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Histórias em Quadrinhos: Metalinguagem, estilo e memória

Diego Aparecido Alves Gomes Figueira (IEL-Unicamp)


dgfigueira@gmail.com

Nas histórias em quadrinhos atuais costumam figurar várias versões de um mesmo personagem,
oriundas de infinitas realidades paralelas, com diferenças sutis ou gritantes entre si. Também é
característico da indústria que diferentes artistas se revezem ao longo dos anos como autores de um
determinado personagem. Graças a uma mídia especializada em comentar revistas em quadrinhos,
que se encarrega de escrever uma historiografia e até mesmo propor um suposto cânone para o
gênero, estas duas características passaram a se combinar, com a associação de determinada versão
de uma personagem com um determinado criador ou momento histórico, numa extrapolação da
figura de linguagem da metonímia. Uma maior consciência desse fenômeno por parte da
comunidade de leitores e produtores de quadrinhos inspirou uma série de obras que explora a
temática das realidades paralelas com elementos de metalinguagem, combinando fatos do mundo
real na esfera da produção de quadrinhos com enredos de outras histórias desse cânone recontadas
de um novo ponto de vista. Este projeto de pesquisa busca compreender como se dá este fenômeno
discursivo através de uma análise das relações que leitores, autores, editores e críticos de
quadrinhos estabelecem entre si e com o material em questão e como essas relações têm efeitos nas
obras que apresentam este tipo de discurso. Pretendemos analisar como a temática das realidades
alternativas tem se combinado com certas características da produção e leitura de quadrinhos para
criar obras em que as relações dialógicas entre textos e a metalinguagem ganham destaque no
próprio enredo. Também acreditamos que este objeto de estudo, no contexto que o apresentamos,
possa oferecer um bom entendimento de como se configura a cultura popular quando está
relacionada com gêneros secundários relativamente mais estabilizados, como é o caso da presença
dos colecionadores em sites jornalísticos na Internet expressando suas opiniões sobre uma história
em quadrinhos.Para isso, nos baseamos principalmente na teoria lingüística de Mikhail Bakhtin,
especialmente no que se refere às questões dos gêneros do discurso, da relação autor-herói e a teoria
dialógica do texto.

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