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Do Desespero Público de Alguns Advogados

Sempre foi prática no PAD, antes de se avançar com alguma acção pública, criar uma comissão de estudo e
análise e após, auscultar todos os demais Colegas nos fóruns e muitas das vezes por contacto escrito.

Parece fácil, porém tal exige dispêndio de muito tempo e


alguma organização.

Para se respeitar a vontade da maioria por um lado e por


outro, para não se correr o risco de se dar tiros nos
próprios pés, com actos impensados, que podem trazer
consequências mais danosas aos Advogadas do que
aquelas que se pretende prevenir.

Mas foi desta forma que se chegou à conclusão de que a


maioria dos Colegas é contra, greves, manifestações,
boicotes e protestos.

Aliás, é sobejamente conhecido de todos nós o fracasso da manifestação à porta do Ministério da Justiça em
Maio de 2009: pelo número de participantes e pelos resultados obtidos.

Não foi por acaso que os diversos grupos de advogados que foram aparecendo optaram por organizar-se em
grupos fechados e de acesso limitado.

E os espaços abertos e públicos serviam essencialmente para a exposição dos problemas que nos afectam e
promoção do próprio grupo, convidando-se por essa via e para o debate privado, todos os Colegas que assim
o entendessem.

Nunca ninguém viu no Facebook do PAD ou no da comissão instaladora da ADEFO, debaterem-se as acções
que estavam a ser organizadas ou o teor das reuniões privadas, existentes numa ou noutra organização.

Porém, tal tem a sua justificação: a imagem pública da união.

Todos sabemos que os advogados inscritos no acesso ao


direito além de estarem geograficamente dispersos, não
constituem um grupo homogéneo nas suas características.

Os Colegas das Ilhas, debatem-se com problemas, os quais


em nada afectam os do Continente.

A advocacia exercida nas comarcas mais pequenas é


diferente da advocacia exercida nos grandes centros
urbanos.

Há comarcas em que os Colegas têm de despender uma boa fatia do seu tempo com as nomeações
oficiosas, enquanto outras existem, como é o caso de Lisboa, em que as defesas oficiosas são uma ínfima
parte do trabalho desenvolvido pelos Colegas.

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E existe também o factor económico.

Muitos dos Advogados não necessitam das quantias recebidas do trabalho desenvolvido no âmbito do acesso
ao direito para a manutenção da sua actividade, enquanto
que, para outros, a falta de tais quantias poderá fazer
perigar a manutenção no exercício da profissão.

A tudo isto acresce a forma como cada um encara o


carácter pro bono inerente à advocacia exercida no âmbito
do sistema de acesso ao direito e aos tribunais.

Estas complexas diferenças entre pares não ajudam a


fomentar a união no momento em que se pretende levar a
cabo qualquer iniciativa que vise a defesa dos interesses
da classe.

Mas há que estar atento a elas e encontrar a melhor forma


de se conseguir o consenso.

Daí a importância de qualquer iniciativa ser debatida em privado, sob pena, de se passar uma imagem de
desorganização e fracasso como aquela a que assistimos no presente mês de Janeiro, que compromete não
só a imagem dos Advogados, como também alguns logros que a muito custo se têm conseguido.

E fragilizam a nossa posição numa negociação em que os opositores são mais do que muitos e a alguns
deles até lhes compete fazer leis.

Assistiu-se neste mês e com grande pesar do Projecto Acesso ao Direito, a tudo aquilo que jamais deveria ter
sido tornado público e pelo qual sempre lutámos contra: desorganização, falta de respeito entre Colegas e
pelas instituições a quem incumbe a defesa dos nossos direitos e sobretudo falta de memória e de sentido de
oportunidade.

Numa palavra: vergonhoso!

E O FANTASMA DO DEFENSOR PUBLICO IRROMPE DE NOVO!

É verdade! Ei-lo de novo na mira dos nossos governantes.

A figura do defensor público regressou à ribalta de molde a desmoronar o


Sistema do Acesso ao Direito, apanágio da Ordem dos Advogados e do seu
Bastonário.

Tudo o fazia antever: são os pareceres do Conselho Superior da Magistratura,


são os projectos-leis apresentados por alguns partidos políticos com assento
parlamentar e algumas vozes desgarradas dentro do seio dos advogados que

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proclamam pela mudança do sistema do patrocínio oficioso.

No momento actual de austeridade que assombra o país, nada melhor que propor medidas de redução de
défice e despesas no orçamento do Ministério da Justiça.

Diz-se por aí que os advogados oficiosos custam milhões ao


erário público.

E no entender de algumas vozes sonantes do sistema judiciário


tal como a do Senhor Juiz Conselheiro Noronha do Nascimento “
o cidadão está melhor servido por um defensor público do que
por um oficioso”.

Caberá questionar se um defensor público servirá melhor os


interesses dos cidadãos mais carecidos e simultaneamente
custará menos milhões ao orçamento de estado.

A figura do defensor público institui um advogado funcionário público, com escritório montado nos tribunais e
com um salário certo ao final do mês. Será assim? Ou irá o Sr. Ministro adjudicar uns lotes aos Srs.
Advogados, que colocam à disposição do Estado os seus escritórios a troco duma avença miserabilista?

Será um advogado que passará a servir o Estado e não o simples Cidadão? O advogado, funcionário público,
um subordinado, regendo-se no exercício da sua actividade por regras provindas do próprio estado?

E embora saibamos que esta figura é a antítese do estatuto do advogado, repelida pela Ordem dos
Advogados, não nos podemos esquecer que a «redefinição
do papel do defensor público” faz parte do programa do
Governo.

E juntando o útil ao agradável, avizinha-se-nos que este


fantasma expeditamente se apresentará como a medida
mais eficaz na tão proclamada redução de défice que se
impõe ao nosso Ministro da Justiça.

Será a ameaça do defensor público uma arma de


arremesso político contra aqueles que por vezes teimam em
esquecer a função social do advogado e proclamam por um
pagamento certo e mensal?

Será o Defensor Publico a solução contra aqueles Srs.


Advogados que, sem escrúpulos, se apoderam, a titulo de compensação pelo patrocínio oficioso, de quantias
sobres as quais sabem não ter direito?

É hora Colegas de meditarmos sobre o que o futuro nos reserva. É o momento para debatermos
internamente sobre o Sistema que melhor salvaguarda os direitos dos cidadãos e aquele que garante o
imperativo do Acesso ao Direito e à justiça.

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E não podemos de modo algum olvidar que o exercício do patrocínio oficioso é
um ónus do advogado e não um direito.

Deveremos antes de mais reconhecer que o Sistema do Acesso ao Direito e


aos Tribunais existe para o cidadão e não para os advogados. E tão pouco não
nos podemos esquecer do estado de insolvência em que se encontra o nosso
país.

Cabe-nos zelar pelos nossos interesses, mas também nos cabe zelar pelos
interesses dos cidadãos, beneficiários deste sistema, do qual somos parte
integrante e imprescindível.

NOVAS AUDITORIAS À PLATAFORMA SINOA:


QUE FUTURO PARA O ACTUAL MODELO DE ACESSO AO DIREITO?

O PAD foi contactado por dois colegas a questionar se o mesmo sabia da existência de auditorias à
plataforma SINOA, à semelhança do que ocorreu no ano passado.

Tal deveu-se ao facto de ter sido o PAD, mais concretamente um dos seus membros, quem teve a coragem
nesse momento de alertar todos os Colegas para a situação.

Para tal interpelação dos Colegas não tínhamos resposta, porém é sabido que o direito do IGFIJ a auditar as
contas dos Srs. Advogados, vem consagrada na lei.

A questão é actual e pertinente porque posteriormente um desses Colegas veio a confirmar novas auditorias
à plataforma SINOA. Isto porque chegaram ao IGFIJ, IP,
pedidos de honorários e despesas bastantes avultados e
manifestamente desproporcionados tendo em conta os
processos em que foram lançados.

A ser confirmado o que se suspeita, estaremos perante uma


situação extremamente grave e sobre a qual a Ordem dos
Advogados terá de tomar medidas enérgicas e urgentes.

Mas pensamos que não poderá ser apenas a Ordem dos


Advogados a reagir contra a prática destes lamentáveis
crimes, porque é de crimes que estamos a falar.

Na verdade, está na hora de todos os colegas inscritos no Acesso ao Direito fazerem uma séria reflexão
sobre o modelo de Apoio Judiciário que defendem.

Num ano de profunda crise económica e social, em que a redução de custos parece ser a principal prioridade
dos nossos políticos e em que mais do que nunca a sinistra figura do DEFENSOR PÚBLICO está na ordem
do dia, atitudes como esta, por parte de quem devia respeitar e proteger o actual sistema de Acesso ao

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Direito, não podem deixar de dar boas razões aos seus inimigos, aos que apregoam aos quatro ventos que
este sistema dá prejuízo ao estado português. E de facto, desta maneira dá!!!

Talvez não seja por acaso que o Sr. Ministro da Justiça


apenas se tenha comprometido com o Sr. Bastonário a
efectuar, durante o mês de Fevereiro, os pagamentos
lançados na plataforma SINOA no mês de Outubro.

É que, havendo abusos nos lançamentos de honorários


e despesas, não pode haver pagamentos sem que esses
mesmos abusos sejam investigados.

A verdade é que para que alguns colegas recebam


honorários e despesas a que não têm direito, ficam os
outros sem receber o que lhes é devido.

Desde já o PAD repudia vivamente este e outros tipos de


actuações fraudulentas, porque elas prejudicam todos os Advogados, pondo em causa não apenas o actual
sistema de Acesso ao Direito mas também a dignidade da profissão e o bom nome e honra dos Advogados
em geral, descredibilizando-os aos olhos dos órgãos do poder público e da sociedade em geral.

CAMPANHA PELA DIGNIFICAÇÃO


DA ADVOCACIA AO SERVIÇO DO CIDADÃO

Conforme é do conhecimento dos Colegas foi lançada no ano passado durante a semana de Maio em que se
comemorou o Dia do Advogado, uma campanha que visava dignificar a imagem dos Advogados inscritos no
Acesso ao Direito.

O momento que actualmente atravessamos e que está patente na


presente Newsletter que levamos ao conhecimento dos Colegas,
impõe ao PAD e a todos os Advogados inscritos no SADT, acções
que visem dignificar a nossa imagem e defender o nosso bom nome.

Sem querer descurar a defesa dos nossos interesses cremos que


chegou o momento de encontrarmos aliados para a defesa
intransigente dos nossos direitos e do sistema actualmente
implementado que melhor defende os interesses dos cidadão e
melhor se coaduna com o exercício livre da advocacia.

Neste sentido apelamos a todos os Colegas que contribuam para esta


campanha, quer com as suas opiniões, quer na divulgação da mesma
nos mesmos moldes em que foi feito no ano transacto.

Para o efeito, estejam atentos à nossa página Web e participem. Está na altura de advogarmos em causa
prórpia!

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Legislação Janeiro de 2011 Autarquias Locais - Transferências para a
Concessão de Benefícios Sociais
Decreto-Lei 13/2011 25/01/2011 - Regula as
Código dos Regimes Contributivos do transferências a efectuar pelas autarquias locais a
Sistema Previdencial de Segurança Social instituições culturais, recreativas e desportivas
Decreto Regulamentar 1-A/2011 1.º constituídas por trabalhadores municipais ou que
Suplemento 03/01/2011 - Procede à visem a concessão de benefícios sociais aos
regulamentação do Código dos Regimes trabalhadores municipais e aos seus familiares, no
Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança uso da autorização legislativa concedida pelo artigo
Social, aprovado pela Lei n.º 110/2009, de 16 de 43.º da Lei n.º 3-B/2010, de 28 de Abril
Setembro
Estatuto do Notariado - Estatuto da Ordem dos
Politica Salarial - Redução Remuneratória Notários
Resolução do Conselho de Ministros 1/2011 Decreto-Lei 15/2011 25/01/2011 - Altera o
04/01/2011 - Concretiza as orientações para Estatuto do Notariado e o Estatuto da Ordem dos
aplicação da redução remuneratória nas empresas Notários, no uso da autorização legislativa concedida
públicas de capital exclusiva ou maioritariamente pela Lei n.º 45/2010, de 3 de Setembro
público, das entidades públicas empresariais e das
entidades que integram o sector empresarial Ordem dos Advogados
regional e municipal Acórdão 3/2011 25/01/2011 - Declara a
inconstitucionalidade, com força obrigatória geral, do
Programa SIMPLEGIS artigo 9.º-A, n.os 1 e 2, do Regulamento Nacional de
Decreto-Lei 2/2011 06/01/2011 - Concretiza Estágio da Ordem dos Advogados, na redacção
uma medida do programa SIMPLEGIS através da aprovada pela deliberação do Conselho Geral da
alteração da forma de aprovação e do local de Ordem dos Advogados n.º 3333-A/2009, de 16 de
publicação de determinados actos, substituindo a Dezembro
sua publicação no Diário da República por outras
formas de divulgação pública que tornem mais fácil Código de Processo Penal
o acesso à informação Acórdão 1/2011 26/01/2011 - Em procedimento
dependente de acusação particular, o direito à
Farmácias constituição como assistente fica precludido se não
Decreto-Lei 7/2011 10/01/2011 - Dispõe que a for apresentado requerimento para esse efeito no
abertura de farmácias se pode fazer vinte e quatro prazo fixado no n.º 2 do artigo 68.º do Código de
horas por dia, sete dias por semana, em articulação Processo Penal
com o regime de turnos, alterando o Decreto-Lei n.º
53/2007, de 8 de Março Imposto sobre Veículos
Portaria 44/2011 26/01/2011 - Fixa as taxas a
Regime Jurídico da Arbitragem em Matéria aplicar nos processos de regularização de veículos
Tributária tributáveis usados no território nacional
Decreto-Lei 10/2011 20/01/2011 - Regula o
regime jurídico da arbitragem em matéria tributária, Código de Processo Penal
no uso da autorização legislativa concedida pelo Acórdão 2/2011 27/01/2011 - Em face das
artigo 124.º da Lei n.º 3-B/2010, de 28 de Abril disposições conjugadas dos artigos 48.º a 53.º e
401.º do Código de Processo Penal, o Ministério
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa Público não tem interesse em agir para recorrer de
Resolução do Conselho de Ministros 8/2011 decisões concordantes com a sua posição
25/01/2011 - Determina a aplicação do Acordo anteriormente assumida no processo
Ortográfico da Língua Portuguesa no sistema
educativo no ano lectivo de 2011-2012 e, a partir de Informação Predial Simplificada
1 de Janeiro de 2012, ao Governo e a todos os Portaria 54/2011 28/01/2011 - Cria o serviço de
serviços, organismos e entidades na dependência do disponibilização online de informação não certificada,
Governo, bem como à publicação do Diário da existente sobre a descrição do prédio e a identificação
República do proprietário

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