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John Gilchrist
Introdução
Alguém poderia dizer: "por que discutir?". Por que não apenas
compartilhar nossas crenças diferentes num espírito de compreensão mútua e
deixar os pontos conflitantes da nossa fé de lado? Há inúmeras razões pelas
quais os cristãos, se quiserem ser verdadeiros na sua fé e consigo mesmos,
devem estar preparados para responder às objeções dos muçulmanos e
rebater seus argumentos.
"... estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos
pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e
temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós
outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em
Cristo." (1 Pedro 3:15 a 16)
1. O espírito de triunfalismo
Outras publicações cristãs recentes insistiam que Alá era o "deus lua"
do paganismo árabe anterior ao islamismo, e que o deus muçulmano era, na
verdade, somente um deus de traços animistas. Uma vez tendo classificado
Alá, do islamismo, como um deus falso ou como ídolo, fica muito mais fácil de
atacar as crenças muçulmanas. Ao se discutir com muçulmanos, essas
falsidades devem ser evitadas. Alá é o nome universal árabe para o único Ser
Supremo de todo o universo, e é usado com a mesma liberdade por cristãos e
judeus de fala árabe, bem como pelos muçulmanos. Do mesmo modo, o
símbolo hallal é nada mais que um indicativo de que foi retirado daquele
produto tudo o que significasse restrição segundo as leis islâmicas, e que o
torna, portanto, apto para ser consumido. De certa forma, é exatamente
contrário do que alegaram aqueles cristãos sul-africanos (o antônimo haraam
é usada, no islamismo, para descrever os alimentos separados, que não
devem ser consumidos, como carne de porco), porque certamente nunca
indicaria que aquele alimento foi oferecido como sacrifício de qualquer tipo.
Outra falácia cristã muito popular que está sendo largamente difundida
ultimamente (e, infelizmente, as pessoas acreditam nela) é que o islamismo
era, originalmente, uma conspiração do catolicismo para eliminar os judeus e
cristãos que se recusavam a se submeter à autoridade do Vaticano. Maomé
teria sido iludido numa história ingênua, onde sua mulher Khatija, que seria
uma espiã católica, motivava-o a se tornar um grande líder para executar os
desígnios e planos do Vaticano. No entanto, fortificado pelo apoio financeiro
do Vaticano, o islamismo teria se rebelado e tomado seus próprios rumos na
História. Além de fantasiosa ao extremo, por desafiar todos os extensos
registros históricos a respeito da vida de Maomé e do início do islamismo, ela
foi espalhada pelo Dr. Alberto Riviera, partindo de um boato segundo o qual
um cardeal jesuíta, conhecido por Augustine Bea, tomou conhecimento da
trama em instruções secretas que teriam circulado no Vaticano. Apesar de ser
baseada numa lorota, muitos cristãos (que freqüentemente não sabem muito
mais que isso a respeito do islamismo) acreditam fervorosamente nela e criam
confusões com os muçulmanos.
2 O livro foi escrito em 1999, antes do atentado simultâneo às torres do World Trade Center, em Nova York, e
ao Pentágono, em Washington, EUA.
ache os muçulmanos chatos e irritantes, deve-se manter um espírito de mansa
boa vontade e conversação razoável.
— Deus não tem parceiros! Onde ele arranjou um Filho? Quem foi a
mulher de Deus? Como ele poderia deixar que o Seu Filho morresse? Você tem
filhos? Você ficaria lá parado, olhando, enquanto criminosos assassinam os seus
filhos? Que Pai é esse? De qualquer modo, ninguém pode morrer pelos seus
pecados — cada alma deve carregar seu próprio fardo. Se Cristo morreu por você,
isso não lhe dá o direito agora de pecar o quando quiser, uma vez que você já
está perdoado?
— Dois — respondi.
— Você não entende. Aquilo foi diferente! (ênfase minha). Foi um teste
do seu amor por Deus. Se um homem entregar seu filho para Deus, ele será
capaz de dar qualquer coisa a Ele!"
Continuei:
— Deus poupou o filho de Abraão, mas não poupou o Seu próprio Filho.
Deus mostrou, ao ordenar que Abraão desse a melhor prova de amor do seu amor
por Deus possível, que era o sacrifício do seu filho, aquilo que ele iria fazer ao nos
dar a maior manifestação de Seu amor . Os cristãos sabem que, na cruz, Deus fez
a melhor coisa possível por nós. O islamismo tem algo comparável? Alá alguma
vez igualou o exemplo supremo de amor sacrificial de Abraão?
O que começou como uma ofensiva muçulmana contra o Evangelho
terminou com um testemunho muito mais impactante do que eu seria capaz de dar
se ele nunca tivesse levantado aquela questão. Use os argumentos dos
muçulmanos para fortalecer seu testemunho. Leve a conversas o mais longe
possível de discussões ríspidas e disputas, e traga o debate para onde ele deve
estar: testemunho evangelístico.
John Gilchrist
20 de março de 1999
Capítulo Um
A integridade da Bíblia
A autenticidade textual do Qur'an e da Bíblia
1. Codex Alexandrinus
Este volume, escrito no século V d.C., contém toda a Bíblia, exceto por
algumas páginas do Novo Testamento, que foram perdidas (Mateus 1:1 a 25,
João 6:50 e 5:52 e 2 Coríntios 4:13 a 12:6). Tudo que este manuscrito contém
faz parte da nossa Bíblia hoje. O manuscrito está no Museu Britânico, em
Londres.
2. Codex Sinaiticus
3. Codex Vaticanus
3. A Septuaginta
4. Vulgata Latina
Também citado entre os quatro, diz-se que Alá teria ordenado que
Maomé o ouvisse recitar porções do Qur'an. Ele era conhecido como o sayid al-
qurra (mestre da récita), e também compilou seu próprio texto do Qur'an, o qual se
tornou o texto preferido dos muçulmanos na Síria.
Mais uma breve referência, que delineia a interação de Jesus com dois
dos seus discípulos, mais tarde naquele dia. Esse incidente, da mesma forma, é
contado com detalhes mais específicos em Lucas 24:13 a 35.
Não há nada nessa passagem que não seja repetido em algum outro
ponto do Novo Testamento. Os muçulmanos precisam provar que os
ensinamentos da Bíblia cristã não são os que haviam sido originalmente
registrados, e que o livro inteiro teria sido alterado do que alegadamente era, ou
seja, um texto consistente com o islamismo. Argumentos a respeito dessa
passagem em particular não chega nem perto de discutir a questão real. Nada
aqui conflita com o conteúdo geral do Novo Testamento e, como foi visto, todos os
acontecimentos relatados tem paralelos nos outros livros.
Abu Musa também menciona outra surata, que foi recitada nos
primórdios do islamismo pelos companheiros de Maomé:
"E ele costumava recitar uma surata que lembrava uma das suratas de
Musabbihat, da qual não me lembro mais senão este trecho: 'Ó povo que
acredita, por que não praticais aquilo que dizeis ' (61:2) e 'que está registrado
em seus pescoços e como testemunha (contra vós) e sereis interrogados a
respeito disso no Dia da Ressurreição.' (17:13) (Sahih Muslim, vol. 2, p. 50)
A passagem poderia muito bem ser parte dessa surata, pois se encaixa
perfeitamente no seu contexto e contém palavras que são encontradas no
resto do texto como din (religião, v. 5), aml (fazer, v. 7) e humafa (correto, v. 4).
A surata também contrasta o caminho de Alá com o dos judeus e cristãos em
outras partes do texto, e é um bom exemplo de verso que foi retirado do
Qur’an.
Várias outras fontes confirmam que esse verso era originalmente parte
do Qur’an, e hoje não consta mais dele. Pode-se citar Umar dizendo que
parte da escritura revelada a Maomé foi o ayatur-raja (verso do
apedrejamento), que foi memorizado, entendido e recitado por eles. Ele
acrescentou que temia que o povo, no futuro, ao descobrir que não havia mais
o verso no Qur’an, esquecesse a ordenança (Sahih al-Bukhari, Vol. 8, p. 539).
4. A satisfação de Alá
Também está registrado que este texto estava “escrito num verso do
Qur’an antes de ser retirado” (As-Suyuti, Al Itqan fii Ulum al-Qur’an, p. 527). É
outra prova de que o Qur’an não foi preservado sem nenhuma alteração,
modificação ou omissão, como acreditam os muçulmanos. Ao contrário, as
evidências de que algumas passagens tenham sido retiradas do Qur’an são,
como podemos ver, muito mais eloqüentes do que as que dizem respeito à
Bíblia.
Outra tradição relatada por Ayishah, uma das viúvas de Maomé, diz que havia
uma passagem no Qur’an que ensinava que, se duas pessoas tivessem sido
amamentadas pela mesma mãe por mais de dez vezes, elas não podiam se casar.
Mais tarde, segundo ela, o número foi reduzido a cinco:
“A’isha (Alá se alegre com ela) relatou que foi revelado no Santo Qur’an que dez
mamadas tornavam o casamento proibido; mais tarde foi modificado para cinco
mamadas e o Apóstolo de Alá (viu) morreu, e isso foi antes desse tempo no Santo
Qur’an.” (Sahih Muslim, Vol. 2, p. 740)
É notável que o texto bíblico tenha sido preservado com não mais do que algumas
poucas variações no texto. Todas elas, ao redor de vinte, estão no Novo
Testamento. Como foi ressaltado por Kenneth Cragg, apenas um milésimo do livro
foi afetado, o que não basta para os muçulmanos provarem que a Bíblia, como um
todo, tenha sido dramaticamente alterada a ponto de não conter mais a
mensagem original.
Por outro lado, o texto se repete quase que com as mesmas palavras em Lucas
20:18. Portanto, a variação não afeta a mensagem geral do texto. O mesmo se
aplica a Mateus 23:14, que contém outra frase de Jesus, desta vez uma
advertência aos fariseus que devoravam a casa das viúvas. O versículo só faz
parte de alguns textos mais antigos do evangelho de Mateus, mas se repete em
Marcos 12:40.
O versículo diz: “Pois há três que dão testemunho no céu: o Pai, a Palavra e o
Espírito Santo; e estes três são um.” (1 João 5:7). Como não aparece em
nenhum dos textos mais antigos do evangelho de João, é provável que este
versículo fosse uma nota de rodapé de algum escriba, um complemento ao
versículo seguinte, que diz: “E três são os que testificam na terra: o Espírito, a
água e o sangue, e os três são unânimes num só propósito.”
As variações na Bíblia podem ser tão facilmente explicadas e têm tão pouca
importância que não afeta de maneira alguma a integridade geral do livro. As
escrituras, na sua totalidade, foram preservadas até nós virtualmente inalteradas,
ao contrário do Qur’an, onde cada manuscrito que foi produzido pelos
companheiros de Maomé, com excessão de um deles, foi jogado na fogueira para
ser destruído.
Muçulmano: Não há variantes que afetem o texto atual do Qur’an. Nos primeiros
dias, o Qur’an foi recitado em diferentes dialetos, que só afetaram a pronúncia dos
seus versos. Por isso, os primeiros manuscritos foram queiados: para eliminar
essas pequenas diferenças de pronúncia.
Essa afirmação, que auto-evidencia sua falta de lógica, é típica da maioria das
explicações dos muçulmanos para a queima de todos os outros códices escritos
pelos companheiros de Maomé, que continham variações, por Uthman. A
pronúncia não tem nada a ver com textos escritos. Não se pode “queimar” as
diferenças dos dialetos com uma língua comum! Devem ter existido diferenças
textuais significantes entre os vários manuscritos para que uma decisão tão
drástica tenha sido tomada.
1. O dia da ressurreição
A Surata 2:275 começa com as palavras: “Os que praticam a usura só serão
ressuscitados como aquele que foi perturbado por Satanás” (Allathiina
yaakuluunar-ribaa laa yaquumuuna). No texto de Ibn Mas’ud, encontram-se as
mesmas palavras, porém no final foi acrescentado yawmal qiyaamati (“no Dia da
Ressurreição). Essa diferença foi mencionada por Abu Ubaid’s, no seu Kitab
Fadhail al-Qur’an, e também relatado no códice de Talha ibn Musarrif.
A Surata 5:89, no texto do Qur’an atual, contém uma exortação ao “jejum de três
dias” (fasiyaamu thalaathatiu ayyaamin). O texto de Ibn Mas’ud inclui o adjetivo
mutataabi’aatin, mudando a expressão para “jejuar por três dias consecutivos”.
At-Tabari registra a variação (7.19.11), bem como Abu Ubaid. Ubayy ibn Ka’b, Ibn
Abbas e Ar-Rabi ibn Khuthaim também a relataram.
3. O caminho de Alá
A Surata 6:153 do Qur’an começa assim: “Esta é a Minha senda reta” (wa anna
haathaa siraati). No manuscrito de Ibn Mas’ud lê-se: “Este é a senda do seu
Senhor” (wa haathaa siraatu rabbakum). At-Tabari, mais uma vez, é quem registra
a variação (8.60.16). Ubayy ibn Ka’b, o outro grande especialista no texto do
Qur’an, e companheiro próximo de Maomé, escreveu como at-Tabari, exceto a
palavra rabbika ao invés de rabbakum. Outras diferenças neste texto também
foram encontradas.
Estas são apenas quatro da vasta coleção de variações que existem. Há tantas
delas (mais de duas mil) que é de se admirar a convicção com que os
muçulmanos atacam a integridade bíblica. Muitas vezes, eles simplesmente
ignoram a maneira pela qual o Qur’an foi padronizado, eliminando a riqueza de
variações em prol do texto único atual.
Há evidências claras em Kitab al-Masahif, de Ibn, Abi Dawud, que pelo menos
onze palavras foram, individualmente, modificadas pelo escriba al-Hajjaj, sob as
ordens do seu califa, Abd al-Malik. O livro possui um capítulo chamado Bab: Ma
Ghaira al-Hajjaj fii Mushaf Uthman (Capítulo: O que foi modificado por Al-Hajjaj no
texto de uthmânico). O capítulo começa assim:
“Ao todo, Al-Hajjaj ibn Yusuf fez onze modificações no texto de Uthman. Em al-
Baqarah (Surata 2:259), lia-se originalmente Lam yatassana waandhur, que foi
alterado para Lam yatassanah.” (Ibn Abi Dawud, Kitab al-Masahif, p. 117)
Em todos estes casos, bem como nos outros sete relatados, as diferenças
geralmente são de uma letra ou duas. Não são, contudo, restritas à pronúncia, e
refletem uma modificação real no texto consonantal, minando, assim, o argumento
muçulmano de que nem uma letra sequer do Qur’an foi mexida. A palavra que Ibn
Abi Dawud sempre usa para ligar as duas alternativas distintas é faghyirah, que
significa “mudada, alterada, trocada por” — palavra que os muçulmanos não
gostariam de ver, há tanto tempo atrás, sendo usada para explicar alterações no
Qur’an!
Há quatro exemplos, em todo o texto bíblico, que iremos considerar como típicos
do problema. Em cada caso, apesar dos argumentos muçulmanos de que existem
evidências de contradições generalizadas que seriam erros dos autores originais,
ficará claro que os problemas advém somente de erros de cópia feitos durante a
transcrição dos textos.
Numa passagem, a Bíblia afirma que “tinha Jeoaquim dezoito anos de idade
quando começou a reinar” (2 Reis 24:80, enquanto que em outra diz que
“Jeoaquim tinha oito anos de idade quando começou a reinar” (2 Crônicas 36:9).
Tudo porque uma única letra, que em hebraico designa a dezena, foi omitida
durante a cópia do texto de Crônicas por um escriba há mais de dois mil anos.
Uma divergência do gênero ocorre entre uma passagem que diz que “era Acazias
de vinte e dois anos quando começou a reinar” (2 Reis 8:26), e outra que registra
que “era Acazias de quarenta e dois anos quando começou a reinar” (2 Crônicas
22:2). Fora a idade, os textos concordam entre si no que diz respeito à duração do
reinado de Acazias (um ano) e que sua mãe foi Atalia , filha de Omri. Novamente,
o original em hebraico, a diferença entre as duas idades é resultado da troca de
uma única letra. Portanto, o erro teria ocorrido apenas na cópia do texto. É óbvio
que a segunda idade é a incorreta, já que, se Acazias tivesse 42 anos quando
subiu ao trono, ele seria dois anos mais velho que seu pai!
Um texto do Velho Testamento diz que “Davi matou dentre o sírios os homens de
setecentos carros” (2 Samuel 10:18). Mas, em outro trecho, diz que “Davi matou
dentre os sírios os homens de sete mil carros” (1 Crônicas 19:18). Há muitas
semelhanças entre as letras dos numerais hebraicos, e aqui, como nos exemplos
anteriores, a diferença entre os textos é de somente uma letra. Estamos diante,
obviamente, de outro caso de erro do copista, que não afeta de maneira alguma o
texto da Bíblia, ou seus ensinamentos, significantemente. O mesmo se aplica ao
versículo que diz que Salomão possuía quarenta mil cavalos em estrebarias (1
Reis 4:26), comparado ao outro que afirma que eram quatro mil cavalos (2
Crônicas 9:25)
Em todos estes e outros casos que podem ser levantados pelos muçulmanos, a
questão é quase sempre uma diferença mínima na transcrição de uma letra do
original em hebraico. Este tipo de argumento não chega a tratar do problema
central que é a integridade global da Bíblia, especialmente no seu conteúdo e
ênfase cristãos (e não islâmicos).
Contradições nos números no Qur’an
Segundo um texto, o Grande Dia de Deus será de “mil anos, de vosso cômputo”
(Surata 32:5), enquanto que outro diz que o mesmo dia durará “cinqüenta mil
anos” (Surata 70:4). Neste caso, a diferença é muito mais óbvia, já que não está
restrita a apenas uma letra, mas a uma palavra inteira que é khamsiina
(cinqüenta), presente no segundo texto junto com as palavras alfa sanatin (mil
anos). Os muçulmanos se esquivam, explicando a contradição como sendo fruto
de uma linguagem “mística”, “cósmica” ou “alegórica”. Porém, como primeiro texto
diz claramente que a duração desse dia será de mil anos da nossa “medida” (o
que quer dizer precisamente que o tempo foi medido exatamente como o fazemos
na Terra), há uma contradição concreta, impossível de ser explicada com
facilidade, entre os textos. Como podem mil e cinqüenta mil revoluções da Terra
em torno do sol serem a mesma coisa?
Numa passagem, o Qur’an diz que os céus, a terra e tudo que há entre eles foi
feito em seis dias (Surata 50:38), enquanto que em outra ensina que a terra foi
feita em dois dias, os céus em outros dois, e a sustentação da terra entre eles em
quatro dias (Surata 41:9 a 12), totalizando oito dias, conforme a mais simples
matemática. Novamente, é difícil reconciliar os dois textos, pois a contradição é
resultado de um cálculo de diferente períodos de tempo.
Muçulmano: Mateus não foi o autor do evangelho que lhe é atribuído. Há provas
de que ele foi escrito muito depois da época em que ele viveu por outro autor
desconhecido.
Phillips também afirma, sem qualquer prova, de que o autor baseou-se, quase que
exclusivamente, na misteriosa compilação “Q”. Não há evidência em lugar algum
da História do cristianismo primitivo de que essas tradições orais tenham sido
reunidas numa coleção escrita. Sua existência não é apenas um mistério, mas
também um mito. O próprio nome “Q” testifica a natureza especulativa dessa
suposta fonte dos evangelhos sinópticos.
Nesse ponto, não estamos mais nos deparando com evidências verdadeiras, mas
com mera especulação. Esses acadêmicos modernos geralmente não levam em
conta as evidências textuais da Bíblia como são, mas apoiam-se nas suas
próprias e convenientes hipóteses. Os cristãos, quando discutirem com
muçulmanos, precisam encorajá-los a manterem-se presos aos fatos, evitando
que se utilizem de conjeturas que não podem ser provadas.
Esse argumento é comum apenas nos países cuja língua é o inglês, onde
normalmente os muçulmanos são minoria. Quando os muçulmanos tomam
conhecimento de que há várias traduções da Bíblia para o inglês, especialmente
quando são denominadas “versões”, eles imediatamente assumem que cada uma
delas é uma edição na qual houve modificações em relação à anterior — uma
prova óbvia de que a Bíblia foi e ainda está alterada pelos sacerdotes e líderes
cristãos, a fim de que ela se adapte aos seus interesses.
Por alguma razão, os muçulmanos que usam este tipo de argumento citado aqui
não conseguem perceber sua irrelevância imediata. Eles comparam meras
traduções diferentes da Bíblia com o original em árabe do Qur’an. È preciso que
os cristãos, pacientemente, expliquem que as tradições são baseadas nos mais
antigos manuscritos em hebraico e grego, respectivamente do Velho e do Novo
Testamento. Estes nunca foram modificados ou substituídos por outros, e cada
“versão” não é nada mais do que uma tradução para uma outra língua. Houve
várias traduções do Qur’an para o inglês nas últimas décadas, mas ninguém
sugere que sejam “versões” diferentes do livro. Cada uma possuiu uma
característica própria.
Na versão do rei James, o texto diz que uma virgem daria a luz, enquanto que no
mesmo texto, na versão Revista e Atualizada, aparece que uma jovem conceberia
e teria um filho. Não passam de pequenas diferenças de tradução da palavra
hebraica almah, mas os muçulmanos tentam a todo custo fazerem dessa
diferença na escolha de uma palavra uma prova de que a Bíblia foi mudada.
Em segundo lugar, a palavra almah, na sua tradução literal, quer dizer mulher
jovem, e portanto a tradução da versão Revista e Atualizada está perfeita. A
palavra mais comum em hebraico para virgem é bethulah. Por outro lado, pelo
contexto, é bastante óbvio que a concepção por uma jovem seria única, e um sinal
dramático ao povo de Israel. A versão do rei James interpreta corretamente essa
particularidade, dizendo o que era claramente a intenção do original, ou seja, que
uma virgem conceberia um filho. O versão do Novo Testamento em grego, a
Septuaginta, que tem quase dois mil anos a mais que a do rei James, também
traduz almah como virgem. Ambas as palavras são bastante aceitáveis. Assim,
não há como se afirmar que a Bíblia foi modificada através desse argumento.
Os muçulmanos alegam, mais uma vez, que a Bíblia foi modificada, retirando-se a
idéia para eles questionável de que Deus teria “gerado” um Filho, conceito este
que é enfaticamente rejeitado pelo Qur’an:
“Dize: Ele é Deus, o Único! Deus! O Absoluto! Jamais gerou ou foi gerado! E
ninguém é comparável a Ele.” (Surata 112:1 a 4)
Ao longo dos anos, ouvi uma série de ataques dos muçulmanos contra a Bíblia
que desafiaram a minha paciência. “Por que há quatro Bíblias no seu Novo
Testamento?” é uma. Outra é “por que seus papas mudam a Bíblia todos os anos?
5 N.T. A palavra unigênito foi utilizada aqui para traduzir “only-begotten” por ser a que aparece em algumas
das traduções mais populares da Bíblia em português, e porque, assim como “only-begotten”, guarda a idéia
de filho único gerado pelos pais, explicando assim a objeção dos muçulmanos.
Não é só o papa da igreja Católica Romana, o da igreja Batista faz a mesma
coisa.” Outra pergunta clássica: “De acordo com o Qur’an, só existe um Injil, o
“Evangelho”, que foi revelado a Jesus. Mas a sua Bíblia tem vários evangelhos:
Mateus escreveu um, Marcos, Lucas, João e Atos também. Romanos escreveu
um Evangelho, e Coríntios escreveu dois!”
Não é preciso grande esforço para se demonstrar que todos os homens do mundo
têm duas linhagens de ancestrais diferentes, uma por parte paterna, e a outra pelo
lado materno. A primeira coisa óbvia a respeito das duas genealogias nos
evangelhos é que ambas a descrevem a partir de um ancestral comum, Davi, indo
até Abraão. O que as duas revelam, a partir de um estudo acurado do seu
contexto no respectivo evangelho, é que José¸ o guardião legal como pai
registrado de Jesus (ainda que não fosse o pai natural), era descendente de Davi
através de Salomão, enquanto que Sua mãe Maria era descendente do mesmo
ancestral, mas através de Natã. Portanto, não há contradição entre as
genealogias.
Não é apenas uma mera suposição dizer que cada um dos dois escritores
acompanham, respectivamente, a ascendência paterna e materna de Jesus.
Mateus deixa bem claro que acompanhou a genealogia a partir do ramo de José
(Mateus 1:16), e, durante os dois primeiros capítulos do seu evangelho, José é o
personagem central. Todas as aparições do anjo Gabriel registradas envolvem
José. Entretanto, no evangelho de Lucas, Maria é sempre a personagem central, e
só é mencionada a aparição de Gabriel a Maria.
Lucas também diz que Jesus, “como se cuidava”, era filho de José (Lucas 3:23).
Nessa pequena expressão está a chave para a genealogia de Jesus apresentada
em seu evangelho. Diferente de Mateus, ele não menciona mulheres na
genealogia e, para manter o costume geral de se registrar somente os parentes
homens, Lucas cita José como o “possível” pai de Jesus. De maneira muito
cuidadosa é que ele define o papel de José, a fim de deixar claro que não
registrava a genealogia de Jesus a partir do seu pai “legal”, mas sim a verdadeira
genealogia a partir de Sua mãe real, Maria.
“... lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles”
(Mateus 1:21)
“Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Ide, porém, e aprendei o que
significa: ‘Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e sim
pecadores.’ ” (Mateus 9:12 e 13)
Jesus não veio para ser um exemplo a ser seguido de piedade e religiosidade. Ele
veio, em primeiro lugar, para salvar aqueles que deixassem os seus pecados para
segui-lO, e para fazer com que estes pudessem receber o Espírito Santo, dando a
eles poder para viver suas vidas de maneira genuinamente santa. Assim, fica
óbvio como qualquer argumento contra a Bíblia pode ser efetivamente usado
como oportunidade de testemunho. Sempre que um muçulmano questionar a
Bíblia num ponto como este, é importante buscar não só meios para refutar sua
objeção, mas também aberturas para compartilhar a verdadeira essência da nossa
fé.
Muçulmano: Como um livro que presume ser a Palavra de Deus pode conter
histórias como o incesto de Judá, o adultério de Davi e o casamento de Oséias
com uma prostituta, bem como passagens onde Deus fala usando termos
claramente obscenos e pornográficos?
Essa linha de argumentação tem se tornado cada vez mais comum ultimamente.
Ela deriva de uma suposição dos muçulmanos de que todos os profetas eram
livres de pecado, e de que Deus nunca usaria linguagem vulgar para descrever a
infidelidade do seu povo ou, para dizer de um outro modo, para “chamar um
espada de espada”. Começaremos com a primeira parte do argumento.
A suposta pureza dos profetas
A Bíblia registra muitas histórias de falhas morais dos profetas e dos patriarcas.
Judá cometeu incesto com sua irmã Tamar (Gênesis 38:12 a 26), assim como Ló
fizera com suas duas irmãs algum tempo antes (Gênesis 19:30 a 38). Davi
adulterou com Bate-Seba, a mulher de Urias, o Hitita (2 Samuel 11:2 a 5), e em
seguida fez com que seu marido fosse morto na linha de frente da batalha (2
Samuel 11:14 a 21). Outros profetas pecaram, de maneiras diferentes — Moisés
assassinou um egípcio, Jacó mentiu ao seu pai Isaque, e Salomão tomou
concubinas e casou-se com egípcias e outras nações dos gentios. Os
muçulmanos recuam diante dessas histórias, pois foram ensinados que todos os
profetas, de Adão a Maomé, nunca pecaram. Este ensinamento, conhecido como
a doutrina do isma (pureza, sem pecado), não está no Qur’an, mas deriva dos
credos muçulmanos ortodoxos como o Fiqh Akbar II dos séculos seguintes. Foi
estabelecido para combater o ensinamento cristão de que só Jesus não tinha
pecado.
1. Abraão — Ele disse que esperava que Deus, o Rabb’al-Alamin (“Senhor dos
mundos”), perdoasse suas faltas no Dia do Juízo. (Surata 26:81).
“As suas impudicícias, que trouxe do Egito, não as deixou; porque com ela se
deitaram na sua mocidade, e eles apalparam os seios da sua virgindade e
derramaram sobre ela a sua impudicícia. Por isso, a entreguei nas mãos dos seus
amantes, nas mãos dos filhos da Assíria, pelos quais se inflamara. Estes
descobriram as vergonhas dela, levaram seus filhos e suas filhas; porém a ela
mataram à espada; e ela se tornou falada entre as mulheres, e sobre ela
executaram juízos.” (Ezequiel 23:8 a 10)
O capítulo inteiro é citado como um exemplo de linguagem impura que, para esses
autores muçulmanos, seria incompatível com um Deus santo. Outra passagem
típica que também é mencionada é a seguinte:
“Repreendei vossa mãe, repreendei-a, porque ela não é minha mulher, e eu não
sou seu marido, para que ela afaste as suas prostituições de sua presença e os
adultérios de entre os seus seios; para que eu não a deixe despida, e a ponha
como no dia em que nasceu, e a torne semelhante a um deserto, e a faça como
terra seca, ea mate à sede, e não me compadeça de seus filhos, porque são filhos
de prostituições.” (Oséias 2:2 a 4)
Os muçulmanos devem ser encorajados a permitir que Deus seja aquilo que Ele é,
e a falar do modo que desejar. Ninguém é capaz de prescrever a Deus como Ele
deve falar da infidelidade e da falta de fé. Quando um muçulmano diz que
determinada linguagem presente na Bíblia encoraja os jovens a terem
pensamentos impuros e cria toda sorte de desejos lascivos, só é necessária a
menção de um versículo como resposta:
“Todas as cousas são puras para os puros; todavia, para os impuros e descrentes,
nada é puro. Porque tanto a mente como a consciência deles estão corrompidas.”
(Tito 1:15)
Muçulmano: O próprio Qu’an confirma que a Bíblia foi alterada. O Velho e o Novo
Testamento não são os livros que foram originalmente revelados a Moisés e a
Jesus. Onde estão esses livros hoje? O que você tem em mãos não é mais a
Palavra de Deus.
Em todo o mundo, os muçulmanos aprendem que o Qur’an acusa os judeus e os
cristãos de terem modificado seus textos sagrados. A acusação de que a Bíblia
sofreu modificações é uma das maiores lendas já criadas em nome da verdade.
No entanto, é interessante descobrir que o Qur’an, em contraste com a atitude
geral dos muçulmanos, na verdade enaltece os textos das escrituras judias e
cristãs, e confirmam sua autenticidade.
“Por que recorrem a ti por juiz, quando têm a Torá que encerra o Juízo de Deus? E
mesmo depois disso, eles logo viram as costas. Estes em nada são fiéis.” (Surata
5:43)
Durante toda sua História, os judeus tiveram apenas um texto sagrado — os livros
do Velho Testamento que conhecemos hoje. Já vimos que, desde o século II antes
de Cristo (oito séculos antes de Maomé), o Velho Testamento em hebraico já havia
sido traduzido para o grego — versão conhecida hoje como a Septuaginta.
Aparecem citações do Velho Testamento, muito tempo depois, nos textos do Novo
Testamento, e os mais recentes manuscritos conhecidos também são séculos
mais antigos que o Islã. Não há dúvida de que o livro a que o Qur’an se refere só
pode ser o Velho Testamento.
O Qur’an sempre fala das antigas escrituras com grande reverência. Dificilmente
exortaria os judeus a julgar a partir delas se estivessem corrompidas ou não
fossem confiáveis. É significante o fato de que se usa a palavra Torá (Torá), a
mesma que os próprios judeus utilizam para descrever os cinco primeiros livros de
Moisés na Bíblia.
Injil: as escrituras cristãs
O Qur’an, quando se refere às escrituras cristãs, usa uma palavra muito familiar
aos cristãos, que é al-Injil — “o Evangelho”, e diz que elas foram reveladas a
Jesus:
A partir deste texto e outras passagens semelhantes (Surata 3:3), fica bem claro
que o Qur’an considera a Torá e o Injil como a soma total dos textos sagrados dos
judeus e dos cristãos, respectivamente. Outra vez, vemos o Qur’an confirmando a
existência de um segundo texto sagrado, em posse dos cristãos, na época em que
viveu Maomé:
“Que os adeptos do Evangelho julguem segundo o que Deus nele revelou” (Surata
5:47)
Se o livro não ficou intacto, como o Qur’an pode exorta os cristãos a julgarem pela
direção e luz das suas escrituras? É significante que este texto chame os cristãos
de ahlul-Injil, ou “povo do Evangelho” — mais uma confirmação da existência do
Novo Testamento com os cristãos no tempo de Maomé. Ainda, assim como os
judeus, os cristãos tiveram apenas os livros do Novo Testamento como suas
escrituras durante sua história. Numa outra passagem, o Qur’an confirma
novamente que as duas escrituras estavam com os judeus e os cristãos no
período em que Maomé viveu:
Novamente, o Qur’an afirma que essas escrituras estão inda hum, palavras do
árabe que significam, de maneira bastante específica, “com eles”. É óbvio que
Maomé nunca duvidou da integridade dos livros que os judeus e cristãos dos seus
dias consideravam como seus textos sagrados. Ele não tinha nenhuma reserva
em confirmar essa integridade. Mais uma passagem do Qur’an que enfatiza este
fato de maneira muito clara:
Como eles seguiriam diligentemente essas escrituras se, em primeiro lugar, elas
não estivessem em seu poder e, depois, se elas não fossem completamente
autêntica? É inegável que o Qur’an ensina que tanto as escrituras dos judeus
quanto a dos cristãos estavam intactas no tempo de Maomé. Em outro verso,
Maomé é encorajado, se tivesse dúvida sobre algo que lhe fosse revelado, a
consultar aqueles que haviam lido as escrituras antes dele, ou seja, os judeus e os
cristãos.
Muitos textos, que são invariavelmente citados pelos muçulmanos para provar que
a Bíblia, de acordo com o Qur’an, teria sido alterada. Esses textos, se analisados
com cuidado, tratam somente de citações verbais erradas dos textos sagrados, e
nunca da palavra escrita em si. Um exemplo típico é este verso:
A palavra ra’ina na Surata 4:46 significa “por favor, nos atenda”. Mas, com uma
modificação sutil, torna-se um insulto. Como as escrituras originais dos judeus
estavam em hebraico, é óbvio que o Qur’an refere-se aos judeus do tempo de
Maomé que conversavam com os árabes em sua língua. Novamente, é óbvio que
é esse diálogo dos judeus, no qual faziam um jogo de palavras bastante sutil, a
verdadeira questão aqui, e não uma alteração das escrituras deles.
Outro verso que sempre é levantado como uma suposta prova de que judeus e
cristãos modificaram os textos originais das suas escrituras é o seguinte:
“Aspirais, acaso, a que os judeus creiam em vós, sendo que alguns deles
escutavam as palavras de Deus e, depois de as terem compreendido, alteravam-
nas conscientemente?” (Surata 2:75)
Aqui, mais uma vez, há vários pontos que demonstram que este verso se refere
apenas às interpretações verbais incorretas, e não à mudanças no texto dos
manuscritos antigos.
Neste verso, o Qur’an expressamente afirma que foi a kalam de Alá que estava
sendo pervertida. Essa é a palavra falada, que foi “ouvida” por eles, conforme o
texto. Não foi o kitab, o livro escrito, que foi modificado. Quando se refere às
escrituras dos judeus e dos cristãos, o Qur’an usa a palavra kitab. Aqui, está em
questão apenas a mensagem que foi pregada.
É óbvio que foi a pregação do Qur’an que estava sendo mal interpretada. Um
grupo de pessoas que ouviu a pregação de Maomé teria depois pervertido o seu
discurso — como, então, poderia ele esperar que cressem nele? É preciso uma
imaginação bastante fértil para transformar isso numa prova de corrupção do texto
escrito original da Bíblia.
Outro trecho semelhante, mas que trata apenas de distorções verbais, do Qur’an
utilizado por autores muçulmanos como prova de que a Bíblia passou por
modificações é este:
É um tanto quanto óbvio, mais uma vez, que a acusação aqui não é a respeito de
corrupção do texto bíblico original. A expressão usada para descrever o que
estava acontecendo é yaluwnal-sinatahum, que quer dizer “torcer a língua”. O uso
da palavra árabe para língüa, lisan, mostra que é uma questão de distorção
verbal. É puramente uma questão de citar passagens que não fazem parte da
Bíblia como se fossem parte do texto bíblico.
Existem alguns outros textos que os muçulmanos utilizam para fortalecer seus
argumentos contra a integridade da Bíblia. Um dos que eles consideram ser o que
mais auxilia sua causa é este:
“Ai daqueles que copiam o Livro, (alterando-o) com as suas mãos, e então dizem:
Isto emana de Deus, para negociá-lo a vil preço. Ai deles, pelo que as suas mãos
escreveram! E ai deles, pelo que lucraram!” (Surata 2:79)
Desta vez, trata-se de um recado claro aos que escrevem algo que fingem ser um
texto sagrado, e o vendem para obter lucro. No entanto, isso se refere somente à
pequenos trechos compilados por um grupo anônimo, e, novamente, não existe
aqui nenhuma acusação direta à integridade bíblica. A Torá e o Injil originais
sempre são tratados com muita referência, e não existe aqui nenhuma pista de
6 N.T. Nas citações do Qur’an no texto original em inglês, aparece a expressão “party of them” (um grupo
deles), explicitando que a acusação referia-se a apenas um grupo de judeus, e não a todo o povo.
que esses originais tenham sido modificados. A menção do Qur’an é a outros
textos. Além do mais, o verso é vago demais, assim como muitos dos outros, para
determinar exatamente sobre o que ele trata. Não há nenhuma indicação do quê
foi escrito, de quem o escreveu ou precisamente quando isso aconteceu.
Muçulmano: A Bíblia que vocês têm hoje não é formada pela Torá e pelo Injil
originais que foram revelados a Moisés e a Jesus, respectivamente. Vocês tês os
livros de Paulo e outros escritores, mas não a Palavra de Deus. Onde estão a
Torá e o Injil originais?
O Qur’an, além de afirmar que estes dois livros foram na verdade revelados a
Moisés e a Jesus, também ensina que eles eram muito similares ao Qur’an.
Por seu lado, os muçulmanos dirão que, por ser a Palavra de Deus, as afirmações
Qur’an são a única evidência necessária para provar a existência dos livros
“originais”. Ao contrário, o absoluto silêncio da História sobre quais seriam os livros
mais importante já distribuído milita contra a suposta origem divina do Qur’an. A
conclusão lógica é de que Maomé sabia que existiram outras duas escrituras mais
antigas, em poder dos judeus e cristãos, que as liam diariamente. Ele não tinha
razões para duvidar da sua autenticidade, mas errou ao assumir que elas tinham o
mesmo formato do seu Qur’an.
A Lei e o Evangelho
Outra vez, no entanto, a questão aqui não dá nenhum ponto no placar para os
muçulmanos. Nosso objetivo último é testemunhar a graça de Deus, revelada a
nós em Jesus Cristo e, sempre que os muçulmanos levantarem a discussão das
escrituras “originais”, é uma oportunidade para perguntar-lhes o que na verdade
significam os títulos Torá e Injil. Todas as traduções muçulmanas do Qur’an
traduzem estas palavras como “Lei” e “Evangelho”, respectivamente. Poderíamos,
então, perguntar o quê são essas duas coisas. Por que a Lei revelada a Moisése,
e o que é esse Evangelho que foi trazido por Jesus? Eis uma oportunidade para
mostrar como ninguém pode ser salvo somente pela Lei, e porque a salvação
advém puramente da graça de Deus em Jesus Cristo. Este verso resume o
contraste:
“Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por
meio de Jesus Cristo.” (João 1:17)
Nas suas cartas aos romanos e aos gálatas, Paulo concentra-se no fato de que o
pecado causou tamanha devastação entre Deus e o homem que a Lei, da maneira
que foi revelada a Moisés, não podia salvar ninguém. Os israelitas no deserto já a
haviam rejeitado inteiramente, fazendo um bezerro de ouro e quebrando
virtualmente cada um dos dez mandamentos — dizendo a Deus, muito claramente
na sua festa de idolatria: “não vamos obedecer as suas leis”.
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para que
todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16)
Muçulmano: Não importa o que você diz, nós sabemos que o Velho e o Novo
Testamentos não são a verdadeira Palavra de Deus. Em algum período nos
séculos que antecederam o Islã, eles foram corrompidos. Os muçulmanos sempre
foram unânimes quanto a essa visão.
Concluindo, há ainda mais alguns pontos que os cristãos devem conhecer a fim de
desmontar os argumentos dos muçulmanos contra a integridade da Bíblia.
Foi antecipado em 1 Crônicas 17:13, Salmos 2:7 e 89:26 e 27, Isaías 9:6, e muitas
outras passagens do Velho Testamento. Os judeus nunca permitiriam que os
cristãos inserissem algo assim no seu texto sagrado.
2. A crucificação e o sofrimento
O judaísmo e o cristianismo são religiões muito diferentes, e por vezes até mesmo
opostas. As duas têm as suas próprias divisões internas. Como poderíamos
considerar seriamente a hipótese que, num ponto desconhecido qualquer da
história, as duas se uniram para modificar suas escrituras em comum acordo?
Algo assim dificilmente poderia acontecer sem que fosse documentado, ainda que
considerássemos possível uma conspiração improvável dessas. Mesmo que os
líderes de uma dessas duas grandes religiões decidissem por unanimidade
perverter o Velho Testamento, eles nunca conseguiriam convencer os da religião
rival a fazê-lo. Simplesmente não há lógica, evidências ou razão alguma na
hipótese dos muçulmanos de que a Bíblia tenha sido modificada. É uma das
maiores ilusões já criadas.
1. Ali Tabari
Outro grande e famoso teólogo, que viveu cem anos depois de al-Ghazzali e
morreu em 1209 d.C. Ele foi bastante enfático quanto ao texto bíblico: ele não
havia sido modificado, e os ensinamentos e narrativas do Qur’an eram
perfeitamente consistentes em relação aos da Bíblia.
A Doutrina da Trindade
A doutrina de Deus cristã
Muçulmano: A Bíblia não ensina em lugar nenhum que Deus seja uma Trindade.
A palavra “trindade” não aparece no livro. Os judeus crêem em um Deus,
enquanto que gregos e romanos acreditam em vários deuses. A Igreja inventou
três deuses numa única teoria para agradar a todos.
A doutrina da Trindade é uma das mais importantes questões que fazem a divisão
entre cristãos e muçulmanos. Os últimos acreditam ela atinge diretamente o
coração de um dos temas fundamentais do Qur’an, que é o de Deus ser
absolutamente único. Os muçulmanos crêem que qualquer tentativa de atribuir
parceiros a Alá é shirk (“o ato de atribuir parceiros”), o maior de todos os pecados
e o único que não pode ser perdoado:
“Deus jamais perdoará a quem Lhe atribuir parceiros; porém, fora disso, perdoa a
quem Lhe apraz. Quem atribuir parceiros (shirk) a Deus cometerá um pecado
ignominioso.” (Surata 4:48)
1. Deus Pai
Este é o título mais comum de Deus no Novo Testamento — Pai —, apesar de ser
raramente encontrado como descrição de Deus nas outras religiões, e nunca
aparecer no islamismo. Jesus sempre falou do Deus no céu como “meu Pai”
(Mateus 18:11), “seu Pai” (Lucas 12:32), “o Pai” (João 14:12) e, quando orando,
simplesmente dirigia-se a Ele como “Pai” (João 11:4). O importante aqui é que se
fala de Deus usando-se termos próprios do relacionamento familiar. Ele não é só
o soberano dominador do universo, mas também possuiu um relacionamento
definido dentro do Seu ser divino e além da Sua própria personalidade individual.
2. Deus Filho
É com a segunda pessoa — o Filho — que Ele goza, em primeiro lugar, desse
relacionamento. Essa segunda pessoa tornou-se o homem Jesus Cristo, que
sempre falou de si mesmo como o Filho do Pai, em termos absolutos e exclusivos.
Ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece o Pai senão o Filho
(Mateus 11:27). Todo aquele que não honrar ao Filho, também não honra o Pai
que O enviou (João 4:23). Ele veio do Pai ao mundo; deveria deixá-lo e retornar
ao Pai (João 16:28). Quando se discute a Trindade com os muçulmanos, é
importante enfatizar textos como esses, que mostrar o relacionamento divino entre
o Pai e o Filho, do qual, dessa maneira tão exclusiva, nenhum ser humano goza.
Todas essas citações são do próprio Cristo, o grande Verbo de Deus que era
desde o princípio, estava com Deus, e era Deus (João 1:1). Ele é constantemente
chamado de Filho de Deus na Bíblia, inclusive pelo próprio Pai, que em duas
ocasiões declarou : “Este é o meu filho amado” (Mateus 4:17, 17:5).
Há vários trechos da Bíblia que falam sobre as três pessoas da Trindade juntas,
num só espírito. Vamos discutir três deles, que podem ser utilizados em debates
sobre o assunto com os muçulmanos.
Nessa passagem, Jesus ordena aos seus discípulos que façam mais discípulos
em todo o mundo, “batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”.
É significante notar que Jesus fala em nome dos três, usando o singular para
demonstrar uma unidade absoluta entre eles. Do mesmo modo, o “nome”, na
Bíblia, é freqüentemente utilizado para definir de algum modo aquele que o recebe
— Mosheh (Moisés), por exemplo, assim chamado porque foi tirado (mashah) da
água. Em Mateus 28:19, Jesus usa a palavra “nome” para expressar a natureza
comum das três pessoas, querendo dizer aos discípulos que batizassem na
essência única do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Paulo conclui a sua segunda carta à igreja em Corinto desejando que a graça do
Filho, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo fosse com eles.
Novamente, cada pessoa da Trindade é citada em união com as outras duas, e é
a bênção e a comunhão das três pessoas divinas juntas que lhes é dada.
Outra vez Paulo é quem menciona as três pessoas da Trindade juntas, numa
afirmação de objetivo comum e união divina. Em Jesus Cristo, tanto os crentes
judeus quanto gentios têm acesso, através do mesmo Espírito Santo, ao Pai.
Novamente, é a unidade dessas três pessoas que deve ser ressaltada, e é no
âmbito espiritual que se dá o relacionamento entre elas. Em Mateus 28:19,
aparece a natureza divina comum das três pessoas; em 2 Coríntios 13:14, uma
bênção divina comum; e aqui, a acessibilidade divina comum é apresentada ao
leitor.
É útil também demonstrar que foi a vinda de Jesus Cristo ao mundo que permitiu
a revelação de Deus como ser trino. Antes dEle, o Velho Testamento referia-se a
Deus como Yahweh, o Senhor Deus de Israel. Mas quando Jesus começou a
ensinar, chamando Deus de Pai, a si próprio de Filho e anunciando a vinda do
Espírito Santo, não deixou dúvida que os três compartilhavam o mesmo plano de
glória divina, a mesma natureza, essência e propósito, e que havia neles uma
unidade absoluta. Como conseqüência, o Novo Testamento foca consisten-
temente cada uma das três pessoas da Trindade divina como esferas nas quais os
cristãos podem conhecer a Deus (o Pai), serem perdoados por Ele (através do
Filho, Jesus Cristo) e gozar da sua presença divina (no Espírito Santo). Todas as
referências a Yaweh desaparecem à luz da unidade íntima que todos os crentes
gozam com Deus, agora mais plenamente revelado em Sua verdadeira natureza e
personalidade trina.
Os muçulmanos têm uma dificuldade sincera em entender como Deus pode ser
três. Quando explicam a doutrina, é comum que os próprios cristãos se
confundam tanto quanto os muçulmanos! Não é, realmente, um conceito simples.
Contudo, a sua complexidade não é um argumento razoável contra a sua validade
— ao contrário, é um dos pontos fortes ao seu favor. Afinal, estamos lidando com
a natureza do eterno Deus do Universo. Ele é maior que os céus e a terra — seria
alguma surpresa se nós, meros mortais, criaturas limitadas, descobríssemos que a
sua característica básica é incompreensível? A própria Bíblia diz:
A doutrina da Trindade não é contrária à razão, apenas está acima dos domínios
da razão limitada do homem. É necessária uma abordagem diferente para se
aceitar isso. Um estudo racional e analítico dos seus princípios não trará muitos
resultados palpáveis. O apóstolo Paulo disse certa vez:
“Por que se julga incrível enter vós que Deus ressuscite os mortos?” (Atos 26:8)
Paulo, dirigindo-se ao rei Agripa e outros membros da corte, não tentou explicar
racionalmente como os mortos eram trazidos de volta à vida. Todos os estudos
científicos da natureza do mundo nunca poderão explicar racionalmente como isso
pode ser possível. A questão aqui é de fé. Todos os muçulmanos, somente pela fé,
conceberão a ressurreição de mortos. Por que então — poderíamos perguntar —
é tão inacreditável para eles que o Deus Todo-poderoso, que domina o universo,
tenha uma incompreensível natureza infinita e eterna?
O Novo Testamento está muito mais preocupado com nosso relacionamento com
Deus do que com a nossa compreensão da Sua natureza. O que sabemos a
respeito de Deus não é nem de longe mais importante do que a necessidade de
conhecer verdadeiramente a Deus. A busca pela Sua santidade, o perdão dos
nossos pecados e a segurança da vida eterna são as reais preocupações das
escrituras cristãs. Como Paulo disse, conhecemos a Deus ou, antes, somos
conhecidos por Deus (Gálatas 4:9). Através da revelação de Deus na sua
natureza trina, especialmente com o que foi revelado a nós em Jesus Cristo, que é
a imagem do Deus invisível (Colossenses 1:15), em quem habita corporalmente a
plenitude de Deus (Colossenses 2:9), é que iremos conhecer a Deus e sermos
conhecidos por Ele. Alguém precisa dizer aos muçulmanos que o mais
importante é sermos aprovados por Deus, justificados por Ele, amados e
perdoados, do que sermos capazes entender ou compreender Sua natureza. Deus
quer ser amado e obedecido, e não estudado ou analisado.
É importante também destacar que, apesar das linhas adotadas pelas igrejas
Católica Romana, Protestante ou Ortodoxa serem divergentes em muitos
aspectos, elas nunca questionaram a doutrina da Trindade, nem mesmo os seus
menores detalhes. A razão é simples: não foi a Igreja quem criou essa doutrina. A
Igreja apenas discerniu a Trindade a partir do estudo da revelação de Deus nas
escrituras sagradas. É a única doutrina de Deus que pode ser formulada a partir
de um estudo objetivo dos livros do Novo Testamento.
Durante séculos, os homens acreditaram que a Terra era redonda e que o sol, os
planetas e as estrelas giravam ao seu redor. Há apenas alguns séculos atrás,
Galileu, Copérnico e outros astrônomos começaram a dizer que, na verdade, a
Terra era redonda, estava suspensa no espaço e girava em torno do Sol. A nova
teoria foi atacada (principalmente pela Igreja!) pela simples razão de que,
historicamente, estava estabelecido como senso comum que a Terra era chata e
que, em qualquer acontecimento, o mesmo senso comum diria que o nosso
planeta não se movimentava, e sim o céu é que girava ao nosso redor. A idéia de
que estamos girando a quase dois mil quilômetros por hora ao redor do nosso
próprio eixo todos os dias, em torno do Sol a dezenas de milhares de quilômetros
por hora e através do Universo a velocidades ainda maiores, era simplesmente
inteiramente racional para a mente do homem daquele tempo. Só aceitamos a
teoria hoje porque temos comprovações científicas de que ela é verdadeira, mas
ainda assim é difícil de compreendê-la. A natureza de Deus, no entanto, não é
passível de ser determinada cientificamente. Ainda assim, Ele pode ser
exatamente o contrário do que as pessoas esperariam, de modo semelhante ao
que ocorreu com o sistema planetário. A Igreja, contudo, discerniu a natureza trina
de Deus quatorze séculos antes de ser descoberta a verdade sobre como
funciona o nosso universo. Por quê? Simplesmente porque Deus revelou-nos sua
verdadeira natureza nas escrituras. A Igreja não transformou Deus numa Trindade
— Ele o era desde a eternidade.
O cristianismo não faz nenhum esforço para apresentar um Deus que o mundo
possa compreender. O objetivo é revelar um Deus que pode ser conhecido — o
Pai que ama seus filhos, o Filho que morreu para resgatá-los, e o Espírito Santo
que os renova e os santifica. A meta humana é chegar ao céu para estar com
Deus, e não ser capaz de desenhar um mapa celeste ou de produzir um conceito
fácil de Deus, analisado ou reduzido a apenas uma frase que cabe num selo
postal.
Como podem três ser um? — esta é a grande pergunta dos muçulmanos. Todos
os seres humanos são criaturas distintas, com personalidades distintas. Não há
como fazer com que três seres tenham uma mesma única natureza. Nossa
resposta a isso deve ser encontrada na Bíblia, observando como ela projeta o Pai,
o Filho e o Espírito Santo.
A Bíblia aborda esse tema várias vezes. Deus é chamado de “Pai das luzes, em
quem não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tiago 1:17). O Filho de
Deus, Jesus Cristo, também declarou que ele era “a luz do mundo; quem me
segue não andará nas trevas; pelo contrário, terás a luz da vida” (João 8:12),
enquanto que o Novo Testamento diz também que Ele nunca mudará, sendo o
mesmo ontem, hoje e sempre (Hebreus 13:8). Através do Espírito Santo, Deus
também brilha em nossos corações para dar a luz “para iluminação do
conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo” (2 Coríntios 4:6). Há,
claramente, uma absoluta unidade de essência e propósito entre as três pessoas.
Assim como este texto declara que a verdade é uma característica essencial de
Deus, o Pai, também o Filho de Deus diz que Ele é a verdade (João 4:6).
Semelhantemente, o Espírito Santo é chamado de “Espírito da Verdade” (João
15:26). Não há falsidade em nenhum dos três. Outra vez, descobrimos que, ainda
que os seres humanos tenham personalidades e características diferentes, essas
diferenças não existem entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Os três são a
verdade.
O Novo Testamento fala com freqüência do amor do Pai (João 16:27), mas vai
além dizendo que o amor de Deus foi manifesto no fato de que Ele enviou o Seu
Filho para nos redimir dos nossos pecados (Romanos 5:8, 1 João 4:10). Também
afirma que o amor de Deus foi “derramado em nosso coração pelo Espírito Santo,
que nos foi outorgado” (Romanos 5:5). Mais uma vez, uma demonstração de
unidade absoluta na essência e no propósito entre as três pessoas da Trindade.
O mesmo pode ser dito a respeito da vida de Deus. Assim como o Pai é a fonte de
toda a vida, o Filho também diz ser “a Vida” (João 11:25, 15:6) e é chamado de
Autor da Vida (Atos 3:15). O Espírito Santo também é aquele por meio de quem
Deus dá a vida eterna aos nossos corpos mortais (Romanos 8:11). Em todos estes
textos, podemos ver uma tri-unidade divina, e não três personalidades
independentes. Nossa doutrina somente se sustenta dentro de uma definição da
unidade de Deus. Sem isso, a natureza fundamental da Trindade se esvai. Não é
possível estabelecer a doutrina fora da singularidade essencial de Deus. Como
disse Jesus, “eu e o Pai somos um” (João 10:30), unidade esta que é
compartilhada com o Espírito.
Abu Isa escreveu como resposta aos teóricos cristãos do seu tempo. Eles
ensinavam o caráter trino de Deus de maneira bastante técnica, e enfocavam o
Filho como o Verbo e o Espírito como a Vida — uma distinção muito pobre, uma
vez que Jesus Cristo, como já vimos, muitas vezes disse que Ele era “a Vida”.
Assim como os cristãos modernos usam, com freqüência, ilustrações para explicar
a Trindade (como o ovo, que tem três partes: a casca, a clara e a gema), os
cristãos daquela época também se utilizaram de abordagens que, na minha
opinião, eram inadequadas e muitas vezes enganadoras. Tentaram, usando a
razão, provar que três hipóstases pudessem ser um único ser.
Abu Isa baseou seus argumentos nas teorias racionais populares do seu tempo.
Uma delas era que a razão humana é sempre o único critério para julgamento, e
que os profetas deveriam falar de acordo com os seus princípios. É fácil perceber
o que acontece quando os cristãos tentam provar a Trindade com a razão analítica
e princípios finitos. Novamente, eu enfatizo o que disse na introdução do livro: seja
bíblico nas suas respostas, e não doutrinário, racional ou ilustrativo. Nossa maior
resposta aos muçulmanos é que a nossa doutrina é fruto de revelação divina, e
não pode ser julgada pela razão humana e suas limitações. Respondemos àquilo
que Deus revelou a respeito de Si mesmo porque, como disse Carl Pfander, a
razão humana é incapaz de entender o Ser eterno. A tênue luz da razão deve dar
lugar à aurora radiante da verdade.
Muitos tipos de tríades foram citadas por autores muçulmanos, como por exemplo
a dos deuses gregos Zeus, Demétrio e Apolo, apesar de nunca ter sido
considerado que existisse uma unidade absoluta entre eles, ou qualquer
semelhança à verdadeira Trindade bíblica do Pai, Filho e Espírito Santo.
Analisaremos dois dos exemplos mais usados pelos muçulmanos como prova de
sua tese:
A família mitológica dos deuses conhecidos como Osíris, Ísis e Hórus constitui
uma família composta por pai, mãe e filho — a diferença entre a doutrina cristã do
Pai, Filho e Espírito Santo é a maior que você puder imaginar. Além disso, são só
três da multidão de divindades egípcias, que incluem Num, Atum, Ra, Khefri, Shu,
Tefnut, Anhur, Geb, Nut e Set.
Havia, também, mais de um Hórus: o Hórus ancião, o Hórus de Edfu, o Hórus filho
de Ísis, etc. A religião egípcia não era trinitariana, não tinha um Ser Supremo cuja
personalidade era trina. Eles adoravam a vários deuses, entre quais Osíris, Ísis e
Hórus. Não se acreditava que os três compartilhavam uma unidade absoluta.
Como veremos, essas tríades pagãs estão mais próximas do conceito equivocado
do Qur’an a respeito da doutrina bíblica do que da doutrina verdadeira, conforme
fundamentada na Bíblia.
Os muçulmanos que argumentam que nossa doutrina tem origens pagãs terão
que apresentar provas muito melhores e correntes de evidências verdadeiras para
provar sua dependência de credos pagãos. A doutrina da Trindade é
absolutamente única, sem paralelos em nenhuma outra religião ou filosofia.
Ninguém poderia inventá-la, ou descobri-la, senão pela revelação nas páginas do
Novo Testamento. Ela se originou no ambiente predominantemente monoteísta do
judaísmo, e representa uma divindade totalmente consistente com o Deus de
Israel do Velho Testamento.
Muçulmano: O Qur’an ensina que a maior honra para um homem é servir a Alá,
que é nosso Senhor e Mestre. O que nos é pedido é que obedeçamos as suas leis
e acreditemos no Dia Final, onde esperamos que ele perdoe os nossos pecados
Para um muçulmano, o favor de Deus não pode ser garantido, Seu perdão não
pode ser assegurado nesta vida, e é impossível conhecê-lo ou ter um
relacionamento pessoal com ele. O Qur’an diz:
“Sabei que tudo quanto existe nos céus e na terra comparecerá, como servo, ante
o Clemente.” (Surata 19:93)
Já sugeri diversas vezes aos muçulmanos que, se falta um nome para Alá, não é o
centésimo, mas sim o primeiro que é o título mais comum de Deus no Novo
Testamento: Pai. É significativo que Deus não seja chamado de Pai em lugar
algum do Qur’an, ou mesmo em qualquer outro texto da literatura islâmica mais
antiga. O ponto é, logicamente, que, se o maior posto que um homem pode ter
perante Deus é o de ser um mero servo, como ensina o Qur’an, então Alá só pode
ser seu Mestre (Al-Malik). O Qur’an simplesmente não permite a possibilidade de
nos tornarmos filhos de Deus — de fato, ele afirma justamente o contrário, com
todas as letras (Surata 6:100).
“Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados
filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus.” (1 João 3:1)
É só pelo conhecimento de Deus, o Pai, que a plenitude do Seu amor poderá ser
verdadeiramente experimentado; e que os crentes, como Seus filhos, terão
certeza da Sua boa vontade em relação a eles e do seu lugar no reino que está
por vir.
Cristo não só se apresentou como o Filho de Deus, mas também assegurou aos
seus discípulos que, através da fé nEle, eles também poderiam tornar-se filhos de
Deus. Estava dentro da vontade de Jesus entregar a sua vida por nós, para que
víssemos o amor de Deus verdadeiramente revelado a nós. Aqui, também, temos
um Deus conosco. Ao assumir a forma humana, o Filho, a segunda pessoa da
Trindade, também aproximou o homem a Deus de maneira inédita. Já perguntei
muitas vezes aos muçulmanos qual tinha sido o maior ato de amor de Alá para
com eles, e recebi várias respostas diferentes. No entanto, será que Ele teria dado
de si mesmo a fim de revelar seu amor por eles, da mesma forma que Abraão fez,
quando estava pronto para sacrificar seu próprio filho como teste supremo de seu
amor por Deus? O islamismo não aponta para uma resposta positiva à essa
questão. Somente a revelação de um Deus trino pode nos dar um retrato tão
perfeito do Seu amor, resumido nestas palavras:
“Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele
nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.” (1 João
4:10)
“Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido
por nós, sendo nós ainda pecadores.” (Romanos 5:8)
É na terceira pessoa da Trindade que o amor de Deus pode não apenas ser
conhecido e percebido, mas também experimentado de maneira pessoal. Jesus
falou muitas vezes a respeito da necessidade de recebê-lO — o Espírito Santo.
Não se trata apenas de uma força especial ou de um poder divino, mas do próprio
Espírito de Deus que, quando habita alguém, de uma maneira especial (para
aqueles que crêem), é como se Deus realmente vivesse naquela pessoa. Temos
aqui o terceiro efeito da revelação do Deus trino: Deus em nós. Não é de se
admirar que os autores do Novo Testamento não tenham se esforçado para definir
ou explicar a Trindade. Conhecer a Deus, ter a certeza de que Ele é por nós, em
nós e conosco, é tudo o que precisamos saber para desfrutarmos de um
relacionamento completo com ele. O Espírito dá aos crentes o poder de viver
segundo as santas leis de Deus, mas, além disso, proporciona a experiência de
viver com a presença de Deus em nós. Deus enviou o Seu filho para que nos
tornássemos ser Seus filhos; e, porque somos Seus filhos, Ele também nos enviou
o Seu Espírito aos nossos corações, para que pudéssemos dizer: “Abba! Pai!”
(Gálatas 4:4 a 6).
Descobri uma ilustração que pode ser útil nesta altura: um casal decidiu adotar
uma criança órfã, e irá enfrentar todo o processo legal para oficializar a adoção. A
criança continuará não conhecendo os seus pais biológicos, mas quando os seus
novos pais o levarem para a sua casa nova, mostrarem-lhe o seu quarto e lhe
disserem que a casa também é dele, aceitando-o com amor, ele saberá que não é
mais órfão, e irá experimentar o amor dos seus novos pais por ele. É o que
acontece quando o Espírito Santo adentra o nosso coração.
Num outro trecho, o Qur’an chega a identificar três divindades diferentes, que
seriam as adoradas pelos cristãos. Não muito surpreendente é o fato das três
passagens que lidam com esse assunto fazerem parte dos últimos trechos do
Qur’an revelados a Maomé, e parece que foi só no fim da vida que o Profeta
ouviu, pela primeira vez, a respeito da Trindade, sem, no entanto, ter descoberto
precisamente o que ela representava. O segundo verso que fala do assunto diz:
“São blasfemos aqueles que dizem: Deus é um da Trindade!, portanto não existe
divindade alguma além do Deus Único. Se não desistirem de tudo quanto afirmam,
um doloroso castigo açoitará os incrédulos entre eles.” (Surata 5:73)
As palavras usadas na primeira frase para dizer “um da Trindade” são thalithu
thalathah. Outra vez, não deveria haver nenhuma referência específica à Trindade
pois, como já vimos, a palavra thalathah significa apenas “três”, e não diz que o
Deus cristão é um ser trino. A distinção, novamente, é puramente entre um e três,
e não engloba uma entidade trina. Alguns versos depois, o Qur’an identifica as
outras duas divindades da que, supostamente, seriam adoradas na tríade cristã:
O argumento é bastante claro: Jesus e sua mãe Maria são meros seres
humanos. Apesar de ter sido um mensageiro de Alá, outros iguais a ele o
precederam. E sua mãe não foi mais do que uma serva fiel de Alá. Afinal, ambos
precisavam comer para se sustentar. Portanto, como eles poderiam ser divindades
no mesmo nível de Alá? O Qur’an, obviamente, confundiu a doutrina cristã e
representou-a como uma tríade formada por Jesus, Maria e Alá. É ainda mais
significativo descobrir que Alá é descrito somente como o terceiro da tríade. Na
doutrina cristã do Deus trino, o Pai, ao menos, ocupa o primeiro lugar!
Mais uma vez, as duas outras divindades são identificadas como sendo Jesus e
Maria. A veneração a Maria tem sido uma característica da tradição Católica
Romana, e a Igreja Etíope, em particular, historicamente a reverencia como mãe
de Deus. Parece, no entanto, que esses excessos e confusões só resultaram no
aumento da confusão por parte do Qur’an! Nenhuma igreja cristã, não importa
quanta reverência ou glória dê a Maria, como, por exemplo, a Rainha dos Céus,
jamais a inseriu na Trindade, ou fez dela o que aparece no Qur’an.
Muçulmano: O Qur’an é enfático ao negar que Jesus seja o Filho de Deus. Ele foi
apenas um profeta, assim como os outros que vieram antes dele. Se Jesus é o
Filho de Deus, quem foi a esposa de Deus? O que você diz é uma grande
blasfêmia contra Alá.
No último capítulo, vimos que o Qur’an traz informações falsas sobre a Trindade,
retratando-a como uma família formada por Alá, Maria e Jesus. Sobre Jesus ser o
Filho de Deus, o Qur’an diz que Alá nunca teve uma esposa, e portanto nunca
poderia ter um filho. Parece que Maomé não conseguia conceber nada que não
coubesse nas condições limitadas humanas. O Qur’an diz:
“Originador dos céus e da terra! Como poderia Ter prole, quando nunca teve
esposa, e foi Ele Que criou tudo o que existe, e é Onisciente?” (Surata 6:101)
“Cremos em que — exaltada seja a Majestade do nosso Senhor — Ele jamais teve
cônjuge ou prole” (Surata 73:3)
A impressão que fica é que Maomé entendeu essa doutrina no sentido puramente
carnal, e não conseguiu ver o que os muçulmanos precisavam saber, ou seja, o
relacionamento espiritual entre o Pai e Jesus é o mesmo que o relacionamento
entre pai e filho. Três princípios importantes estão envolvidos aqui:
Assim como tanto os pais quanto os filhos são humanos, e têm a mesma
essência, também o Pai e o Filho dos céus são ambos divinos. O Filho tomou a
forma humana num certo ponto da História, e se tornou o homem Jesus Cristo. O
Pai nunca adotou um Filho, porque Eles eram desde a eternidade, e serão para
sempre.
2. A autoridade do Pai
Apesar de serem iguais na essência, o Pai tem autoridade sobre o Filho, assim
como na terra os filhos, apesar de serem tão humanos quanto seus pais,
submetem suas vidas ao controle de seus pais. Por isso, quando na terra, Jesus
assumiu um relacionamento de servo e senhor, igual aos filhos que trabalham nos
negócios dos seus pais submetem-se às suas ordens e senhorio.
Ainda que um pai tenha autoridade sobre o seu filho, ele terá uma afinidade muito
maior com o filho do que com um empregado qualquer, e tudo que ele tem será,
eventualmente, do filho. Apesar do Filho não fazer nada por si mesmo, mas
somente aquilo que viu o Pai fazer (João 5:19), ainda assim o Pai tinha um amor
especial pelo Filho (João 5:20) e revela a este Filho todos os Seus propósitos, na
intenção de um dia delegar a Ele a Sua autoridade. Então, toda a terra dará honra
ao Filho, da mesma forma que honra ao Pai (João 5:22 a 23).
É isso que a Bíblia quer dizer quando Jesus é o Filho de Deus. A questão é
relacional, num contexto eterno e espiritual. Não é carnal ou terreno, como supõe
o Qur’an.
Para Maomé, crer que Jesus é o Filho de Deus parecia ser um paralelo à crença
do paganismo árabe, que possuía vários ídolos como Al-Lat, al-Uzza e Manat, que
eram “filhas de Alá”. A idolatria per se era, para o Profeta do Islã, um ato de
blasfêmia, ainda mais, como era o caso, atribuir parceiros a Alá, algo impensável e
que afrontava a Sua própria glória. O problema, ao que tudo indica, provinha do
ambiente em que Maomé se encontrava. Lidando com a concepção árabe, ele
atacou a natureza contraditória das suas convicções. Eles acreditavam que o
nascimento de uma menina era conseqüência de cobiça ou vergonha (Surata
16:58 e 59)! Quanto aos cristãos, ele contentou-se em simplesmente negar
qualquer possibilidade de Jesus ser o Filho de Deus em versos como este:
“...os cristãos dizem: O Messias é filho de Deus. Tais são as palavras de suas
bocas; repetem, com isso, as de seus antepassados incrédulos.
Qaatalahumullaah — Que Deus os combata! Como se desviam!” (Surata 9:30)
“Dizem: Deus teve um filho! Glorificado seja Deus; Ele é Opulento; Seu é tudo
quanto há nos céus e na terra! Que autoridade tendes, referente a isso? Direis
acerca de Deus o que ignorais?” (Surata 10:68)
São denúncias bastante fortes. Maomé achava que comprometia a glória de Deus
dizer que Ele tinha um Filho. Na Bíblia, porém, a revelação da Sua graça,
misericórdia e bondade ao entregar Seu Filho para morrer por nós foi a maior
prova da Sua glória! Os cristãos precisam enfatizar esta grande verdade quando
estiverem testemunhando aos muçulmanos, pois eles têm uma consciência muito
viva da necessidade de honrar a Sua glória acima de tudo.
A grande tragédia da negação da divindade de Cristo pelo Qur’an é o fato dela ser
identificada como pecado capital no islamismo, por atribuir a Alá um parceiro.
Como vimos no capítulo anterior, esse pecado é, segundo o islamismo,
imperdoável. De fato, conforme o Qur’an, é o único pecado que não pode ser
perdoado (Suarta 4:48), deixando aquele que o comete fora de Jannat al-Firdaus
(Jardins do Paraíso) para sempre. O apóstolo João escreveu aos cristãos dos
seus dias, encorajando-os no conhecimento de que tinham vida eterna por crerem
no nome do Filho de Deus (1 João 5:13). No seu evangelho, ele ensinou
claramente que todos aqueles que não acreditassem no nome de Jesus já
estavam condenados, e que apenas os que cressem nEle como Filho de Deus
seriam salvos (João 3:18). O que, para os cristãos, é a única porta de entrada no
céu, para os muçulmanos é um passo certo em direção ao abismo.
O Qur’an defende que, como Alá não tem parceiros, Ele não poderia ter um filho.
Numa passagem, não parece que a mensagem é que seria absolutamente
impossível Deus ter um filho, mas sim que “isso não Lhe é apropriado“7 (Surata
19:35). O problema, parece, é o que glorifica a Deus, e é justamente aqui que se
abre a oportunidade para que o cristão testemunhe. Jesus Cristo revelou a glória
de Deus de uma maneira especial. Talvez, usando os únicos meios de demonstrar
a glória dEle:
7 Segundo o texto original em inglês deste livro. A tradução do Qur’an de Samir El-Hayek para o português
deste verso é: “É inadmissível que Deus tenha tido um filho. Glorificado seja! quando decide uma coisa,
basta-lhe dizer: Seja!, e é.”, com a seguinte nota: “Gerar um filho é um ato fisiológico que depende das
necessidades da natureza animal do homem. Deus, o Altíssimo, é independente de todas as necessidades, e é
derrogatório atribuir-Lhe tal ato. Isso constitui meramente uma relíquia das superstições pagãs,
antropomórficas e materialistas.”
elas? Quando o Filho de Deus veio à terra, pudemos testemunhar a maravilhosa
humildade de Deus. Apesar de ter, por direito, a forma divina, o Filho não se
agarrou orgulhosamente à Sua igualdade perante o Pai, mas se esvaziou,
tomando a forma de servo e transformando-se num ser humano. Mais: Ele foi
além, humilhando-se ainda mais, obedecendo até a morte, mesmo que a morte
fosse tão vergonhosa quanto morrer numa cruz (Filipenses 2:6 a 8). A Bíblia
declara com firmeza que Deus tem um dia contra todos os soberbos e altivos,
contra aqueles que se exaltam (Isaías 2:12), e que Ele habita naqueles que têm
espírito humilde e contrito (Isaías 57:15). Somente através do Filho de Deus é que
este aspecto da glória de Deus pôde ser completamente conhecido e
experimentado.
Jesus Cristo é o Filho de Deus. Não temos nada para fazer apologia ao mundo
muçulmano desta crença além da mensagem de gloriosas boas novas para
proclamar. Quando os muçulmanos disserem algo a respeito da Sua divindade,
tente a todo custo fazer dos argumentos deles uma oportunidade para testificar do
grande amor de Deus por Eles que foi revelado em Cristo.
“Replicou-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: ‘Eu disse: sois deuses?’ Se
ele chamou deuses àqueles a quem foi dirigida a palavra de Deus, e a Escritura
não pode falhar, então, daquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo,
dizeis: ‘Tu blasfemas’; porque declarei: sou filho de Deus?” (João 10:34 a 36)
A Bíblia diz que Deus, quando falou a respeito de Salomão, declarou: “Eu lhe serei
por pai, e ele me será por filho” (1 Crônicas 17:13); também chama Adão de “filho
de Deus” (Lucas 3:38). Todos os cristãos crentes, os guiados pelo Espírito de
Deus, também são chamados de “filhos de Deus” (Romanos 8:14). Em outras
passagens, são usadas expressões similares. Como disse Ahmed Deedat: “De
acordo com a Bíblia, Deus tem filhos às pencas!”. Realmente, trata-se de um
questionamento justo e válido por parte dos muçulmanos perguntar por que Jesus
Cristo deve ser considerado como Filho de Deus apenas num sentido eterno e
absoluto.
“Ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece o Pai senão o Filho e
aquele a quem o Filho o quiser revelar.” (Mateus 11:27)
Da mesma maneira, quando Jesus disse que o Pai havia dado todo julgamento ao
Filho, para que todos honrassem também o Filho mesmo quando honravam ao Pai
(João 5:22), é impossível ver como Jesus poderia reclamar a posição de Filho de
Deus usando um sentido menos enfático ou metafórico. Também é útil citar as
duas ocasiões em que o próprio Deus, falando dos céus a Jesus, declarou: “Este é
o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mateus 3:17; 17:4). Contudo, é
numa parábola de Jesus que encontramos a mais eloqüente prova de que Ele não
era apenas um profeta como os que O precederam, mas sim o único Filho de
Deus: a parábola dos lavradores maus (Mateus 21:33 a 43, Marcos 12:1 a 12,
Lucas 20:9 a 18). Alguns servos foram enviados pelo dono da vinha para receber
os frutos que eram seus por direito. Os lavradores, no entanto, agarraram os
servos, e espancaram um, mataram outro e apedrejaram o terceiro. O dono da
vinha mandou mais servos, que receberam o mesmo tratamento. O clímax da
história acontece no trecho abaixo:
“Restava-lhe ainda um, seu filho amado; a este lhes enviou, por fim, dizendo:
‘Respeitarão a meu filho’. Mas os tais lavradores disseram entre si: ‘Este é o
herdeiro; ora, vamos, matemo-lo, e a herança será nossa’. E, agarrando-o,
mataram0no e o atiraram para fora da vinha. Que fará, pois, o dono da vinha?
Virá, exterminará aqueles lavradores e passará a vinha a outros.” (Marcos 12:6 a
8)
Há muitas outras passagens que podem ser usadas para mostrar que Jesus se
apresentou como o único Filho de Deus, mas nunca usou o título de forma
metafórica ou simbólica.
Muçulmano: Se Jesus é o Filho de Deus, porque Ele com tanta freqüência fala do
Pai como sendo maior do que Ele em poder, autoridade e entendimento? Se Ele
era divino como vocês dizem, com toda certeza ele deveria ser igualmente
onipotente e onisciente.
Três passagens são bastante citadas pelos muçulmanos para provar essa tese.
Todas parecem limitar a autoridade e a condição divina de Cristo — todas serão
analisadas, uma por vez. Em cada caso, veremos como a situação pode ser
revertida a fim de produzir um testemunho efetivo da glória de Jesus em resposta
aos argumentos.
“Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o
Filho, senão o Pai.” (Mateus 24:36)
Como Jesus pode ser onisciente, se Ele mesmo negou saber o tempo exato do
julgamento? O importante aqui é ver onde Jesus se coloca nas categorias que Ele
menciona: nenhum homem sabe a hora; nem mesmo os anjos dos céus, nem o
Filho, mas apenas o Pai. Há uma escala crescente. Jesus posiciona-se
exclusivamente acima de todos os homens e anjos, relacionando-se somente num
contexto divino com o Senhor de toda a terra, definindo a Si mesmo como o Filho
do Pai. O que se pode concluir é que, apesar dessa condição privilegiada, é
prerrogativa do Pai, a fonte eterna de todas as coisas, a quem estão sujeitos tanto
o Filho quanto o Espírito, decretar quando será o Dia final, sem revelar a hora
exata a ninguém. A limitação do Filho de Deus não depõe contra sua divindade,
mas apenas indica uma definição especial dela.
Assim como Jesus não parece ser onisciente, também Sua onipotência é
desafiada no versículo abaixo:
“(...) Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo,
senão somente aquilo que vir fazer o Pai (...) Eu nada posso fazer de mim mesmo”
(João 5:19 e 30)
Novamente, assim que olhamos para o contexto destas afirmações (que parecem
indicar que Jesus não tinha poder intrínseco), fica claro que trata-se de uma
explicação do Seu relacionamento com o Pai, e não a negação da Sua divindade.
Jesus continua a primeira frase dizendo que “tudo o que este [o Pai] fizer, o Filho
também semelhantemente o faz.” É uma mera questão de sujeição à autoridade
do Pai. A respeito do poder em si para fazer aquilo que o Pai faz, Jesus afirma ter
poder igual para fazer tudo o que o Pai faz — uma prova da Sua divindade — e
diz que Ele somente faz aquilo que o Pai faz, uma ação natural de duas pessoas
que formam um único Ser divino.
3. Uma declaração da grandeza superior do Pai
O terceiro versículo que é usado para provar, a partir das Suas próprias
declarações, que o Filho de Deus é limitado, é este:
“(...) Sou tão-somente o mensageiro do teu Senhor, para agraciar-te com um filho
imaculado.” (Surata 19:19)
“Acabas de matar um inocente, sem que tenha causado morte a ninguém!” (Surata
18:74)
O companheiro, então, disse-lhe que não deveria comentar sobre coisas que ele
não conhecia. A palavra árabe utilizada para “inocente” é zahiyyah. Nesta
passagem, significa que alguém que não era culpado por crime nenhum foi
castigado com a morte, mas no caso de Jesus é uma descrição de Sua
personalidade e caráter. Portanto, pode ser traduzida também por sem pecado, o
que faz de Cristo o único mensageiro de Deus que o Qur’an descreve
expressamente como “sem pecado”. Como vimos anteriormente neste livro, o
Qur’an confirma o ensinamento bíblico de que todos os outros profetas eram
pecadores e tinham falhas.
“Disse o Profeta: ‘Nenhuma criança é nascida senão a que é tocada por Satanás
quando vem ao mundo, quando começa a chorar alto por ter sido tocada por
Satanás, exceto Maria e seu filho’. “ (Sahih al-Bukhari, Vol. 6, p. 54)
Nesta declaração, Maomé faz uma clara distinção entre Jesus e todos os outros
seres humanos, incluindo os profetas, todos afetados pelo toque de Satanás no
momento em que nascem. É importante conhecer essas passagens do Qur’an e
do Hadith, pois elas auxiliam os cristãos a testemunhar de maneira efetiva aos
muçulmanos acerca da perfeição sem par do caráter do Salvador.
“Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele,
fôssemos feitos justiça de Deus.” (2 Coríntios 5:21)
“... carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados,
para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça (...) “ (1 Pedro 2:24)
Há outras duas passagens no Novo Testamento que dizem com todas as letras
que Jesus não tinha pecado. Cada uma delas confirma a singularidade da Sua
santa personalidade, em contraste com o resto da humanidade, sem exceções:
“Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas
fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as cousas, à nossa semelhança, mas
sem pecado. “ (Hebreus 4:15)
“Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe
pecado. “ (1 João 3:5)
De fato, a anunciação a Maria de que ela teria um filho imaculado deve ser
considerada dentro do seu contexto. Ela conceberia uma criança sem a
participação de um homem. Por quê? A resposta que o anjo lhe dá é esta: “Você
experimentou uma concepção singular, porque há algo muito singular nesta
criança. Ele é o santo Filho de Deus e, sendo eterno e sem pecado, não é
possível que ele tenha sido gerado da maneira comum.” A fé cristã dá uma
explicação bastante clara, tanto sobre o nascimento de uma virgem quanto para a
natureza sem pecado. O Islã, com sua determinação de reduzir Jesus ao mesmo
nível dos profetas comuns, não pode oferecer explicação, limitando-se a afirmar
que foi simplesmente uma manifestação da vontade e do poder de Alá.
Nos seus próprios discursos, Jesus Cristo falou sobre muitos dos patriarcas e
profetas que O antecederam, e confirmou que todos eles previram a vinda daquele
que seria maior que eles.
Quando Jesus debatia com os líderes dos judeus e com os fariseus, estes se
gabavam de descender do grande patriarca Abraão, a quem consideravam seu pai
(João 8:33 a 39). Quando Jesus afirmou que todo o que guardasse a Sua palavra
não conheceria morte, eles responderam:
“És maior do que Abraão, o nosso pai, que morreu? Também os profetas
morreram. Quem, pois, te fazes ser? “ (João 8:53)
“Abraão, vosso pai, alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se. (...) Em
verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, EU SOU. “ (João
8:56 e 58)
Jesus deixou claro que Ele era muito maior que Abraão. O patriarca morreu
porque era um homem como qualquer outro, mas, por ser o eterno Filho de Deus,
Jesus existia antes de Abraão, num estado onde o presente é eterno que, em
última análise, desconhece passado ou futuro: “Antes que Abraão existisse, EU
SOU“ (cf. Mateus 22:32, onde Jesus diz o mesmo sobre Deus e Abraão).
Jacó foi outro profeta muito estimado, especialmente pelos samaritanos, que o
consideravam seu grande patriarca. O poço de Jacó ficava bem na saída da
cidade de Sicar, na Samaria, e esta fonte permanente de água no meio do deserto
era encarada como o grande legado que Jacó lhes deixara. Quando Jesus disse à
mulher samaritana que Ele poderia dar-lhe água viva, ela perguntou:
“És tu, porventura, maior do que Jacó, o nosso pai, que nos deu o poço, do qual
ele mesmo bebeu e, bem assim, seus filhos e seu gado?“ (João 4:12)
Em outra ocasião, lemos que os judeus queriam matar Jesus porque Ele chamava
Deus de Seu Pai, igualando-se a Deus (João 5:18). Os judeus confiavam Moisés,
o grande jurista, com quem acreditavam que Deus havia falado. Sobre aquele
homem chamado Jesus, no entanto, eles declaravam não ter idéia de onde vinha
(João 9:29). Eis as palavras finais de um discurso em que, mais uma vez, Jesus
se dizia ser o Filho de Deus e que ninguém poderia honrar o Pai sem honrar o
Filho:
“... quem vos acusa é Moisés, em quem tendes firmado a vossa confiança.
Porque, se de fato crêsseis em Moisés, também creríeis em mim; porquanto ele
escreveu a meu respeito.“ (João 5:46 e 47)
Outra vez, Jesus confirma ser superior a Moisés, num contexto onde Ele contrasta
Seu poder e caráter divinos com o poder limitado do profeta que o precedeu.
Assim como Abraão previu Seu dia, Moisés também havia escrito a Seu respeito.
Novamente, surge a grande figura do Messias que estava por vir.
Um último profeta deve ser mencionado aqui. Em outra discussão com os judeus,
Jesus, tendo respondido a todas as suas perguntas, desafiou-os a identificar o
Messias que eles aguardavam — de quem ele seria filho? Eles responderam que
seria “filho de Davi”, ao que Jesus disse:
“Como, pois, Davi, pelo Espírito, chama-lhe Senhor, dizendo: ‘Disse o Senhor ao
meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos
debaixo dos teus pés’? Se Davi, pois, lhe chama Senhor, como é ele seu filho?“
(Mateus 22:43 a 45)
Jesus, na Sua revelação a João na Ilha de Patmos, respondeu: “Eu sou a raiz e a
Geração de Davi“ (Apocalipse 22:16). Ele era mesmo filho de Davi por
descendência direta mas, por ser também Filho de Deus, era da raiz de Davi e
também seu Senhor. Portanto, Ele era maior que Davi.
Muçulmano: Mostre-me onde Jesus diz “Eu sou Deus”, e eu acredito em você.
Prove-me que Jesus era o Filho de Deus e eu aceitarei. Todos os seus
argumentos até aqui não me convenceram. Por que você não consegue provar o
que diz?
Para os muçulmanos, que cresceram ouvindo que Deus não tem parceiros, que
Jesus não poderia ser Filho de Deus por ser homem e que a Trindade não faz o
menor sentido, dar as costas para tudo e acreditar que Jesus é a segunda pessoa
da Trindade tem um custo muito alto. Aprendi, há anos atrás, que simplesmente
não se pode esperar que um muçulmano seja persuadido a crer no Evangelho
apenas com argumentos racionais humanos. É necessária um entendimento que é
inspirado por Deus, e é isso que eu digo aos muçulmanos que me questionam
como citei acima. Eu lhes devolvo a seguinte pergunta que Jesus fez aos Seus
discípulos:
Já havia algum tempo que Jesus estava com seus discípulos, ensinando às
multidões, curando doenças e enfermidades e fazendo muitas demonstrações de
poder no meio deles. Eles responderam que o povo acreditava que Ele era João
Batista, Elias, Jeremias ou algum dos outros profetas. A impressão comum era de
que Ele era um profeta — eles não sabiam ao certo qual deles, mas, de qualquer
forma, era um profeta. Afinal, ele não era muito diferente dos outros: um homem
que não possuía nada e proclamava a palavra de Deus, provando ser enviado
divino por sinais, da mesma maneira que Moisés, Elias e Eliseu fizeram antes
dEle.
No entanto, quando Jesus lhes perguntou: “Mas vós, quem dizeis que eu sou?”,
Simão Pedro exclamou: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” (Mateus 16:16). O
que, na verdade, Pedro estava dizendo era que “o povo acha que você é um
profeta, mas eu sei que você é mais do que isso, você é o Filho de Deus”. Por
que ele disse isso? Teria ele, por causa da sua maior proximidade com Jesus,
visto ou ouvido coisas que o levassem a perceber a verdade? A resposta de Jesus
a Pedro é muito significativa:
“Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to
revelaram, mas meu pai, que está nos céus.” (Mateus 16:17)
Pedro não fez essa grande descoberta por si mesmo. Deus, o Pai, havia lhe
revelado quem Jesus realmente era. Não podemos nunca esquecer que, quando
estamos evangelizando muçulmanos, somos apenas meras testemunhas da
verdade de Deus, e que o trabalho de esclarecimento e conversão é exclusivo do
Espírito Santo. Portanto, o que eu respondi ao muçulmano que me fez a pergunta
que abriu este tópico foi que eu não tinha como provar que Jesus era o Filho de
Deus se ele estava determinado a não acreditar, não importa o que eu fizesse.
Deus somente poderia inspirá-lo a ver a verdade se ele estivesse com a mente
aberta para receber a verdade.
Concluindo, nós, como cristãos, devemos fazer a tarefa que nos cabe e testificar
da verdade. A Bíblia afirma categoricamente que a fé só vem pelo ouvir da Palavra
de Deus (Romanos 10:17), e nós precisamos proclamá-la e defendê-la quando
chamados a isso. A este respeito, a questão não é como Deus pode se
transformar em homem, ou como Ele pode habitar um corpo de carne e osso.
Uma vez que admitimos que todas as coisas são possíveis para Deus, o
verdadeiro mistério é o que Deus revelou a Seu respeito. A questão, novamente,
não é se Deus pode ficar confinado à forma humana, mas sim apenas se a
humanidade pode suportar a imagem divina. Quando estava neste mundo, Jesus
Cristo manifestou todos os atributos perfeitos de Deus de maneira plena. Foi por
isso que Ele disse que “quem vê a mim vê aquele que me enviou” (João 12:45). O
caráter divino de Deus não foi distorcido de forma alguma enquanto Jesus andou
entre os homens. Ao contrário: a plenitude do amor de Deus, Sua bondade, graça
e misericórdia só foram enfim reveladas quando Seu filho entregou sua vida para
que pudéssemos ser perdoados e alcançar a vida eterna.
“E colocou uma cortina para ocultar-se dela (da família), e lhe enviamos o Nosso
Espírito, que lhe apareceu personificado, como um homem perfeito.” (Surata
19:17)
O próprio Qur’an admite, sem reserva alguma, que Deus envia Seus anjos, que
são espírito (ruh), na forma exata da aparência humana. Por que então o Filho de
Deus, que também é espírito, não poderia assumir a forma humana? Não existem
argumentos que possam justificar a impossibilidade de fazê-lo. Em outro trecho, o
Qur’an diz:
Se, então, Deus manda um mensageiro angélico aos anjos na Terra, por que Ele,
se quisesse viver pessoalmente entre sua criação e redimi-la por seus pecados,
não poderia escolher assumir a forma de um mensageiro humano? Afinal, se a
Bíblia diz que Deus criou-nos, disse “Façamos o homem à nossa imagem e
semelhança” (Gênesis 1:26). Assim, parece razoável que essa mesma forma
humana comportasse a imagem de Deus.
Jesus é, sem dúvida, o Filho de Deus. Não precisamos esconder esta verdade. Ao
invés disso, devemos proclamá-la ao mundo muçulmano da melhor forma que
pudermos, e orar para que o Santo Espírito de Deus aja em suas vidas, para que
vejam a verdade.
Capítulo Quatro
A crucificação e a redenção
As questões históricas e espirituais
A questão central não é se o homem tem uma natureza intrinsecamente má, como
afirma a Bíblia, e cujo coração é “desesperadamente corrupto” (Jeremias 17:9),
mas sim se Deus é tão bom como a Bíblia diz que é. Segundo o islamismo, Alá é
o Senhor do Universo, e Seus atributos, como justiça, misericórdia e retidão, são
apenas atributos, e nada mais. A Bíblia, contudo, ensina que Deus é, por sua
própria natureza, santo e justo, e que o homem, ao quebrar Suas santas leis, é
desligado do Seu caráter absolutamente santo (Romanos 3:23). Como explicar
isso a um muçulmano que acusa o cristianismo de ter uma visão excessivamente
pessimista da natureza humana, e que portanto Deus não teria porque salvar
alguém, perdoando somente aqueles a quem Ele quisesse e escolhesse? Uma
das maneiras mais eficientes de fazê-lo é não tentar provar a doutrina da
redenção, mas apresentar uma comparação entre dois homens, Adão e Jesus,
começando por esta passagem:
“Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a
ressurreição dos mortos. Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim
também todos serão vivificados em Cristo.” (1 Coríntios 15:21 e 22)
Todos os muçulmanos aceitam que Adão e Eva foram expulsos do Jardim do Éden
porque pecaram. A conseqüência do seu ato de desobediência não podia ser
cancelada por uma boa ação, e nem era questão de simplesmente ser perdoado
por Deus. Eles nunca mais puderam voltar ao Jardim, e nem nenhum outro ser
humano, descendente deles. Os muçulmanos crêem que o Jardim era o céu,
porque, no Qur’an, recebe o mesmo nome que o céu: Jannatu’l’Adn (Surata 9:72).
Discutindo com muçulmanos, aprendi que eles aceitam facilmente a idéia de que
Adão e Eva não morreriam se tivessem permanecido no Jardim, e que apenas
neste mundo decadente para o qual eles foram mandados é que a morte surge
como destino inevitável.
É fácil, a partir desse ponto, demonstrar que Jesus ensinou que Ele subiria aos
céus porque foi de lá que Ele veio. Ele não era outro homem comum, e seu
nascimento cercado de particularidades provam isto. Como disse Jesus:
“Ora, ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber, o Filho do
homem que está no céu” (João 3:13)
“Vim do Pai e entrei no mundo; todavia, deixo o mundo e vou para o Pai.” (João
16:28)
É importante enfatizar, nesta altura, a respeito do que foi exposto acima, que o
Qur’an corrobora o ensinamento bíblico de que a transgressão de Adão não foi um
mero erro ou falha, ou um esquecimento da ordem de Deus de não comer do fruto
proibido (tese que os muçulmanos costumam defender), mas sim que ele saiu do
seu estado superior e foi expulso do Jardim:
“Todavia, Satã os seduziu, fazendo com que saíssem do estado (de felicidade) em
que se encontravam. Então dissemos: Descei! Sereis inimigos uns dos outros, e,
na terra, tereis residência e gozo transitórios.” (Surata 2:36)
A palavra chave deste versículo é ahbituu, cuja raiz é habt e que significa “descer
uma encosta”, ou “descer de um lugar alto para um mais baixo”. O imperativo
“Descei!” que aparece no texto pode ser traduzido, em outras palavras, por “Saiam
já daqui!”. As conseqüências também seriam profundas: ódio entre os homens, e
banimento do homem para a terra. É extremamente importante ressaltar o fato de
que Adão e Eva nunca mais foram aceitos no Jardim. A Morte foi a conseqüência
final do pecado deles, e dela é que surgiu a necessidade de um Salvador, Jesus
Cristo, que ressurgiu dos mortos para nos trazer a esperança da vida eterna.
“Então, Satã lhe cochichou, para revelar-lhes o que, até então, lhes havia sido
ocultado das suas vergonhas, dizendo-lhes: Vosso Senhor vos proibiu esta árvore
para que não vos convertêsseis em dois anjos ou não estivésseis entre os
imortais.” (Surata 7:20)
A vida de Jesus começou de modo único, nascendo de uma virgem porque Ele
vinha dos céus, e terminou de maneira igualmente singular, sendo levado aos
céus após sua ressurreição dentre os mortos. Outro ponto que merece ser
enfatizado aqui e que eu descobri ser bastante eficaz com os muçulmanos é que
Jesus estava vivo em glória celestial antes mesmo que Maomé nascesse, e
permaneceu assim durante toda a vida do Profeta, e continua vivo na mesma
glória depois de quatorze séculos da morte de Maomé, que está enterrado em
solo árabe.
Muçulmano: Se Cristo morreu por todos os seus pecados, sejam eles passados,
presentes e futuros, então você pode pecar o quanto quiser. Não é por isso que o
mundo ocidental de hoje é tão corrupto? Basta pedir perdão, e você está
perdoado! Nós, muçulmanos, nunca acreditaremos em algo que é tão fácil.
Este é o argumento mais comum com que os cristãos se deparam quando vão
testemunhar aos muçulmanos. Para eles, o favor de Deus deve ser conquistado
através de uma sucessão de boas obras e devoções religiosas. Eles não
conseguem entender como a salvação pode ser um presente, ou como o perdão
de todos os pecados pode ser obtido simplesmente através da fé em Jesus.
“Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?” (Romanos
6:2)
“Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas
quanto a viver, vive para Deus” (Romanos 6:10)
Talvez o mais importante a ser destacado seja o fato de que Jesus Cristo morreu
não apenas para livrar-nos da culpa do pecado, mas também do seu poder. Jesus
disse que quem peca torna-se escravo do pecado (João 8:34). Muitas vezes já
perguntei a um muçulmano que, se o pecado era uma simples escolha feita pelo
homem, porque eles não diziam a Deus: “Sei que queres que sigamos o caminho
certo (Siratal-Mustaquim). Por isso, deste dia em diante eu escolho nunca mais
pecar”. Invariavelmente, eles devolveram um sorriso amarelo à minha sugestão,
admitindo que ninguém pode fazer uma decisão dessas para o resto da vida, e
talvez nem por um dia. Geralmente eles dizem que, muitas vezes, eles não
sabem nem que estão pecando, porque o que às vezes parece certo aos olhos
humanos é errado perante Deus.
A fé em Jesus não só nos traz o perdão dos nossos pecados, mas também nos dá
o poder de vencer o pecado em nossas vidas. Como disse Paulo em outra carta,
Jesus veio para “redimir-nos de toda iniqüidade” e também para “purificar, para si
mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras” (Tito 2:14). Para
muitos muçulmanos, a perspectiva de um poder alheio capaz de conquistar o
pecado é muito atrativo.
3. Enchendo-se do Espírito Santo
Todo aquele que compromete sua vida com Cristo recebe, simultaneamente, o
Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade. Ele não controla nossas vidas
(Deus é gracioso demais para fazer isso), mas nos enche de amor pelos
mandamentos de Deus que estão enraizados em nós e, a medida que nos
submetemos a Ele, liberta-nos das tendências poderosas nas nossas almas de
buscar os nossos próprios e pecaminosos desejos. O trecho abaixo impressiona
bastante os muçulmanos a este respeito:
“... chegando-se, porém a Jesus, como vissem que já estava morto, não lhe
quebraram as pernas. Mas um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e
logo saiu sangue e água.” (João 19:33 e 34)
“Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus.” (Marcos
10:18)
Na verdade, o que Ele estava dizendo ao jovem rico era: “Por que me chamas
bom?”. Ele não estava negando Sua divindade. O jovem rico, no hebraico,
chamado-O de bom rabi (como aparece em João 1:38). Havia muitos rabbis e
mestres da lei em Israel naquela época, e, se o jovem rico pensou que ele era
apenas mais um deles, poderia muito bem ser questionado sobre por que havia
chamado Jesus de “bom”, quando só Deus é bom, no sentido eterno. A resposta
de Jesus era um desafio ao jovem rico, para que ele declarasse se via Jesus
apenas como mais um dos muitos mestres da lei, que davam sua interpretação
segundo o que aprenderam nos seus estudos, ou se via em Jesus uma
singularidade divina, pela qual Ele seria capaz, com autoridade divina, de
desvendar o segredo da vida eterna. Isto salta aos olhos ainda mais quando se lê
o resto do diálogo entre os dois.
Quando Jesus disse ao jovem rico que poderia obter a vida eterna cumprindo os
mandamentos, ele perguntou: “Quais?”. Jesus, então, mencionou cinco deles,
todos a respeito da relação do homem com o seu próximo, mas excluindo o
décimo mandamento: “Não cobiçarás”. O jovem rico respondeu que havia
guardado todos aqueles mandamentos desde a juventude — o que ainda faltava?
Jesus, conhecendo seu amor pelos bens materiais e seu espírito dado à cobiça,
lançou-lhe outro desafio:
“Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro
no céu; depois, vem e segue-me.” (Mateus 10:21)
O jovem rico partiu triste, incapaz de dividir suas muitas posses. Vemos, nesta
história, não que qualquer um pode ganhar a vida eterna simplesmente guardando
os dez mandamentos, mas que ninguém pode fazê-lo de maneira tão perfeita
quanto a necessária para receber a vida eterna através da obediência a esses
mandamentos. Deus é perfeito, e, se alguém guarda Suas leis, no sentido
verdadeiro do termo, deve segui-las igualmente à perfeição. Outro versículo diz:
“Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna
culpado de todos.” (Tiago 2:10)
Jesus estava tentando dizer ao jovem rico, que pensava que havia guardado todas
as leis de Deus desde a infância, que era preciso guardar todas as leis de Deus
sempre, continuamente, sem nenhum deslize. Por isso, Jesus disse que, se ele
quisesse ser perfeito, precisava vender todos os seus bens e renunciar ao seu
espírito materialista. Piedade relativa é inaceitável a um Deus que é Santo e
santificado em justiça (Isaías 5:16). Ao invés, portanto, de encontrar a vida eterna
pela obediência aos mandamentos de Deus, o jovem rico descobriu que essas leis
apenas o condenavam pelo pecado. Como disse o apóstolo Paulo:
“”(Romanos 7:10)
Jesus deu àquele jovem uma dica bem clara de onde está realmente a salvação
quando disse: “Se queres ser perfeito, (...) vem e segue-me.” É só pelo trabalho de
arrependimento feito por Cristo que podemos finalmente encontrar a perfeição e a
salvação. Longe de ser a negação da divindade de Jesus e da redenção, essa
passagem reafirma essas coisas.
A acusação de que Jesus nunca teria ensinado sobre a redenção pode ser
confrontada por outros meios. Em vários momentos, Ele deixou claro que veio à
terra somente para salvar-nos dos nossos pecados, e sempre é bom citar as
passagens nas quais Jesus afirma isso quando conversar com muçulmanos sobre
este assunto:
“... tal como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e
dar sua vida em resgate por muitos.” (Mateus 20:28)
“Eu sou o pão vivo que desce do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente;
e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne.” (João 6:51)
“Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas.” (João 10:11)
Talvez o episódio mais óbvio da vida de Jesus que aponta claramente a Sua morte
como o plano de Deus para a nossa salvação é a Última Ceia, na qual Ele estava
com Seus discípulos pela última vez antes de ser preso, julgado e crucificado.
Jesus tomou o pão, partiu e o distribuiu entre os discípulos dizendo: “Tomai,
comei; isto é o meu corpo.” A seguir ele pegou um cálice de vinho e lhes deu para
beber, dizendo: “Bebei dele todos, porque isto é o meu sangue, o sangue da nova
aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados.” (Mateus
26:26 a 28).
É virtualmente impossível entender como alguém pode sugerir que Jesus nunca
ensinou que daria Sua vida para nos redimir em face de um evento como o que
narramos acima. Tudo o que Ele fez na última noite com seus discípulos antes de
morrer foi chamar a atenção para sua morte para nos salvar. Os cristãos têm,
frente às objeções dos muçulmanos como a levantada na história do jovem rico,
enormes oportunidades de compartilhar a mensagem completa do Evangelho com
eles, ao mesmo tempo em que combate seus argumentos.
Muçulmano: Deus não teria se limitado a assistir aos Seus inimigos crucificarem
Seu Filho. Para nós, Jesus foi apenas um grande profeta, e mesmo assim Alá
livrou-o dos judeus que queriam matá-lo. Ele foi salvo da cruz, enquanto outro foi
crucificado no lugar dele.
Além disso, o Qur’an oferece outra inusitada coincidência: o dia em que a vida de
Jesus na terra chega ao fim coincide com o dia que é narrado na Bíblia. Isso,
ironicamente, dá à Teoria da Substituição o seu único crédito possível, pois ela
termina a vida natural de Jesus no mesmo dia em que a História afirma que ela
teve fim. Ainda, como veremos, essa teoria tem poucos fundamentos e pode ser
contestada em vários níveis. O importante é responder à negação dos
muçulmanos ao episódio da crucificação, inicialmente, pelo estabelecimento de
fatos em comum entre o que a Bíblia e o Qur’an narram. O único objeto de disputa
é se Jesus foi realmente crucificado (como ensina a Bíblia) ou se alguém foi morto
em seu lugar (como sustenta o Qur’an). Uma vez montado o tabuleiro, fica muito
mais fácil atingir o objetivo.
Se a intenção de Deus era salvar Jesus da morte, levando-O aos céus, porque
alguém precisava ser crucificado? Não faz sentido! O próprio ato de substituir um
homem por outro é uma forma de disfarce para enganar os que estavam
presentes, e não podemos aceitar que Deus tenha jamais feito tal coisa. Alguns
muçulmanos dizem que Judas Iscariotes teria sido crucificado (para retirar a
acusação de que um inocente teria sido crucificado), mas não há identificação de
quem teria sido a vítima no lugar de Jesus no Qur’an. O fato é que, quem quer
que tenha sido o substituto de Cristo, um inocente, que não devia responder pelos
crimes dos quais Jesus supostamente seria culpado, sofreu o castigo. A escolha
de Judas é um mero expediente para justificar o que Deus teria feito naquele dia.
A Bíblia, no entanto, registra claramente o que aconteceu com Judas: quando viu
que Jesus seria crucificado, enforcou-se por causa de seu remorso (Matue 27:5.
Ver também Atos 1:18).
A segunda objeção óbvia a essa teoria é o efeito que a crucificação teria nos que
estavam reunidos ao pé da cruz. Maria, sua mãe; sua irmã Maria, mulher de
Cléopas, e dois de Seus discípulos mais próximos, Maria Madalena e João, filho
de Zebedeu, estavam “junto à cruz” (João 19:25). Se a pessoa crucificada
assumiu as características físicas de Jesus, essas pessoas que estava ao pé da
cruz presumiam que era realmente Ele quem estava ali pregado? Por que Deus
fez essas pessoas mais próximas de Jesus passarem pela agonia de vê-lO
morrer? Teria Deus permitido que a mãe de Jesus, reverenciada no islamismo
como Bibi Maryam, a única mulher cujo nome é mencionado no Qur’an (Surata
3:36, 19:16), passasse por tanto sofrimento por causa de uma ilusão criada por
Ele? É válido, neste ponto, dizer que Jesus dirigiu-se diretamente a Maria e a João
enquanto estava na cruz:
“Vendo Jesus sua mãe e junto a ela o discípulo amado, disse: ‘Mulher, eis aí teu
filho’. Depois, disse ao discípulo: ‘Eis aí tua mãe’. Dessa hora em diante, o
discípulo a tomou para casa.” (João 19:26 e 27)
Este é apenas uma das sete falas de Cristo na cruz, mostrando que a pessoa
crucificada não apenas se parecia fisicamente com Jesus, mas também falava
como Ele. Só o próprio Jesus poderia mostrar tamanha compaixão pela sua mãe.
Qualquer outra pessoa ficaria apenas gritando da cruz que era inocente, e que era
vítima de um erro. Para chegarem à verdade, os muçulmanos precisam apenas
reconhecer uma coisa: que foi o próprio Jesus quem foi crucificado naquele dia!
“... sei que buscais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui; ressuscitou, como
tinha dito. Vinde ver onde ele jazia. Ide, pois, depressa e dizei aos seus discípulos
que ele ressuscitou dos mortos” (Mateus 28:5 a 7)
Muçulmano: Pode ser demonstrado através da Bíblia que, mesmo se foi Jesus
quem estava naquele cruz, ele não morreu nela, mas foi retirado vivo, desmaiado.
Mais tarde, ele se recuperou e apareceu a muitas pessoas — daí a ilusão de que
ele teria ressuscitado dos mortos.
No Jardim do Getsêmani, logo após ter sido preso, Jesus orou: “Pai, se queres,
passa de mim este cálice; contudo não se faça a minha vontade, mas sim a tua.”
(Lucas 22:42), e, como resposta à Sua oração um anjo foi enviado para confortá-
lO (Lucas 22:43). Argumentam que Jesus estava relutante em morrer, e que o anjo
foi enviado para confortá-lO porque Ele seria salvo da morte.
É difícil ver como Jesus poderia ser confortado pela idéia de que, depois de sofrer
os horrores da crucificação até chegar à beira da morte, seria salvo porque, para
todos os efeitos, ele pareceria estar morto quando O tirassem da cruz. Aqui, até a
Teoria da Substituição faz mais sentido! Não é mais lógico imaginar que, se Deus
quisesse salvá-lO da morte, teria livrado-O completamente do sofrimento? Por que
salvá-lO somente depois de um atraso desnecessário e trágico? A qualquer
momento, Jesus poderia ter fugido de Jerusalém naquela noite, evitando ser
preso, uma vez que sabia exatamente o que Judas Iscariotes estava tramando
contra Ele (João 18:4). Jesus recuou ante a perspectiva de ser separado de Seu
Pai ao tomar a ira de Deus contra os nossos pecados sobre Si, um medo santo
que o fez suar sangue (Lucas 22:44). A própria perspectiva de ser abandonado
pelo Pai, e de ser deixado no mundo do pecado e suas conseqüências, fez com
que Jesus, momentaneamente, hesitasse em pânico, ainda que Ele tivesse se
submetido à vontade de Seu Pai. A força que o anjo Lhe deu era para que Ele
tivesse condições de suportar o martírio sem paralelo que se seguiria. A gloriosa
ressurreição de Jesus, três dias depois, foi um livramento ainda maior.
Há dois pontos que tornam óbvio o que eles realmente queriam. O primeiro é que
eles citam o que Jesus havia dito “enquanto vivia”, implicando no fato de que eles
reconheciam que Ele estava agora morto. Em segundo lugar, eles agiam de modo
a impedir uma profecia dita por Jesus, mais precisamente a de que, depois de
morto, Ele ressuscitaria após três dias (Lucas 9:22).
A Teoria do Desmaio não tem nenhum fundamento. Baseia-se no que está nas
entrelinhas (o que alguns proponentes muçulmanos até admitem) ao invés de um
exame cuidadoso do que as linhas em si dizem. A teoria serve apenas para um
propósito, que é mostrar o quanto a Teoria da Substituição é embaraçosa para
muitos muçulmanos, e até que ponto eles chegam para atacar os relatos bíblicos
para não precisarem dela.
Ninguém duvida que Jonas estava vivo durante o seu martírio, e nem foi sugerido
que ele ressuscitou dos mortos quando foi lançado em terra seca. Assim, dizem os
muçulmanos, Jesus também deveria estar na sepultura, mas vivo, até que a pedra
fosse removida. Senão, como Jesus poderia usar a experiência de Jonas como
um sinal da sua própria ressurreição dentre os mortos? Quando se lê a frase
completa de Jesus, no entanto, fica óbvio que a semelhança era restrita ao fator
tempo:
“Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande
peixe, assim o Filho do homem estará três dias e três noites no coração da terra.”
(Mateus 12:40)
É muito claro que a semelhança era devida apenas pelo tempo que ambos
passaram longe dos olhos do povo, depois do qual era muito improvável uma
reaparição — Jonas passou os três dias num peixe, e Jesus na sepultura. O
importante é apenas o período de tempo de três dias e três noites. Não se pode
querer expandir a declaração de Jesus para que ela inclua também o estado em
que cada um permaneceu, ou seja, para dizer que “se Jonas permaneceu vivo,
então Jesus também devia estar vivo durante esse tempo”.
“E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o
Filho do homem seja levantado.” (João 3:14)
Fica patente que, em cada caso, o estado do que é comparado a Cristo não é
relevante ao ponto que Jesus queria ressaltar. A semelhança era confinada
somente ao ponto de similaridade que era mencionado — no caso de Jonas, o
período de tempo de três dias e três noites, e no caso da serpente de bronze, a
ação de levantá-la.
É consenso universal entre os cristãos, com raras exceções, que Jesus foi
crucificado numa sexta-feira, e que ressurgiu na manhã do domingo seguinte. Os
muçulmanos alegam que, se assim tivesse ocorrido, o sinal de Jonas não teria
sentido, porque Jonas passou três dias e três noites no ventre do peixe. Jesus
ficou apenas duas noites (de sexta-feira para sábado, e sábado até o domingo),
como atesta a matemática mais elementar, na sepultura, e também mal chega a
três dias. O período de tempo de três dias e noites compreende 72 horas, mas
Jesus não teria ficado mais de 33 horas no túmulo (das 15h da sexta-feira até as
6h da manhã do domingo).
Maomé na Bíblia?
Argumentos dos muçulmanos a partir de textos bíblicos
Em ambos os casos, os cristãos irão descobrir que não há como duvidar de que
as passagens referem-se, respectivamente, a Jesus e ao Espírito Santo.
A primeira das profecias que eles dizem ser sobre o Profeta deles é encontrada no
trecho a seguir, no qual Deus dirige-se a Moisés:
O primeiro argumento é que Maomé seria o profeta que é prometido, porque ele
era semelhante a Moisés de uma maneira que nenhum dos outros profetas foi.
Como os cristãos, por outro lado, afirmam que a profecia refere-se a Jesus, os
muçulmanos rebatem dizendo que não se deve considerar quaisquer outros
possíveis profetas candidatos, mas apenas traçar uma comparação entre Moisés,
Jesus e Maomé. As alegações são, geralmente, as seguintes:
Suas vidas seguiram perfeitamente o curso normal, o que não se pode dizer de
Jesus, cuja vida, a cada momento, apresentava características únicas ou
inusitada. Ambos tiveram pai e mãe, enquanto que Jesus nasceu de uma virgem e
não tem um pai humano. Ambos morreram de causas naturais em idade
avançada. Jesus, porém, de acordo com a Bíblia, morreu tragicamente com
apenas trinta e três anos. Moisés e Maomé casaram-se; Jesus permaneceu
solteiro durante toda a vida. Portanto, Maomé seria o profeta prometido que era
semelhante a Moisés.
Argumentos semelhantes também são usados para provar que era a vinda de
Maomé que estava sendo prevista, e não a de Jesus.
No mesmo trecho em que está a profecia que estamos discutindo, Deus diz ao
povo de Israel que Ele iria levantar em favor deles um profeta semelhante a
Moisés, “segundo tudo o que pediste ao Senhor, teu Deus, em Horebe, quando
reunido o povo: ‘Não ouvirei mais a voz do Senhor, meu Deus, nem mais verei
este grande fogo, para que não morra’” — nessa ocasião, o povo rogou a Deus
que somente lhes falasse através de um mediador (Deuteronômio 18:16). Moisés
mediou uma aliança entre Deus e o povo, quando, depois dos dez mandamentos
e outras leis lhes terem sido enviadas, o Livro da Lei e o povo foram aspergidos
com sangue de bezerros e bodes, bem como o tabernáculo e os utensílios usadas
no culto, dizendo: “Este é o sangue da aliança, a qual Deus prescreveu para vós
outros.” (Hebreus 9:20).
“Falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala a seu amigo” (Êxodo
33:11)
Por muitos anos, Moisés fez vários milagres, como as pragas no Egito, a abertura
do Mar Vermelho e o maná, que todos os dias caía do céu. Não se pode dizer de
nenhum profeta que seja semelhante a Moisés se ele não for capaz de fazer
milagres similares. Já vimos antes que Maomé não fez nenhum milagre durante
sua vida, de acordo com o Qur’an e com a acusação que lhe faziam os árabes
pagãos durante o tempo da sua missão:
“Por que não lhe foi concedido o mesmo que foi concedido a Moisés?” (Surata
28:48)
Simplificando, o argumento é que, se Maomé fosse mesmo o grande profeta que
ele se dizia ser, por que então ele não era igual a Moisés no que se refere às suas
características mais importantes como profeta? Maomé não mediou nenhuma
aliança, não viu Deus face a face (o Qur’an, segundo os registros da Hadith e a
Surata 2:97, foi transmitida a Maomé apenas através do anjo Jibril) e nem realizou
milagres. Portanto, ele não tem o perfil do profeta prometido em Deuteronômio
18:18. Este versículo, descrevendo o ministério de Moisés no fim da sua vida,
destaca algumas particularidades do seu ministério profético:
“Nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, com quem o
Senhor houvesse tratado face a face, no tocante a todos os sinais e maravilhas
que, por mando do Senhor, fez na terra do Egito, a Faraó, a todos os seus oficiais
e a toda a sua terra” (Deuteronômio 34:10 e 11)
Não é difícil perceber, a partir desta passagem, que o profeta que estava por vir e
que seria semelhante a Moisés poderia ser identificado, ao menos, pela seu
relacionamento próximo e direto com Deus, bem como pelos sinais e maravilhas
que acompanhariam seu ministério. Esse profeta só pode ser Jesus, como
veremos no próximo item.
Muçulmano: Que evidências vocês apresentam para defender que Jesus era o
profeta que foi prometido por Deus quando falava a Moisés? Ele foi um grande
profeta, mas sua missão parece ter se encerrado, sem cumprir seus objetivos,
depois de poucos anos. Ele não tem a mesma grandeza que Moisés e Maomé.
Às vezes, os muçulmanos tentam mostrar que Jesus, por ser, de acordo com a
crença cristã, o Filho de Deus, não poderia ser considerado um profeta como os
outros. Contudo, há muitas passagens em que Jesus chama a si mesmo de
profeta (por exemplo, Matues 13:57), e também de Filho de Deus (João 10:36).
Assumir a forma humana para proclamar a Palavra de Deus, como fizeram os
outros profetas, faz dele um profeta na acepção verdadeira da palavra. Vamos
olhar por que Ele era o profeta semelhante a Moisés.
Nos tempos do profeta Jeremias, muitos séculos depois de Moisés, mas muito
antes do nascimento de Jesus, Deus prometeu que uma nova aliança entre Ele e
o Seu povo. Como a nação de Israel havia rejeitado sistematicamente as Suas
leis, Deus considerou que a aliança original feita com Moisés havia se tornado
obsoleta, mas prometeu que Ele começaria um relacionamento especial com o
Seu próprio povo, perdoando seus pecados e escrevendo as Suas nos corações
(Jeremias 31: 31 a 34). O Novo Testamento atesta que Jesus é o mediador desta
aliança (Hebreus 9:15). Sobre a ratificação da primeira aliança, lemos:
“Então, tomou Moisés aquele sangue, e o aspergiu sobre o povo, e disse: ‘Eis aqui
o sangue da aliança que o Senhor fez convosco a respeito de todas estas
palavras’.” (Êxodo 24:8)
Como a primeira aliança havia sido mediada por Moisés, e ratificada com sangue,
era de se esperar que o profeta que fosse o verdadeiro sucessor de Moisés
fizesse a mesma coisa. Assim, logo após Sua morte na cruz, Jesus disse:
“Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o
beberdes, em memória de mim.” (1 Coríntios 11:25)
“... quando desceu do monte, não sabia Moisés que a pele do seu rosto
resplandecia, depois de haver Deus falado com Ele.” (Êxodo 34: 29)
“E foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas
vestes tornaram-se brancas como a luz.” (Mateus 17:2)
Nenhum outro profeta teve tamanha distinção. Ninguém mais viu Deus face a
face, de maneira que seu rosto brilhasse pela comunhão com Ele. Certamente,
não existem evidências em lugar algum do Qur’an, ou em qualquer outro registro
muçulmano, de que Maomé tenha sequer tido um fiapo de experiência
semelhante. Mesmo a história de al-Mir’aj, a sua suposta ascensão aos céus, não
traz nada a respeito de um brilho no seu rosto.
Existem muitas histórias dos grandes relatos que Jesus fez durante a sua vida,
mas, outra vez, estabelecer um paralelo direto com Moisés ajudará a enfatizar a
semelhança entre eles. Ambos demonstraram que tinham poder para controlar o
mar, um feito inédito entre os outros profetas.
“Então, Moisés estendeu a mão sobre o mar, e o Senhor, por um forte vento
oriental que soprou toda aquela noite, fez retirar-se o mar, que se tornou terra
seca, e as águas foram divididas.” (Êxodo 14:21)
Outros profetas depois de Moisés controlaram rios (Josué 3:13, 2 Reis 2:14), mas
nenhum se aproximou do grande milagre de Moisés no Mar Vermelho, até Jesus,
que se levantou uma noite no Mar da Galiléia e acalmou uma tempestade com
apenas duas palavras: “Acalma-te, emudece!” (Marcos 4:39). Seus discípulos
exclamaram:
“Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Mateus 8:27)
Um dos maiores milagres de Moisés foi alimentar o povo de Israel no deserto com
um pão conhecido como maná, que chegava dos céus todos os dias. Quando os
judeus viram Jesus alimentar cinco mil pessoas, sem contar mulheres e crianças,
tendo em mãos apenas cinco pães e dois peixes, multiplicando-os para que todos
comessem e ainda sobrasse o suficiente para encher doze cesto, lembraram-se
imediatamente da profecia de Moisés.
Quando viram o sinal, eles declararam que Jesus era o profeta, o semelhante a
Moisés que havia sido prometido em Deuteronômio 18:18. Não há dúvidas, diante
destas evidências, de que Jesus é o profeta cuja vinda foi predita por Moisés, e
não Maomé. As características singulares da Sua vida, em particular as
especificadas em Deuteronômio 34:10 e 11 que O identificam como o profeta que
estava por vir, provam conclusivamente que aquele que Deus havia prometido ao
povo de Israel era Jesus.
Muçulmano: Foi prometido um profeta que viria dos “irmãos” dos israelitas.
Abraão teve dois filhos, Isaque e Ismael, cuja descendência deu origem aos
ismaelitas. Maomé descendia de Ismael, e portanto ele é o profeta prometido.
Este é um dos argumentos favoritos dos muçulmanos para provar que o profeta
prometido em Deuteronômio 18:18 era Maomé. Eles enfatizam a expressão “de
teus irmãos”, assumindo os “irmãos” dos israelitas da profecia como nação. Uma
breve pesquisa no contexto da passagem mostra, de maneira bastante conclusiva,
que o termo não se refere aos ismaelitas.
“Os sacerdotes levitas e toda a tribo de Levi não terão parte nem herança em
Israel (... ) Pelo que [eles] não terão herança no meio de seus irmãos.”
(Deuteronômio 18:12)
“... porém Benjamim não quis ouvir a voz de seus irmãos, os filhos de Israel.”
(Juízes 20:13)
Aqui, “seus irmãos” foi usado especificamente para designar os outros membros
da nação de Israel que não pertenciam à tribo de Benjamim. Do mesmo modo,
Deuteronômio 18:18 usa a mesma expressão para se referir às outras tribos que
não a de Levi. Em outro trecho, lemos o que Moisés disse ao povo de Israel:
“... estabelecerás, com efeito, sobre ti como rei aquele que o Senhor, teu Deus,
escolher; homem estranho, que não seja dentre os teus irmãos, não estabelecerás
sobre ti e sim um dentre eles.” (Deuteronômio 17:5)
Só um entre os doze irmãos israelitas podia ser apontado como rei sobre a nação.
Não lhes era permitido coroar um estrangeiro, como um ismaelita, para que
reinasse sobre eles. Em Deuteronômio 18:18, o princípio é reforçado: o grande
profeta viria do meio dos “seus irmãos”, e portanto seria um israelita, mas não da
tribo de Levi. Na Europa, durante muitos séculos, foi costume ter monarcas
vindos de várias nações, a fim de manter um relacionamento mais próximos entre
vários países. Príncipes alemães, ingleses, franceses e gregos casaram-se com
princesas ou mulheres da realeza de países diferentes. Em Israel, no entanto,
havia um mandamento expresso ao povo para que não coroassem ninguém de
outra nação sobre eles, pois haviam sido separados como povo de Deus,
diferentes das nações pagãs vizinhas.
Igualmente, Deus disse a Moisés que o profeta falaria ao povo tudo o que ele
ordenasse. Jesus disse certa vez aos seus discípulos:
“Porque eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, esse me
tem prescrito o que dizer o que anunciar.” (João 12:49)
Os muçulmanos não têm como provar, pelo contexto da profecia, que Maomé era
o profeta que foi prometido em Deuteronômio 18:18.
Outro argumento concentra-se na questão que os judeus fizeram certa vez a João
Batista, depois que ele negara ser o Cristo (na verdade, perguntaram-lhe se ele
era Elias ou o profeta prometido — ver João 1:21). Os muçulmanos defendem-se
dizendo que os judeus fizeram uma distinção entre Elias, o Cristo e o profeta, os
quais eram, na ordem, João Batista, Jesus e Maomé.
No entanto, não se pode fazer nenhuma conclusão a partir das especulações dos
judeus. Em outra ocasião, eles disseram a Jesus: “Este é verdadeiramente o
profeta” (João 7:40). Numa outra oportunidade, concluíram que Ele era “algum dos
profetas” (Mateus 16:14); ou que era “um dos profetas” (Marcos 6:15), sem contar
que pensaram que Jesus podia ser Elias (Marcos 6:15) ou ainda o próprio João
Batista (Mateus 16:14). Não há como concluir nada destes palpites.
Contudo, não há como hesitar, frente às considerações feitas, em dizer que Jesus
Cristo, e não Maomé, era o profeta prometido na profecia de Moisés em
Deuteronômio 18:18.
Muçulmano: De acordo com a sua Bíblia, Jesus não falou de outro profeta que
viria depois dele, a quem chamou de Consolador? Esta é uma profecia óbvia a
respeito da vinda do nosso santo profeta Maomé. O próprio Qur’an confirma a
profecia.
Os muçulmanos acreditam ter, nos textos abaixo, provas de que Maomé foi
claramente mencionado por Jesus, instigados pelo texto do Qur’an que afirma que
a vinda de Maomé foi profetizada tanto no Injil quanto na Tawraat (Surata 4:157):
“... mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse
vos ensinará todas as cousas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.”
(João 14:26)
“Mas eu vos digo a verdade: comvém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o
Consolador não virá para vós outros; se porém, eu for, eu vo-lo enviarei.” (João
16:7)
Ambos os versículos são parte de um imenso discurso de Jesus, na última noite
que passou com seus discípulos antes da Sua crucificação. Em duas outras
ocasiões no mesmo discurso, Ele fala novamente do Consolador que viria (João
14:16; 15:26). Os muçulmanos afirmam que Cristo falava de Maomé pelas
seguintes razões:
O terceiro argumento mais comum é que, como Jesus disse que o Consolador não
viria até que Ele fosse, o Consolador seria Maomé. Novamente, eles raciocinam
que Jesus não está se referindo ao Espírito Santo porque, de acordo com a Bíblia,
o Espírito sempre esteve entre nós. Davi pediu a Deus que não lhe retirasse Seu
Espírito (Salmo 51:11), e João Batista seria cheio do Espírito Santo desde que
estava no ventre da sua mãe (Lucas 1:15).
Em segundo lugar, em toda a Bíblia tanto Deus e quanto o Espírito Santo são
substituídos por pronomes masculinos: “Ele é o teu louvor e o teu Deus”
(Deuteronômio 10:21) é um exemplo típico desse uso constante do gênero
masculino para designar Deus, ainda que Deus não seja homem, mas espírito
(João 4:24). Pode-se virar a mesa contra este argumento dos muçulmanos
simplesmente citando uma passagem no Qur’an onde se usa o gênero masculino
sete vezes seguidas para Alá (Surata 59:22 a 24): “Ele é Deus; não há mais
divindade além d’Ele”, diz o meio do texto (v. 23), que começa e termina no árabe
com o masculino huwa (“ele é”), e não com o neutro hiya. Se Alá, que é espírito e
não homem, pode ser designado pelo gênero masculino no Qur’an, então por que
o Espírito Santo não pode receber tratamento igual? Não há nenhum indicativo
nas palavras de Jesus acerca do Consolador de que ele seria um homem ou um
profeta — ao contrário, ele é identificado explicitamente como o Espírito Santo
(João 14:26).
Finalmente, Jesus não só disse que teria de partir para que o Consolador viesse,
mas também prometeu que Ele próprio o enviaria aos seus discípulos, ou seja, a
Pedro, Tiago, João e os demais. “... eu vo-lo enviarei”, disse Jesus (João 16:7), e
não aos árabes em Meca ou Medina de seis séculos mais tarde. Não haveria
benefício nenhum para os discípulos se o Confortador não viesse logo depois que
Jesus deixasse este mundo. Quando subiu aos céus, Jesus lhes disse claramente
que esperassem por um pouco em Jerusalém, até que recebessem o Espírito
Santo, antes de saírem para proclamar o Evangelho (Atos 1:4 e 5). O Consolador
realmente estava presente no mundo muito antes disso, mas, a partir dali, Ele
seria derramado de maneira diferente, direto nos corações daqueles que cressem
em Jesus. Os discípulos haviam experimentado o ministério e a presença de
Jesus com eles durante três anos, mas depois a Sua presença era reconhecida de
maneira muito mais íntima, pois o Espírito Santo habitava deles.
Pariklutos ou parakletos?
“Ele há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar” (João 16:14) é uma típica
descrição feita por Jesus do Espírito Santo. Ele deveria habitar o coração dos
discípulos, lembrá-los das palavras de Jesus e guiá-los nos caminhos de Deus,
além de dar-lhes o poder de se encherem da graça de Cristo. Ele viria para
convencer o mundo do seu pecado, como agente da justiça e do julgamento de
Deus, falando através dos testemunhos e proclamações dos discípulos de Jesus.
Não há nenhum indicativo nos manuscritos de que a palavra original pudesse ter
sido periklutos. De fato, esta palavra não aparece em nenhum lugar do Novo
Testamento em grego, e portanto não faz parte do vocabulário bíblico. A tese dos
muçulmanos baseia-se não em testemunhos fatuais ou concretos, mas em meras
especulações que os beneficiam.
Como já dissemos, a definição daquele cuja vinda foi prometida por Jesus era de
um conselheiro e advogado. Não há nada nas quatro declarações de Jesus sobre
o Consolador que dê subsídios à especulação de que fosse “aquele que é
louvado”, Maomé. Ao contrário: quando Jesus disse: “... porque não falará por si
mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as cousas que hão de
vir” (João 16:13), fica nítido que o Consolador não chamaria a atenção para si
mesmo. “Ele me glorificará”, continuou Jesus no versículo 14. Em outras palavras:
o Consolador concederia o louvor a Jesus através do testemunho dos Seus
seguidores, ao invés de reivindicar qualquer glória para Si mesmo.
Não há nenhuma justificativa para a suposição de que a palavra que teria sido
originalmente usada por Jesus fosse periklutos, ou qualquer outra equivalente no
hebraico. Mais importante, como já vimos, é que ela não se encaixa no contexto
das frases de Jesus.
Durante muito tempo, existiram inúmeras disputas sobre o uso da palavra Ahmad
no Qur’an. Hoje, transformou-se num nome próprio comum entre os muçulmanos
de todo o mundo, mas há indícios, em registros árabes do período em que Maomé
viveu, que ela nunca tenha sido usada como nome próprio nos primeiros séculos
do islamismo. Ela só se tornou popular, certamente, como resultado da utilização
deste texto do Qur’an contra a crença cristã.
É mais provável que a verdadeira forma da palavra que aparece na Surata 61:6,
seja ahmadu, que é um mero adjetivo no árabe da época. Esta afirmação é
corroborada pelo fato de que, nas palavras de Jesus que consideramos, o nome
próprio do consolador que estava por vir foi totalmente omitido.
É também interessante notar que num dos primeiros códices do Qur’an, o do
recitador Ubayy ibn Ka’b, que foi queimado por ordem de Uthman, a Surata 61:6
apresentava algumas diferenças. Ele omitia a conclusão “cujo nome será Ahmad”
(ismuhu ahamad), e no seu lugar registra Jesus dizendo que Ele anunciava um
profeta que exibiria o selo de Alá dos Seus profetas e mensageiros
(khatumullaahu bihil-anbiyaa’ wal-rusuli).
Muçulmano: Você não tem como negar que Jesus falou especificamente de um
outro mensageiro de Deus, que o sucederia. Como ele foi apenas um de uma
longa linhagem de profetas e apóstolos enviados por Deus, não é bastante lógico
considerar que o Consolador seja Maomé?
Quando discutir sobre este assunto com muçulmanos, é mais eficaz utilizar
apenas uma das quatro declarações de Jesus a respeito do Consolador
prometido, e, com base nela, demonstrar que Ele só podia estar falando do
Espírito Santo. Ao mesmo tempo, cabe um testemunho sobre como o Espírito
Santo leva aqueles que realmente crêem a um relacionamento pessoal com o
próprio Deus. O texto ideal para esse propósito é o seguinte:
“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para
sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque
não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará
em vós.” (João 14:16 e 17)
Há muitas razões que justificam entender que só o Espírito Santo pode ser o
Consolador a quem Cristo se refere, e não Maomé, o Profeta do islamismo.
Jesus disse com clareza aos seus discípulos que lhes enviaria o Consolador
prometido. Ele repetiu a promessa mais tarde, dizendo : “eu vo-lo enviarei ” (João
16:7). Portanto, a vinda do Espírito da verdade, que também foi especificado como
sendo o Espírito Santo (João 14:26), era esperado pelos discípulos de Jesus para
o seu tempo e espaço. Maomé só surgiu seis séculos depois.
Maomé apareceu como o Profeta do islamismo na Árabia do século VII d.C., e não
ficou para sempre com os seus companheiros: ele morreu quando tinha 62 anos.
Foi enterrado em Medina, onde seu corpo ficou por quase quatorze séculos. Jesus
afirmou que o Consolador prometido, contudo, estaria para sempre com os Seus
discípulos, e é o que o Espírito Santo tem feito, habitando os corações de todos os
verdadeiros seguidores de Cristo até o dia de hoje.
O Qur’an diz que Maomé foi enviado para ser o mensageiro universal para toda a
humanidade (Surata 34:28). Os muçulmanos acreditam que, algum dia, todo o
mundo irá se submeter ao islamismo e se tornar seguidor do seu Profeta. Se isto é
verdade, Jesus não poderia estar se referindo a Maomé, pois declarou que o
mundo não poderia receber o Espírito da verdade. Somente os verdadeiros
seguidores de Jesus, que O reconhecessem como seu Salvador e Senhor,
poderiam nascer de novo no Espírito Santo e herdar a vida eterna.
5. Vós o conheceis
Quando Jesus encontrou João Batista pela primeira vez e foi batisado, logo no
início do Seu ministério, os céus se abriram, e o que se seguiu foi relatado pelo
próprio João:
“Vi o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre ele. Eu não o conhecia;
aquele, proém, que me enviou a batizar com água me disse: ‘Aquele sobre quem
vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo’.” (João
1:32 e 33)
Assim como o Espírito já estava em Jesus, Ele também entraria e estaria presente
para sempre dentro dos corações dos discípulos de Jesus depois que Ele voltasse
aos céus. Isto aconteceu no dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo foi
derramado naqueles que haviam sido os primeiros a ouvir a Palavra de Deus e o
Espírito de Jesus. O amor de Deus continua a ser derramado nos corações
daqueles que têm fé em Cristo através do mesmo Espírito Santo, que lhes é
outorgado (Romanos 5:5). O original em grego traz o sufixo en, que significa
“dentro de”. A promessa não é, indubitavelmente, uma referência a Maomé, que
nunca entrou pessoalmente dentro dos corações de todos os verdadeiros crentes
em Jesus.
Portanto, os cristãos podem não só refutar com relativa facilidade todos esses
argumentos dos muçulmanos em favor da tese de que o Consolador prometido
seria Maomé, mas também, como vimos, podem, a partir daí, dar um excelente
testemunho aos muçulmanos.
Capítulo Seis
O Evangelho de Barnabé
O evangelho apócrifo na apologética islâmica
No seu Discurso Preliminar que abre a sua tradução para o Qur’an, publicada pela
primeira vez em 1734 d.C., George Sale, antes de qualquer coisa, alertou o
mundo cristão para a existência de um evangelho atribuído a São Barnabé, que,
segundo ele, narraria a vida de Jesus de maneira bastante diversa da que é
encontrada nos quatro evangelhos canônicos, mas correspondendo às tradições
de Maomé no Qur’an. Ele mencionou uma tradução em espanhol, em poder dos
Moriscoes na África (que não exite mais; restaram apenas uns poucos trechos), e
uma outra tradução em italiano na biblioteca do príncipe Eugênio de Savóia. A
partir desta edição, Londsdale e Laura Ragg publicaram uma versão inglesa em
1907, com várias notas, provando que as afirmações de Sale eram falsas.
Desde o início do século XX, quando uma tradução para o árabe tornou-se
bastante popular no mundo islâmico, acadêmicos e autores muçulmanos
dissecaram o luvro. Em 1973, a versão inglesa de Ragg do Evangelho de Barnabé
foi publicada pela primeira vez no mundo muçulmano. Desde então, já foram
impressas aproximadamente 100 mil cópias no Paquistão. Esta versão causou
uma inquietação considerável, por parecer que ela seria a prova definitiva,
originada no meio cristão, de que Jesus era o ‘Isa do islamismo, e que Maomé era
mesmo o mensageiro final de Deus para a humanidade.
Muito do seu conteúdo é uma repetição dos ensinamentos bíblicos, ainda que
adaptados para atender às expectativas islâmicas. Por exemplo, no episódo da
cura de dez leprosos em que só um, que era samaritano, voltou para agradecer a
Jesus, prostrando-se aos Seus pés (Lucas 17:16). Já o Evangelho de Barnabé
registra, convenientemente, que o leproso curado que voltou para agradecer era
um ismaelita! O resto do livro, no entanto, é recheado de lendas e histórias
fantasiosas, inventando ensinamentos de Jesus que não têm nenhum valor
histórico. Em seguida, consideraremos alguns dos ensinamentos islâmicos típicos:
A doutrina muçulmana de que Jesus foi levado aos ceús vivo pouco antes de ser
preso, e que outra pessoa que foi transfigurada para se parecer com Ele foi
crucificada, aparece no Evangelho de Barnabé, inclusive especificando que o
crucificado foi Judas Iscariotes. Foi só alguns séculos depois de Maomé que o
mundo muçulmano criou essa teoria, inventada para justificar a crucificação de
uma pessoa qualquer. Sendo Judas o crucificado, não se podia dizer que ele era
um inocente que foi sacrificado no lugar de Jesus.
O Evangelho de Barnabé ensina que, quando Judas chegou com os soldados
para prender Jesus, Deus teria enviado quatro anjos para levar Jesus deste
mundo para o terceiro céu, enquanto Judas era “transformado em fala e
aparência, para ser igual a Jesus”, fazendo com que Barnabé e os outros
discípulos acreditassem que era mesmo Jesus que estava sendo preso
(Evangelho de Barnabé, para 216).
Estas são algumas das principais características islâmicas que estão presentes no
Evangelho de Barnabé, e que contradizem os quatro evangelhos bíblicos. Podem
ser encontradas, ainda, muitas outras influências islâmicas em todo o livro, como a
afirmação de que a promessa da aliança com Abraão foi feita em Ismael e não
Isaque (oara 191), explicando a convicção dos muçulmanos de que o livro de
Barnabé é o único evangelho verdadeiro.
Não é difícil provar para qualquer muçulmano que esse evangelho foi compilado
muitos séculos depois da vida de Jesus e de Maomé. Eis alguns exemplos das
influências medievais reconhecíveis no livro:
1. O centésimo ano do jubileu
Uma dais leis de Moisés estabelecia que o ano do jubileu deveria ser observado
duas vezes a cada cem anos pelo povo de Israel, quando os escravos seriam
libertados e as dívidas, canceladas. Deus ordenou o ano do jubileu:
Por volta de 1300 d.C., o papa Bonifácio VIII decretou que o ano do jubileu
deveria ser reintroduzido nas sociedades cristãs, mas que seria comemorado
apenas uma vez por século, ou seja, uma vez a cada cem anos. No entanto,
depois da morte de Bonifácio VIII, o papa Clemente VI decretou que o jubileu
voltaria a ser observado a cada cinqüenta anos, conforme a ordenança bíblica.
Mais tarde, falou-se até em comemorá-lo com freqüência ainda maior. No
Evangelho de Barnabé, aparecem as seguintes palavras, atribuídas a Jesus:
Dante foi um escritor italiano contemporâneo do papa Bonifácio VIII. Sua obra
mais conhecida é o clássico chamado “A divina comédia” (Divina comedia).
Trata-se de uma fantasia sobre o inferno, o purgatório e o céu, conforme as
crenças da época. Muitas passagens do Evangelho de Barnabé têm uma grande
correlação com essa obra. Pode-se até perceber um plágio numa fala de Jesus a
respeito dos profetas antigos:
“Pronta e alegremente caminharam para a sua morte, para que não ofendessem a
lei de Deus dada a Moisés, seu servo, indo e servindo a deuses falsos e mortos.”
(Evangelho de Barnabé, para 23)
A expressão dei falsi e lugiardi (deuses falsos e mortos) está em vários trechos do
Evangelho de Barnabé. Jesus aparece dizendo-a novamente (para 78), e o autor
diz que Herodes havia “adorado os deuses falsos e mortos” (para 217). O clichê
não está nem na Bíblia e nem no Qur’an, mas é uma citação direta da obra de
Dante! (Inferno de A Divina Comédia, 1.72).
Dante faz a mesma descrição dos quinto e sexto círculos do seu Inferno. Quando
fala do céu, o Evangelho de Barnabé descreve nove céus, e diz que o Paraíso em
si é maior que todos eles juntos (para 178). Novamente, há um paralelo com
Dante, que também fala de nove céus, e mais o Empyrean, o décimo céu, que
está acima de todos os outros. No entanto, essas descrições do céu contradizem
diretamente o Qur’an, que ensina que Alá, depois de ter criado a terra, fez o
paraíso, composto por sete céus (Surata 2:29).
Outras passagens do livro mostra que o autor sentia-se mais confortável falando
sobre o clima e as estações do sul da Europa do que da Palestina. Ele faz Jesus
dizer como era belo o mundo durante o verão, quando a colheita e as frutas eram
abundantes (para 169). Essa é uma descrição apropriada da Itália durante o
verão, mas não da Palestina, onde chove durante o inverno e os campos ficam
secos no verão.
João Batista negou ser o Messias quando questionado pelos líderes judeus (João
1:20). O Evangelho de Barnabé traz Jesus fazendo o mesmo, e usando quase as
mesmas palavras:
“Jesus confessou e disse a verdade: ‘Não sou o Messias... Fui enviado para a
casa de Israel como profeta para a salvação; mas o Messias virá após mim’.”
(Evangelho de Barnabé, paras 42 e 82).
Quem seria então este Messias que estava por vir? Em outro trecho desse
evangelho, Jesus diz: “O nome do Messias é Admirável... Deus disse: ‘Esperai por
Maomé’; pois por causa dele é que eu criarei o paraíso... O nome de Maomé é
sagrado.” (para 97). Aqui, o autor do Evangelho de Barnabé se excede
absurdamente, pois o próprio Qur’an afirma, com todas as letras e por dezoito
vezes, que só Jesus é o Messias. A Bíblia também confirma isto em várias
ocasiões (João 4:26, Mateus 16:20). Apenas uma citação é o suficiente para
atingirmos o objetivo:
“E quando os anjos disseram: Ó Maria, por certo que Deus te anuncia o Seu
Verbo, cujo nome será o Messias, Jesus, filho de Maria, nobre neste mundo e no
outro, e que se contará entre os diletos de Deus.” (Surata 3:45)
“Havia uma luz extremamente brilhante ao redor da virgem, que trouxe seu filho à
luz sem dor.” (Evangelho de Barnabé, para 3)
Não há equivalente bíblico para essa afirmação, mas existem paralelos nas
crenças do catolicismo da Idade Média. É mais uma evidência de que o Evangelho
de Barnabé seja falso, e que tenha sido escrito até quinze séculos depois de
Cristo. O que é significativo para os muçulmanos, no entanto, é que essa
passagem conflita totalmente com o que está escrito no Qur’an a respeito de
Maria e do nascimento de Jesus:
Muçulmano: Barnabé foi conhecido por ser um dos grandes discípulos de Jesus.
Como vocês se atrevem a tentar desacreditar um evangelho escrito por ele? Se
ele era um dos doze, por que então vocês tentam rejeitar tudo o que ele
escreveu?
Uma das grandes dúvidas a respeito desse evangelho é quem é o seu autor
verdadeiro. Quem o escreveu? Apesar de ser óbvio que o livro é falso e
relativamente recente, é importante, assim mesmo, provar para os muçulmanos
que o seu autor nunca poderia ter sido Barnabé. Durante todo o livro, o seu autor
diz ter sido um dos doze discípulos de Jesus, apesar de ser de conhecimento de
todos que o verdadeiro Barnabé somente aparece na cena depois da morte e
ressurreição de Jesus. Além disso, ele só recebe este nome por causa de um
episódio ocorrido muito depois. Eis a passagem:
“José, a quem os apóstolos deram o sobrenome de Barnabé, que quer dizer filho
de exortação, levita, natural de Chipre, como tivesse um campo, vendendo-o,
trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos.” (Atos 4:36 e 37).
Foi só a partir, quando esse homem chamado José encorajou a Igreja primitiva
doando o lucro da venda de sua propriedade, que os discípulos de Jesus lhe
deram o nome de bar-nabas. Logo, ele é uma das grandes personagens no
registro do desenvolvimento inicial da Igreja, sendo mencionado em outros lugares
do Novo Testamento (Gálatas 2:9). Ele, certamente, não era um dos doze
discípulos originais, cujos nomes estão registrados em dois dos evangelhos
(Mateus 10:2 a 4, Lucas 6:14 a 16): seu nome não é mencionado em nenhum dos
quatro evangelhos. O autor da farsa, ao tentar criar elementos para conferir
autenticidade ao seu texto, deixou as suas impressões digitais, incluindo também
um anacronismo gritante. Jesus aparece chamando-o pelo nome em várias
ocasiões, das quais o trecho abaixo é um exemplo:
É impossível que Jesus tivesse se dirigido a este homem como Barnabé antes de
ter subido aos céus, já que ele só recebeu este seu segundo nome depois que
Cristo deixou o mundo.
Quem quer que seja o autor, é patente a familiaridade que ele tinha com o
território da Espanha e do seu clima. Ele poderia muito bem ser um muçulmano
espanhol que fora forçado a se converter ao cristianismo por causa da Inquisição
espanhola, cuja vingança foi escrever esse “evangelho” islâmico. Ele o teria
escrito primeiro em italiano, para dar uma aparência mais autêntica, antes de
traduzi-lo para sua própria língua. Há uma evidência muito marcante da influência
espanhola nessa frase atribuída a Jesus:
“pois o que ele receberia em troca era uma peça de ouro, que deve ter sessenta
mitas.” (Evangelho de Barnabé, para 54)
É muito provável que o autor fosse o próprio Frei Marino, já que existem também
evidências de que o livro foi escrito por alguém que também tinha certa
familiaridade com a Itália e a sua língua, o italiano. De outras obras, sabe-se que o
verdadeiro Frei Marino tinha um relacionamento próximo com Frei Peretti, uma
das figuras-chave da Inquisição e mais tarde eleito papa — Papa Sixtus V.
Devido a trapalhadas na sua administração como inquisidor, Frei Marino perdeu a
simpatia de Frei Peretti por ele, e não foi mais promovido. Peretti, no entanto, fez
uma carreira brilhante, recebendo uma distinção após a outra, até chegar ao
papado.
A sina de Marino, depois que Peretti chegou ao papado, pode tê-lo levado a
escrever o “evangelho”, num ato de vingança pessoal contra o agora papa,
especialmente se relamente ele se converteu ao islamismo. Há muitas provas
sustentando esta teoria na história que se conta, na qual, numa audiência com o
Papa, Marino teria encontrado o manuscrito original, enquanto o sumo pontífice
ressonava. Conveniente também foi o fato de que o “evangelho” foi o primeiro livro
que lhe caiu às mãos.. Os muçulmanos hoje afirmam, continuando com toda esse
delírio, que os papas de Roma sempre esconderam deliberadamente o Evangelho
de Barnabé dos fiéis num ato de conspiração calculada contra o seu conteúdo. É
muito mais provável que o próprio Frei Marino, ou alguém que lhe fosse próximo,
tenha produzido o manuscrito e depois inventado a história da sua “descoberta”.
Nós nunca saberemos ao certo quem escreveu esse “evangelho”. O que sabemos
é que ele não poderia ter sido escrito pelo apóstolo Barnabé, que nunca esteve
entre os doze discípulos imediatos de Jesus. Se o Evangelho de Barnabé serve
para alguma coisa é, talvez, para provar que é impossível inventar um relato sobre
a vida de Jesus que seja consistente com as evidências factuas da Sua vida e os
eninamentos contindos nos quatro verdadeiros evangelhos, e que, ao mesmo
tempo, afirme que Ele seja um profeta do islamismo. Esse livro falha
clamorosamente na sua tentativa de fazer exatamente isto.
O Evangelho de Barnabé começa com a frase: “muitos, iludidos por Satã, sob
pretensa piedade, pregam a mais ímpia doutrina, chamando Jesus de Filho de
Deus... dentre eles está Paulo, que também foi enganado” (para 1). No final do
livro, Paulo é acusado novamente de estar iludido, pela mesma razão. Os
muçulmanos atêm-se a esta passagem da Bíblia, onde está escrito que “houve
entre eles tal desavença, que vieram a separar-se” (Atos 15:39), para provar que
Paulo e Barnabé não concordavam um com o outro, como se isso fosse prova de
que Barnabé diferia do principal apóstolo do cristianismo quanto aos pontos mais
importantes da fé cristã. O objetivo deles é provar que Barnabé rejeitava essas
crenças, e que escreveu esse “evangelho” para corrigi-las.
Quem ler o capítulo 15 de Atos descobrirá que a única desavença entre esses dois
homens era se João Marcos deveria acompanhá-los numa próxima viagem.
Paulo não queria que ele fosse, pois ele havia desapontado-o na sua primeira
viagem missionária (Atos 13:!3). Foi só por esta razão que eles se separaram.
Barnabé levou Marcos com ele, rumando para Chipre, enquanto Paulo escolhia
Silas como seu futuro companheiro de viagem (Atos 15:39 e 40).
Quando Paulo regressou pela primeira vez a Jerusalém depois da sua conversão,
os outros discípulos o temiam, por saberem da sua fama de perseguidor
incansável da Igreja primitiva. Eles não acreditavam que ele tivesse se
tranformado num autêntico seguidor de Cristo. É revelador descobrir, tendo em
mente os duros ataques feitos a Paulo no Evangelho de Barnabé, quem o
defendeu perante os discípulos:
“Mas Barnabé, tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos; e contou-lhes como ele
vira o Senhor no caminho, e que este lhe falara, e como em Damasco pregara
ousadamente em nome de Jesus.” (Atos 9:27)
Desde então, até a desavença por motivos pessoais, Paulo e Barnabé estiveram
sempre juntos. De fato, como veremos, o verdadeiro autor do Evangelho de
Barnabé não poderia ter escolhido mais inapropriadamente aquele a quem sua
farsa seria atribuída.
“... tendo-o encontrado, levou-o para Antioquia. E, por todo um ano, se reuniram
naquela igreja e ensinaram numerosa multidão. Em Antioquia, foram os discípulos,
pela primeira vez, chamados cristãos.” (Atos 11:26)
Foi no ministério desses dois homens que os seguidores foram chamados, pela
primeira vez, cristãos, porque Paulo e Barnabé os ensinavam as verdades
básicas do que faz do cristianismo aquilo que ele é até hoje: que Jesus é o Filho
de Deus, que morreu pelos nossos pecados. É isso o que o Evangelho de
“Barnabé” luta tanto para negar. Nas viagens em que faziam juntos, Paulo tomava
a iniciativa de pregar o evangelho cristão, enquanto Barnabé o apoiava,
confirmando tudo aquilo que ele dizia. Não podem existir dúvidas sobre se
Barnabé era ou não o autor do evangelho contra Paulo que lhe atribuem.
É no mínimo irônico ver que o verdadeiro Barnabé ajuntou-se a Paulo para fazer
uma dura oposição à necessidade do ritual circuncisão para a salvação:
“Alguns indivíduos que desceram da Judéia ensinavam aos irmãos: ‘Se não vos
cincuncidardes segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos.’ Tendo
havido, da parte de Paulo e Barnabé, contenda e não pequena discussão com
eles, resolveram que esses dois e alguns outros dentre eles subissem a
Jerusalém, aos apóstolos e presbíteros, com respeito a esta questão.” (Atos 15:1
a 2)
Numa de suas cartas, Paulo afirma que, quando ele e Barnabé foram a Jerusalém,
levaram Tito, um grego crente em Jesus que não havia sido circuncidado, como
caso a ser considerado. Paulo expôs aos apóstolos o evangelho cristão que ele
estava pregando — um evangelho livre de rituais legalistas que caracterizam o
judaismo e o islamismo — para ver se eles disconrdavam dele em algum ponto.
Eles não só concordaram que Tito não deveria ser circuncidado (Gálatas 2:1 a 3),
mas também “estenderam, a mim [Paulo] e a Barnabé, a destra de comunhão” (v.
9). Parece que ninguém estava mais afinado à pregação da fé cristã de Paulo do
que Barnabé. Não há como ele ter sido o autor do evangelho que, erroneamente,
lhe atribuem.
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