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Unidade 3 - Cin - Tica Enzim - Tica e Uso e Produ - o de Enzimas
Unidade 3 - Cin - Tica Enzim - Tica e Uso e Produ - o de Enzimas
3.1-Introdução
As enzimas são catalisadores biológicos, geralmente de estrutura protéica (também
existe enzima que tem como estrutura RNA catalítico dito ribozima), que participam de reações
químicas diversas. Tais reações ocorrem nas células vivas, em processos industriais
diversificados, na produção de alimentos e em produtos de limpeza e no próprio organismo
pela ingestão e uso tópico de enzimas presentes em medicamentos, complementos alimentares
e cosméticos.
O grande interesse no uso das enzimas pode ser explicado por inúmeros fatores como: a
grande variedade de reagentes nos quais as mesmas atuam; as reações complexas que as
enzimas são capazes de catalisar em rotas onde a geração de resíduos e subprodutos é
reduzida; capacidade que as mesmas têm atuar como catalisadores a altas velocidades em
condições de reduzida necessidade energética e reduzidos efeitos de corrosão de equipamento
(condições amenas de pressão e temperatura).
Na Tabela 1 é feita uma comparação detalhada entre as enzimas e outros catalisadores
sintéticos.
⎯⎯
→ ES ←⎯
E + S ←⎯
⎯ ⎯⎯
→ EP ⎯⎯
⎯ →E + P
2
# : estado de transição
ES: intermediário de reação
∆G1 EP: intermediário de reação
# G : energia livre
G
∆G2
ES EP
Coordenada de reação
Figura 1: Energia de ativação (∆G) sem enzima (∆G1) e com enzima (∆G2)
Em muitas enzimas o processo catalítico acima descrito só é possível quando uma pequena
molécula orgânica (dita coenzima) ou um pequeno íon (dito cofator) encontra-se ligado no
sítio catalítico da enzima. Esta necessidade de grupo prostético (denominação feita para se
referir ao grupo necessário pela enzima) faz com que processos industriais de uso de
enzimas que necessitam destes grupos só sejam satisfatórios quando o meio reacional
contenha o cofator ou coenzima.
3.4-Modelos cinéticos
A)Michaelis- Menten
A concentração total de enzima que participa do processo (Et) é dada pela soma das
concentrações de enzima livre (E) e enzima complexada (ES):
[Et]= [E]+[ES] (5)
Das equações (3) e (5), tem-se:
k1 ([Et]-[ES] ) [S]-k-1[ES]- k2[ES] = 0 (6)
Das equações (4) e (6), tem-se:
k1.k2 .[ S ].[ Et ]
VS = (7)
k1.[ S ] + k2 + k−1
Assim :
VM .[ S ]
VS = (8)
[S ] + K M
Onde KM=(k2+k-1)/k1 e VM=k2[Et].
Y=1/V
Ponto de intercepção
Y=1/VM e X=0
X=1/S
Y=a+bX com Y=V e X=V/S forma de linearização de Eadie-Hoffstee para qual a=VM e
b=-KM, conforme ilustra a Figura 3.
4
Y=V
Ponto de intercepção
Y=VM e X=0
X=V/S
Figura 3: linearização de Eadie-Hoffstee
Quando a reação ocorre em um reator agitado sem a adição de enzima e substrato até o
final do processo o perfil de concentração de substrato ao longo do tempo corresponde a
equação de Michaelis-Menten integrada:
(S0-S)+ KM ln(S0/S)=VM(t-t0) (8*)
onde S0 representa a concentração inicial de substrato e t o intervalo de tempo contado a
partir do momento onde a enzima e a solução do substrato foram misturadas.
B) Inibição competitiva:
⎯⎯→ ES ⎯⎯
E + S ←⎯⎯
k1 k2
→E + P
k −1
⎯⎯→ EI
E + I ←⎯⎯
ki
k −i
A concentração total da enzima [Et] é dada pela soma das concentrações de enzima na
forma livre e complexada:
[Et]= [E]+[ES] +[EI] (13)
Das equações (12) e (13):
VM .[ S ] V .[ S ]
VS = = M ap (17)
[ S ] + K M (1 + [ I ]/ Ki ) [ S ] + K M
onde KMap=KM(1+I/Ki)
Y=1/V
Sem inibição
com inibição
X=1/S
Figura 4: representação do modelo de Michaelis –Menten e o modelo de inibição
competitiva no mesmo sistema cartesiano
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B) Inibição não-competitiva:
⎯⎯
k1
E + S ←⎯⎯ → ES ⎯⎯
k2
→E + P
k −1
⎯⎯→ EI
E + I ←⎯⎯
ki
k −i
⎯⎯⎯
ES + I ←⎯→ ESIki
k −i
⎯⎯→ ESI
EI + S ←⎯⎯
k1
k −1
A concentração total da enzima [Et] é dada pela soma das concentrações de enzima na
forma livre e complexada:
[Et]= [E]+[ES] +[EI]+ [ESI] (29)
De (30) e (23):
k2 [ Et ][ S ] VM
[S ]
(1 + [ I ]/ Ki ) (1 + [ I ]/ Ki ) VMap [ S ]
Vs = = = (31)
K1 + [ s ] K1 + [ s] [S ] + K M
onde VMap=VM/(1+I/Ki)
A equação (31) descreve o modelo de inibição não competitiva que está representado na
forma linerizada na Figura 5.
Y=1/V
Sem inibição
Com inibição
X=1/S
O modelo de inibição pelo substrato é um modelo onde o excesso de substrato gera uma
inibição é reversível conforme mostra as equações:
⎯⎯
k1
E + S ←⎯⎯ → ES ⎯⎯
k2
→E + P
k −1
⎯⎯⎯
ES + S ←⎯→ ES2
ki
k −i
De (37) e (38):
[E ]= KM [ES]/[ S] (39)
[ Et ]
[ ES ] = (41)
K M /[S ] + 1 + [S ]/ Ki
De (41) e (35):
k2[ Et ] VM [S ]
VS = = (*)
K M /[S ] + 1 + [S ]/ Ki K M + [S ] + [S ]2 / Ki
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A equação (*) representa o modelo de inibição pelo substrato. Neste modelo há um ponto
de máximo onde a máxima velocidade possível (dV/dS=0) corresponde a S = K i .K M
Ao longo do tempo de armazenamento e uso a enzima perde sua atividade pelo efeito de
mudanças conformacionais. O modelo mais simples que descreve este processo é o modelo
de primeira ordem onde a taxa de desativação (dA/dt, onde A representa atividade da
enzima ativa) é diretamente proporcional a concentração da enzima ativa
A ⎯⎯
k1
→ Ai (42)
Nestas condições:
dA/dt=-k.A (44)
A resolução da Equação (44) nos fornece o modelo de primeira ordem na forma integrada:
A(t)=Ao.exp (-k.t) (45)
A equação (45) pode ser descrita na forma linerizada:
O modelo cinético de desativação térmica acima descrito pode ser expresso em termos
relativos a atividade inicial :
Neste caso:
Ar(t)%=100.exp (-k.t) (48)
α1 α2
A ⎯⎯
k1
→ A1 ⎯⎯
k2
→ A2 (49)
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Onde AR(t) foi considerada uma função do peso das atividades específicas dos estados das
enzimas:
A + α1 A1 + α 2 A2
AR (t ) =
A0
suporte. O grupo funcional aldeído (-CHO) se liga a um o mais grupos funcionais amino (-
NH2) da enzima conforme mostra as Equações 51 e 52 .
A sucessiva ligações de gluteraldeído (G) a enzima (E) gera estruturas como a representada
na Figura (6):
...-E-G-E-G-E-G-P-G-E-G-E-....
G-E-G-E-G-E-G-P-G
...-E-G-E-G-E-G
A ligação covalente de enzimas a suportes é feita por suportes com presença de grupos
diversos como o grupo amino (-NH2), hidroxila (-OH), carboxila e epóxido ( -CH CH2 )
e aldeído (-CHO, ex: no gluteraldeído). O
Figura 7: ligação covalente de enzimas a suportes por quatro formas distintas de formação
das ligações covalentes enzima-suporte ativo.
catiônica Amberlite (grupo funcional que retém os cátions: ácido carboxílico), resina
hidrofóbica Amberlite (grupo funcional de natureza alifática apolar Entre as enzimas hoje
utilizadas industrialmente na forma imobilizadas em resinas de troca iônica constam:
lipase,β-amylase, aminocilase, glicose-isomerase, Rnase, lactase e lisozima.
Uma das formas de imobilização por oclusão em gel é o alginato de sódio (derivado
do ácido algínico proveniente de algas) com soluções de íons de cálcio ou outro íons(ex:
alumínio) capazes de gerar um gel insolúvel. Ao gotejar uma solução composta de alginato
de sódio e enzima na solução do íon cálcio (ou outro íon como o alumínio), ocorre a
formação de uma rede polimérica de cálcio e ácido alginato (veja a Figura 8) que é capaz
de reter a enzima. A eficiência do processo pode ser melhorada pela formação, em uma
etapa posterior, de ligações cruzadas utilizando, por exemplo, gluteraldeído.
São as principais etapas associadas a obtenção das enzima para uso industrial e em
produtos: obtenção da matéria-prima ou, no caso de enzimas microbianas, fermentação para
obtenção da enzima; extração da enzima envolvendo o processo de ruptura celular para
enzimas intracelulares (via ultra-som, ação de detergentes e solventes, moagem entre outros
processos como processos enzimáticos); extração da enzima; purificação da enzima e
padronização do preparado enzimático.
acetona), fracionamento por sais (ex: sulfato de amônio); fracionamento por variação da
acidez; e outras técnicas de custo mais elevado (ex: diálise; filtração em gel; eletroforese;
ultrafiltração; cromatografia e troca iônica). A escolha de uma ou mais das técnicas
combinadas entre as disponíveis depende do grau de pureza e escala de produção desejada.
O fracionamento com sal, também conhecido como salting-out, está relacionado
com a força iônica do sal (I). A Equação (53) relaciona a solubilidade a enzima (S) com a
força iônica do sal:
log (S)=a-b.I (53)
onde: a é a solubilidade hipotética na ausência de sal, b é a constante de precipitação e I é
a força iônica representada pela Equação (54).
1 n
I = ∑ Ci Z i (54)
2 i =1
onde Ci é a concentração da espécie iônica i, Zi é a carga do íon i e n é o número total de
íons presentes no meio onde está a enzima.
I
Figura 8: Fracionamento de enzimas por salting-out
Vivemos em uma época perigosa. O homem domina a natureza antes que tenha
aprendido a dominar-se a si mesmo ( Albert Schweitzer)