselina cadeia acíclica
alceno - CnH2n esqualeno cadeia acíclica
benzeno, naftenos, fenois cadeia cíclica
OH (1 ou +) com C Al. Etílico, propilenoglicol, acíclica - c. curta -
ÁLCOOL saturado glicerina, sorbitol hidrófilos
acícl. - c. longa -
A. Laurílico (C12), mirístilico lipófilos ou alc.
(C14), esteárilico (C18) Graxos
álcool benzílico, mentol cadeias cíclicas
ÁCIDO
CARBOXÍLIC Ac. Acético, cítrico, glicólico, acíclico - cad. Curta
O R-COOH oxálico - hidrófilos
acíclico - c. longa -
Ac. Laurico (C12), Mirístico lipófilos ou ac.
(C14), Palmítico (C16) Graxos
Ac. Benzoico, Ac. Salicílico cadeias cíclicas
miristato de isopropila,
ÉSTER R1-COO-R2 palmitatos, estearatos cadeias acíclicas
metil parabenos, NIPAGIN cadeias cíclicas
ÉTER R1-O-R2 éter etílico cadeia acíclica
anisol cadeia cíclica
formaldeído, glioxal,
ALDEÍDOS R-CHO glutaroaldeído cadeia acíclica
óleos essenciais cadeia cíclica
CETONA R1-COR2 propanona, dihidroxicetona cadeia acíclica
cânfora cadeia cíclica
N (ligado a C) + H2
AMINA - primária monoetanoamina (MEA) cadeia acíclica
N (ligado a C ) + H
-secundária dietanoamina (DEA) cadeia acíclica
N (ligado a C) + H -
terciária trietanolamina (TEA), colina cadeia acíclica
anilina cadeia cíclica
ácido fênico, Vit. E,
hidroquinona, resorcinol,
FENOL OH- anél aromático taninos
( obs. Pode ser +
de um radical OH) ácido salicílico

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BIOQUÍMICA

Os compostos naturais fazem parte da química orgânica e possuem relevante


importância, pois são partes constituintes de nossa célula, tecidos e órgãos de nosso
organismo. Além disso, são fundamentais na formulação cosmética.
Os principais compostos naturais orgânicos são:

o Glicídios – São derivados dos álcoois polihídricos, tendo na sua estrutura


molecular grupos aldeídos ou cetonas. Esses grupos vão originar as aldoses e
cetoses, respectivamente. Exemplo: Glicose, Frutose.
Os glicídios são transformados em gorduras quando se encontram em
excesso no nosso organismo e fazem parte de vários tecidos como, por exemplo, o
conjuntivo.
São utilizados em cosmetologia principalmente como agentes hidratantes e
espessantes.
Os glicídios podem ser – haloglicídios (constituídos somente de glicídios. Exemplo: -
lactose, sacarose, Agar etc) e heteroglicídios (uma parte glicídio e outra não glicídio.
Exemplo: - saponinas, mucilagens, gomas, flavonóis etc).

o Lipídios – São ésteres de ácidos e álcoois carboxílicos (cadeias longas). São


insolúveis em água. Exemplo: ceras, óleos (cadeias longas/alto peso molecular),
gorduras etc. São utilizados em formulações cosméticas como produtos
emolientes e hidratantes de superfície, uma vez que os lipídios com cadeias
maiores fazem oclusão. Os lipídios podem ser classificados em quatro grandes
grupos, sendo os três primeiros (glicéridos, cerídeos e estéridos) lipídios simples
(só apresentam em sua estrutura ésteres de ácidos graxos e álcoois) e o último
(grupo) lipídios complexos (apresentam nas cadeias moleculares outros radicais
além daqueles). Vejamos cada um deles:

Glicéridos – São ésteres do glicerol associados a ácidos graxos (ex. esteárico,


oleico, linoleico, mirístico, láurico etc). Os glicéridos têm significativa aplicação em
cosmetologia, sendo os triglicéridos os de maior importância, pois encontram-se
com maior facilidade na natureza e são amplamente utilizados nas formulações
cosméticas. Dentre eles destacamos:
- Óleo de semente de uva
- Óleo de girassol
- Óleo de gergelim
- Óleo de abacate
- Manteiga de cacau
- Manteiga de karité;
- Etc.

Cerídeos – São ésteres de ácidos graxos superiores (+ 20C) associados com


álcoois graxos superiores (+ 12C). As cadeias são saturadas, permitindo assim
uma certa estabilidade estrutural à molécula. São exemplos:
- Ceras (carnaúba, de abelhas);
- Palmitato de cetila;
- Ésteres Láuricos;
- Etc.

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Estéridos – São ésteres de ácidos carboxílicos superiores (+ 6C) associados ao


esterol (álcool). Como exemplo bastante conhecido, temos o colesterol.

Lipídios Complexos – Apresentam em sua estrutura molecular, além de álcoois


e ácidos graxos, outros radicais que podem ser álcalis, ácido fosfórico, aminas.
São anfóteros (hidrofílicos e lipofílicos). Quando dissolvidos em água, formam
soluções coloidais. São bons agentes emulsificantes e higroscópicos. Os
principais lipídios complexos são as lecitinas e as cefalinas. A maior importância
dos lipídios nas formulações cosméticas é devida, principalmente, às suas
propriedades de saponificar e de hidrolisar.

Observações:
1- A saponificação ocorre quando um óleo ou gordura reage com uma base (álcali)
formando sabão e glicerina. Muito utilizado nas formulações cosméticas para
higienizar e desincrustar, o álcali geralmente utilizado é o Hidróxido de Sódio e a
Trietanolamina.
2- A hidrólise é a propriedade que os lipídios têm de reagir com a água formando
seus álcoois e ácidos correspondentes. Pode ser feita por via úmida ou por via
enzimática.
A cosmetologia utiliza-se da ação enzimática sobre os lipídios, hidrolizando-os,
nos tratamentos para gordura localizada e celulite.

o Aminoácidos – São compostos orgânicos obtidos por hidrólise das proteínas


derivadas e apresentam em suas estruturas moleculares radicais amina e ácido
carboxílico. Os aminoácidos são de fundamental importância em nosso
organismo, uma vez que através deles são formadas as proteínas, substâncias
essenciais à formação dos tecidos.
Os aminoácidos se combinam das mais variadas maneiras possíveis, originando
assim um grande número de proteínas diferentes.
Os aminoácidos essenciais são: - Lisina, triptofano, leucina, treonina, metionina,
valina, fenilanina, isoleucina, arginina. São amplamente utilizados como ativos
hidratantes na cosmetologia. Fazem parte do NMF (Natural Moisturing Factor).
Os aminoácidos podem ser ionizados, pois sua estrutura molecular é polarizada
pelos radicais ácidos (-COOH) e pelos radicais amino (NH2), que conferem aos
aminoácidos o caráter alcalino. Podemos dizer que o aminoácido tem caráter
anfótero, logo a polaridade será dependente do pH da solução.
Isso dá ao aminoácido um caráter neutro quando em solução aquosa, ou seja, só
será possível a sua ionização se alterarmos seu pH (mais ácido ou mais alcalino).
É fácil perceber o ponto isoelétrico (molécula neutra) do aminoácido, pois neste ponto
eles são insolúveis em água, formando precipitados e coagulando as proteínas.

Observação:

Principais aminoácidos usados em cosmetologia:

Fenilamina – Percursor da melanina


DOPA – Dihidroxifenil-amina – percursor da melanina
Cistina – Di amina de cadeia longa, contendo enxofre
Prolina e Hidroxiprolina – Fazem parte do NMF, participam da molécula do
colágeno.

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o Proteínas – As proteínas são as substâncias da vida. Encontram-se em todas


as células vivas. São os principais constituintes da pele, dos músculos, dos
tendões, dos nervos, do sangue, das enzimas, anticorpos e vários hormônios.
Quimicamente as proteínas são altos polímeros. São poliamidas, formadas
pelos monômeros dos ácidos amino-carboxílicos. Uma única molécula de
proteína contém centenas e até milhares de aminoácidos combinados. Formam
macro moléculas de altíssimo peso molecular. Por exemplo: - colágeno – peso
molecular aproximado de 370000 u.m.a. (unidades de massa atômica).
As proteínas de colágeno são formadas por cadeias longas e com segmentos
helicoidais, dando a cadeia uma forma “enroscada” que em conjunto com os
radicais prolina e hidroxiprolina garantem a essas proteínas uma capacidade de
umectação e hidratação. O que, em princípio, explica sua utilização cosmética na
formulação de bioativos para hidratar a pele.

As proteínas podem ser:


Simples – formadas apenas por aminoácidos. Exemplo: colágeno, elastina,
queratina etc.
Conjugadas – formadas por proteínas simples (aminoácidos) combinadas com
outras substâncias não protéicas. Exemplo: glicosaminoglicanos,
condroglicoproteínas.
Observação:
- As nucleoproteínas (RNA e DNA), são muito utilizadas em formulações
cosméticas como bioativos.

o Enzimas - São estruturas proteicas de alto peso molecular. Geralmente


funcionam como catalisadores dos processos biológicos. Sem a ação
enzimática não existiria vida, pois todas as reações que ocorrem nos seres vivos
são catalisadas por enzimas. Freqüentemente uma molécula de determinada
enzima consegue provocar a reação de dezenas de milhares de moléculas
reagentes.
Podem ser:
- simples - compostas somente por proteínas;
- conjugadas ou complexas - quando além da proteína possuem outro grupo
não protéico, que chamamos de coenzima. Normalmente, a enzima é uma
proteína conjugada.
A proteína só se torna uma enzima ativa quando auxiliada pelas coenzimas, assim:

Apoenzima + Coenzima = Holoenzima


(proteína) (grupo protéstico) (enzima ativa)

A hipótese mais aceita atualmente para explicar a ação enzimática é que os


reagentes (denominados substratos S) se unem temporariamente à enzima (E),
formando um complexo (ES). Este, por sua vez, se decompõe logo em seguida
formando o produto (P) desejado e regenerando a enzima. Assim:

E + S ES (reação reversível)

ES P + E (reação irreversível)

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as catálises enzimáticas são altamente específicas pois, como toda proteína, a


enzima tem uma configuração espacial muito bem determinada.
O complexo enzima mais substrato (E+S) é formado por um sistema de encaixe,
semelhante ao sistema “chave e fechadura”. Basta o reagente S ser um pouco
diferente para que o “encaixe” não seja possível e a reação não se efetue.
Muitos medicamentos e cosméticos atuam bloqueando o encaixe das enzimas.
Exemplo: Hidroquinona bloqueia a tirosinase no processo de formação da melanina.

Algumas condições são favoráveis para a atuação das enzimas. São elas:

Temperatura: 37°C a 40°C (ideal)


OBS: Acima de 60°C a reação é irreversível e abaixo de 10°C a reação não ocorre.

Superfície de contato: A reação será tanto mais rápida quanto maior for a
superfície de contato entre a enzima e o substrato.

PH: Cada enzima tem um pH ótimo de atuação, que pode ser ácido ou alcalino.

Ativadores e Inativadores: São substâncias orgânicas ou inorgânicas que


ativam reações enzimáticas (exemplo: cobre, ácido, ácido ascórbico, glutation).

Observação:
As enzimas são solúveis em meio aquoso, logo são ionizáveis.

o Vitaminas – São importantes catalisadores orgânicos que assim como as


enzimas exercem várias funções. As vitaminas são adicionadas aos cosméticos
com funções diversas, por exemplo, estimulantes da renovação celular, anti-
oxidantes, antienvelhecimento, hidratantes etc. Durante muito tempo discutiu-se
a eficácia do uso das vitaminas em aplicações tópicas. Atualmente já existe um
consenso que o uso das vitaminas em formulações cosméticas aumenta sua
concentração local, mostrando resultados efetivos e imediatos. As vitaminas
podem ser hidrossolúveis (exemplo: complexo B e vitamina C) e lipossolúveis
(exemplo: vitaminas A, D, E, K, F).

• CITOLOGIA E FISIOLOGIA DA PELE

Para que possamos compreender a aplicabilidade da cosmética, é fundamental que


estudemos a fisiologia da pele. Assim, poderemos compreender como os cosméticos
atuam, seja por mecanismos celulares ou na superfície da pele, e dessa maneira
otimizarmos as aplicações cosméticas.
Para tanto, é necessário revermos alguns conceitos e estudos preliminares.

• CITOLOGIA

Todo ser vivo tem estrutura celular. A citologia é a ciência que estuda a célula. As
células podem ser:

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- Procariotas – São células primitivas. O material genético encontra-se espalhado no


citoplasma, não há presença de membrana nuclear. Por exemplo: Algas Cianofíceas.

- Eucariotas – São células que possuem carioteca que separa o material genético do
citoplasma. Na pele encontramos as células eucariotas.

Elementos da célula eucariota:


As células eucariotas são formadas por três elementos fundamentais. São eles:

Membrana plasmática ou plasmanela


Citoplasma ou hialoplasma
Núcleo

o MEMBRANA PLASMÁTICA

É constituída por uma dupla camada de fosfolipídios ou glicolipídios intercalados por


uma camada de proteína. Esta estrutura é conhecida por mosaico-fluido. (Singer-
Nicholson)
A membrana plasmática desempenha importante papel nas trocas metabólicas
realizadas pela célula, pois permite a passagem de substâncias sólidas, líquidas e
gasosas através dos poros da membrana.
O transporte realizado pela célula pode ser feito de várias maneiras. Devido à
relevância do assunto vamos estudar cada um deles.

Transporte de Substâncias realizado pela membrana plasmática.

É de grande importância a compreensão dos mecanismos de transporte celular


realizados pela membrana plasmática, pois são através destes que a cosmética atua,
aproveitando-se da permeabilidade específica e seletiva do meio celular.
As formulações cosméticas põem à disposição do meio celular, através de veículos
potencializados, princípios ativos que vão promover a nutrição, hidratação e
reestruturação dos tecidos para que possamos minimizar os efeitos causados pelo
tempo. É certo que alguns fatores são para nós inatingíveis. Entretanto, com
inteligência, bom senso e conhecimento podemos atacar as aparentes manifestações
de envelhecimento e desgaste da pele e devolvê-las a um nível menor de
importância.
Os tratamentos cosméticos, quando realizados com competência, trazem resultados
bastante satisfatórios e um retorno de prazer e felicidade com um profundo bem-estar
psicológico.
Os procedimentos precisam ser realizados sempre com base científica (através do
conhecimento das ciências pertinentes), procurando atender à necessidade da célula
e verificar a real possibilidade de atingi-la.

Existem três tipos de transporte:

1) Transporte Passivo – É a passagem de substâncias de pequeno tamanho através


da membrana plasmática. Essas substâncias entram e saem com muita facilidade,
pois a própria célula ajusta a concentração necessária para manter o equilíbrio
interno celular.

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O transporte passivo ocorre sem gasto de energia pela célula. É um processo natural
de ajuste e equilíbrio. Ocorre de três maneiras diferentes:
Transporte passivo por osmose – é a entrada e a saída de substâncias em seu
estado líquido, principalmente a água.
Transporte passivo por difusão – é a entrada e a saída de substâncias sólidas
em estado ionizado (íons).
Transporte passivo por difusão facilitada – Entrada de substâncias que têm
afinidade com a proteína da membrana plasmática. Essas substâncias se
agregam à estrutura protéica e esta torna-se, então, mais pesada. Nestas
condições, a célula se movimenta com relativa facilidade carreando as
substâncias agregadas à proteína da membrana.

2) Transporte Ativo – Este transporte celular ocorre com gasto de energia, uma vez
que é realizado contrário ao equilíbrio do meio externo. Ocorre para atender às
necessidades fisiológicas da célula no cumprimento de suas funções específicas.
3) Transporte em bloco – É a entrada e saída de substâncias maiores que os poros da
membrana plasmática. Ocorre com gasto de energia (menor que no transporte ativo).
O transporte em bloco pode ser:

Endocitose – É a entrada de substâncias para o meio celular. A membrana


engloba as substâncias através de seus pseudópodes (falsos pés). A endocitose
pode ocorrer entre substâncias sólidas (neste caso recebe o nome de fagocitose)
ou diluídas (são chamadas de pinocitose)
Exocitose – É a saída de substâncias do meio intracelular, trata-se de processo
inverso da endocitose. Neste caso, a membrana plasmática se “rompe” para a
saída de material.

- Resumindo: O transporte realizado pela célula é feito através da


membrana plasmática da seguinte maneira:

1. Transporte Passivo – substâncias menores que os poros e sem


gasto de energia. Pode ser:
- Por osmose - líquidos
- Por difusão - sólidos
- Por difusão facilitada - íons
2. Transporte Ativo – Entrada de substâncias necessárias ao
funcionamento da célula.
3. Transporte em bloco – Substâncias maiores que os poros e com
gasto de energia. Pode ser:
Endocitose - entrada de substâncias
- Fagocitose – sólidas
- Pinocitose - diluídas

Exocitose – saída de substâncias

A endocitose e a fagocitose cumprem funções de relevada importância no


metabolismo celular. São elas:
- Nutrição celular
- Defesa do organismo
- Reserva de material para a célula
- Excreção celular

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Diferenciações da Membrana Plasmática

Para cumprir a função de realizar transporte, a membrana plasmática sofre algumas


modificações que muito facilitarão esta tarefa. São chamadas de modificações ou
diferenciações da membrana plasmática. As principais são:

Microvilosidade – São pequenas dobras na superfície da membrana. Essas


modificações aumentam a superfície de contato.

Desmossomos – São pequenas “presilhas” que fazem a união entre as células,


permitindo maior contato entre elas.

Plasmodemos – Trata-se de um prolongamento do citoplasma, permitindo maior


contato e comunicação entre as células. Funcionam como “pontes”. Ocorrem em
tecidos com maior necessidade de troca de substâncias.

o CITOPLASMA

Compreende a parte entre o núcleo e a membrana plasmática. Subdivide-se em:

1. Inclusões – Substâncias que servem de matéria orgânica para a célula. Por


exemplo: glicídios, água, lipídios, sais minerais etc.
2. Organelas ou orgânulos – São estruturas responsáveis pelo cumprimento das
funções e atividades da célula. As principais organelas são:

2.1) Retículo Endoplasmático – São pequenos canais que servem para comunicação
e transporte de substâncias. Realizam a síntese de substâncias, principalmente
proteínas. O retículo endoplasmático pode ser:
- Retículo endoplasmático liso – REL
- Retículo Endoplasmático Rugoso – RER

O RER (retículo endoplasmático rugoso) possui em sua superfície


ribossomos, organelas especializadas na síntese de proteínas. Logo, o REL
(retículo endoplasmático liso) sintetiza substâncias, principalmente lipídios,
para atender às necessidades de células específicas de um modo geral. Não
raro, a síntese tem início no REL e se completa no aparelho de Golgi. O RER
(retículo endoplasmático rugoso) faz a síntese proteica devido à presença dos
ribossomos, colocando as proteínas à disposição da membrana plasmática,
do núcleo e das organelas. Nas células glandulares o RER encaminha as
proteínas formadas ao Complexo de Golgi para que este as elimine para o
meio externo (proteína exportada).

2.2) Complexo de Golgi – São organelas em forma de “pequenos sacos” que servem
para armazenar substâncias produzidas ou importadas pela célula.
Dentro do Complexo de Golgi ocorrem algumas reações químicas secundárias com
formação de substâncias que, quando não são necessárias à célula, são eliminadas
para o meio extra celular.

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2.3) Lisossomos – Organelas formadas dentro do Complexo de Golgi, sua função


principal é o armazenamento de enzimas digestivas responsáveis pela digestão
celular.
Os lisossomos se espalham por toda a célula eliminando para o meio externo as
substâncias desnecessárias, realizando assim a exocitose ou clasmocitose (excreção
celular).

2.4) Ribossomos – Organelas esféricas, ricas em ácido ribonucléico e proteínas.


Realizam a síntese das proteínas colocando-as à disposição do Complexo de Golgi
para que sejam processadas e aproveitadas pela célula.
Encontram-se em abundância no Retículo Endoplasmático Rugoso.

2.5) Mitocôndrias – Organelas especializadas em realizar a respiração celular, fazem


o armazenamento de energia celular.
Possuem forma alongada e de tamanho variável de acordo com a necessidade da
célula. Produzem a enzima Adenosina Trifosfato (ATP) que é a responsável pela
quantidade de energia da célula.
A quantidade de mitocôndrias nas células é variável de acordo com a necessidade
energética. São, por exemplo, muito numerosas nas fibras musculares.

o NÚCLEO

Controlador das atividades celulares, responsável pela multiplicação celular. Carrega


o material genético (DNA) e contém todas as informações que controlam o
funcionamento da célula e do organismo como um todo.
Não nos deteremos na abordagem do núcleo celular dada a irrelevância do assunto
para o nosso estudo em cosmetologia e estética de um modo geral.

• FISIOLOGIA DA PELE

Os tecidos são o conjunto formado por células que possuem a mesma função.
A pele é considerada o maior órgão do corpo humano, tem espessura que varia entre
0,5mm e 5mm, tendo seus extremos de variação na nuca e nas plantas dos pés
respectivamente.
A pele é formada por três tipos de tecidos:
- Tecido Epitelial – epiderme
- Tecido Conjuntivo – derme
- Tecido adiposo – hipoderme
Devido à importância do assunto para o nosso estudo, abordaremos cada um.

1) Tecido Epitelial – forma a epiderme


A epiderme é formada por um epitélio estratificado que juntamente com o tecido
conjuntivo serve de revestimento, formando a pele, o maior órgão do corpo humano.
A epiderme tem como função principal proteger o organismo contra a invasão de
bactérias e outros agentes estranhos, protegendo-nos de doenças e infecções
diversas.
A capacidade de proteção da epiderme é devida, principalmente, ao número de
camadas superpostas (cinco camadas) de células fortemente ligadas pela queratina,
que forma uma espécie de “cimento” entre as células do epitélio, que juntamente com

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o manto hidrolipídico, proveniente de excreções das glândulas sebáceas e


sudoríparas e água, formam uma verdadeira barreira contra ataques externos.
As camadas que compõem o epitélio são:

1.1) Camada basal ou germinativa

É a primeira camada do tecido epitelial, de onde se originam todas as células da


epiderme. Tem, então, relevante importância em cosmetologia, pois cumpre papel
essencial nos mecanismos de regeneração e renovação celular. Suas células
constituintes são: queratinócitos e melanócitos.

Queratinócitos – células responsáveis pela formação de queratina (proteína


fibrosa formada por vários aminoácidos). É produzida no queratinócito e no
decorrer do processo de maturação celular se transforma em queratina dura
por polimerização. Apesar da queratina ser encontrada na epiderme, nos
pêlos e nas unhas, existem diferenças qualitativas e quantitativas entre elas.
Por exemplo: A queratina do cabelo e da unha é rica em cistina enquanto que
na pele o teor deste aminoácido é baixo. Os queratinócitos encontram-se
fortemente ligados pelos desmossomos. Essas células vão de uma para a
outra camada passando por um processo de desidratação do citoplasma,
chegando à morte celular na camada córnea.

Melanócitos – Células responsáveis pela produção de melanina, pigmento


responsável pela coloração da pele. Os melanócitos repousam sobre a
lâmina basal e são absorvidos para a camada germinativa, possuem
organelas especializadas para a produção de melanina que são os
melanossomos. Os dentritos dos melanócitos se prolongam para cima e
lateralmente permitindo maior contato entre eles e o queratinócito, facilitando
o depósito do pigmento melânico na célula de queratina.
O processo de coloração da pele é, portanto, realizado com o conjunto dos
melanócitos e queratinócitos constituintes do epitélio.

1.2 Camada de Malpighi ou espinhosa

Segunda camada do epitélio, apresenta células fortemente unidas com a presença


de tonifibrilas espessas e “engrossadas”, dando à célula um aspecto “espinhoso”. Ao
microscópio percebe-se o achatamento das células onde já teve início o processo de
desidratação celular com conseqüente acidificação do meio.
Nesta camada concentram-se maior número de células de Langerhans, que são
responsáveis pelo sistema imunológico da célula, capturando microorganismos
cutâneos invasores e colocando-os à disposição dos leucócitos.

1.3 Camada Granulosa

Composta por células achatadas, subdivididas e queratinizadas com seu núcleo em


estado de degradação. Forma a terceira camada do epitélio e neste ponto o estado
de maturação da célula já é bastante adiantado. Apresenta-se cheia de queratina já
bastante endurecida, formando grãos de queratohialina, o que lhe confere um
aspecto granular.

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1.4 Camada Lúcida


Formada por fina camada de células achatadas e anucleadas, mas ainda se pode
verificar a presença de desmossomos entre as células.
Mostra-se translúcida, daí o nome de camada lúcida.

1.5 ) Camada Córnea


De espessura variável, é constituída por células achatadas, anucleadas e mortas.
A queratina está totalmente formada e o meio celular encontra-se ácido devido à
perda de água do citoplasma. A água perdida em todo o processo de queratinização
se evapora e vai compor o manto hidrolipídico juntamente com o óleo proveniente
das glândulas sebáceas e com o suor das glândulas sudoríparas.

Observação:
No processo de queratinização, quando ocorre a formação de queratohialina na
camada granular, resulta a formação de filagrina, proteína que por decomposição
produz substâncias que conferem resistência à queratohialina, além de formar uma
mistura de aminoácidos que em contínuo processo de maturação darão origem a
uma mistura de substâncias (uréia, aminoácidos, PCA, ac. Hialurônico, etc) que
devido ao caráter hidratante são chamadas de NMF – Natural Moinstuzring Factor.
Essas substâncias juntam-se ao manto hidrolipídico ( água, óleo e suor ) no extrato
córneo e formam verdadeiras emulsões cosméticas naturais protegendo e hidratando
a pele.

2) Tecido Conjuntivo – Derme

Tem origem na mesoderme, trata-se de um tecido de sustentação, rico em


substância intercelular constituída por uma parte amorfa formada por água,
polissacarídeos e proteínas e outra parte figurada formada pelas fibras: colagênicas,
eláticas e reticulares.
As fibras colagênicas são mais abundantes que as demais e são formadas
principalmente por colágeno, cuja estrutura molecular, muito bem organizada, é rica
em radicais glicina e hidroxiprolina.
As fibras elásticas são muito parecidas com as colagênicas. Entretanto, diferem na
organização estrutural, são mais delgadas e podem apresentar ramificações na
cadeia.
As fibras reticulares são mais delgadas e possuem a forma de “rede entrelaçada”,
ocorrem em maior número nos órgãos formadores de sangue, que possuem as
células entre as malhas do retículo.
Devido à sua localização (mesoderme), o tecido conjuntivo tem importante papel no
desempenho da nutrição celular, uma vez que os vasos sangüíneos e linfáticos
passam por ele fazendo o transporte de substâncias, além de células especializadas
em fagocitose, exercendo assim importante papel de defesa eliminando agentes
estranhos e prejudiciais à saúde.
O tecido conjuntivo se subdivide em:
- Tecido conjuntivo propriamente dito
- Tecido Adiposo
- Tecido ósseo
- Tecido cartilaginoso
- Tecido sangüíneo
- Linfa

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Tecido Conjuntivo propriamente dito


É o principal tecido conjuntivo. Apresenta vários tipos de células e grande quantidade
de substância intercelular. As células mais comuns nesse tecido são: fibroblastos,
macrófagos, plasmócitos e mastócitos.
Assim temos:
- Fibroblastos – Células especializadas na produção de fibras colagênicas,
reticulares e elásticas. Sintetizam as fibras a partir de proteínas
provenientes da alimentação e as enviam para as áreas de interesse do
organismo por estímulos físicos/químicos.
- Macrófagos – Células de grandes dimensões que se movimentam por
intermédio de pseudópodes fazendo a fagocitose de micróbios e células
degeneradas do organismo. Participam dessa maneira ativamente do
processo de defesa do tecido conjuntivo.
- Plasmócitos – Produzem anticorpos que atuam decisivamente no
processo imunitário do organismo.
- Mastócitos – Células responsáveis pela produção de heparina, substância
que impede a coagulação do sangue dentro dos vasos sangüíneos.

Além de células especializadas, o tecido conjuntivo propriamente dito também


apresenta grande quantidade de líquido interticial, rico em polissacarídeos, água e
proteínas. Essas substâncias são produzidas por células especializadas do tecido
conjuntivo.

Devemos considerar dois tipos de tecido conjuntivo: o denso (modelado e não


modelado) e o frouxo. A principal diferença entre esses dois tipos é
fundamentalmente a organização e a quantidade das fibras colagênicas, reticulares e
elásticas.
- O tecido conjuntivo frouxo se localiza imediatamente abaixo da epiderme
e suas fibras não formam massas compactas. É o tecido de maior
distribuição no organismo, pois preenche espaços vazios deixados por
outros tecidos.
- O tecido conjuntivo denso modelado é encontrado nos tendões, estruturas
que ligam os músculos ao osso. Apresentam fibras ordenadas e
compactas e em maior número, com relação ao tecido frouxo.
- O tecido conjuntivo denso não modelado ocorre em lugares como
cápsulas de órgãos e na derme. São fibras distribuídas ao acaso, ou seja,
sem nenhuma ordenação.

Tecido Adiposo
Este tecido possui um grande número de células adiposas. Fazem a reserva de lipídios
que atuam protegendo o organismo contra as perdas de energia oferecendo, assim, um
constante abastecimento energético para as atividades celulares. Além disso, fazem
também a proteção térmica do organismo e funcionam como um isolante contra as
variações de temperatura.

Tecido Ósseo

Tecido conjuntivo de sustentação, dotado de maior rigidez, se destina


essencialmente às funções de sustentação e proteção do sistema nervoso central.

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O tecido ósseo pode ser de dois tipos: reticulado (poroso) e compacto (denso). A
diferença fundamental entre eles é quanto à disposição de seus elementos e a
quantidade dos espaços intercelulares. O tecido ósseo reticulado apresenta espaços
medulares maiores enquanto que o compacto não apresenta espaços medulares.
O tecido ósseo forma uma estrutura inervada e irrigada e por isso apresenta
sensibilidade e capacidade de regeneração.

Tecido Cartilaginoso

É também um tecido conjuntivo de sustentação, de consistência semi-rígida,


apresentando, entretanto, maior elasticidade que o tecido ósseo. O tecido
cartilaginoso não é vascularizado, por isso as trocas metabólicas e respiratórias
ocorrem por difusão a partir dos tecidos vizinhos.
O tecido cartilaginoso pode ser de três tipos dependendo das fibras presentes na
cartilagem.
- Tecido cartilaginoso de hialina – Abundante no nariz, nas articulações e
nos brônquios. Aparece em maior concentração no fetos, pois nesta fase
o tecido cartilaginoso se apresenta como percussor do tecido ósseo
sendo gradativamente substituído por este último.
- Tecido cartilaginoso elástico – Apresenta um grande número de fibras
elásticas, sendo por isso mais resistente a tensões e mais elástico que
as outras cartilagens, encontrado por exemplo no pavilhão auditivo.
- Tecido cartilaginoso fibroso – Rico em fibras colágenas, o que lhe
garante resistência e força. Muito encontrado nos discos da coluna
vertebral e em algumas articulações.

Tecido Sanguíneo
Toda a substancia intercelular é líquida, suas células se deslocam livremente em
meio a massa de substâncias intercelular. Transportam substâncias para o
organismo e cumprem importante papel de defesa através de células especializadas
em fagocitose.

O sangue é formado por uma mistura homogênea de substâncias onde podemos


distinguir duas partes principais:
Uma parte líquida – plasma ( líquido intercelular)
Uma parte sólida – células especializadas (hemácias, leucócitos, plaquetas)

Linfa

O sistema linfático é constituído por uma vasta rede de vasos capilares chamados de
capilares linfáticos, que correm paralelo com os vasos sanguíneos da pele e a seguir
juntam-se para formar vasos ligeiramente maiores. É um tecido de transporte
formado por uma parte líquida que varia em função da alimentação e uma parte
celular composta principalmente por linfócitos e alguns leucócitos.
A linfa é um líquido que banha os tecidos, sendo posteriormente coletado por um
sistema circulatório composto por vasos e nódulos que vão conduzir a linfa à corrente
sanguínea através dos vasos.

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• FORMULAÇÃO COSMÉTICA

A formulação de um cosmético envolve três partes fundamentais, a saber:

Veículo ou Excipiente
Princípio Ativo
Aditivos

Cada uma dessas partes pode ser composta por uma ou mais substâncias que
compõem cada grupo. Abordaremos detalhadamente cada um deles.

VEÍCULOS COSMÉTICOS

É quase sempre composto de uma ou mais substâncias cuja finalidade é dar forma
ao cosmético, bem como favorecer ou reduzir os efeitos dos princípios ativos.
Os veículos cosméticos podem ser:

Emulsões – cremes, leites e loções cremosas;


Géis – gel aquoso e gel oleoso (gel-creme);
Líquidos – loções ( aquosas e adstringentes)
Pós – cosméticos em pó (talco, maquilagem etc)
Vetoriais – lipossomos, nanosferas e silanois

O estado físico do veículo é selecionado pelo formulador de acordo com o objetivo


do princípio ativo sobre a pele assim como de sua atividade. Logo, a escolha do
veículo em emulsão, gel, creme, líquido ou pó vai depender diretamente do princípio
ativo a ser veiculado. É sempre necessário que se considere a melhor estabilidade
química, aproveitamento e compatibilidade entre os componentes.
Devido à importância dos veículos, abordaremos os principais utilizados em
cosmetologia e os estudaremos em detalhes para melhor compreensão do assunto.

1) Cosméticos veiculados na forma de EMULSÃO: Cremes, leites e loções


cremosas.

1.1) Conceito de emulsão – É um sistema composto de duas fases que não se


misturam (sistema heterogêneo). Uma fase fica dispersa na outra em forma de
microesferas. As duas fases da emulsão são:

fase externa ou contínua;


fase interna, descontínua ou dispersa.

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1.2) Tipos de emulsão


Há principalmente dois tipos de emulsão: emulsão O/A (emulsão óleo em água) e
emulsão A/O (emulsão água em óleo). Existem também as emulsões mistas – O/A/O
e A/O/A.

1.2.1) Emulsão O/A – É aquela em que a fase interna é constituída pelos


componentes oleosos e a fase externa pela água. As emulsões O/A são
geralmente menos oleosas, menos emolientes, pois possuem menor
quantidade de óleo, têm secagem mais rápida, sua preparação é menos
cara e mais fácil. Neste sistema a água engloba as partículas oleosas
proporcionando um efeito evanescente ao mesmo. São facilmente
laváveis com água, podendo ocorrer a formação de espuma. As
emulsões O/A possuem menor quantidade de óleos, neste caso,
dizemos que o material graxo está disperso na água. As emulsões de um
modo geral apresentam-se brancas, devido ao diminuto tamanho de
suas partículas.

1.2.2) Emulsão A/O – É aquela em que os componentes hidrossolúveis


constituem a fase interna e os componentes oleosos a fase externa da
emulsão. As emulsões A/O possuem alto grau de ação emoliente e
dissolvente, por isso são as formulações ideais para se preparar
cosméticos demaquilantes, cremes de limpeza em geral.

1.2.3) Emulsões mistas A/O/A e O/A/O – São aquelas em que uma


emulsão A/O e O/A podem existir simultaneamente, isto é, uma gotícula
do óleo pode conter diversas partículas de água e por sua vez estar
suspensa em uma fase aquosa.

1. 3) Preparo das emulsões

A preparação das emulsões exige agitação constante e a mistura gradativa dos


componentes. As substâncias envolvidas na formulação devem ser previamente
dissolvidas em água e em óleo de acordo com a solubilidade de cada um dos
componentes participantes. As fases oleosas e aquosas devem estar à mesma
temperatura.
A fase interna deve ser lentamente adicionada à fase externa que já contém os
agentes emulsionantes adequados. Este procedimento deve ser acompanhado de
agitação constante e controle de temperatura.
Um fator importante no preparo das soluções é a viscosidade do meio dispersante,
pois quanto mais viscoso menor será a possibilidade de ocorrer a aglutinação das
gotículas e, conseqüentemente, a quebra da emulsão por separação das fases.
Para corrigir a viscosidade utilizam-se agentes espessantes, geralmente derivados
da celulose, entre outros.
Outro dado relevante refere-se à densidade dos componentes. Quanto menor a
diferença de densidade entre os dois líquidos que serão emulsionados, menor será
também a facilidade de separação entre eles.

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1.4) Como atua um tensoativo?

Os tensoativos são substâncias com características especiais em sua estrutura


molecular, o que em última análise os tornam compostos essenciais nas formulações
cosméticas. Devido à sua propriedade específica de emulsificação, são também
chamados de agentes emulsionantes.
São substâncias que contêm um grupo polar lipófilo e hidrófilo, sendo imprescindível
a especificidade do tensoativo, ou seja, nitidamente lipófilo ou hidrófilo para que atue
de forma a diminuir a tensão interfacial de uma das fases da mistura, podendo dessa
maneira orientar a emulsão no sentido A/O ou O/A.
Tensão interfacial é a força que existe entre as moléculas, que se manifesta sempre
quando ocorre separação entre as fases não miscíveis: Exemplo – água em contato
com óleo ou graxa.
A tensão interfacial pode ser alterada pela introdução de agentes tensoativos em
uma fase ou na outra e, às vezes, nas duas fases.
Para que determinada substância seja considerada um bom agente tensoativo, é
necessário que sua estrutura molecular seja tal que se coloque na interface entre o
óleo e a água, ou seja, a parte lipófila ficará envolvida com o óleo da emulsão e a
parte hidrófila irá dissolver a água ou outros componentes hidrófilos presentes.
Os emulsionantes/tensoativos quando dimensionados adequadamente atuam de
forma a arrastar as impurezas que se lhes apresentam. É o que acontece, por
exemplo, com o detergente que ao dissolver os compostos graxos arrastam a sujeira
que está contida e o fazem através da sua capacidade de detergência. O mesmo
ocorre com o xampu, que retira a sujeira do cabelo emulsificando o óleo e arrastando
as impurezas.
Os tensoativos ou emulsionantes são selecionados pelo formulador de acordo com a
finalidade do cosmético, pois alguns são formadores de espuma, como por exemplo
os detergentes e xampus, enquanto outros são agentes de dissolvência apenas, ou
seja, devem dissolver substâncias lipófilas ou hidrófilas, de acordo com a
necessidade exigida para atender à formulação.
Um bom tensoativo deve ter características gerais, como:

Ser um bom agente estabilizador;


Diminuir a tensão interfacial entre as partes;
Ser específico, ou seja, nitidamente lipófilo ou hidrófilo para um
dos tipos da emulsão;
Ser quimicamente estável;
Ser inodoro, incolor e não irritativo para a pele.

Além das características acima, os agentes tensoativos possuem propriedades


específicas, o que os tornam substâncias de relevante importância na indústria
cosmética. Tais propriedades são:

Ação emulsificante
Espessantes/estabilizantes
Ação de detergência
Ação dispersante
Ação anti-séptica
Ação emoliente/amolecedores

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1.5 ) Classificação dos tensoativos


Os tensoativos podem ser classificados de acordo com a capacidade de ionização
dessas substâncias. Assim, podemos ter: Tensoativos Iônicos (catiônicos e
aniônicos), Tensoativos Anfóteros (podem ser iônicos e catiônicos) e Tensoativos
não iônicos.
Para que possamos compreender com clareza os rótulos dos produtos cosméticos é
necessário que façamos uma abordagem detalhada dos tensoativos. Assim, temos:
Tensoativos Iônicos – São substâncias tensoativas que em solução
aquosa se dissociam formando íons. Podem ser:
Aniônicos – Formam ânions (íons negativos) em dissociação aquosa.
São nitidamente hidrófilos, por isso orientam emulsões no sentido O/A. As
principais características dos tensoativos aniônicos são:
- Ação detergente
- Ação anti-séptica
- Ação dispersante
- Orientadores de emulsões O/A

Os principais tensoativos aniônicos usados em cosmetogia atualmente são:


- Mono, di e tri estearatos de sódio
- Estearato de glicerila
- Derivados orgânicos amínicos
- Ésteres sulfúricos de álcoois graxos

Observação:
Os sais metálicos de ácidos graxos (Estearatos de Cálcio e Magnésio) são
tensoativos aniônicos, entretanto orientam emulsões no sentido A/O.

Catiônicos – São substâncias tensoativas que quando em solução


aquosa formam cátions (íons positivos). As principais características
dessas substâncias são:
- Orientam emulsões no sentido A/O;
- São bacteriostáticos;
- Amaciantes (cabelos, tecidos, tinturas)

Os tensoativos catiônicos mais usuais na indústria da cosmetologia são os sais de


amônio quaternário, como por exemplo: Brometo de cetil trimetil amônio, muito
utilizado na indústria cosmética para cabelos como emulsões para cremes rinses,
cremes hidratantes e cremes amaciantes associados à tintura capilar.

Tensoativos Anfóteros - São substâncias com dupla polaridade, podem


formar ãnions ou cátions, dependendo do pH do meio onde se encontram
em dissociação. Em meio alcalino os anfóteros formam tensoativos
aniônicos enquanto que em meio ácido são tensoativos catiônicos. São
substâncias menos agressivas que os aniônicos e por isso são mais
utilizados em formulações para produtos mais suaves, como xampus para
bebês, cremes para peles sensíveis etc. Os tensoativos anfóteros
apresentam as seguintes características:
- Compatibilidade com outros tensoativos;
- São nitidamente hidrófilos, orientam emulsões O/A;
- Possuem ação detergente.

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Tensoativos Não-Iônicos – São substâncias tensoativas que em solução


aquosa não se dissociam, ou seja, não formam íons. São ésteres obtidos
de reações de esterificação de polialcoois com ácidos graxos,
resultando em um tensoativo oleoso. São muito utilizados como agentes
estabilizantes e espessantes das emulsões.
As características principais destes tensoativos são:
Compatibilidade com outros tensoativos;
São pouco irritativos;
Estabilizantes, espessantes e geilificantes.

Os mais usuais são:


- Estearatos de glicerol
- Estearato de poetileno glicol
- Ésteres do sorbitol
- Ésteres da sacarose

1.6) Componentes da emulsão


1.6.1) Água - A pele tem grande necessidade de água para se manter elástica e
saudável. A camada córnea da epiderme extrai normalmente a água de que
necessita das camadas inferiores e do suor. Quando a pele está exposta a
umidades relativas altas, ela absorve do próprio meio ambiente a água de que
necessita. Entretanto, em condições desfavoráveis, tais como muito vento e
baixa umidade, a pele mostra-se ressecada e áspera.
Os cosméticos constituídos tão somente por compostos graxos poderão
ressecar a pele pela falta de água no produto.
A excessiva oclusão feita pelos componentes oleosos acabam por impedir a
sudorese, o que é prejudicial à saúde da pele, apesar de permitir a absorção
de princípios ativos por simples osmose.
A grande vantagem dos cremes emulsionados sobre os compostos anidros é
que permite um equilíbrio entre os componentes umectantes e emulsionantes,
dando ao produto eficácia hidratante e superioridade sobre os ungüentos e
pomadas anidros.
A água utilizada deve ser inócua e isenta de metais, pois o processo de
formação das colônias bacterianas se inicia no momento da fabricação e
manipulação do produto. Faz-se necessário a adição de conservantes de
todas as espécies para que o fabricante possa garantir a validade do produto
por determinado prazo. Evidentemente que o formulador tem em absoluta
relevância a importância da higiene na manipulação e da água utilizada que
deve ser destilada ou deionizada.
1.6.2) Componentes Oleosos/Emolientes – Os componentes oleosos são
selecionados de acordo com as funções desejadas para o produto, procurando
atender às características da formulação final e o preço. Existe à disposição da
cosmetologia uma grande variedade de matérias-primas oleosas e podemos
classificá-las de acordo com sua composição química, estabelecendo assim
critérios funcionais para a sua seleção. Os componentes oleosos são matérias-
primas com baixa capacidade de absorção e, portanto, não realizam trabalho
de nutrição como se pode supor. Atuam principalmente como agentes
emolientes e de lubrificação do extrato córneo, com a função principal de
proteção.

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Assim temos:

Derivados do petróleo
- Parafinas (principalmente a líquida)
- Vaselinas

Triglicerídeos de origem vegetal ou animal


Produtos oleosos sintéticos
Ácidos e Álcoois graxos e seus derivados
Ésteres graxos
Silicones
Óleos e gorduras insaponificáveis

Observação: Devido à importância dos componentes oleosos nas emulsões


cosméticas abordaremos os mais usuais com detalhes.

Triglicerídeos de origem vegetal

- Óleo de amêndoas doces – extração a frio das sementes de amêndoas,


constituído principalmente pelos ácidos: Oleico, linoleico e ésteres de
ácidos graxos.
- Óleo de jojoba - extração a frio das sementes, rico em proteínas e
aminoácidos.
- Óleo de amendoim – extração a frio dos grãos sem casca, composto por:
ácido oleico, linoleico, palmítico e esteárico, além de outros em teores
menores.
- Óleo de coco – gordura sólida a temperatura ambiente, largamente
utilizada no preparo de sabões e xampus.
- Óleo de palma – extraído do fruto de certo tipo de palmeira, é um óleo
bastante viscoso, amarelado e sua aplicação cosmética ocorre
principalmente na fabricação de sabões. É um óleo rico em glicerídeos
derivados do ácido palmítico, esteárico e linoleico.
- Óleo de gergelim – extração a frio das sementes do gergelim, trata-se de
um óleo adocicado com capacidade de absorver os raios UV sendo,
assim, bastante indicado seu uso em cosméticos com a finalidade de
proteção solar.
- Óleo de rícino – extração a frio das sementes do rícino, óleo viscoso de
coloração amarelo claro. Possui a vantagem de ser solúvel em álcool,
sendo por isso muito utilizado quando faz-se necessário dissolver
substâncias solúveis em álcool.
- Óleo de abacate – extração a frio da polpa do fruto do abacateiro.
Constituído principalmente por ácido oleico, linoleico e palmítico. Óleo
amarelo, com excelente resistência à oxidação, rico em carotenos
(predecessor da vitamina A), além de vitaminas E, K, fitoesteróis e
vitamina B, sendo esta última hidrossolúvel, se mantém sobre a polpa do
fruto. Trata-se de um óleo empregado em produtos mais sofisticados,
como cosméticos restauradores, nutritivos e produtos para os cabelos.
Largamente utilizado no preparo de máscaras, cremes e loções cremosas
nas concentrações de 0,1 a 5%.

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- Óleo de algodão – Extraído a frio, constituído pelos ácidos: Linoleico,


oleico e palmítico.
- Óleo de milho – Extraído do germe de milho. Constituído pelos ácidos:
oléico e linoleico e ainda palmítico esteárico.

Triglicerídeos de origem animal

- Esqualeno – Obtido por hidrogenação na extração do óleo de fígado de


tubarão. Óleo incolor e antialérgico com excelente adaptabilidade para
veicular, pois não reage quimicamente com facilidade dando assim
estabilidade ao cosmético.
- Óleo de tartaruga – Muito untoso, rico em vitaminas
- Óleo de purcellin – Encontrado nas penas dos patos, apresenta muita
semelhança com o sebo cutâneo e sendo assim possuem muita afinidade
com o tecido epitelial e com os cabelos. São utilizados em cosmetologia
como complemento para reestruturar o manto hidrolipídico.
- Manteiga de cacau – Extraído por compressão a quente das sementes
do fruto, cera de coloração branca/amarelada e odor muito característico e
agradável, muito utilizada no preparo de formulações para batons e
cremes específicos.
- Cera de carnaúba – Extraída por fusão das ceras contidas nas folhas de
certas palmeiras. Possui alto ponto de fusão e garante características de
brilho ao cosmético, sendo amplamente utilizada no preparo de batons
cintilantes e sombras para os olhos.
- Cera de abelha – Utilizada como agente espessante nas emulsões
cosméticas, é obtida por purificação e fusão das ceras constituintes nos
alvéolos das colméias.
- Lanolina – Retirada da lã do carneiro, é um óleo de consistência firme
amarelado, odor característico e com composição semelhante à do sebo
humano. Seus derivados são largamente utilizados como agentes
espessantes e emolientes nas emulsões comésticas.
- Espermacete – óleo extraído do cérebro dos cachalotes. De cor branca
semitransparente solúvel em óleos, fornece ao produto final um aspecto
perolado. Não contém teores altos de gorduras insaturadas, o que o torna
um óleo bastante refratário à oxidação, facilmente absorvido pelo epitélio.
- Sebo – Extraído do abdome do boi, carneiro ou cabra. Muito utilizado em
indústrias de sabão, uma vez que são substâncias ricas em ésteres do
glicerol, ou seja, com grande capacidade de saponificação.

Matérias-primas oleosas sintéticas


Apresentam alguma vantagem sobre os óleos naturais, entre elas, a maior facilidade
de conservação, não exigindo, dessa maneira, o uso concentrado de aditivos o que
torna o produto final mais vulnerável a alergias.
São óleos e gorduras modificadas que apresentam compatibilidade química e
estabilidade, substituindo com vantagem os produtos naturais.

1.6.3) Componentes tensoativos/emulsionantes – A facilidade ou dificuldade com


que duas fases formam uma emulsão é determinada pela tensão interfacial que
existe entre os líquidos em questão. Emulsionam-se facilmente aqueles que têm
baixa tensão interfacial com a água e, contrariamente, a tensão interfacial alta entre
os componentes dificulta a emulsão.

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A introdução de agentes tensoativos/emulsionantes pode alterar a tensão interfacial


entre as fases.
Tensoativos (ou emulsionantes) são substâncias que contêm em sua estrutura um
radical lipófilo em uma extremidade da cadeia molecular e na outra um radical
hidrófilo. Dessa maneira, apresentam-se como estruturas bipolares. Os tensoativos
possuem características e propriedades especiais o que os tornam substâncias de
relevante importância no preparo dos cosméticos.

Características gerais importantes dos tensoativos:

- Deve ser um bom agente estabilizador


- Ser específico, ou seja, nitidamente lipófilo ou hidrófilo para um dos tipos
da emulsão.
- Ser quimicamente estável
- Inodoro, incolor e não irritar a pele

Propriedades dos tensoativos:

- São agentes emulsificantes


- São agentes emolientes (amolecedores)
- São agentes dispersantes
- Ação anti-séptica
- Ação de detergência

Atividade das substâncias tensoativas

Tensoativos/emulsionantes aniônicos – São tensoativos nitidamente


hidrófilos, ou seja, orientam as emulsões com água na fase externa (O/A),
sendo amplamente utilizados no preparo de detergentes, sabonetes e xampus.
Os principais são:
- Lauril sulfato de sódio
- Lauril sulfato de amônia
- Lauril éter sulfato de sódio
- Lauril éter sulfacianato de sódio
- Lauril éter de trietanolamina

Tensoativos/emulsionantes catiônicos – Essas substâncias possuem


propriedades anti-sépticas e são excelentes agentes para condicionadores
capilares devido à atração que existe entre o amino-ácido (carregado
negativamente) da fibra de queratina do cabelo e o emulsionante catiônico
(positivamente carregado). Por isso são largamente utilizados nas formulações
para condicionadores capilares, além de desodorantes devido à sua ação anti-
séptica. Os mais utilizados são:
- CETAC – Cloreto de trimetil amônio
- CETAB – brometo de trimetil amônio
- Sais de dialquil dimetilamonio
- Cloreto de benzalcônio

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Tensoativos/emulsionantes anfóteros – Variam sua ação como tensoativo de


acordo com o pH do meio. São agentes emulsionantes com maior tendência
hidrófila, sendo por isso muito utilizado no preparo de detergentes e xampus.
São menos agressivos que os aniônicos e, assim sendo, sua aplicação é maior
nos produtos com ação de detergência mais suaves. Exemplos dos
mais usuais:
- Imidazolina e seus derivados ( espumantes/bactericida)
- Betaína e seus derivados
- Aminoácidos e derivados
Tensoativos/emulsionantes não iônicos – São substâncias que não formam
íons quando se dissociam em água. São utilizados em geral como agentes
espumantes e associados a outros tensoativos. Exemplos:
- Éstere de glicerol
- Monoetanolaminas de ácidos graxos de coco
- Dietanolaminas de ácidos graxos de coco
- Ésteres do polietilenoglicol
- Ésteres do sorbitano
1.6.4) Estabilizantes/Espessantes – São usados colóides hidrófilos na fase
aquosa, especialmente para estabilizar as emulsões O/A. A função do estabilizante é
aumentar a viscosidade, impedindo assim a mobilidade e a coalescência da fase
dispersa. Os colóides podem ser:
Orgânicos (naturais ou sintéticos):
- Goma Xantana
- Carbômeros
- Derivados da celulose
- Acrilatos
- Alginatos
Inorgânicos
- Silicatos de alumínio e magnésio (SAM)
- Bentonitas
- Cloreto de sodio
1.6.5) Umectantes – São substâncias hidroscópicas (propriedade de reter água) que
diminuem a perda de água da massa cremosa dos produtos acabados e impedem a
ruptura da emulsão e a formação de crostas superficiais. Facilitam a distribuição e a
ação lubrificante dos cremes, causando uma sensação agradável de umidade e
maciez à pele. Os umectantes mais utilizados em cosmetologia são de origem
orgânica. São eles:

- Sorbitol
- Etilenoglicol
- Dietilenoglicol
- Carbowax 1000
- Glicerol
- Propilenoglicol
- Ceras (animal e vegetal)
- Silicones oleosos
- Fosfolipídeos
- Glicerina
- Lactatos
- D-Pantenol
- Derivados da lanolina

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Os umectantes devem ter as seguintes características:


Alto grau de higroscopia
Intervalode umectação alto
Baixa viscosidade
Compatibilidade com outras substâncias
Volatilidade baixa
Inocuidade
Baixo ponto de congelamento

2 ) Cosméticos veiculados na forma de GEL

2.1) Conceito de Gel – É um sistema coloidal constituído por duas fases: uma fase
dispersora líquida (água, álcool, propilenoglicol, acetona) e outra fase dispersora
sólida ( agentes geilificantes).
O gel é um veículo cosmético, viscoso, mucilaginoso, transparente, preparado em
estado sólido ou semi-sólido.

2.2) Tipos de Géis – Há dois tipos principais de géis:


Géis Aquosos – São preparados em forma de gel sendo a fase dispersora líquida
um solvente aquoso, ou seja, água, propilenoglicol, glicerol, acetona, álcool
(sendo os dois últimos menos comuns) e a fase sólida um agente geilicante
hidrosolúvel, como resinas, silicatos, polímeros etc. São formulações apropriadas
para peles bastante oleosas, trazendo uma sensação de frescor e bem estar.
Entretanto, apresentam limitações, uma vez que a maioria dos princípios ativos
são não aquosos.

Géis-Creme – Alguns autores chamam de oleogéis, pois são géis emulsionados


com substâncias oleosas em baixa concentração de graxos e alta concentração
de hidrófilos. Apresentam algumas vantagens sobre o gel aquoso, uma vez que
podemos adicionar à parte oleosa princípios ativos lipossolúveis e ainda assim ter
um produto com baixa concentração de óleos, garantindo frescor para as peles
mais oleosas.
Os géis-cremes são chamados de cremes “oil-free” e as loções cremosas são
chamadas de loções “oil-free”.
Assim como as emulsões e os géis, os géis-cremes são também bastante
suscetíveis a ataques bacterianos e a oxidação. Faz-se necessário, então, a adição
de aditivos antioxidantes e preservantes ao produto.

2.3) Vantagens e Desvantagens do Gel.


Vantagens

- Menos gorduroso
- Secagem rápida
- Fácil aplicação
- Recebe ativos hidrófilos ( Gel aquoso)
- Recebe ativos lipófilos ( Gel-Creme)
- Não são oclusivos
- Baixo índice de toxidade (preparo simples)
- Rápida absorção
- Sensação de frescor

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Desvantagens
- Pode ressecar a pele (principalmente os hidroalcoólicos)
- Controle de pH é bastante crítico
- Uso limitado (peles oleosas ou mistas)

2.4) Aplicações dos cosméticos na forma de gel.

As formulações cosméticas geilificadas aquosas ou gel-creme são preparadas com


princípios ativos de maneira a garantir a aplicação específica do gel. Por tratar-se de
formulações de preparo bastante simples, são geralmente formulados para atender a
necessidades específicas, assim temos:

Gel com efeito hidratante – Adiciona-se à matéria-prima geilificante e à água


substâncias ativas com propriedades de hidratação e umectação, como por
exemplo: glicerol, propilenoglicol, sorbitol etc., que serão associados a
substâncias emolientes e solúveis em água, como derivados da lanolina por
exemplo. Para o efeito hidratante pode também ser usado como solvente os
álcoois umectantes cetílicos (etoxi e propoxi). O Lubragel tem sido amplamente
utilizado como base umectante. Trata-se de um gel levemente ácido, com
excelente estabilidade química, consistência e inócuo. Converte-se facilmente
em hidratos, o que lhe garante a característica de excelente agente umectante e
hidratante da pele.

Gel com efeito deslizante – Ideal para o preparo de produtos para massagem
corporal. Para se obter o efeito deslizante, adiciona-se à base gel um
componente oleoso e que promova emoliência. Aos géis hidrofílicos adicionam-se
os óleos leves que são solúveis em água, como por exemplo: derivados da
lanolina, lecitina, poliois etc. Os géis oleosos promovem bastante emoliência e
deslizamento. Entretanto, são muito untosos deixando uma sensação
desagradável de oleosidade e dificultando o trabalho do esteticista. São, dessa
forma, pouco recomendados.

Gel com efeito calmante – Gel hidrofílico, obtido através da adição de ativos
calmantes, como extratos vegetais (p.ex. camomila, calêndula, tília etc), além de
alantoína, D-pantenol e outros.

Gel com efeito refrescante – Obtém-se a partir da adição de ativos com


capacidade de refrescância como mentol, hortelã, álcool etílico etc.

Gel com efeito antiinflamatório – Adiciona-se à base gel substâncias ativas


com propriedades antiinflamatórias e cicatrizantes. Os mais usuais são: alfa
bisabolol (extraído da camomila) e própolis. Têm larga aplicação no tratamento de
peles acneicas.

Gel com efeito condicionador – Encontra sua maior aplicação nos produtos
capilares. O cabelo humano constitui-se de uma fibra carregada negativamente
devido à presença dos aminoácidos da proteína queratina, principal constituinte
do cabelo. Dessa forma, os produtos mais indicados para o cabelo humano são

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os catiônicos, pois devido a atração eletrostática entre o cabelo (negativamente


carregado) e a substância que, por tratar-se de um cátion, está com carga
positiva, irá, por atração, revestir o fio capilar protegendo-o e garantindo brilho e
maciez. Os géis indicados para receber os ativos condicionadores devem ter
caráter catiônico e pH ligeiramente ácido. Os mais usuais são os polímeros
poliquaternários (CTFA – polyquaternarium). São eles: Luviquat e Merquat.

2.5) Matérias-primas utilizadas para a formulação do gel base.

Formulação do gel base = Matéria-prima geilificante + solvente (água, álcool,


acetona, propilenoglicol etc)

Agentes Geilificantes

Derivados da Celulose
- Natrozol (HEC)
- Cellosize (HEC)
- CMC (carboxi metil celulose)
Resinas
- carbopol (polímero do ácido acrílico)
- Acrypol – ICS 1
- Acrisint 400
Naturais
- Ágar – gel hidratante extraído de alguns tipos de algas
- Alginatos – algas
- Bentonita – Silicato de hidrato de alumínio
Polímeros
Merquat (poliquaternário)
PVA (álcool polivinílico)
PVP (polivinilpirrolidona)
Veegun – Silicato de magnésio e alumínio
Aerosil – silicato de silício

Ativos usados no preparo do gel ativado


- Lanolina e seus derivados
- Óleos hidrossolúveis ( os óleos vegetais são mais indicados)
- Extratos vegetais
- Proteínas
- Vitaminas hidrossolúveis

Resumindo temos:

Gel = matéria-prima geificante + (água ou outro solvente) + P. Ativo

Gel-Creme = matéria-prima geilicante + (água ou outro solvente) +


componente oleoso /tensoativo + Princípio Ativo

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3) Veículos Líquidos – Loções

Os veículos líquidos formam as loções cosméticas.


São formulações simples em que o veículo principal é a água, ou mistura de água e
álcool (hidroalcoólicas), além de agentes umectantes e conservantes.
Podemos classificar as loções tônicas em dois tipos principais:

Loções aquosas
São cosméticos preparados principalmente com água e ativos hidrofílicos, podem
também conter agentes umectantes como o propilenoglicol ou o glicerol.
É indispensável a adição de agentes conservantes devido à presença de altos teores
de água no produto, o que propicia ataques bacterianos. Os conservantes mais
usuais são o ácido bórico, ácido benzóico, além de outros.
As loções aquosas podem ser preparadas com águas aromáticas, como por
exemplo, rosas, hamamelis etc, o que garante personalidade ao produto, além de
agradável perfume.
A água utilizada pode ser desmineralizada ou a destilada, sendo esta última a mais
indicada, pois é totalmente inócua, apesar de conter ainda íons metálicos o que torna
necessário a adição de agente seqüestrante (geralmente EDTA) nas loções tônicas.

Loções Adstringentes - hidroalcoólicas


São preparadas com água e álcool em quantidades de até 20% do etanol (álcool
etílico), que neste caso cumpre papel de agente de adstringência e refrescância no
produto.
Às loções hidroalcoólicas são adicionadas ativos diversos, como por exemplo:
hamamelis, arnica, própolis, mentol etc. com objetivo de garantir ao produto, além de
adstringência, efeito calmante, antiinflamatório ou secativo.
Faz-se necessário a adição de conservantes nas loções adstringentes, que
entretanto será em menor quantidade que nas loções aquosas, uma vez que o álcool
presente atua também como preservante.
São produtos indicados para peles muito oleosas ou acneicas.

Observações:
Às loções tônicas aquosas ou hidroalcoólicas (adstringentes) são adicionados ácidos
orgânicos fracos para ajustar o pH do produto ao pH da pele. Os ácidos mais
utilizados para promover esse ajuste são o cítrico e o lático.

4) Veículos em pó

São produtos cosméticos, cujas matérias-primas precisam ser preservadas de


qualquer umidade, ou seja, é necessário que o produto seja preparado e mantido em
seu estado seco para que a adição de água ocorra no momento de sua aplicação,
como é, por exemplo, o caso de algumas máscaras argilosas, secativas e outras, ou
ainda porque a função principal do produto seja a de absorver umidade, como o talco
e os produtos de maquilagem em pó (pó faciais, pó compacto, e blush), que além de
garantir colorido e textura também absorvem a oleosidade e a umidade excessiva na
pele.
As matérias-primas mais utilizadas para veículos em pó são o óxido de zinco, óxido
de titânio, carbonato de cálcio, silicato de alumínio etc.
Os princípios ativos adicionados deverão evidentemente ser produtos em pó, o que
limita bastante o uso de ativos para este tipo de cosmético.

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5) Veículos Vetoriais – Lipossomos, nanosfera, silanois


São estruturas capazes de carrear princípios ativos hidro e lipossolúveis até às
camadas mais profundas da epiderme, depositando o ativo diretamente na camada
basal e colocando-o à disposição do tecido.
A célula absorve o princípio ativo das mais variadas maneiras, que vai depender do
mecanismo de ação do vetor carreador, podendo ser: por osmose, por difusão, por
endocitose.
Os veículos vetoriais são preparados de forma a se obter a atividade específica e
desejada do produto final, garantindo assim a eficácia do princípio ativo agregado ao
vetor. Os principais veículos vetoriais são:
5.1) Lipossomos – São pequenas vesículas delimitadas por uma membrana
constituída por uma camada bimolecular de glicerofosfolipídios intercaladas por
compartimentos aquosos. São, portanto, estruturas muito próximas daquela da
membrana plasmática da célula, o que permite a dissolução dos lipossomos com a
membrana celular. Ao se dissolverem, os vetores liberam seu conteúdo diretamente
sobre a célula e será imediatamente absorvido por difusão ou endocitose.
Os lipossomos aceleram a eficácia e a permeação de ativos na epiderme. As
características específicas de cada lipossomo vai depender diretamente do princípio
ativo a ele encapsulado.
Devido à sua estrutura laminar e bimolecular, contendo camadas lipídias e
aquosas, podemos incluir princípios ativos lipófilos nas paredes dos lipossomos e
ativos hidrófilos no interior do lipossomos na cavidade central. Existem atualmente no
mercado cosmético vários tipos de lipossomos de acordo com o número de
compartimentos e com o tamanho. São eles:
- MLV – Lipossomos multilamelar, constituídos por várias paredes e
compartimentos concêntricos. Devido a essa estrutura, podem conter
vários ativos lipo e hidro solúveis.
- SUV – Lipossomos unilamilar, são pequenas vesículas contendo apenas
uma parede lipófila e um compartimento aquoso.
- LUV – Lipossomos unilaminar, são vesículas maiores que contêm uma só
parede lipófila e um compartimento aquoso. São, portanto, iguais ao
anterior diferindo apenas no tamanho.

Desvantagens dos lipossomos:


- Devido à dissolução que ocorre entre a membrana celular e o vetor, não
é possível a seletividade da célula.
- Tratando-se de estruturas ricas em lipídios oxidam-se com facilidade e
são, portanto, produtos bastante instáveis quimicamente.

Observação:
Para minimizar os problemas de oxidação e conseqüente deterioração dos produtos
lipossomados, a indústria cosmética desenvolveu lipossomos não iônicos, ou seja, as
paredes são constituídas de substâncias lipídicas apolares e não mais por
fosfolipídios. Esses lipossomos apresentam algumas vantagens sobre os demais:
- São quimicamente mais estáveis
- Apresentam similaridade com os lipídios do extrato córneo, o que facilita a
coesão do cimento celular formado pela queratina e conseqüentemente
promove a regeneração do epitélio.

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5.2) Nanosferas – São estruturas poliméricas inertes, capazes de armazenar


princípios ativos de natureza diversa que podem estar em seu interior dissolvidos,
dispersados ou encapsulados.
Devido à inércia química do polímero usado no preparo da nanosfera, seu conteúdo
é liberado lenta e gradativamente, de forma linear, na medida em que o vetor vai
sendo absorvido pelo tecido, proporcionando assim uma ação mais uniforme e
controlada. Com isso, temos que a objetividade do produto é diretamente relacionada
com o princípio ativo nanosferado, além da vantagem de podermos usar ativos
hidrofílicos ou lipofílicos, de acordo com o polímero selecionado pelo formulador ou
com a forma de nanosferar o ativo.
O princípio ativo dará então objetividade e potencialidade ao produto final. Assim
temos, por exemplo:

Vitamina E nanosferada (tocoferol);


Vitamina C Nanosferada (Fosfato de ascorbil Magnésio);
Nanosfera com Silanol e elastina;
Nanosfera com Silanol e vitaminas;
Etc.
As nanosferas podem ainda apresentar-se sob a forma de microcápsulas, cujo
conteúdo pode ser líquido ou sólido, mas encontram-se encapsulados no interior da
nanosfera. As vantegens desses produtos são:
- Mascaram odores desagradáveis dos ativos;
- Aumentam o prazo de validade do produto;
- Evita a mistura de substâncias incompatíveis entre si.
As nanosferas podem ser de diversos tamanhos. Quando micro são chamadas de
nanocápsulas. Neste caso, são capazes de migrar para dentro da célula, sendo
absorvidas por endocitose e liberam seus conteúdos dentro do citoplasma, o que lhes
garante maior eficácia.

5.3) Silício Orgânico / Silanois


O silício é um elemento de fundamental importância para o desenvolvimento do ser
humano, ele faz parte da estrutura molecular de várias substâncias protéicas que
formam os tecidos, sendo, dessa forma, elemento indispensável para o bom
funcionamento do organismo. Entretanto, a capacidade de assimilação do silício
diminui sensivelmente com a idade o que com certeza vem colaborar com o processo
de envelhecimento, uma vez que o silício é um dos maiores captadores de radicais
livres devido à sua afinidade química com o carbono, elemento principal na
constituição da matéria orgânica.
A indústria cosmética, aproveitando-se de uma forma bastante inteligente da grande
receptividade do silício pelo organismo, elaborou produtos que agregados ao
elemento silício tornam-se então cosméticos com grande capacidade de penetração
cutânea e absorção celular, fazendo do silício um vetor de grande potencial.
Esses produtos são conhecidos no mercado de cosmética e estética em geral como
“Silanois” e, doravante, assim o chamaremos para facilitar o nosso estudo.
Os silanois são então biocosméticos compostos por moléculas orgânicas que se
encontram combinadas com o silício.
Normatizam a bioatividade celular, reduzindo consideravelmente a oxidação e
conseqüentemente o processo de envelhecimento, melhorando e acelerando a
regeneração celular e o processo de hidratação.

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A atuação dos silanois está diretamente ligada ao princípio ativo a ele agregado.
Assim, poderemos ter: silanois hidratantes, calmantes, antiinflamatórios, silanois para
cabelos, de nutrição etc.
Os silanois podem se apresentar de diversas formas, por exemplo: soluções,
emulsões, lipossomos ou nanosferas.
Devido à sua atividade ampliada e diversificada, os silanois apresentam algumas
vantagens. São elas:

Atuam em várias frentes, como por exemplo: produtos para cabelos, pele,
tratamentos de celulite, gordura localizada, unhas etc;
Podem conter ativos específicos lipossomados ou nanosferados agregados ao
silanol;
São mais rapidamente absorvidos pelos tecidos constituintes do nosso
organismo;
Apresentam mais eficácia nos tratamentos onde é necessário maior
penetrabilidade, como é o caso do tecido conjuntivo/adiposo nos tratamentos de
celulite e gordura localizada.

PRINCÍPIOS ATIVOS

São substâncias químicas ou biológicas (sintéticas ou naturais) que possuem


atividade comprovadamente eficaz sobre a célula do tecido. Enquanto o veículo é
responsável pelo transporte, pela forma cosmética e finalmente por garantir a melhor
penetração na pele, o princípio ativo promove a ação específica sobre a célula que
pode ser de várias formas, por exemplo: de hidratação, nutrição, cicatrização,
revitalização etc.
Os princípios ativos juntamente com as formas veiculares precisam estar em perfeita
afinidade e estabilidade química a fim de garantir a eficácia e o sucesso do produto
final.
Para facilitar o estudo e a consulta dos Ativos cosméticos usados em cosmetologia,
abordaremos com detalhes os principais Princípios Ativos e Bioativos usados
atualmente, classificados de acordo com a especificidade de cada um.

-
1º) Princípios ativos para hidratação

A hidratação da pele ocorre de duas formas distintas:

À superfície da pele:
Por se tratar de um órgão externo, a pele é submetida a todos os tipos de agentes
agressivos. Dentre eles temos o sol, o vento, a baixa umidade relativa do ar etc,
fatores que acabam por retirar a água da camada córnea, comprometendo dessa
maneira a qualidade do manto hidrolipídico e conseqüentemente desidratando a pele.
Existem duas maneiras de hidratar a pele em sua superfície:
1ª - Impedindo a perda de água proveniente das secreções naturais - Oclusão
2ª - Molhando a pele, através de substâncias com propriedades hidroscópicas. –
Umectação

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Hidratação por oclusão

Processo que impede a desidratação através de substâncias que proporcionam um


tamponamento pela formação de um filme protetor à superfície da pele. As
substâncias mais indicadas para este fim são as emulsões cremosas à base de óleos
vegetais e animais, pois além de proporcionarem uma leve oclusão, reduzindo a
perda de água, também possuem propriedades emolientes dando à pele maciez e
textura aveludada. Os mais usuais em cosmetologia são:
- Óleo de amêndoas;
- Óleo de semente de uva;
- Óleo de jojoba;
- Óleo de macadâmia;
- Óleo de tartaruga;
- Lanolina;
- Ceras animais ou vegetais
- Óleos de silicone
- Vaselina
- Óleo de parafina
- Etc.

Hidratação por umectação

Outra forma de hidratar a pele é com o uso de agentes molhantes, ou seja,


substâncias que por possuírem propriedade de hidroscopia são capazes de manter a
superfície de contato úmida. Por isso, são chamados de agentes umectantes.
Os melhores agentes de umectação são os polialcoois, dentre outros. As
formulações cosméticas destinadas a promover hidratação geralmente contêm
matérias-primas capazes de formar um filme oclusivo e substâncias umectantes que
vão promover a hidratação da pele assegurando mais umidade local.
Os agentes umectantes também asseguram a capacidade hidratante do produto,
uma vez que as emulsões cosméticas contêm água em sua composição e faz-se
necessário que essa água permaneça no produto até o final do consumo para que
não ocorra a formação de crostas e torne o cosmético de aparência desagradável.
Logo, os umectantes são substâncias que vão garantir também a retenção de água
na massa cremosa.
Os umectantes mais usuais em cosmetologia são:
- Glicerol ou glicerina
- Propilenoglicol
- Sorbitol
- Etilenoglicol
- D-pantenol

Observação :
É de relevante importância incluir aqui o Colágeno,
que por possuir uma cadeia molecular rica em radicais prolina e hidroxiprolina é um
excelente agente de hidratação por umectação. Age na superfície da pele, pois sua
estrutura macromolecular (360000 uma) impede a sua absorção pelo tecido epitelial.

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Hidratação por mecanismo intracelular

A hidratação por mecanismo intracelular é obtida através de princípios ativos que, em


ação conjunta com os umectantes e as substâncias que garantam a qualidade da
fase lipídica, vão promover a reidratação da pele proporcionando as condições
necessárias para a recuperação das suas propriedades naturais.
Os ativos de hidratação são veiculados de forma a se obter a máxima penetração no
tecido epitelial para que atuem ainda sobre a camada basal, repondo os nutrientes
necessários à saúde da célula e mantendo em equilíbrio os componentes do NMF (
fator natural de hidratação). As substâncias do fator natural de hidratação (NMF) são
formados naturalmente a partir da camada granular durante o processo de
queratinização. Trata-se da decomposição da proteína fibrila em seus aminoácidos,
que por sua vez se decompõem em outras substâncias hidrosolúveis, tais como:
Ácido pirrolidona carboxílico (PCA), uréia, acido hialurônico etc. Este grupo de
substâncias associadas, formam o NMF que, solubilizado na parte aquosa do manto
hidrolipídico e juntamente com a parte lipídica, promove proteção e hidratação à
pele. É necessário, entretanto, que se preserve a quantidade e a qualidade desses
componentes através dos princípios ativos de hidratação que atuam diretamente na
camada germinativa.
As substâncias mais utilizadas para hidratação intracelular são:
- Uréia
- PCA-Na
- Ácido Hialurônico
- Ácido Lático

Resumindo, temos que:


O mecanismo de hidratação da pele ocorre através da retenção de água e da
manutenção do Fator Natural de Hidratação.

- A retenção de água acontece de duas maneiras:


1ª - pela formação de um filme oclusivo que impede a perda de água;
2ª - substâncias com alto grau de higroscopia que mantêm a umidade da pele;

- Manutenção do Fator Natural de Hidratação:


Mecanismo intracelular com ativos que melhoram as condições naturais da pele
através da nutrição celular.

Conclusão:

Não se pode falar em hidratação com procedimentos isolados, ou seja, é necessário


sempre que se considere os três aspectos relevantes para este fim, quais sejam:
o Impedir a perda de água – filme protetor por oclusão
o Manter a umidade da pele – agentes umectantes
o Manter a alimentação celular – ativo hidratante intracelular

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Abaixo, os principais ativos hidratantes (naturais e sintéticos) que atuam na


superfície da pele e por absorção.

Hidratantes (naturais e sintéticos)

- Ácido glicólico
- Ácido hialurônico
- Ácido lático
- Ceramidas
- Colágeno
- d-pantenol
- Elastina
- Lactato de amônio
- PCA-Na
- Palmitato de isopropila
- Pentaglycan
- Propilenoglicol
- Reticulina
- Sorbitol
- Sulfato de condroitina (NMF)
- Vitamina A
- Vitamina E

Bioativos e Fitoativos Hidratantes

- Abacate
- Alface
- Algas marinhas
- Aloe Vera
- Aminoácidos da seda
- Arnica
- Babosa
- Bioflavonoides
- Camomila
- Cenoura
- Confrey
- Erva doce
- Germem de trigo
- Ginseng
- Jasmim
- Manteiga de Karitê
- Mel
- Sândalo
- Óleo de jojoba
- Óleo de macadâmia
- Óleo de amêndoa
- Óleo de semente de uva
- Óleo de semente de cereja
- Óleo de abricó
- Óleo de borage

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2º) Princípios ativos antiinflamatórios e cicatrizantes

Químicos

- Alfa-bisabolol
- Alantoína
- Azuleno
- Colamina (mistura de óxidos de zinco e ferro com carbonato de
zinco)
- Enxofre
- Óxido de zinco
- Peróxido de benzoíla

Bioativos

- Álcool de cereais
- Agrião
- Aloe-vera
- Arnica
- Alecrim
- Argila
- Babosa
- Calêndula
- Camomila
- Centella Asiática
- Camomila
- Confrey (alantoína)
- Erva-cidreira
- Extrato de sete ervas ( camomila, alecrim, arnica, castanha da índia,
confrey, jaborandi e quina)
- Ginko biloba
- Hortelã
- Hamamelis
- Hera
- Limão
- Malva
- Própolis
- Sálvia
- Sândalo
- Soja
- Tília

3º) Princípios ativos calmantes

Químicos
- Alfa-bisabolol (0,5% a 2%)
- Àcido glicirrígico (0,1% a 2%)
- Azuleno (0,005% a 0,05%)

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Bioativos
- Água de rosas (maceração das pétalas)
- Alface (extrato)
- Arnica (extrato)
- Aloe Vera
- Bardana (extrato)
- Calêndula (extrato das folhas)
- Cânfora (
- Camomila (extrato)
- Erva cidreira
- Erva doce
- Pêssego (extrato)
- Pepino (extrato)

4º) Princípios ativos anti-sépticos


Químicos
- Ácido bórico
- Clorexidine (0,5% a 5%)
- Cloridroxi de alantoinato de alumínio (0,1% a 1%)
- Cloridrato de alumínio (antiperspirante)
- Cloreto de alumínio (antiperspirante)
- Cloridroxido de alumínio (antiperspirante)
- Borato de sódio – Bórax (antiperspirante)
- Sulfato de alumínio (antiperspirante)
Bioativos
- Abacaxi
- Água de rosas
- Alecrim
- Argila
- Beijoim
- Beta-hidroxi-ácido (salgueiro)
- Cânfora
- Erva doce
- Hortelã
- Mel
- Óleo de alecrim
- Própolis
- Sálvia
- Sândalo
- Tília

5º) Princípios ativos para cabelos


Quimicos
- Cetoconazol (anticaspa)
- Cisteína (queda e anticaspa)
- Cloreto de cetil trimetil amônio (maciez)
- D-pantenol (hidratação)
- Elastina (nutrição)
- Enxofre (oleosidade)
- Octopirox (anticaspa e anti-seborreia)
- Piritionato de zinco (anticaspa)

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Bioativos
- Algas marinhas (brilho e volume)
- Amêndoas (cabelos secos)
- Argila (cabelos oleosos)
- Aveia (revitalizante)
- Babosa (antiqueda e hidratante)
- Hamamelis (cabelos oleosos)
- Henna (pigmentante)
- Jaborandi (antiqueda)
- Jaborandi (cabelos secos e sensíveis)
- Jojoba (brilho e maciez)
- Lecitina de soja (brilho e volume)
- Macadâmia (brilho e volume)
- Óleo de abacate (regenerador capilar)
- Óleo de cade (antioleosidade)
- Óleo de cereja (cabelos ressecados)
- Óleo de damasco (brilho e maciez)
- Óleo de gérmen de trigo ((brilho e maciez)
- Óleo de pêssego (brilho e maciez)
- Óleo de semente de uva (brilho e maciez)
- Quilaia (antiqueda)
- Rosas (revitalizante para cabelos danificados)
- Seda (brilho e maciez)
- Silicone (proteção com formação de filme)
- Tília (fortalecimento)
- Urtiga (anti-seborréia)

6º) Princípios ativos para revitalização e nutrição


A revitalização cutânea depende fundamentalmente da hidratação e da nutrição do
tecido.
A pele é um indicativo externo e fiel de tudo o que acontece no nosso organismo e,
portanto, qualquer alteração interna manifestar-se-á externamente por ela, quer seja
pela aparência, coloração, descamação, manchas, inchamento etc.
Fatores importantes, tais como hábitos de alimentação saudáveis, fazer exercícios
diariamente, a ingestão de bastante água, proteção ao sol com o uso de filtros
solares, evitar o estresse e a fadiga mental , manter um bom equilíbrio entre trabalho
e lazer, entre outros, contribuem para a melhoria da qualidade de nossa pele.
A cosmetologia coloca à disposição do mercado de estética cosméticos com ativos
de nutrição com a finalidade de repor vitaminas e nutrientes perdidos e que são
essenciais à saúde da pele. São eles: as vitaminas, proteínas e oligoelementos.

6.1) Vitaminas
As vitaminas são substâncias orgânicas não produzidas no organismo em
quantidades suficientes para suprir as necessidades e que agem em pequenas
dosagens.
São importantes catalisadores (substâncias que aceleram ou retardam reações
químicas sem tomar parte da reação) orgânicos das reações biológicas. Daí o fato de
não serem utilizadas nem como substâncias estruturais nem como substâncias
energéticas. Sua presença no entanto, é absolutamente necessária para o perfeito
funcionamento do organismo.

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As vitaminas podem ser classificadas em:

Vitaminas Hidrossolúveis - Vitaminas do complexo B, C e P

Vitamina B1 (Tiamina) – A carência desta vitamina leva a cabelos


enfraquecidos e problemas de pigmentação;
Vitamina B2 (Riboflavina) – Acelera o brozeamento
Vitamina B6 (Pirodoxina) – Promove estabilidade às moléculas do
colágeno e da elastina;
Vitamina B5 (Ac. Pantotênico) – Fortalece os cabelos
Vitamina P (Heterosídeos associados a flavonoides) – aumenta a
resistência dos vasos sanguíneos, anti envelhecimento;
Vitamina PP (Ac. Nicotínico associado a Nicotinamida) - Reduz a
aspereza da pele;
Vitamina C – (Ac. Ascórbico) – Anti radicais livres, antioxidante

o Observações importantes:
o Para tornar o ácido ascórbico lipossolúvel ele é convertido ao seu derivado,
como por exemplo o palmitato de ascorbila ou oleato de ascorbila ou ainda
fosfato de ascorbil magnésio;
o A vitamina H (biotina) é encontrada nas carnes vermelhas, cereais, fígado e
na geléia real é excelente agente ativo para controle de oleosidade, é
amplamente utilizada em cosmetologia associada a vitamina B6, obtendo-se
dessa forma um tratamento completo para pele e cabelos.

Vitaminas Lipossolúveis – Vitaminas A, D, E, F, H e K

Vitamina A – origem animal principalmente nos óleos de peixes. Os vegetais e


frutas não contêm vitamina A e sim carotenos que são seus predecessores. O
uso da vitamina A em cosmetologia é regulamentado por lei, pois em
quantidades abusivas altera o metabolismo da pele.

Vitamina E (tocoferol) – encontrada no óleo de milho, de soja e de germem de


trigo. Descongestiona a pele, ação antioxidante, excelente agente anti radicais
livres, umectante.

Vitamina F – encontrada nos óleos vegetais, linho, germem de milho, soja etc,
trata-se de uma mistura de ácidos graxos com propriedades emolientes e
hidratantes.

Vitamina H (Biotina) – encontrada na gema de ovo, levedura de cerveja,


polem, geléia real. Regulador da oleosidade da pele e dos cabelos, ideal para
tratamento de peles oleosas e acneica. Muito utilizada em associação com a
vitamina B6.

Vitamina K – Descoberta recente da cosmetologia, seu uso ainda é discutido. É


sabido que a ação da vitamina K é muito utilizada no combate as olheiras e
como agente potencializador de outras vitaminas. A carência desta vitamina no
organismo leva ao surgimento de manchas arroxeadas na pele.

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Vitamina D – Responsável pela assimilação de cálcio e fósforo. O sol


transforma a pró vitamina D da pele em vitamina D.

6.2 ) Proteínas – colágeno e elastina

Colágeno – Proteína polimérica fibrilar formada por centenas de aminoácidos,


com estrutura em cadeia bem organizada. As fibras de colágeno apresentam-se
quase que completamente inelásitcas, ainda que flexíveis.
Os aminoácidos se ligam por processo de polimerização para formar a macro
cadeia da fibra colagênica. Os aminoácidos da molécula de colágeno são em sua
maioria hidroxilados, como a glicina, hidroxiprolina e a prolina, o que em princípio
explica a grande capacidade de hidratação do colágeno.
O colágeno é sintetizado pelos fibroblastos em toda parte onde houver tecido
conjuntivo. Os fibroblastos o fazem espontaneamente a partir de estímulos físicos,
químicos ou biológicos, atendendo as necessidades do nosso organismo.
Os produtos cosméticos que consomem colágeno tem por objetivo principal a
hidratação da pele.

Elastina – Proteína estrutural fibrilar, assim como o colágeno. No entanto, a


molécula de elastina é composta por monômeros que se distribuem ao acaso
sem nenhuma organização estrutural. Logo, não existe na elastina a
regularidade e constância estrutural que é conferida ao colágeno. Duas fibras se
ligam indistintamente, sem critérios de direção e sentido. Porém se precisam
atender às necessidades específicas de um determinado órgão, são capazes de
agruparem-se em um só sentido de forma unidirecional e compacta, como
acontece nos ligamentos da coluna vertebral.
A composição química da elastina é bastante semelhante a do colágeno no
aspecto qualitativo. Diferencia-se bastante, entretanto, no aspecto qualitativo. A
elastina ao contrário do colágeno apresenta em sua estrutura baixas quantidades
de aminoácidos hidroxilados (glicina, prolina e hidroxiprolina). No mais a elastina e
colágeno são proteínas bastante semelhantes.
A presença de elastina em determinado tecido lhe confere plasticidade e
elasticidade. Assim sendo, essas proteínas fibrilares permitirão que forças aplicadas
sobre um tecido sejam devolvidas sem que ocorra depressão ou afundamento. Algo
bastante parecido ocorre no processo de gravidez, quando a pele abdominal é
submetida a um processo de extrema distensão que cede quase que
instantaneamente após o parto. Quando as fibras elásticas não conseguem
absorver essa distensão, resulta no surgimento das estrias.
Os cosméticos que utilizam elastina como princípio ativo têm como finalidade a
hidratação da pele da mesma forma que o colágeno.

6.2) Oligoelementos

São substâncias que temos em mínimas quantidades no organismo, entretanto


desempenham importante papel na vida orgânica do ser humano, além de sensível
melhora na pele, atenuando até mesmo as marcas do tempo.
Os oligoelementos eliminam o excesso de radicais livre e atuam como catalisadores
de reações químicas diversas, combatem o estresse e ativam o sistema de defesa do
organismo.

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Principais oligoelementos em cosmetologia:

Zinco – Aumenta a imunidade, muito útil no tratamento da calvície e da acne.


Amplamente utilizado em formulações para xampus anticaspa e produtos faciais
para acne.
Selênio – Ajuda a eliminar metais pesados, muito útil no combate a caspa e
outras dermatites. Elemento essencial na formação de enzimas que impedem a
oxidação das lipoproteínas.
Silício – De grande importância para a pele, ossos, unhas e tecido conjuntivo de
um modo geral, elemento de grande aceitação pelo organismo devido a sua
afinidade com o carbono, é um poderoso agente anti radicais livres.
Cobre – Anticancerígeno, estimula a imunidade. É elemento essencial para a
absorção da vitamina C.
Magnésio – Atua no metabolismo e atividade celular, ação desintoxicante e
revigorante.
Manganês – Ação desintoxicante, estimula a atividade celular.

ADITIVOS

Os aditivos usados nas formulações cosméticas podem ser classificados em três


tipos fundamentais. São eles: perfumes, corantes e conservantes.

Perfumes – A finalidade do uso de perfumes nas formulações cosméticas


não é apenas para cobrir odores desagradáveis das bases cosméticas, pois
não raro os perfumes atuam como anti-sépticos e preservantes garantindo as
características e estabilidade química do produto.
Nem sempre os odores dos componentes químicos são agradáveis e, em alguns
casos, difíceis de serem mascarados pelo perfume. Para odores muito fortes,
recomenda-se essência de rosas, florais ou de lavanda. Quando o produto exige
maior ação bactericida e anti-séptica, a opção melhor é pelas essências cítricas,
como por exemplo, bergamota e laranja. Além das essências mencionadas acima,
temos também:
Extraído das flores:
- Essência de jasmim
- Essência de lavanda
- Essência de rosas
Extraído das folhas:
- hortelã
- eucalipto
Extraído da madeira
- Cedro
- Sândalo
Extraído das frutas:
- Limão
- Laranja
De origem animal:
- Amílscar
- Âmbar

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Corantes – A coloração dos cremes deve ser discreta, pálida, com cores
compatíveis com tonalidade da pele. Para tanto se faz necessário colorir
os cremes com substâncias corantes que vão proporcionar tons
agradáveis e sugestivos ao consumo, além de cobrir as cores indefinidas
com que os produtos saem dos laboratórios de preparação.
O corante deve, na medida do possível, ser hidrossolúvel e inalterável tanto em meio
ácido como no meio alcalino. Podem ser de diversas origens (naturais vegetais ou
animais, minerais e sintéticos). Os mais usuais são os corantes sintéticos e
geralmente são substâncias orgânicas com cadeias aromáticas.
Os pigmentos mais utilizados são:

De origem natural/vegetal:
- Carvão vegetal – preto
- Urucum – amarelo
- Henna – castanho avermelhado
- Orcinol – vermelho violeta
- Caroteno – alaranjado
- Cúrcuma – amarelo

De origem natural/animal
- Nácar – peixes -
- Ácido carmínico – extraído do pulgão - vermelho intenso

De origem mineral
- óxido de Ferro – amarelo, marrom-avermelhado, marrom
- argilas – fornecem diversas tonalidades dependendo da sua
origem

Corantes sintéticos
- Verde malaquita – verde

Corantes com efeito de brilho/cintilância


- cristais de mica – efeito perolado
- oxicloreto de bismuto – brilho
- alumínio pulverizado – brilho metálico

Conservantes
Os cremes emulsionados do tipo O/A sofrem mais ataques por fungos e bactérias
devido à presença de água na fase externa que está em contato com o ar atmosférico
na superfície da emulsão.
As bactérias podem proliferar em condições anaeróbicas. Os conservantes podem
ser classificados em diferentes grupos, assim temos:
Antioxidantes, fungicidas e anti-sépticos.
Os agentes conservantes mais comumente utilizados são:

Parabenos:
- p-hidroxibenzoato de metila/Nipagin;
- P-hidroxibenzioato de propila/Nipazol;
- p-hidroxibenzoato de etila;
- p- hidroxibenzoato de butila;

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Outros grupos:

- Imidazolinidil;
- Uréia;
- Compostos quaternários de carbono;
- Vitamina E (tocoferol);
- Ácido salicílico;
- Álcool etílico (somente em concentração superior a 20%)
- Óleo essencial de lavanda (funcionam também como perfumes);
- Óleo essencial de tomilho;
- Ácido benzóico;
- Ácido gálico;
- Fenoxietanol
- Álcool Benzílico
- Izotiazolonas

Observações: Devido à sua relevância daremos destaque aos antioxidantes:

Antioxidantes – Os sistemas aquosos sofrem constantes processos de


deterioração por ação de bactérias ou fungos. Além disso, podem sofrer
oxidação por ação do oxigênio do ar, que é catalisado por ação da luz, de
metais ou do calor. É bastante comum ocorrer a oxidação dos componentes
oleosos dos cremes, principalmente porque as substâncias gordurosas são as
mais fáceis de oxidar devido à presença da cadeia insaturada dos ácidos
graxos.
As reações de oxidação desses sistemas ocorrem em cadeia, ou seja, uma vez
iniciada não cessa, até que esteja totalmente terminada. A este processo dá-se o
nome de auto-oxidação.
Antioxidantes são substâncias capazes de inibir esse processo, capturando
rapidamente os radicais livres formados nas cadeias insaturadas desativando-os,
impedindo assim a ligação química com o oxigênio do ar, e dessa maneira
interrompendo o processo de auto-oxidação.
As substâncias em seu estado oxidado constituem um meio extremamente favorável
ao desenvolvimento de colônias bacterianas, daí a importância de se manter o
produto inócuo não somente quanto a higiene mas também quanto à oxidação. Para
isso, é de relevada importância a adição de substâncias antioxidantes. É muito
comum nas formulações cosméticas a adição de agentes antioxidantes, além dos
conservantes.
Os principais antioxidantes utilizados são:

Natural
- Vitamina E

Fenólicos
- NDGA (resina da Guaiaca)
- Trocofenois
- Galatos
- BHA – Butil hidroxi anisol
- BHT – Butil hidroxi tolueno

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Não Fenólicos
- Ácido Ascórbico
- Palmitato de Ascorbila
- Ésteres de ascorbila

Observações:

1ª) As formas combinadas da vitamina C (ácido ascórbico), como por exemplo o


palmitato de ascorbila e ésteres de ascorbila são antioxidantes e ativos importantes
no combate ao envelhecimento;
2ª) A vitamina E cumpre importante papel em cosmetologia, pois além de
antioxidante participa ativamente na regeneração dos epitélios, protege a pele dos
raios ultra violeta e estimula a oxigenação celular, sendo amplamente utilizada no
preparo de filtros solares.

• ALFA-HIDROXI-ÁCIDOS

Os Alfa-Hidroxi-Ácidos são ácidos naturais, orgânicos que contém em sua estrutura


molecular o grupamento OH no primeiro átomo de carbono adjacente ao carbono do
grupamento carboxílico, chamado assim de carbono “Alfa”. O ácido glicólico apresenta
o menor peso molecular, o que, em princípio, explica a maior facilidade de penetração
deste ácido com relação aos demais.

Figura 1 – Principais alfa-hidroxi-ácidos usados em cosmetologia

Glicólico Lático Málico Tartárico Cítrico

CH2OH CH3 COOH COOH CHOH

COOH CHOH CH2 CHOH CH2

COOH CHOH CHOH HO-C-COOH

COOH COOH CH2

COOH

Como os Alfa-hidroxi-ácidos atuam sobre a pele?

Médicos dermatologistas constataram que o extrato córneo sofre aumento de sua


espessura e sucessivas descamações. Dessa forma, então, surgiu a idéia de
promover a descamação da pele com agentes externos de forma a acelerar o
processo natural de troca celular.

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Os agentes queratolíticos mais comumente utilizados são os ácidos das frutas e


especialmente o ácido glicólico, bem apropriado ao nosso clima, além de possuir
uma cadeia molecular curta, sendo facilmente absorvido pelo epitélio.
São também amplamente utilizados o ácido retinoico e os salicilatos, sendo estes,
entretanto, da competência médica.
Os ácidos diminuem a coesão entre as células, atuando e promovendo emoliência
sobre as enzimas “cimentantes” do extrato córneo, facilitando e acelerando a
renovação celular.
Vale ressaltar que durante o processo de ação queratolítica ocorre estímulo do
fibroblasto com conseqüente aumento da produção de colágeno e elastina que são
enviados imediatamente para o local onde ocorre a descamação acelerada.
Os Alfa-Hidroxi-Ácidos apresentam um grupamento hidrofílico (OH) e com isso
exercem grande capacidade de umectância aumentando sensivelmente a retenção
de água no extrato córneo e conseqüentemente hidratando a pele.
Os resultados da terapia com ácidos é rapidamente percebida e mostra-nos:

- Aumento da hidratação;
- Aumento do colágeno dando à pele mais resistência e
flexibilidade;
- Redução das rugas;
- Pele adelgaçada;
- Redução de cloasmas solares superficiais;
- Desobstrução dos folículos pilo-sebáceos;

Entendendo a Acidez e o pH

Para que se compreenda a atuação de um ácido sobre a pele é importante que


façamos um estudo para entender como os ácidos reagem quimicamente.

A energia de reação de um ácido depende fundamentalmente do pH (potencial de


hidrogênio) desta substância. A ação de um ácido será mais intensa quanto mais ácido
for o produto e maior será o seu efeito.

É necessário noções sobre conceitos básicos, tais como, medida de pH, acidez e
tamponamento.

A escala de pH é o instrumento de medida utilizada para se conhecer a acidez de um


produto. A faixa de pH compreendida entre 0 e 7 exprime acidez, enquanto que entre 7
e 14 exprime a alcalinidade, sendo neutro o pH = 7.

Concentração de íons H+

Meio ácido Meio alcalino


0 7 14

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A pele possui pH ligeiramente ácido (aproximadamente 5,5), o que garante ao extrato


córneo proteção contra agentes bacterianos e outros invasores.
Às vezes faz-se necessário controlar a ação de um ácido, ou seja, fazer com que o
ácido tenha uma reação mais lenta e menos agressiva. Para isso é necessário recorrer
ao tamponamento, que em outras palavras quer dizer: Reduzir o ataque ácido e diz-se
por exemplo que o ácido foi tamponado ao pH 4.
Uma substância ácida ao reagir quimicamente com um álcali (base ou hidróxido) dá
origem à formação de um sal. Esta reação é chamada de salificação ou de
neutralização, ou seja, o hidróxido ou álcali neutraliza o ácido formando o sal
correspondente.
O tamponamento de um ácido é feito de forma semelhante sem contudo ocorrer a
neutralização total, ou seja, utilizam-se quantidades previamente calculadas para que
uma determinada quantidade de ácido seja consumida e neutralizada reduzindo desta
maneira a disponibilidade de íons Hidrogênios ácidos e assim sendo o pH da solução
ácida aumenta, significando que ocorreu tamponamento a um determinado valor de pH.

Ácidos diferentes – Efeitos diferenciados


Vários trabalhos experimentais mostram que os ácidos, comparados a um mesmo valor
de pH, apresentam crescente renovação celular em função do aumento da
concentração, variando entretanto o grau de irritação da pele.
Foi avaliada em voluntários a irritação da pele provocada por diferentes ácidos em
variadas concentrações e pH. Os resultados mostraram que existe uma forte relação
entre estimulação e irritação.

Relação entre renovação celular, irritação e pH

Ácido pH Renovação Celular Irritação da pele


Lático 4% 3 35 2,8
“ 5 24 2,1
“ 7 13 1,2
Glicólico 4% 3 34 2,9
“ 5 23 2,1
“ 7 10 1,1
Salicílico 4% 3 42 3,0
“ 5 28 2,3
“ 7 12 1,2
TCA 0,5% 3 54 5,0
“ 5 40 4,5
“ 7 14 1,7
Acético 3% 3 31 3,0
“ 5 21 2,1
“ 7 12 1,3
Cítrico 3 18 2,3
“ 5 14 2,1
“ 7 08 1,1

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Da tabela acima observa-se que:

A renovação celular chega a um máximo sob o pH 3;


O aumento de pH faz a renovação celular diminuir;
Acima de pH 6 a estimulação celular é muito baixa.

Efeitos da terapia com alfa-hidroxi-ácidos sobre a pele

O tratamento ácido altera o pH fisiológico da pele;


A alteração do pH cutâneo leva a ruptura das ligações de queratina,
desencadeando o processo de esfoliação;
Aumenta a síntese do metabolismo basal;
A longo prazo, entretanto, a pele entra em acomodação e não responde mais ao
tratamento ácido e dessa maneira a renovação celular diminui;
A longo prazo aumenta o efeito cosmético dos ácidos sobre a pele, melhorando
a hidratação e a plasticidade.
Trabalhos experimentais com tratamentos ácidos mostram que o potencial de
renovação celular se reduz sensivelmente a médio e longo prazo. A tabela abaixo
mostra as mudanças do tratamento contínuo com diferentes ácidos, sob o pH 3 e
concentração constante.

Velocidade da renovação celular

Ácido inicial 10 semanas 20 semanas

Lático 3% 28,6 17,3 10,3


Glicólico 3% 29,3 16,8 11,6
Salicílico 3% 33,2 26,7 17,2

Benefícios a longo prazo do tratamento com alfa-hidroxi-ácidos

Tempo percorrido

Benefício (%) 2 semanas 4 semanas 8 semanas 12 semanas 26 semanas

Ren. Celular - - - 16,7 12,5


Hidratação 35 32 41 29 33
Plasticidade 17 22 27 24 32
Rugosidade 14 22 23 33 41
Espessura 02 01 03 05 08

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Considerações finais sobre a terapia com Alfa-Hidroxi-Ácidos

Dos resultados apresentados neste trabalho, dois fatos são fundamentais para que seja
definida uma seqüência de tratamento de pele por esteticistas:

A renovação celular e a irritação da pele são maiores em condições de pH mais


baixos, ou seja, mais ácidos;
O tamponamento natural e a acomodação da pele ocorrem com o uso
continuado, havendo, entretanto, um crescente benefício cosmético;
Considerando-se os fatores acima, acredita-se que um tratamento eficaz com
alfa-hidroxi-ácidos deva alternar usos em baixas (uso domiciliar) e alta ( em
cabine) concentrações.

UTILIZAÇÃO PRÁTICA DOS COSMÉTICOS

Os tratamentos da pele e dos cabelos requerem além de conhecimento da ciência


cosmetologia também bom senso na aplicação prática desses estudos. Não podemos,
por exemplo, usar indiscriminadamente tudo o que previamente reconhecemos como
de excelente resultado, mas antes de tudo temos que analisar cada situação, classificar
o tipo de pele ou cabelo, reconhecer as patologias e objetivar resultados.
Os procedimentos estéticos devem sempre ser criteriosos e específicos, considerando-
se os seguintes aspectos relevantes:

Na escolha do cosmético ideal deve-se sempre levar em conta a idade e as


condições da pele;
Os tratamentos domiciliares são de fundamental importância e devem
complementar o protocolo em cabine, além de manter a pele preparada para a
sessão seguinte;
Os cosméticos não devem irritar a pele e devem preferencialmente ser inodoros;
Os produtos indicados para limpeza devem conter em suas formulações grande
quantidade de substâncias emolientes;
As loções tônicas são produtos que agem na superfície da pele, promovem
vasoconstrição e ajustam o pH fisiológico e não devem conter álcool, sendo
indicadas para finalização de tratamentos;
As máscaras devem possuir secagem lenta, a fim de possibilitar a absorção dos
ativos por difusão;
Os esfoliantes devem promover a esfoliação da pele de uma forma lenta e
gradativa, sem contudo causar irritação;
Os tratamentos com ácidos devem sempre ser efetuados com concentrações
gradativas, mantendo-se sempre o controle de tempo a cada aumento de
concentração ácida;
Intercalar tratamentos ácidos com hidratação e nutrição, dessa maneira evita-se
o risco de condicionamento da pele proporcionando resultados mais
satisfatórios.

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Aplicação prática da cosmetologia

Produtos para higiene

1) Cremes e loções cremosas para limpeza – São formulações emulsionadas


que agem na superfície da pele. Esses cosméticos devem ser ricos em
substâncias emolientes que proporcionam a dissolução do manto
hidrolipídico e arrastam as impurezas nele contidas. São aplicados com
algodão ou esponja apropriada e retirados imediatamente com água.
2) Sabonetes e detergentes – A água é um importante agente de limpeza,
sendo entretanto ineficaz para higiene da pele, uma vez que esta é rica em
agentes oleosos e sabemos que a água e o óleo são substâncias imiscíveis.
Os sabonetes e detergentes são formulações especialmente preparadas,
contendo substâncias graxas e ativos específicos, que funcionam
emulsionando as gorduras da pele que serão posteriormente arrastadas pela
água.
3) Loções de limpeza – Esses cosméticos podem conter emolientes suaves,
detergentes e ainda agentes de umectação, como por exemplo
propilenoglicol, glicerol etc.
4) Loções tônicas – São produtos destinados a finalizar a higiene da pele,
promovendo o fechamento dos poros e o ajuste do pH cutâneo, uma vez
que os detergentes e sabonetes são na maioria das vezes produtos
alcalinos. As loções não são indicadas após a limpeza, quando esta está
sendo realizada em cabine, pois não é interessante que se faça
vasoconstrição quando ainda se tem um protocolo a seguir. São, entretanto,
recomendadas após a limpeza para uso domiciliar. As loções são
preparadas com ativos específicos para a sua finalidade podendo ainda
conter álcool ou propilenoglicol. Podemos classificar a loções da seguinte
maneira:
Loções tônicas adstringentes – alcoólicas com ativos adstringentes;
Loções tônicas calmantes – camomila, calêndula etc;
Loções cicatrizantes – calamina, enxofre etc;
Loções hidratantes – propilenoglicol, colágeno, hidroviton etc;
etc
Observação : Vale ressaltar que as loções tônicas aditivadas promovem a
finalização da higiene, além dos efeitos do ativo correspondente, sendo entretanto
sua capacidade de ação limitada à superfície da pele quando aplicadas
simplesmente sem o uso da corrente galvânica (iontoforese), o que neste caso
conhecendo a polaridade poderemos garantir alguma penetração do produto.

Produtos para Nutrição e Hidratação da pele

O mecanismo de hidratação da pele ocorre de duas maneiras relevantes e não


isoladas. Assim temos:

1) Hidratação na superfície da pele:

A pele para se manter hidratada é necessário que preservemos o manto


hidrolipídico, uma vez que este se encontra sempre sujeito a todas as agressões do

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meio ambiente, ou seja: ar muito seco, vento, sol, poeira etc. Desta forma é
necessário que façamos uma barreira protetora que impeça a perda de água e dos
nutrientes do extrato córneo, impedindo assim o ressecamento da pele e o
envelhecimento precoce.
Assim, temos duas maneiras de hidratação de superfície. São elas:

Pela formação de um filme oclusivo – Essa hidratação é feita


principalmente pelos óleos vegetais e animais, como por exemplo:
- Óleo de amêndoas;
- Óleo de jojoba;
- Óleo de tartaruga;
- Óleo de semente de uva;
- etc

Umectação – Ação de substâncias higroscópicas que agem umectando


(molhando) a superfície da pele. Os produtos mais indicados para esta
finalidade são:
- Derivados da lanolina;
- Propilenoglicol;
- Glicerol ou glicerina
- Sorbitol;
- Etilenoglicol;
- D-Pantenol;
- Etc

2) Hidratação por mecanismo celular

Diferente do mecanismo supeficial, a hidratação celular vai agir diretamente sobre a


camada germinativa nutrindo a célula que posteriormente, durante o processo de
queratinização iniciado no epitélio, vai gerar o NMF (Fator Natural de Hidratação).

O Fator Natural de Hidratação ou simplesmente NMF é formado a partir do


processo de queratinização ou de maturação celular. Ao atingir camada granular,
ocorre a formação de uma proteína chamada filagrina, proteína que se decompõe
gerando substâncias que dão resistência à queratina. Entretanto, além dessas, a
decomposição da filagrina vai formar um outro conjunto de substâncias que vão se
juntar ao manto hidrolipídico no extrato córneo. Esses substratos formados
secundariamente são em seu conjunto: mistura de aminoácidos, pentaglycans,
uréia, ácido pirrolidone carboxílico (PCA), ácido hialurônico etc.
A esse conjunto de substâncias dá-se o nome de NMF, pois formam, quando
associados ao óleo do sebo cutâneo e à água, verdadeiros cosméticos
emulsionados, naturais e hidratantes.
A cosmetologia atua no sentido de melhorar qualitativa e quantitativamente o NMF,
procurando agentes de nutrição e hidratação capazes de aumentar a concentração
desses nutrientes celulares.

Logo, a hidratação celular procura atingir a célula na camada basal com ativos
capazes de melhorar a qualidade e aumentar a concentração das substâncias
constituintes do NMF.

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Os ativos mais indicados são:

- Uréia
- PCA-Na
- Ácido Hialurônico

Peelings

Os peelings são procedimentos realizados com a finalidade de promover renovação


celular e de se obter um refinamento da pele, com atenuação das rugas superficiais,
remoção de comedões, redução de discromias etc.

Os peelings podem ser classificados em:

o Peeling físico
o Peeling químico
o Peeling biológico
o Peeling vegetal

1) Peeling Físico – Processo mecânico de arraste das células mortas através de


substâncias abrasivas que podem estar veiculadas em cremes, gel, gel-creme
ou até mesmo em loções. A aplicação consiste simplesmente em submeter a
pele ao esfregaço com massagens suaves e ligeira pressão. Os abrasivos
físicos mais utilizados são:

- Sílica – mineral, 1 a 5%
- Damasco (caroço) – natural, 1 a 6%
- Algas diatomáceas – pó de origem natural
- Polietileno – sintético, 0,3 a 1%

2) Peeling Químico – Processo realizado por agentes químicos, geralmente


ácidos orgânicos, com variadas concentrações, promovendo intensa renovação
celular podendo ocorrer lesão na pele seguida de epitelização.
A profundidade do peeling será variável de acordo com a concentração, o ácido
utilizado e o pH. O risco de lesões será tanto maior quanto mais profundo for o
peeling químico.
É importante ressaltar que somente é permitido a esteticistas o uso em cabines
de ácido glicólico na concentração máxima de 10% e pH 3, sendo as
concentrações maiores e pH mais ácidos (inferior a 3) da competência médica,
assim como o uso de outros ácidos que não o glicólico.

Os ácidos atuam reduzindo a coesão entre as células, pois reagem com a


enzima “cimentante” que existe entre os queratinócitos, facilitando assim o
desprendimento da célula, acelerando dessa maneira a renovação celular.
A finalidade do peeling químico é, através da renovação celular intensificada,
melhorar a textura da pele, rejuvenescendo e reduzindo rugas superficiais.

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3) Peeling Biológico – Os ativos utilizados nesta forma de peeling são


substâncias naturais com a capacidade de promover a renovação celular
através da hidrólise da queratina. Os princípios ativos utilizados são enzimas
biológicas que têm ação queratolítica diminuindo a espessura da camada
córnea dando à pele mais textura e plasticidade. Tais substâncias, apesar de
naturais, possuem caráter acentuadamente ácido, o que as tornam tão eficazes
quanto os peelings químicos e deve-se ter bastante cautela no uso desses
produtos, a fim de evitar acidentes desagradáveis, sendo de relevante
importância o controle de tempo.
As enzimas usualmente utilizadas:
o Papaína (papaia)
o Bromelina (abacaxi)

4) Peeling Vegetal (Gommage) – Procedimento realizado com massagens


vigorosas, utilizando-se géis que ao evaporar seu veículo formam grumos que
durante a massagem carreiam as células mortas do extrato córneo, deixando a
pele limpa e macia. Trata-se de um peeling leve, com principal objetivo de
limpar, retirar comedões e melhorar a permeação da pele, facilitando assim a
absorção de outros ativos subseqüentes no procedimento. Geralmente não
causam lesões, sendo o peeling ideal para peles sensíveis onde o ácido seria
intolerável.

Máscaras Faciais

A ação das máscaras sobre a pele é de natureza mecânica, quando tem efeito
endurecedor. Entretanto, podem também permitir a ação de ativos sobre a pele
quando formuladas adequadamente. Tais cosméticos são de grande auxílio nos
tratamentos faciais, pois estimulam a circulação, aumentando a permeação da pele e
permitindo melhor absorção dos princípios ativos.
As máscaras retiram células mortas por ação mecânica ou até mesmo por efeito
químico, neste caso quando são máscaras ácidas.
Esses cosméticos podem ser ativados de acordo com a sua finalidade e a sua forma
veicular é de grande importância, pois além de potencializar os efeitos dos ativos o
veículo vai determinar o tempo de secagem da máscara sobre a pele. É sabido que o
fator tempo é determinante para que se obtenha resultados satisfatórios, uma vez que
o processo de absorção cutâneo é lento. Portanto, as máscaras não devem ter
secagem muito rápida.

As máscaras podem ser:

Máscaras modeladoras - Agem por ação mecânica, endurecem sobre


a face em contato com o ar ou por resfriamento, melhoram a flacidez e o
viço. Podem ser usadas sobre outros cosméticos com ativos hidratantes
ou nutritivos, que serão absorvidos em maior ou menor grau dependendo
da capacidade de difusão do ativo e da forma veicular.
Máscaras adstringentes – São máscaras tonificantes que contêm
álcool em suas formulações além de ativos específicos com efeito
adstringentes. São ideais para as peles mais oleosas.

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Mascaras pastosas – Esses produtos geralmente contêm vários ativos


em suas formulações, o que os tornam de relevante importância para o
trabalho de finalização dos procedimentos em cabine de estética.
Destinam-se, principalmente, a tratamentos de rejuvenescimento,
hidratação e revitalização da pele. Os ativos adicionados a essas
formulações são absorvidos à medida que a máscara vai secando sobre
a pele. Geralmente a secagem é lenta, o que permite maior absorção.
Mascaras geilificadas – São indicadas para as peles oleosas e
acneicas. O gel base pode ser preparado com uma pequena
percentagem de álcool, o que torna o produto mais adstringente, além de
conter vários ativos hidrossolúveis. Usualmente se adiciona extratos
vegetais com finalidade calmante e cicatrizante sobre a pele.
Máscaras em pó – São produtos cujo preparo deve ser feito no
momento exato da sua aplicação, pois as matérias-primas em pó que
estão contidas na formulação da máscara reagem ao contato com a
água. Geralmente essas máscaras são utilizadas como secativas e estão
associadas a ativos cuja finalidade é a absorção do excesso de
oleosidade da pele. São, portanto, indicadas para peles acneicas e
oleosas.
Mácaras cremosas – Essas máscaras formam emulsões com altos
teores de substâncias graxas e encontram-se associadas a ativos
lipossolúveis com finalidades diversas. São excelentes suportes para
outros produtos, podem, por exemplo, ser colocadas sob a máscara de
gesso, ou seja, os ativos serão lentamente absorvidos enquanto a
máscara de gesso realiza seu trabalho tensor e de oclusão. São mais
indicadas para peles ressecadas.
Máscaras ácidas – Preparadas geralmente com ácido das frutas e
podem ainda estar associadas a derivados da vitamina C. São
usualmente pastosas ou cremosas e sua permanência na pele deve ser
por um período mais breve que as outras máscaras. São utilizadas em
tratamento de revitalização e rejuvenescimento como coadjuvantes no
processo de renovação celular.

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