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Faculdade Dinâmica das Cataratas – UDC

MEDIDAS DE SEGURANÇA DO TRABALHO

EM USINAS HIDRELÉTRICAS

João Felipe Betineli

FOZ DO IGUAÇU

2006
JOÃO FELIPE BETINELI

MEDIDAS DE SEGURANÇA DO TRABALHO

EM USINAS HIDRELÉTRICAS

Trabalho de Conclusão de Curso,apresentado à banca


examinadora da Faculdade Dinâmica das Cataratas –
UDC, como requisito parcial para obtenção do
grau de Engenheiro Civil,sob orientação do Professor
Jackson Archade Gonçalves

FOZ DO IGUAÇU

2006

ii
TERMO DE APROVAÇÃO

FACULDADE DINÂMICA DAS CATARATAS

MEDIDAS DE SEGURANÇA DO TRABALHO

EM USINAS HIDRELÉTRICAS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO CIVIL

_____________________________

JOÃO FELIPE BETINELI

______________________________

Orientador: Prof.° Jackson Archade Gonçalves

_____________________________

Nota Final

Banca Examinadora:

_______________________

Prof.° Heliana Fontenele

_______________________

Prof.° Carlos Prado Junior

Foz do Iguaçu, 30 de novembro de 2006.

iii
RESUMO

BETINELI João Felipe. A segurança do trabalho em usinas hidrelétricas busca

minimizar os riscos inerentes à atividade de produção de energia elétrica e as suas

atividades relacionadas. O risco de acidente existe, entretanto a função de todos

empregados que trabalham na usina é atuar nos pontos críticos evitando que os mesmos

aconteçam, para tanto é necessário a elaboração de treinamento de segurança específico,

campanhas de conscientização e elaborar medidas para controle dos riscos.

O controle dos riscos atua nos chamados ¨quase acidentes¨, ou seja, o acidente que

poderia ter acontecido, entretanto não aconteceu. Estatisticamente está comprovado que

diminuindo o número de ¨quase acidentes¨ teremos menos acidentes e com menor

gravidade.

A verificação das normas internas de segurança deve ser efetuada todos os dias,

buscando constantemente a melhoria da segurança do trabalho e trabalhador. Toda medida

de segurança implantada deve ter uma forma de controle para verificação de sua eficácia

como meio de prevenção de acidentes.

O comprometimento da empresa como promotora de segurança e saúde do trabalho,

deve ficar evidente perante aos colaboradores para que os mesmos estejam conscientes da

importância de trabalhar com segurança.

iv
ABSTRACT

BETINELI João Felipe. The security of the work in hidroelectric plants searchs to

minimize the inherent risks to the activity of production of electric energy and its

related activities. The accident risk exists, however the function of all

employees who work in the plant are to act in the critical points

preventing that the same ones happen, for in such a way are necessary the elaboration

of specific training of security guard, campaigns of awareness and to

elaborate measured for control of the risks.

A control of the risks acts in

the calls ¨nearly accident¨, or either, the accident that could have

happened, however did not happen. Statistics is proven that

diminishing the number of ¨ nearly accident ¨ we will have little accidents

and with lesser gravity.

The verification of the internal norms of security

must every day be effected, constantly searching the improvement of the

security of the work and worker.

All measure of implanted security must

have a form of control for verification of its effectiveness as half of

prevention of accidents.

v
SUMÁRIO

RESUMO..............................................................................................................................iv
ABSTRACT...........................................................................................................................v
1.INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1

2.OBJETIVOS ..................................................................................................................... 2

3.DESENVOLVIMENTO................................................................................................... 3

3.1.PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS (PPRA) ...................... 3

3.1.1Classificação dos Riscos Ambientais ............................................................................ 4


3.1.2.PPRA em Usinas Hidrelétricas..................................................................................... 5
3.1.2.1.Riscos Fisicos ............................................................................................................5
3.1.2.2.Riscos químicos......................................................................................................... 8
3.1.2.3.Riscos biológicos....................................................................................................... 9
3.1.3.Programa de Ações..................................................................................................... 10
3.1.4.Medidas de Controle do PPRA................................................................................... 11
4-BRIGADAS DE INCÊNDIO......................................................................................... 12
4.1-Atribuições da Brigada.................................................................................................. 14
4.1.1-Coordenador .............................................................................................................. 14
4.1.2-Técnico de Segurança do Trabalho ........................................................................... 15
4.1.3-Brigadistas ................................................................................................................. 16
4.2-Grupos de Ação............................................................................................................. 17
4.3-Do Acionamento da Brigada e Recomendações ........................................................... 19
5-POLÍTICA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO .................................... 21
5.1.Das Responsabilidades .................................................................................................. 21
5.1.1-Equipe de gerenciamento ........................................................................................... 21
5.1.2-Supervisores ............................................................................................................... 21
5.1.3-Técnico de segurança................................................................................................. 22
5.1.4-Serviço Médico e ambulatorial .................................................................................. 22
5.1.5-Empregados................................................................................................................ 22
5.2-Do Comprometimento Alta Direção ............................................................................. 23
6.METODOLOGIA........................................................................................................... 24

6.1.PROGRAMAS E MEDIDAS DE SEGURANÇA........................................................ 24

6.1.1.Liberação de Equipamento......................................................................................... 25
6.1.2.Análise de Risco ......................................................................................................... 29
6.1.2.1.Componentes de variação da APR .......................................................................... 32
6.1.2.2.Monitoramento das análises de risco...................................................................... 36
7.RESULTADOS ............................................................................................................... 41

8.CONCLUSÃO................................................................................................................. 42

v
9.REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 43

v
1

1. INTRODUÇÃO

As usinas hidrelétricas se diferem quanto a tamanho, aspectos construtivos,

localização, produção de energia, tensão de distribuição dentre outros itens, entretanto, fora

estes detalhes inerentes a cada uma, os aspectos de segurança e saúde no trabalho são muito

similares. A complexidade das usinas hidrelétricas com a disposição de reservatório de

acumulação, as unidades geradoras de energia, os painéis elétricos, as tubulações sob pressão,

os transformadores, a linha de transmissão, entre outros que oferecem risco a segurança do

trabalhador e necessitam que estes riscos sejam minimizados.

A intenção não é criar um manual de segurança do trabalho e saúde em usinas

hidrelétricas, mas fornecer diretrizes para que se apliquem medidas preventivas de prevenção

de acidentes e as mesmas sejam efetivamente implantadas e seguidas na usina. Não adianta

criar normas internas de segurança, mas não cobrar ostensivamente para que as mesmas sejam

cumpridas por todos os colaboradores e até pela alta direção da empresa.

O presente trabalho não somente abrange aspectos relacionados a usinas hidrelétricas,

no decorrer do desenvolvimento do trabalho veremos que alguns itens, que podem ser

aplicados em outros segmentos indústrias, apenas alterando o modo de aplicação


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2. OBJETIVOS

Orientar todos os trabalhadores sobre a atividade de segurança em uma usina

hidrelétrica.

Não são medidas de segurança preventivas e definitivas, mas considerações e

diretrizes a serem implantadas para que dia a dia possamos diminuir o número de acidentes

do trabalho, não somente em usinas hidrelétricas, mas em todos os ambientes de trabalho.


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3. DESENVOLVIMENTO

3.1. PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS (PPRA)

As Normas Regulamentadoras NRs aprovadas pela portaria nº 3.214 de 08 de junho de

1978, em sua nona norma cujo título é Programa de Prevenção de Riscos Ambientais,

estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação do PPRA por parte dos

empregadores. O mesmo tem por objetivo a antecipação, o reconhecimento, a avaliação e o

controle dos riscos existentes nos locais de trabalho com vistas à manutenção da saúde dos

empregados, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.

Conforme é citada no livro Normas Regulamentadoras Comentadas, a NR 9 tem a sua

existência jurídica assegurada , a nível de legislação ordinária, através dos artigos 176 à 178

da CLT, transcritos abaixo:

Art. 176 – Os locais de trabalho deverão ter ventilação natural, compatível com o

serviço realizado.

Parágrafo único – A ventilação artificial será obrigatória sempre que a natural não

preencha as condições de conforto térmico apresentadas nas figuras abaixo(sistema de

exaustão, na foto da esquerda ventilador e na foto da direita a galeria de exaustão).


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Art. 177 – Se as condições de ambiente se tornarem desconfortáveis, em virtude de

instalações geradoras de frio ou calor, será obrigatório o uso de vestimenta adequada para o

trabalho em tais condições ou de capelas, anteparos, paredes duplas, isolamento térmico e

recursos similares, de forma que os empregados fiquem protegidos contra as radiações

térmicas.

Art. 178 – As condições de conforto térmico dos locais de trabalho devem ser

mantidas dentro dos limites fixados pelo Ministério do Trabalho.

3.1.1. Classificação dos Riscos Ambientais

A NR 9 considera a presença dos seguintes riscos no ambiente de trabalho: agentes

físicos, agentes químicos e biológicos. Eles são capazes de produzir danos à saúde quando

superados os limites de tolerância esses limites são fixados em razão da concentração,

natureza e tempo de exposição. Entretanto cada trabalhador tem o seu limite de tolerância em

virtude da sua suscetibilidade individual, ou seja, o que pode causar danos a alguém pode ser

indiferente a outro trabalhador. Portanto, os limites de tolerância definidos pelas normas

devem ser usados como valores de referência e nunca como valores fixos.

Os riscos ambientais são classificados em três categorias:

• Riscos físicos são as diversas formas de energia a que possam estar expostos os

trabalhadores, tais como ruídos,vibração, temperaturas extremas, pressões anormais,

radiações ionizantes, radiações não ionizantes, infra-som e ultra-som.

• Riscos químicos são as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no

organismo pela via respiratória, nas formas de névoas, neblinas, poeiras, fumos, gases

ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser

absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão.


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• Riscos biológicos compreendem bactérias, fungos, helmintos, protozoários, vírus,

entre outros.

3.1.2.PPRA em Usinas Hidrelétricas.

A elaboração de um PPRA em usinas hidrelétricas segue a norma regulamentadora

assim como as demais atividades, portanto segundo o CNAE (classificação nacional de

atividades econômicas) as usinas estão enquadradas como produção e distribuição de energia

elétrica com grau de risco 3 ( NR-4, quadro I da página 31, produção e distribuição de energia

elétrica – E 40.10.0).

Temos que ressaltar o PPRA como instrumento de identificação e controle dos riscos

existentes no ambiente de trabalho. A parte mais importante de um PPRA é o levantamento

dos riscos por setor, pois em cima destes dados é efetuado o planejamento das ações

preventivas e respectivo cronograma para implantar estas ações. Tendo efetuado o

levantamento dos riscos o técnico de segurança ou a equipe de segurança do trabalho tem

como fazer o planejamento para controlar a ocorrência de acidentes. Uma das medidas

preventivas que devem surgir a partir do PPRA é um programa de treinamento de segurança

para todos os funcionários buscando orientá-los dos riscos existentes no site da usina ou

proximidades.

3.1.2.1. Riscos Físicos

O ambiente de trabalho de uma usina esta sujeito a uma série de riscos físicos que
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estão descritos abaixo. A eliminação do risco muitas vezes não é possível, entretanto através

dos equipamentos de proteção individual e proteção coletiva podemos levar a níveis

admissíveis. Uma alternativa razoável é o controle do tempo de exposição do trabalhador,

sempre lembrando que os níveis de tolerância citados nas normas regulamentadoras devem

ser usados como referência.

Ruídos

Oriundo da atividade normal das unidades geradoras, compressores de ar, exaustores,

geradores diesel e trabalhos efetuados pela manutenção. Além do desconforto, que ocasiona

irritabilidade e cansaço na execução das atividades, pode levar a perda da audição do

trabalhador. A alternativa é o uso de protetor auricular, com o controle do tempo de

exposição. O acompanhamento dos exames periódicos, efetuados pelos trabalhadores

expostos é uma forma de estar acompanhando alterações da audição (possível perda auditiva).

A medição e divulgação dos níveis de ruído de cada ambiente é uma forma de manter o

trabalhador informado e conscientizado para o uso dos equipamentos de proteção e tempo de

exposição que não ocasionará danos aos seus tímpanos. Figura sistema de água pura, um

grande gerador de ruído.


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Calor

Normalmente ocasionado pela incidência do sol nos edifícios ou por exposição direta

(trabalhos em áreas externas). O efeito no organismo é a vaso dilatação periférica, ativação

das glândulas sudoríparas, exaustão do calor, desidratação, cãibras de calor e choque térmico.

Para o trabalhador de áreas internas é importante a climatização para evitar o desconforto,

entretanto para o trabalhador externo deve-se reduzir o tempo de exposição de acordo com os

níveis a que esteja submetido. O aumento de ventilação de ambientes é uma solução adequada

e eficaz.

Umidade

Determinados ambientes, tais como galerias de drenagem, poços de inspeção, entre

outros tem um nível de umidade elevado, ou muitas vezes a atividade de manutenção deverá

ser efetuado em locais parcialmente ou totalmente inundados. A principal causa da exposição

do trabalhador a umidade são as doenças respiratórias. O uso de capas ou roupas

impermeáveis ameniza esse tipo de risco. Uma medida eficaz é a troca da roupa logo após a

exposição, para tanto a empresa deve ter local apropriado para os funcionários terem roupas

sobressalentes para alguma eventualidade e também local para banho.

Iluminação

Todo projeto de iluminação contempla os níveis de iluminação para cada área,

entretanto por falha de projeto ou inexistência do mesmo e até manutenção inadequada,

muitas vezes os níveis luminotécnicos estão aquém do desejado para a atividade que o

trabalhador exerce. A principal causa é a perda da acuidade visual por parte do trabalhador e

conseqüente irritação do olho, dores de cabeça e fadiga. Devemos medir periodicamente os

níveis de iluminação de cada ambiente e efetuar as medidas de controle, tais como, inclusão

de luminárias, troca do modelo da lâmpada, aberturas para termos iluminação natural entre

outras.
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3.1.2.2. Riscos químicos

Gases

Entre os gases utilizados em usinas hidrelétricas temos o oxigênio, o nitrogênio, o

acetileno, o hidrogênio e o gás carbônico. Alguns são utilizados nas unidades geradoras (gás

carbônico utilizado para sistema anti-incêndio dos geradores) e outros no processo de

manutenção (oxigênio e acetileno utilizados no processo de soldagem ou corte). Há o risco de

asfixia, explosão (cilindros) e incêndio. A maneira de prevenção é manter as áreas de risco

sinalizadas, garantir a exaustão de todas as áreas onde os gases em questão estão

armazenados, efetuar transporte adequado quando houver necessidade e armazenar segundo

recomendações dos fornecedores. O uso do acetileno e o oxigênio no processo de soldagem é

o que requer maiores cuidados, devido ao seu constante manuseio por parte da manutenção.

Substâncias líquidas

Os ácidos de baterias, solventes, óleos, graxas e líquidos penetrantes são exemplos de

substâncias utilizadas. Essas substâncias podem provocar alergias, intoxicações, irritações e

queima da pele. Usar máscaras para os casos de solventes e líquidos penetrantes (substâncias

usadas normalmente pela manutenção mecânica para verificar a existência de poros ou

fissuras em peças metálicas), para ácidos usar equipamento de proteção individual

recomendados pelo fornecedor, para óleos observar o ponto de fulgor e se há a formação de

gases. Há que se ter um cuidado especial com esses produtos para evitar a contaminação do

meio ambiente (proximidade da água pode ocasionar sérios problemas ambientais).


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3.1.2.3. Riscos biológicos

Fungos e bactérias

Tem origem nos sistemas de ventilação, onde encontram o meio ideal de

sobrevivência e de proliferação. Ocasionam doenças pulmonares, alergias e viroses que

podem ser transmitidas a outras pessoas. A limpeza dos dutos de ventilação e ar

condicionados é uma medida preventiva eficaz para evitar o acúmulo de sujeira e

conseqüentemente o surgimento dos mesmos.

Animais peçonhentos

Nas áreas em torno das usinas, seja vegetação rasteira ou mata, existem uma

infinidade de espécies de animais peçonhentos, principalmente cobras. A ocorrência de

aranhas é maior em áreas cobertas e cheias de entulhos.

Uma picada de cobra pode levar um indivíduo a morte em questão de horas

dependendo da espécie. Nos trabalhos externos o uso dos equipamentos de proteção

individual (perneiras) evita muito a ocorrência deste tipo de acidente, enquanto que nas áreas

internas a solução é a limpeza sistemática das áreas de maior possibilidade de ocorrência.


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Uma medida necessária é catalogar as espécies nativas e verificar o local mais próximo para

obtenção do antídoto (criar roteiro para chegar ao local com a maior rapidez possível).

3.1.3. Programa de Ações

Efetuado o levantamento dos riscos deve-se elaborar os planos de ação com

cronogramas para neutralizar os riscos em níveis aceitáveis. A prioridade para neutralização

dos riscos será definida pelo grau de agressividade a integridade do empregado e devem

seguir a seguinte escala:

• Irrelevante no caso do agente identificado não representar risco potencial de dano à

saúde, de acordo com critérios técnicos ou estiverem abaixo do nível de ação. As

medidas de controles serão programadas para reduzir possíveis desconfortos aos

empregados.

• De atenção quando o agente representar risco moderado à saúde, estando acima dos

níveis de ação, porém abaixo dos limites de tolerância (NR – 15) As medidas de

controle serão programadas para evitar o agravamento da situação.

• Crítica quando a situação não se encontra sob controle técnico, estando acima do

limite de tolerância, podendo os agentes agressivos causar danos graves à saúde. Essa

situação requer medidas de controles prioritárias

• Emergencial quando a exposição a agentes agressivos não se encontra sob controle

técnico, está acima do valor teto de limite e pode causar graves danos a saúde,

envolvendo os agentes carcinogênicos. Requer medidas de controle urgentes.


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3.1.4.Medidas de Controle do PPRA

A melhor maneira de efetuar o controle é auditar periodicamente todos os riscos

levantados por ocasião da elaboração do PPRA, envolvendo empregador e empregados para

verificar de ambos à aplicação das medidas de segurança. Por parte do empregador a efetiva

implantação das medidas de segurança exemplo: fornecimento de equipamentos de proteção

individual e coletiva aos empregados e por parte do empregado a observação das normas de

segurança da empresa exemplo: uso dos equipamentos de proteção individual.

As avaliações deverão estar atentas para o caso de riscos que foram esquecidos ou até

mesmo o surgimento de novos riscos, independentemente disso deverá ser tomada as medidas

para controlar os mesmos. Uma das formas de realizar o controle é aplicar o método de

controle de processo chamado PDCA, descrito abaixo e ilustrado na figura 1.

• P (Plan = planejar)

Planejar o que será feito. Estabelecer as metas e definir os métodos que permitirão

atingir as metas propostas.

• D (Do = executar)

Educar, treinar e emplementar. Executar o planejado conforme as metas e métodos

definidos.

• C (Check = verificar)

Verificar continuamente o resultado dos trabalhos analisando se estão sendo

executados conforme o planejado.

• A (Action = agir corretivamente)

Tomar uma ação corretiva ou de melhoria, caso tenha sido constatada na fase anterior

(de verificação) a necessidade de corrigir ou melhorar um processo.


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FIGURA 1 – CICLO PDCA A SER APLICADO

Determinar
objetivos
e metas
Agir
apropriadamente
Determinar
métodos

Educar
e treinar
Verificar
os efeitos
Executar o
trabalho

4.BRIGADAS DE INCÊNDIO

As Brigadas de Incêndio foram criadas em 1986, exclusivamente para combate a

incêndios, conforme recomendação da NR-23 do Ministério do Trabalho.

Devido às características das instalações e a ocorrência de situações emergenciais de

outras naturezas, foram incluídas novas atribuições aos Brigadeiros, tais como resgate,

primeiros socorros, imobilização e transporte de acidentados alem do salvamento aquático e

em altura.
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Figura da brigada da Usina Hidrelétrica de Itaipu.

A equipe da Brigada de Emergência deve ter basicamente as seguintes atribuições:

• Eliminar princípios de incêndio;

• Isolar os incêndios até a chegada do Corpo de Bombeiros;

• Isolar ou interditar o local do sinistro ou em emergência;

• Definir as necessidades de ajudas complementares para o atendimento de emergência;

• Orientar o abandono de emergência;

• Prestar assistência ao Corpo de Bombeiros;

• Relatar a ocorrência;

• Orientar a todos os empregados da Empresa, visando à prevenção de atuações que

possam provocar incêndios, causando danos às pessoas e às propriedades;

• Prestar os serviços de resgate, primeiros socorros, imobilização e transporte de

acidentados;
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• Inspeções periódicas nos equipamentos de combate a incêndio, primeiros socorros,

depósitos de inflamáveis, entre outros.

Na figura 2 é mostrado o organograma da brigada de incêndio onde temos o coordenador

que é normalmente o técnico de segurança e os grupos de ação subdivididos em proteção,

primeiros socorros, combate a incêndios e apoio.

FIGURA 2– ORGANOGRAMA BRIGADA DE INCÊNDIO

4.1. Atribuições da Brigada

4.1.1. Coordenador

É de responsabilidade do Coordenador as seguintes atribuições:

• Elaboração de programação anual de treinamentos e eventos;

• Acionamento da Brigada de Emergência de acordo com fluxograma previamente

elaborado;
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• Apoio administrativo;

• Avaliar após cada evento e anualmente todas as atividades;

• Elaboração de Relatório Anual padronizado;

• Planejar e coordenar as atividades de combate a incêndio, primeiros socorros,

salvamento e de evacuação de prédios;

• Comandar e coordenar as atividades da brigada em situação de sinistros;

• Coordenar e controlar a compra de equipamentos e acessórios necessários à execução,

com segurança das missões da Brigada;

• Normalizar as atividades da Brigada;

• Remanejar as equipes ou componentes, em situação de emergência;

• Relatar por escrito todas as ocorrências e atividades relevantes.

4.1.2. Técnico de Segurança do Trabalho

O técnico de Segurança do Trabalho terá as seguintes atribuições:

• Coordenação da equipe no campo;

• Planejar visitas técnicas e o treinamento teórico e prático de primeiros socorros,

resgate, imobilização, transporte correto de acidentados, combate a incêndios;

• Promover o reconhecimento das instalações tais como saídas de emergência,

acionamento de bombas de recalque e localização de extintores, hidrantes, macas e

máscaras;

• Inspeções nas áreas internas e externas do site;

• Reciclagem do treinamento;

• Definição dos equipamentos de proteção individual e os equipamentos de proteção

coletiva da brigada, controle dos equipamentos de proteção;


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• Coordenação técnica de eventos, com orientações das equipes durante a atuação em

emergências, levantamento das necessidades de treinamento e análise situacional;

• Avaliação de eventos e ações de campo;

• Divulgação e comunicação com a gerência.

4.1.3. Brigadistas

Os Brigadistas terão as seguintes atribuições:

• Cumprir com o fluxograma de acionamento;

• Atender as emergências;

• Executar tarefas;

• Prestar atendimento de primeiros socorros às vítimas, inclusive resgate, imobilização e

remoção de maneira correta para local seguro;

• Exercer a prevenção e o combate ao princípio de incêndios de acordo com os planos

existentes;

• Conhecer os riscos de incêndio existentes no local;

• Promover medidas de segurança;

• Participar das inspeções regulares e periódicas;

• Conhecer as vias de escape;

• Conhecer os locais de alarme de incêndio e o princípio de acionamento do sistema;

• Conhecer todas as instalações do site em que está locado;

• Verificar as condições de operacionalidade dos equipamentos de proteção individual e

coletivo;

• Conhecer o princípio de funcionamento de todos os agentes extintores;


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• Atender prontamente a qualquer chamada de emergência;

• Agir de maneira rápida e eficiente em situação de emergência.

4.2. Grupos de Ação

Os grupos de ação são subdivididos nas equipes descritas abaixo.

Equipe de Proteção

• Desligar a corrente elétrica do local, tão logo tome conhecimento do sinistro;

• Avisar o Corpo de Bombeiros e aguardá-los na entrada principal, a fim de fornecerem

dados e orientações necessários;

• Remover materiais combustíveis com o fim de evitar a propagação do incêndio;

• Isolar e proteger os equipamentos ainda não atingidos pelo fogo;

• Conduzir aparelhos extintores e equipamentos de proteção individual para o local do

evento, segundo orientação do coordenador da Brigada ou gerente da unidade de

produção;

• Verificar diariamente, o estado de conservação dos equipamentos de combate a

incêndio, salvamento e proteção coletiva e individual;

• Fornecer dados para a elaboração de relatórios.

• Impedir a entrada, na área de emergência, de veículos e pessoas, com exceção de

médicos, bombeiros e enfermeiros.

Equipe de primeiros socorros

• Avaliar a situação de emergência e priorizar ações de primeiros socorros;

• Prestar primeiros socorros de acordo com a causa do acidente e condições do

acidentado;

• Orientar as pessoas que se encontram no local do sinistro;


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• Conduzir, até local seguro, em caráter de prioridade, pessoas idosas, crianças,

gestantes e deficientes físicos;

• Conhecer todas as saídas de emergência e vias de escape;

• Atuar nos sinistros utilizando equipamentos de proteção individual;

• Fornecer dados para a confecção de relatórios;

• Coordenar o escape de pessoas em situações de emergência.

Equipe de combate a incêndio

• Combater princípios de incêndio;

• Conhecer em profundidade a técnica e a tática para utilização de mangueiras e

extintores;

• Conhecer a localização dos alarmes, extintores e hidrantes;

• Investigar a origem de qualquer anormalidade nas instalações da Usina, que seja

indício de princípio de incêndio;

• Inspecionar, periodicamente os equipamentos de combate a incêndio e os

anunciadores automáticos sob seu comando;

• Comunicar ao gerente de quaisquer irregularidades constatadas nas inspeções;

• Atuar nos sinistros utilizando equipamento de proteção individual;

• Fornecer dados para elaboração de relatórios.

Equipe de apoio

• Apoiar a equipe de combate a incêndio no momento de sua atuação, dispondo

corretamente as mangueiras, trazendo água, ferramentas, entre outros;

• Conduzir aparelhos extintores para o local de incêndio segundo orientação do líder da

brigada e ou dos setores;


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• Prestar qualquer tipo de apoio, na ocasião do sinistro, caso não lhe caiba missão

específica;

• Atuar nos sinistros utilizando equipamento de proteção individual;

• Fornecer dados para a elaboração de relatórios.

4.3. Do Acionamento da Brigada e Recomendações

É imprescindível que todos os funcionários estejam atentos a qualquer princípio de

incêndio que possa surgir e saber do processo de acionamento da Brigada de incêndio

mostrado na figura 3 abaixo.

O local de onde se encontra o acionamento da sirene deve estar em local de fácil

acesso, o local onde a brigada deve se reunir antes de efetuar a ação deve ser de conhecimento

de todos os brigadistas.

A pessoa que constatar a emergência (ou princípio de incêndio) deverá avisar a Sala de

Controle, ou o coordenador da brigada, para que os mesmos tomem as atitudes que se fazem

necessárias diante dos fatos.

Ao transmitir o “aviso”, o informante deve identificar-se, falar com voz clara e

compreensível e dar os pormenores suficientes para facilitar o trabalho de atendimento de

emergência. Os auxílios externos (médicos, bombeiros, polícia e outros), serão solicitados nas

cidades próximas do local de emergência a partir da avaliação do líder da Brigada que irá

verificar se há necessidade ou não de recursos externos.

Todos os empregados devem conhecer perfeitamente as saídas e acessos do seu local

de trabalho e de modo algum deverão permanecer nas proximidades do sinistro.


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FIGURA 3 – FLUXOGRAMA BRIGADA DE INCÊNDIO


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5. POLÍTICA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

A descrição resumida do PPRA citada anteriormente, com o levantamento dos riscos,

cronograma de ações e controle destas mesmas ações, não terão validade alguma sem uma

política de segurança clara e efetiva por parte da alta direção. No mercado encontramos

diversos exemplos de empresas com políticas de segurança e saúde no trabalho extensas e

corretas, entretanto não são executadas, ou seja, o papel e o discurso não são uniformes com

as ações efetuadas pela mesma, até porque falar, escrever e divulgar a política de segurança e

saúde do trabalho é fácil, o difícil mesmo está em cumprir, conscientizar o trabalhador e

principalmente investir (muitas empresas não consideram a segurança um investimento, mas

um gasto)

5.1. Das Responsabilidades

5.1.1. Equipe de gerenciamento

• Crer que todos os acidentes podem ser evitados.

• Estabelecer procedimentos específicos para o local.

• Cuidar do envolvimento dos empregados.

• Suprir a liderança necessária.

5.1.2. Supervisores

• Cuidar do relacionamento dos empregados.

• Incorporar procedimentos de segurança em todas as atividades de trabalho.


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• Instituir oportunas medidas corretivas e preventivas.

• Comunicar de uma maneira clara e aberta com todos os empregados.

5.1.3.Técnico de segurança

• Promover a política de segurança da empresa.

• Coordenar as atividades de segurança com os supervisores e trabalhadores.

• Monitorar as atividades de trabalho de empregados e sub contratados e verificar o

cumprimento de normas ou ações preventivas e corretivas requeridas.

• Treinar e educar.

5.1.4. Serviço Médico e ambulatorial

• Fazer medicina assistências e dar tratamento para o pessoal da usina.

• Avaliar a gravidade e dar tratamento necessário, incluindo remoção inicial inclusive

para hospitais e clinicas fora da área.

• Atender e supervisionar todas as ações de emergências médicas.

• Apoiar o técnico de segurança com treinamentos relacionados com saúde ocupacional.

• Supervisionar, treinar e avaliar as equipes socorristas e de resgate.

5.1.4. Empregados

• Aceitar total responsabilidade pela sua segurança.

• Deverá ser responsável pelo total cumprimento dos requisitos ambientais.

• Executar seu trabalho com segurança em tempo integral.

• Saber resolver os problemas de segurança.

• Comunicar imediatamente atos e condições inseguras aos seus supervisores.


23

5.2. Do Comprometimento Alta Direção

Em toda e qualquer organização o comprometimento da gerência é fundamental para

que os processos se desenvolvam naturalmente. Em segurança e saúde do trabalho não é

diferente, não basta à equipe de segurança da usina se preocupar em desenvolver estratégias

para minimizar, controlar os acidentes, é necessário o respaldo da gerência na elaboração e

aplicação da política de segurança do trabalho.

O trabalhador deve ter o exemplo dos superiores na execução das medidas de

segurança implantadas e o uso dos equipamentos de proteção individual. É comum os

superiores acharem que treinamento é perda de tempo e produção, compra de equipamentos é

custo e principalmente não ter a visão que proteger a vida de seu semelhante é primordial.

Um acidente pode acarretar danos irreparáveis ao indivíduo, perda de tempo de

produção, causar abalos psicológicos nos companheiros, prejudicar a imagem da empresa

externamente, pode acarretar custas com indenizações entre outras conseqüências. Então,

podemos afirmar categoricamente que o custo de investir em segurança é menor que o custo

de um acidente do trabalho após o mesmo ter acontecido.

Uma forma de conscientizá-los (gerência e supervisão) de que segurança e saúde do

trabalhador é investimento é ministrar palestras de responsabilidade civil e criminal. O

objetivo das palestras é demonstrar que sua postura pode levá-lo a responder judicialmente

quanto aos danos que venham a ocorrer com o indivíduo em virtude de acidente do trabalho.

O simples fornecimento de equipamentos de proteção individual e coletivo e execução dos

requisitos mínimos exigidos pelas normas não o abona diante de suas responsabilidades como

agente promotor de segurança e saúde do trabalho.


24

6. METODOLOGIA

6.1. PROGRAMAS E MEDIDAS DE SEGURANÇA

Todas as usinas são locais onde os trabalhadores estão sujeitos a variados tipos de

risco como foi descrito anteriormente. Máquinas girantes, eletricidade (níveis de tensão

elevada), diferenças de níveis, água e óleo sob alta pressão entre outros que formam um

conjunto crítico na prevenção de acidentes. Os operadores e equipes de manutenção formam o

conjunto de trabalhadores mais sujeitos a estes riscos, em virtude do contato diário com os

equipamentos.

O trabalho da manutenção necessita do complemento da operação e vice versa.

Quando a unidade geradora ou equipamento apresenta uma anormalidade o operador deve

solicitar à manutenção que intervenha para sanar a anomalia, e a manutenção solicita à

operação que efetue as manobras necessárias para que ela possa intervir no referido

equipamento, ou seja, as atividades se complementam gerando a necessidade de sinergia entre

as equipes. Salientamos que quando a manutenção efetua um trabalho em equipe o operador

também faz parte da equipe, pois ele além de disponibilizar o equipamento para manutenção,

ele precisa isolar a área de trabalho, portanto o mesmo deve planejar a segurança

conjuntamente com a manutenção.

No mercado de geração de energia elétrica pelo aproveitamento do potencial

hidráulico, encontramos diversos métodos para se efetuar o controle dos processos de

manutenção e operação de forma segura.

Alguns são simples, outros mais complexos, entretanto a finalidade sempre é prevenir

a ocorrência de acidentes do trabalho em usinas hidrelétricas. Os métodos a seguir

apresentados são os mínimos recomendados para que o ambiente de uma usina hidrelétrica

seja um ambiente com pouco ou nenhum acidente do trabalho.


25

6.1.1. Liberação de Equipamento

Toda vez que a manutenção for efetuar uma intervenção no equipamento, a mesma

deve gerar um documento solicitando a liberação do equipamento. Neste documento deve

constar a tarefa que será realizada, o local, quais as pessoas que executarão a tarefa, quem é o

responsável pela tarefa, a data, o período de execução, estado do equipamento para

intervenção (desligado, ligado com restrições ou ligado), bloqueios necessários e assinatura

do responsável.

O operador recebe o documento de solicitação e avalia todos os itens descritos, mas

com especial atenção aos bloqueios solicitados verificando a sua conformidade, ou seja,

verifica se é possível efetuar. Caso necessário ele poderá incluir bloqueios ou excluir

(consenso com o responsável pela manutenção), após a avaliação ele pode indeferir o pedido

ou deferir (assinando o documento).

Este documento visa preservar a integridade física dos envolvidos na manutenção,

criando um vinculo entre o executor da manutenção e o operador. Pois o operador deverá ter

conhecimento da tarefa e local que a mesma está sendo executada, evitando que alguém

inadvertidamente execute manobra que coloque os envolvidos na manutenção em risco.

Há estes procedimentos acima citados inclui-se a obrigatoriedade da manutenção

verificar a correta aplicação dos bloqueios, e até quando possível acompanhar a execução dos

mesmos pelo operador.

Um ponto a ser ressaltado é quando houver a troca de turno de operador ou mudança

do responsável pela execução da tarefa (manutenção), a que se tomar cuidado para que todos

esses processos sejam devidamente registrados no documento. Não se entenda como uma

medida para descobrir o culpado após o problema, mas uma obrigatoriedade do operador e

responsável pela tarefa estarem cientes dos bloqueios efetuados, bem como da tarefa que está

sendo executada no local.


26

O fluxograma descrito na figura 5 ajuda no entendimento do processo de tramitação da

liberação de equipamento para a manutenção. Este fluxograma pode ser readequado conforme

a necessidade ou entendimento, o que não descartamos é a necessidade de ter um documento

que efetue os devidos registros dos equipamentos liberados pela operação para a manutenção.

O procedimento normal para liberar um equipamento é efetuar as manobras

necessárias e na seqüência efetuar a isolação e sinalização de segurança da área e

equipamentos.

A identificação do equipamento tem o intuito de evitar que outro indivíduo refaça a

manobra, sem o conhecimento do operador que efetuou a liberação e da equipe de

manutenção que executa a tarefa. Na figura 4 temos o exemplo (frente e verso) do padrão de

etiquetas utilizadas para liberação de equipamentos. A referida etiqueta deve ter os seus

campos devidamente preenchidos e afixada no local de onde o equipamento pode ser operado.

No caso do equipamento ter dois locais de operação, por exemplo remotamente de um

computador e no painel, deve-se etiquetar os dois locais para não deixar possibilidade alguma

de acionamento sem conhecimento da restrição.

A etiquetagem de equipamentos deve seguir alguns procedimentos descritos abaixo:

• Somente operadores poderão efetuar a sinalização de equipamentos;

• Os operadores devem ter treinamento especifico para sinalização de segurança;

• Qualquer pessoa que estiver efetuando um serviço é responsável por assegurar que o

componente ou sistema esteja em uma condição segura antes de efetuar o serviço;

• Devem estar definidos os requisitos para instalação, verificação e liberação de

etiquetas e bloqueios;

Depois de concluída a tarefa o responsável pela manutenção, se dirige à operação e

assina a liberação como sinal de conclusão do serviço e retorno do equipamento para

operação. O operador então executa o procedimento de retirada da isolação do local, retirada


27

de etiquetas de segurança utilizadas para liberar o equipamento e desfaz os bloqueios,

retornado o equipamento a operação.

Este documento gerado durante o processo de manutenção e operação deve ser

guardado como forma de manter documentados os bloqueios efetuados pelos operadores, e

também como meio de consultas posteriores.

FIGURA 4– ETIQUETAS PADRÃO

SISTEMA ETIQUETA SISTEMA ETIQUETA

PERIGO PERIGO

NÃO OPERAR NÃO OPERAR

EQUIPAMENTO:
____________________ NÃO REMOVER O COMPONENTE
______________________________
______________________________
________ SERÃO TOMADAS MEDIDAS
POSIÇÃO: DISCIPLINARES SE ESTAS
_________________________ ORDENS FOREM
______________________________ DESRESPEITADAS
____
SOLICITANTE DA PERMISSÃO
(SP):
______________________________
28

FIGURA 5– FLUXOGRAMA DE LIBERAÇÃO DE EQUIPAMENTO

INICIO

CRIAR LEM

ANALISAR
BLOQUEIOS E
MANOBRAS

ABRIR LEM

PREENCHER
APR

SIM
HÁ NOVAS
MANOBRAS?

NÃO

EXECUTAR O
SERVIÇO

SIM
HOUVE ALTERAÇÃO
DO RESPONSÁVEL
ALTERAR
RESPONSAVEL
NÃO

FECHAR LEM

FIM
29

6.1.2.- Analise de Risco

A Analise Preliminar de Risco, conhecida pela sigla APR, DINÂO, Flávio Freitas.

APR – consiste no estudo durante a fase de concepção da atividade com o fim de determinar

riscos que poderão estar presentes na fase operacional. A analise mostra onde as medidas

preventivas são necessárias.

A APR deve conter os seguintes passos:

• TIPO: Análise inicial (PRELIMINAR), qualitativa.

• APLICAÇÃO: Fase do projeto ou desenvolvimento de qualquer novo processo, por

exemplo, atividade.

• OBJETIVO: Determinação de riscos e medidas preventivas antes da fase operacional.

• PRINCÍPIOS / METODOLOGIA: Revisão geral dos aspectos de segurança,

levantando-se causas e efeitos de cada risco, tomando as medidas preventivas.

• BENEFÍCIOS E RESULTADOS: Elenco de medidas de controle de riscos desde o

início operacional da atividade, processo. Definição de responsabilidade no controle

dos riscos. Muito útil como revisão geral de segurança, revelando as vezes aspectos

despercebidos.

Ao realizar uma APR devemos ter em mente as seguintes etapas básicas:

a) Rever problemas conhecidos – Revisar a experiência passada em situações semelhantes.

b) Revisar o objetivo da atividade, processo. – Atentar para os objetivos, as exigências de

desempenho, o ambiente onde se dará a atividade.

c) Determinar os riscos principais – Quais serão os riscos principais com potencialidade para

causar direta e imediatamente lesões, danos a material, perda de equipamento.

d) Determinar os riscos iniciais e contribuintes – Para cada risco principal detectado há com

certeza riscos iniciais e contribuintes.


30

e) Identificar os meios de eliminar ou controlar os riscos. –Elaborar uma visão dos meios

possíveis, procurando as melhores opções.

f) Estar preparados com sistema de emergência no caso da segurança falhar. Preparar um

esquema de emergência para mitigar os danos.

g) Indicar quem deve emplementar as ações corretivas. – Indicar claramente os responsáveis

pelas ações corretivas.

No quadro 1 temos a esquematização das categorias de risco aplicadas a análise preliminar de

risco.
31

QUADRO 1 - CATEGORIAS DE RISCO APLICADO À APR

CATEGORIA NOME CARACTERÍSTICAS

• Não degrada o sistema,

nem seu funcionamento.


I Desprezível
• Não ameaça os recursos

humanos

• Degradação moderada,

danos menores.

II Marginal / limítrofe • Não causa lesões

• É compensável ou

controlável.

• Degradação crítica

• Lesões

• Dano substancial

III Crítica • Coloca o sistema em

risco, necessita de

ações corretivas

imediata.

• Séria degradação do

sistema
IV Catastrófica
• Perda do sistema

• Morte e lesões graves.


32

6.1.2.1. Componentes de variação da APR

As atividades desenvolvidas por uma pessoa durante a sua jornada diária, compõem-se

de quatro elementos ou componentes. Um acidente envolve uma ou várias atividades, desde

que elas estejam estreitamente ligadas, como no caso de trabalho em equipe e está relacionado

com a variação de um ou mais componentes das atividades. Para a execução de qualquer

atividade são considerados quatro os elementos fundamentais que requerem ser observados

desde o planejamento, são eles os aspectos ligados ao indivíduo, meio ambiente, material e

processo.

Indivíduo

É a pessoa física e psicológica que executa a atividade, com todos seus fatores

profissionais e pessoais. No acidente, é o acidentado ou as demais pessoas que estejam em

relação direta ou indiretamente envolvida com o acidentado.

Quando do preenchimento da APR devemos relacionar todos os fatores que podem

impedir o indivíduo ou a equipe de realizar a tarefa.

Exemplos:

a) Sem informação sobre o risco da tarefa;

b) Escolha imprópria de pessoa;

c) Cansaço físico ou mental;

d) Indivíduo com deficiência física;

e) Numero de horas de sono antes da atividade;

f) Hábito de usar parte do corpo impropriamente;

g) Funcionário sem conhecimento da atividade;

h) Funcionário sentiu-se mau;

i) Assumir posição ou postura insegura;


33

j) Fazer brincadeira ou exibição;

k) Dirigir incorretamente;

l) Descuidar-se na observação do ambiente, exemplo ao pisar;

m) Funcionário com problemas psicossomáticos;

n) Fadiga / cansaço;

o) Stress;

p) Deficiência visual;

q) Reação do corpo;

r) Deixar de usar vestimenta correta.

Meio Ambiente

É o ambiente físico e social onde a tarefa é executada pelo empregado. No acidente, é

o local de trabalho onde o mesmo ocorreu.

Quando do preenchimento da APR relacionar todos os fatores ambientais que possam

influir na atividade e que ofereçam riscos aos colaboradores. Após identificar todos os fatores

ambientais que oferecem riscos aos trabalhadores, devemos bloquear os mesmos.

Exemplos:

a) Superfície de sustentação escorregadia;

b) Escada móvel ou fixada;

c) Máquina próxima sem proteção;

d) Risco de energia elétrica;

e) Áreas elevadas sem guarda corpo;

f) Risco de inalação de produtos químicos;

g) Risco de queda do mesmo nível;

h) Risco de queda com diferença de nível;

i) Atrito ou abrasão;
34

j) Exposição à irradiação;

k) Exposição ao ruído;

l) Exposição à poluição do ar;

m) Exposição à vibração;

n) Risco de explosão;

Material

São todos os equipamentos, materiais e produtos necessários para executar a tarefa,

colocados a disposição do empregado. No acidente, são os equipamentos, materiais ou

produtos que falharam ao serem utilizados corretamente de acordo com as suas

especificações.

No preenchimento da APR devem-se relacionar todos os fatores ligados aos

equipamentos, materiais e produtos que podem impedir ou que ofereçam riscos a atividade e

considerar que atitude ou comportamento deve ser tomadas no processo como garantia de

bloqueio efetivo.

Objetivo principal neste tópico é permitir aos colaboradores observar

coincidentemente que ferramentas, máquinas ou equipamentos podem determinar o sucesso

ou o fracasso na realização da tarefa. E considerar cada material como uma possível fonte de

acidente capaz de lesionar ou causar danos a propriedade, propondo bloqueio para estas

fontes.

Exemplos:

a) Equipamento danificado;

b) Equipamento defeituoso;

c) Equipamento de guindar;

d) Equipamento emissor de radiação;


35

e) Material ou equipamento potencialmente perigoso;

f) Material ou equipamento inseguro de terceiro;

g) Produto sem identificação de risco;

h) Sem informação de uso;

Tarefa

São as ações do empregado, da equipe ou outras pessoas, que devem ser executadas

para realizar-se a atividade. No acidente, são as ações que foram executadas ou deveriam ser,

pelo acidentado ou as demais pessoas que estejam em relação direta ou indiretamente

envolvidas com o acidente.

No preenchimento da APR deve-se considerar as ações do indivíduo, da equipe ou

outras pessoas de todo o processo, cujos desvios geram acidentes.

É importante considerar que nos processos evoluídos a padronização tem garantido o

resultado esperado pelo solicitante com eficiência e qualidade.

Caso o processo, atividade ou tarefa não estejam padronizadas passa a ser de grande

importância as observações e contribuições feitas por todos aqueles da equipe que

efetivamente realizarão as atividades.

As experiências individuais devem-se somar às opiniões do grupo tornando mais ativo

o processo de prevenção no planejamento, permitindo que grandes revisões sejam feitas e

conseqüentemente a quebra de muitos paradigmas.

Exemplos:

a) Atividade sem guia de procedimento;

b) Atividade sem a indicação de tempo adequado para término;

c) Trabalho não planejado;

d) Tarefa nova;
36

e) Comunicação deficiente do grupo;

f) Falta de projeto;

g) Colocação perigosa de materiais ou produtos;

6.1.2.2. Monitoramento das análises de risco

Em todo processo que se queira controlar ou manter controle sobre o

andamento das atividades deve ser monitorado constantemente pelas equipes responsáveis

pela execução da tarefa e equipe de segurança e saúde do trabalho. O monitoramento e

avaliação têm o objetivo de manter um ciclo de melhoria contínua do processo, entendemos

que trabalhar em um ambiente totalmente seguro é algo impossível, mas minimizá-los para

níveis adequados e controláveis é algo possível.

Entretanto o principal objetivo para medição dos riscos é verificar o cumprimento das

metas pré -estabelecidas, pois somente com metas podemos realmente definir se os programas

implementados, as medidas efetuadas para bloquear os riscos estão se caracterizando em uma

diminuição dos acidentes ou quase acidentes. Não estabelecer metas é como uma viagem sem

rumo, não sabe onde vai chegar você não tem um objetivo, ou seja, não tem controle.

No quadro 2 temos exemplo de esquema utilizado para efetuar verificações em campo

pela equipe de segurança do trabalho. O quadro deixa claro a verificação no inicio dos

trabalhos e ao final do mesmo, sempre objetivando orientar os profissionais envolvidos na

tarefa para a correta execução dos procedimentos de segurança. O visto, efetuado pelo agente

verificador é a forma de rastreabilidade da inspeção.

As verificações levantadas no quadro 2, são apenas orientativas devendo ser

adequadas a cada ambiente de trabalho.

No quadro 3 é apresentado um modelo de verificação e registro de quase acidentes,

pois como já foi citado, precisamos registrar os quase acidentes para termos forma de
37

controlar e tomar as providências evitar ocorrências futuras. Pode servir também como forma

de avaliação de desempenho das equipes no que tange a segurança do trabalho, para quem

efetua os serviços adequadamente vão os méritos, para os demais vão as recomendações.

Na figura 6 é mostrado o fluxograma que demonstra a seqüência do processo que vai

da criação, identificação dos riscos, bloqueio dos riscos, análise de execução, divulgação e

encerramento da APR.

QUADRO 2 – VERIFICAÇÃO ANTES DE INICIAR O TRABALHO

INICIO FINAL VISTO


VERIFIQUE
SIM NÃO SIM NÃO INICIO FIM

A distancia de segurança dos

1 equipamentos energizados é

segura

Se as manobras de

2 desligamento do equipamento,

junto à operação estão corretas

Se não há possibilidade de

3 energização / operação

acidental

Com detector de AT se o

4 equipamento está realmente

desenergizado
38

A delimitação, sinalização e

5 isolamento da área que será

trabalhada

Se a equipe está devidamente

6 orientada sobre os pontos

perigosos

Se foram sinalizados os
7
comandos dos equipamentos

Se a equipe está devidamente

8 equipada para a natureza do

serviço

Se o aterramento do

equipamento em manutenção
9
foi colocado, na entrada e

saída.

Para liberação do equipamento

para a operação, se está em


10
condições para reenergização

/operação.
39

QUADRO 3 – ANOTAÇÕES DE QUASE ACIDENTES

LOCAL DE TRABALHO/
HORÁRIO DIA DA SEMANA MÊS / ANO
EQUIPE

ASSUNTO PARA

REUNIÃO

AVALIAÇÃO
OBSERVE DURANTE O
POSITIVA RECOMENDAÇÕES SIM NÃO
TRABALHO
SIM NÃO

Procedimento e

Organização do ambiente

de trabalho

As condições das

ferramentas e

equipamentos

Disposição e condições

dos Equipamentos de

Proteção Individual e

Coletiva

Posturas e posições

durante a execução dos

trabalhos

Outras atitudes

observadas
40

FIGURA 6 – FLUXOGRAMA DE ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCO


41

7. RESULTADOS

O PPRA quando feito e aplicado de forma efetiva tem demonstrado excelentes

resultados na prevenção e controle de acidentes e doenças do trabalho. Quando falamos em

redução do número de acidentes, deve-se entender que houve também uma diminuição na

gravidade dos acidentes ocorridos.

As equipes de brigada de incêndio nas usinas hidrelétricas em geral atuam no combate

a incêndios da reserva ambiental da usina. Mas também atuam elaborando planos de

contingências, ministrando treinamento aos demais colaboradores, realizando simulações,

entre outros. Essa equipe normalmente composta de 8 integrantes, dependendo do número de

trabalhadores da usina, esta preparada numa eventual emergência (caracterizam-se como

situação de emergência as ocorrências de acidentes, incêndios, enchentes ou outros sinistros)

possa evacuar o local de forma segura ou controlar o mesmo.

Medidas de segurança similares a liberação de equipamento e análise preliminar de

risco implementadas em diversas usinas mostrou a eficácia destas. Houve reduções

consideráveis no número de quase acidentes registrados em períodos anteriores. Os melhores

resultados obtidos foram aqueles em que as medidas efetuaram maior envolvimento dos

colaboradores que executam a tarefa.


42

8.CONCLUSÃO

Todas as medidas apresentadas neste trabalho têm o objetivo de atuar na prevenção de

acidentes, com objetivo de minimizar os riscos a que o trabalhador esta sujeito no ambiente de

trabalho das usinas hidrelétricas. Entendemos que em muitos casos os acidentes são

imprevisíveis . Entretanto a maioria dos acidentes são previsíveis, sendo possível preveni-los,

então é onde temos que atacar para evitar que estes acidentes ocorram e se ocorrerem sejam

acidentes sem gravidade.

Executando o PPRA de forma adequada, revisando o mesmo sempre que surgirem

novos riscos, ministrando treinamento a todos os funcionários, controlando e cobrando o uso

de equipamentos de proteção, elaborando as liberações de equipamentos, efetuando a analise

de risco, implantando e treinando a brigada de incêndio periodicamente, não digo que não

teremos mais acidentes, mas com certeza as tarefas serão executadas com mais segurança e

mesmo que a longo prazo o número de quase acidentes e acidentes ira diminuir

consideravelmente.

Um fato que se busca ressaltar é a necessidade do comprometimento da empresa em

querer uma melhoria continua no aspecto de segurança. As empresas modernas e as grandes

corporações em geral, chegaram à conclusão que a segurança não é somente um gasto é um

investimento. Um acidente pode trazer uma série de complicações para a empresa, por

exemplo, imagem perante os clientes, custas judiciais, danos a equipamentos entre outros.
43

9- REFERENCIAS

ARAÚJO, Giovanni Moraes de. Normas Regulamentadoras Comentadas. Rio de

Janeiro:2003

CARDELLA,B. : Segurança no trabalho e prevenção de acidentes – uma abordagem


holística: segurança integrada à missão organizacional com produtividade, qualidade,
preservação ambiental e desenvolvimento de pessoas. São Paulo, Atlas, 1999.

DINÂO, Flávio Freitas. Programa de Prevenção de Acidentes na Operação e Manutenção de

Usina. Curitiba: 2002.

DINÂO, Flávio Freitas. APR – Análise Preliminar De Riscos. Curitiba: Maio 2004.

DINÂO, Flávio Freitas.Manual de Segurança Escoelectric. Curitiba: 2002.

GIL, A.. C. Como elaborar projetos de pesquisa. Rio de Janeiro: Atlas, 1991.

LEI No 6.514, DE 22 DE DEZEMBRO DE 1977. Segurança e Medicina do Trabalho.

OLIVEIRA, Júlio Cezar de. Manual de APR – Copel. Curitiba:2002.

SALIBA, Tuffi Messias; CORRÊA, Márcia Angelim C. & AMARAL, Lênio Sérvio Higiene

do Trabalho e Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. São Paulo: LTr 2002.

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